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Arquivos Brasileiros de Psicologia

 ISSN 1809-5267

     

 

EDITORIAL

 

Este número do quinto volume on line de Arquivos Brasileiros de Psicologia completa o trabalho desta gestão, que cumpre assim sua missão de reinserção do periódico no circuito de excelência das revistas nacionais. A partir de agosto de 2007, uma nova gestão se inicia, tendo a colega Vera Lúcia Besset como editora e Ruth Helena Cohen como co-editora. Além de comemorar e antes da despedida, cabe traçar um rápido panorama do que foi publicado no período desta editoria (de julho de 2005 a julho de 2007) que se comprometeu a apresentar à comunidade os volumes referentes ao ano de 2003 até o atual.

Nesta trajetória foram editados 42 artigos repartidos em 6 publicações, incluindo a presente: os dois números dos volumes de 2003, 2004 e 2005 reduziram-se a uma publicação cada, passando a duas a partir de 2006. Esta produção abarcou todas as regiões do Brasil, com a preponderância da região Sudeste (25 artigos, sobretudo do Rio de Janeiro e São Paulo, mas também de Minas Gerais e Espírito Santo) e da região Sul, (9 artigos), marcadamente o Rio Grande do Sul,  mas também Paraná e Santa Catarina. Esta distribuição, embora tenha passado pelas vias de divulgação e redes afetivas que a revista acionou naquele momento de extrema fragilidade, termina repetindo a da produção científica nacional. Houve ainda artigos estrangeiros, provenientes da França (em número de 5), Argentina e Itália (um de cada). A filiação institucional mais freqüente foi à UFRGS, que enviou sete artigos e à UFF, com seis.

Quanto às áreas mais presentes no material publicado, é possível que reflitam mais aquele viés do início da revista. Assim, a Psicologia Social (12 artigos), a produção de subjetividade, a Saúde (6 artigos cada uma) e a Psicanálise (4 artigos) ressaltam no conjunto dos textos. Mas há ainda artigos de Psicologia do Desenvolvimento, Cognição, Sociologia, Filosofia.

As grandes referências citadas pelos autores de certa forma acompanham aquelas preferências: Deleuze (só ou em parceria com Guattari) e Foucault são mencionados em 7 artigos cada um, Freud em 5, Moscovici ou Jodelet em 4.  Vigotsky, Winnicott e Piaget são referências em três artigos cada um. Temos aqui uma amostra de tendências emergentes na Psicologia contemporânea, a permanência de alguns clássicos e a retomada de nomes como Winnicott e Vigotsky.

Com relação ao conteúdo, crianças e adolescentes são personagens que atravessam toda a produção - 14 artigos, dos quais, 7 pesquisas. O que poderia se agrupar sob a rubrica de questões contemporâneas – ciberespaço, estresse, migrações/aculturação/identidade, cidade, masculinidade, corpo - também é marcante no material, com 8 artigos. O mesmo acontece com temas políticos como globalização, crises sociais, paz, despolitização, contemplados em 6 artigos. Aspectos relativos àsaúde mental estão presentes em 4 artigos. A família, temas relativos à educação - interações em sala de aula, jogo de regras, alfabetização científica - e conceitos da psicanálise, ou articulações com ela, apareceram em 3 artigos cada um.

Este leque abarca questões prementes na sociedade hoje, bem como discussões atuais nas Ciências Sociais e Humanas, como a da juventude, e a reflexão teórico-conceitual  predomina no tratamento destes temas. A tonalidade desta reflexão parece em sintonia com o desejo de renovação, trazendo novos olhares sobre vários destes temas, ou propondo novas articulações, novas problematizações, o que dá à revista, neste período, um caráter mais teórico do que empírico, mais inovador do que clássico. Mais uma vez, cabe a observação de que nesta fase de retomada da revista, tivemos autores que enviaram seus artigos num ato de solidariedade para que ela readquirisse seu lugar na comunidade científica, outros ainda iniciantes, por se tratar também de uma revista 'iniciante', características que podem ter incidido sobre o tipo de material recebido e publicado. Seja como for, mesmo se nada pode ser generalizado nem se trata de estabelecer padrões para a continuidade da revista, fica evidente que o conjunto do material apresenta a marca histórica da ABP: a diversidade de temas, de áreas, de abordagens e a sintonia com as questões de atualidade na sociedade.

Não pretendendo, portanto, espelhar a produção da Psicologia brasileira no presente, mas apenas conter uma amostra aleatória do que ela é, ABP acredita ter cumprido seu papel ao trazer a público um cenário de discussões e projetos, um conjunto de reflexões que atravessam a comunidade, partes dela, ou áreas de interface e ter mantido suas portas abertas a todo tipo de proposta que dialogue com a Psicologia, em particular de forma propositiva e inovadora. Uma vez reconquistada a classificação da revista segundo o Qualis, a procura aumenta e a continuidade dirá o quanto ABP terá conseguido captar do conjunto da produção brasileira.

Esta gestão reitera os agradecimentos já expressos em outras ocasiões a todos os que colaboraram de formas diversas para que chegássemos até aqui e registra a alegria pelo cumprimento da missão que lhe incumbiu, assim como pelo prazeroso trabalho em equipe, certa de que ABP prosseguirá nesta trilha com sua nova equipe editorial.

 

Angela Arruda
Editora

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