22 1 
Home Page  


Estudos e Pesquisas em Psicologia

 ISSN 1808-4281

DUTRA, Wagner Honorato    SILVA, Bruna Coutinho. Um Ubu para Chamar de Nosso: Ensaio sobre o Bolsonarismo. []. , 22, 1, pp.86-104.   17--2024. ISSN 1808-4281.  https://doi.org/10.12957/epp.2022.66481.

^a

O objetivo deste ensaio é mostrar que o bolsonarismo é um dispositivo político-ideológico que atua em consonância com processos sócio-políticos ancorados na subjetividade. Para demonstrar a imbricação entre esses âmbitos, percorremos os territórios da filosofia, da psicanálise e da literatura, articulando-os sistemicamente. O intuito é explicitar como processos heterogêneos se organizam de modo a sustentar e a conferir eficácia à ideologia bolsonarista. Para tanto, inicialmente, apresentamos a temática do grotesco em diferentes problematizações ao longo da história, sobretudo na literatura, identificando como ela se personifica nas relações políticas, sociais e nos modos de subjetivação. Em seguida, analisamos as manifestações do mal no campo social baseadas em modalidades de gozo típicas das sociedades capitalistas hipermodernas. Sugerimos que o imperativo do gozo, fundamentado na agressividade, colabora para a sustentação do ódio ao outro, seja por sua diferença radical, seja por sua semelhança assustadora. A partir daí, avaliamos como isso se atualiza no bolsonarismo. Tentamos demonstrar a tese de que o grotesco, a violência e as suas variações são fenômenos resistentes à domesticação, justamente por serem elementos inerentes à condição humana.

^lpt^a

This essay is aimed at showing that bolsonarism is a political and ideological device that works in line with socio-political processes anchored in subjectivity. In order to evidence the overlap between these spheres, we traverse the territories of philosophy, psychoanalysis and literature, while articulating them systematically. The purpose is to clarify how heterogeneous processes are organized in order to support the bolsonarist ideology and vest it with effectiveness. To this end, we initially present the theme of grotesqueness across different problematizations throughout history, mainly in literature, pointing how it personifies itself in political and social relations as well as in modes of subjectivation. Then, we analyze the manifestations of evil in the social field based on forms of enjoyment typical of hypermodern capitalist societies. We imply that the imperative of enjoyment, rooted on aggressiveness, contributes to sustaining hatred towards others, either because of their unsettling differences or because of their frightening similarities. Thenceforth, we assess how it makes itself present in bolsonarism. We try to demonstrate the thesis that grotesqueness, violence and their manifestations are phenomenas resistant to domestication, precisely for being elements inherent to human nature.

^len^a

El objetivo de este ensayo es mostrar que el bolsonarismo es un dispositivo políticoideológico que actúa en línea con procesos sociopolíticos anclados en la subjetividad. Para demostrar la superposición de estos ámbitos, recorremos los territorios de la filosofía, el psicoanálisis y la literatura, articulándolos de forma sistemática. La intención es explicar cómo se organizan procesos heterogéneos para sostener y otorgar efectividad a la ideología bolsonarista. Para ello, presentamos inicialmente el tema de lo grotesco en diferentes problematizaciones a lo largo de la historia, especialmente en la literatura, indicando cómo se personifica en las relaciones políticas, sociales y en los modos de subjetivación. En seguida, analizamos las manifestaciones del mal en el campo social a partir de formas de gozo características de las sociedades capitalistas hipermodernas. Sugerimos que el imperativo del gozo, basado en la agresividad, contribuye a sostener el odio hacia el otro, ya sea por su radical diferencia o por su aterradora similitud. A partir de ahí, evaluamos cómo esto se actualiza en el bolsonarismo. Intentamos demostrar la tesis de que lo grotesco, la violencia y sus variaciones son fenómenos resistentes a la domesticación, precisamente por ser elementos inherentes a la condición humana.

^les

: .

        · | | |     · |     · ( pdf )