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Arquivos Brasileiros de Psicologia

 ISSN 1809-5267

MACHADO, Marília Novais da Mata. A fofoca, o estigma e o silêncio: crianças e adolescentes em situação de exploração sexual. []. , 58, 2, pp.2-10. ISSN 1809-5267.

^lpt^aPesquisas anteriores detectaram a exploração sexual infanto-juvenil como um problema grave em algumas cidades do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Este artigo retoma resultados dessas pesquisas, especialmente a tentativa imaginária, por parte das crianças e adolescentes entrevistados, de encobrir o fato de serem explorados. Indagou-se por que, tendo vivido publicamente situações de exploração sexual comercial, as crianças preferem silenciar sobre a situação. No entanto, elas a conhecem bem, como se viu nas análises das entrevistas: identificam o perfil dos exploradores, as circunstâncias de entrada em situação de exploração e o programa sexual. Mas evitam narrar esses fatos na primeira pessoa. Tentou-se entender como foi criado o silêncio e a que ele serve. Levantou-se a hipótese de que circulação contínua de fofocas nas cidades engendra um processo de estigmatização do qual as crianças tentam escapar. Por isso silenciam. De outro lado, o silêncio protege imaginariamente as cidades, seus moradores, as famílias, os clientes, os agenciadores, servindo aos interesses de manutenção de um círculo vicioso no qual crianças e adolescentes continuam entrando em situação de exploração sexual (e econômica). Buscou-se, finalmente, antever como escapar desse círculo.^len^aA research program carried out in the Jequitinhonha Valley, Minas Gerais, revealed that the sexual exploitation of children was a serious problem in the region. This article revisits some or those data, specially the imaginary essay to hide the exploitation, coming from the children interviewed. It is asked why, having openly lived the situation, the children choose to silence about it. But they know well about sexual exploitation, as demonstrated by interviews’ analyses. They identify the exploiters’ profiles, the overall situation in which the exploitation occurs and the sexual program, but avoid to report these facts as occurring to themselves. The article tries to understand how the silence was created and its purpose. By hypothesis, the circulation of gossips in the small towns arouses a stigmatization process from which the children try to escape. That is why they silence. In the other side, always under an imaginary cover, the silence protects the towns, its inhabitants and families, the clients and the enticers, assuring the maintenance of a vicious circle in which the children continue falling into situations of sexual (and economic) exploitation. Finally, the article searches how to slip from this circle.

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