Arquivos Brasileiros de Psicologia
ISSN 1809-5267
RELATOS DE PESQUISA
Práticas parentais: uma revisão da literatura brasileira
Parental practices: A review of Brazilian literature
Samira Mafioletti Macarini; Gabriela Dal Forno Martins; Maria de Fátima J. Minetto; Mauro Luis Vieira
Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
RESUMO
Existem diferentes termos conceituais e modelos teóricos para caracterizar e explicar o conjunto complexo de comportamentos exercidos por mães e pais em relação aos filhos. O objetivo da presente pesquisa foi identificar aspectos da produção acadêmica brasileira na área. Realizou-se um levantamento bibliográfico, por meio de palavras-chave, em três bases de dados, sendo obtidos 64 resumos de artigos. Várias categorias foram criadas para analisar esses resumos. Verificou-se a coexistência de diferentes modelos teóricos na compreensão do comportamento parental, sendo a faixa etária dos filhos identificada como uma variável importante na distinção dos mesmos. Concluiu-se que é necessária a construção de novos arranjos metodológicos para que se possa atingir um melhor conhecimento da complexidade das relações familiares e das variáveis que influenciam nas práticas parentais.
Palavras-chave: Práticas educativas; Estilos parentais; Práticas parentais; Práticas de cuidado e cuidados parentais.
ABSTRACT
Different terms and conceptual models are used to characterize and explain the set of behavior exhibited in the relationship of parents with their children. The purpose of this study was to identify aspects of Brazilian academic production about parental practices. A bibliographical review in three databases was carried out, using selected keywords. In total, 64 abstract of articles were obtained. Distinct categories were elaborated to analyze the abstracts. It was verified a co-existence of different theoretical models for the comprehension of parental behavior, while the age of children/adolescents was identified as an important variable for the distinction of these concepts. It was concluded that it is necessary new methodological arrangements to achieve a better knowledge of the complexity of family relationships and the variables that have an effect on parental practices.
Keywords: Parenting; Parenting styles; Parenting practices; Practices of care and parental care.
INTRODUÇÃO
As relações que os pais estabelecem com seus filhos são permeadas pela necessidade de cuidar, educar e promover o desenvolvimento deles, resultando em um conjunto característico de comportamentos que, em geral, são nomeados de formas distintas na literatura, como por exemplo: práticas parentais, práticas educativas, práticas de cuidados, cuidados parentais. Além disso, estão presentes na literatura termos referentes às cognições parentais, como crenças, idéias e valores parentais, e metas de socialização. A diversidade de palavras-chave já fornece indícios da coexistência de diferentes concepções sobre o comportamento parental.
Os primeiros estudos relacionados a formas como os pais criam seus filhos identificaram práticas distintas, que podem ser mais ou menos democráticas. Um destes trabalhos é o de Baumrind (1966), que destacou três modelos de estilos parentais: o autoritário – com maior controle, regras impostas e pouco apoio à criança; o permissivo – com pouco controle, poucas exigências e apoio forte; e o autoritativo – em que há controle e apoio, com regras fixas e incentivo à autonomia. A autora descreve também o modelo não envolvido, o qual mostra indiferença ou negligência para com o filho.
A partir de 1970, os estudos relacionados às praticas educativas ganharam impulso. Hoffman (1975) definiu duas categorias: as indutivas, que sinalizam à criança a consequência de seus atos, levando-a à reflexão, e as coercitivas, que incluem atitudes disciplinares que envolvem força, punição física, e privações. Kohn (1977), por sua vez, desenvolveu pesquisas relacionadas aos valores dos pais, conceitos e crenças que guiam o comportamento das pessoas, características que consideram desejáveis para seus filhos. Pesquisas posteriores (CEBALLOS; RODRIGO, 1998; RODRIGO; JANSSENS; CEBALLOS, 1999) aprofundaram os conceitos de Kohn, sendo definidas como metas parentais as qualidades que os pais desejam que seus filhos desenvolvam. Ainda, Luster, Rhoades e Haas (1989) concluíram em suas pesquisas que pais e mães, que valorizam a autonomia e a responsabilidade dos filhos, utilizam-se de práticas educativas pouco restritivas, favorecendo que a criança explore o ambiente. Por outro lado, pais que valorizam a conformidade escolhem práticas educativas mais restritivas e repressivas, utilizando-se mais frequentemente de disciplina e controle.
Darling e Steinberg (1993), anos depois, organizaram uma revisão histórica ao buscar compreender os efeitos da parentalidade no desenvolvimento infantil. Os autores propuseram que, para compreender como os componentes do estilo parental se articulam de modo a influenciar o desenvolvimento da criança, é preciso entender como isso se processa no contexto familiar, indo além da análise de influências imediatas e voltando-se também para a cultura, a classe social e a composição da família. Na articulação de seu modelo, afirmaram que tanto as práticas parentais quanto o estilo parental são influenciados pelas crenças dos pais (valores e metas que os mesmos têm em relação ao filho). Assim, para os autores, não é possível afirmar que determinadas práticas e estilos são melhores que outros sem considerar o contexto cultural no qual a família está inserida, bem como as características ecológicas desse contexto (condições físicas e sociais).
Neste mesmo período, Harkness e Super (1992) criaram um modelo que vai ao encontro das propostas de Darling e Steinberg (1993). Para os autores, o crescimento da criança se dá em um nicho de desenvolvimento, com função de intermediar sua inserção no ambiente cultural mais amplo. Esse nicho é descrito por três componentes: o ambiente físico e social no qual a criança vive; os costumes de cuidado e criação de crianças, que são regulados culturalmente; e a psicologia dos cuidadores ou conjunto de crenças parentais, nomeadas etnoteorias parentais.Estas podem ser definidas como conjuntos organizados de idéias que estão implícitos nas atividades da vida diária e nos julgamentos, escolhas e decisões que os pais tomam, funcionando como modelos ou roteiros para ações.
Diante disso, outra possibilidade de estudar o comportamento parental, de forma a contribuir para uma compreensão mais ampla de como ele se configura, seria focar também nas crenças que os pais possuem a respeito da criação dos filhos, o que pode ser denominado de cognições parentais. Estudar as crenças dos pais é também maneira de ter acesso aos diferentes modelos culturais, proporcionando avanços na compreensão das relações mútuas estabelecidas entre a cultura e o indivíduo. Nessa perspectiva, Keller (2007), com base na Psicologia do Desenvolvimento Evolucionista (PDE), propõe que “as trajetórias de desenvolvimento são consideradas soluções culturais para resolver tarefas de desenvolvimento universais”. Assim, o comportamento parental seria considerado uma tarefa de desenvolvimento universal, em função de se mostrar relevante na manutenção da sobrevivência da espécie, e seria exercido de maneira específica, dependendo das diferentes configurações culturais locais.
Assim como os autores citados anteriormente, Keller (2002; 2007) criou um modelo teórico para compreender o comportamento parental. Teve como foco as relações entre cuidadores e crianças em fases iniciais do desenvolvimento (por volta de 0 a 1 ano). Segundo a autora, os pais fornecem tanto cuidados primários como estimulação para facilitar o desenvolvimento psicológico em diferentes domínios, permitindo que as crianças adquiram sua matriz social e aprendam modos específicos de relacionamento social. A autora organizou os cuidados dispensados pelos pais à criança em categorias denominadas de sistemas parentais Seus estudos indicam uma relação entre ênfases em determinados componentes dos sistemas parentais e orientações culturais. Por exemplo, os sistemas de contato corporal e estimulação corporal têm sido verificados principalmente em contextos interdependentes, em que há maior valorização da conexão com o grupo e do bom comportamento da criança; já a estimulação por objetos e o contato face a face prevalecem em contextos independentes, onde a autonomia da criança e a separação são valores centrais (KELLER ET AL., 2007; KELLER ET AL., 2004a; KELLER ET AL., 2003a; KELLER ET AL., 2003b; KELLER ET AL., 2004b).
Embora realizada de forma sucinta e não exaustiva, a retomada de alguns modelos teóricos sobre as práticas parentais permite verificar a evolução histórica dos conceitos e indica a complexidade do fenômeno em questão. Os estudos de Baumrind impulsionaram a sistematização dos modelos teóricos e incluíram as noções de práticas educativas e estilos parentais. Gradativamente, outras variáveis, além do comportamento propriamente dito, foram incluídas nos modelos, como as metas parentais, valores e crenças. Luster, Rhoades e Haas (1989) fizeram a relação entre as metas dos pais e suas práticas e, a partir disso, outros autores trouxeram à tona a idéia de diferentes modelos culturais de parentalidade (DARLING; STEINBERG, 1993; HARKNESS; SUPER, 1992; KELLER, 2002; 2007) e novos conceitos que enfatizam o aspecto cultural das práticas parentais (etnoteorias parentais – etno = cultura). Visando relacionar as práticas dos pais ao desenvolvimento da criança, os autores passaram também a incluir outros aspectos que interferem nessa relação, tais como os ambientes físico e social que compõem os contextos de desenvolvimento.
As dimensões de práticas utilizadas pelos modelos parecem indicar também a ênfase em diferentes faixas etárias das crianças. Aqueles que utilizam dimensões mais ou menos democráticas (estilo autoritário/autoritativo, práticas educativas indutivas/coercitivas) parecem aplicar-se à segunda infância e à adolescência, fase em que os filhos já possuem maior autonomia e necessitam de adultos que lhe indiquem o “certo” e o “errado”. Já as dimensões de cuidado (cuidado primário/estimulação), segundo Keller (2002; 2007) estariam de preferência relacionadas ao desenvolvimento precoce da criança, principalmente ao primeiro ano de vida. Darling e Steinberg (1993) apontam o quanto as práticas parentais e seus efeitos mudam substancialmente dependendo da faixa etária da criança. Daí a importância de se estudar os estilos parentais em diferentes faixas etárias, de modo a compreender como essas mudanças ocorrem ao longo do ciclo de vida.
Com base nessas considerações teóricas, conceituais e históricas, o objetivo do presente estudo foi caracterizar a produção de estudos na área de práticas parentais no Brasil, uma vez que a literatura demonstra uma diversidade de modelos, de conceitos e de variáveis que influenciam na relação entre as práticas parentais e o desenvolvimento da criança. Algumas perguntas a que se pretende responder com esse estudo são: quais os principais conceitos e modelos teóricos utilizados nas pesquisas?; diferentes modelos enfatizam diferentes faixas etárias dos filhos?; quais são as características dos métodos de pesquisa utilizados pelos autores?; quais são os temas mais investigados?
MÉTODO
Para atingir os objetivos propostos, primeiramente realizou-se um levantamento bibliográfico, sem restrição de datas, em três relevantes bases de dados brasileiras: Index Psi (do Conselho Federal de Psicologia/PUC-Campinas), PEPsic (Periódicos eletrônicos em Psicologia)1 e Scielo Brasil. Para realizar a busca pelos resumos, foram selecionadas palavras- chaves que contemplassem as práticas educativas dos pais desde a infância até a adolescência e na idade adulta dos filhos. Inicialmente, os autores escolheram alguns termos relacionados ao fenômeno de práticas e, após a obtenção de alguns resumos, verificaram-se outras palavras-chave, referidas nos artigos, que poderiam ser também utilizadas para a presente pesquisa. Ao final, as seguintes palavras-chave foram utilizadas para a realização do levantamento bibliográfico: práticas educativas, estilos parentais, práticas parentais, práticas de cuidado e cuidados parentais.
Dos artigos encontrados, excluíram-se aqueles que se referiam a práticas educativas de professores no contexto escolar, os quais, em sua maioria, apareceram com a palavra-chave “práticas educativas”. Restaram, no total, 64 resumos de artigos, todos eles lidos pelos pesquisadores. , Foram definidas, posteriormente, as categorias de análise que seguem.
• Periódico de publicação: titulo do periódico no qual o artigo fora publicado.
• Ano de publicação: ano de publicação do artigo.
• Natureza da pesquisa: teórica ou empírica. A primeira envolve revisões de literatura e discussões a respeito das práticas parentais; a segunda utiliza algum método de coleta de dados que envolvam pessoas como participantes.
• Delineamento da pesquisa:transversal ou longitudinal. A pesquisa transversal abrange pesquisas em que a coleta de dados ocorre em apenas um determinado momento; a longitudinal caracteriza-se pela coleta de dados realizada ao longo do tempo ou em mais de um momento.
• Método (no caso de estudos empíricos): a) observação - o fenômeno é observado sem o auxílio de instrumentos ou de contato físico com o organismo estudado, sendo ou não utilizadas categorias pré-definidas (PELLEGRINI; BJORKLUND, 1998); b) levantamento de dados – consiste em interrogar certo número de indivíduos sobre um conjunto de variáveis, com vistas à generalização. Para isso, podem-se utilizar escalas, questionários, inventários, entrevistas etc. (GHIGLIONE; MATALON, 1993); c) experimento – utiliza-se do controle e manipulação de variáveis, formação de grupos de controle e/ou experimentais (KERLINGER, 1980) e d) estudo de caso – possui caráter idiográfico e descritivo, referindo-se a estudos de fatos particulares. Permite a investigação das interações de forma bastante sensível para dar conta da dinâmica dos comportamentos (GRISEZ, 1978).
• Técnica de coleta de dados: diferentes técnicas utilizadas nas pesquisas empíricas para coletar os dados - observação direta, questionários, entrevistas, análise documental e combinações de duas ou mais técnicas.
• Instrumento Padronizado:caso a pesquisa empregasse instrumento formal e padronizado para medir as práticas parentais, foi especificado o nome do(s) instrumento(s) e sua frequência de utilização nas pesquisas.
• Participantes: quem eram as pessoas focalizadas na pesquisa – somente filho, mãe-filho, pai-filho, pais-filhos (família), somente mãe, somente pai, pai e mãe.
• Faixa etária das crianças participantes:A idade dos filhos foi assim distribuída,: a) primeira Infância – zero a três anos; b) segunda infância – quatro a seis anos; c) terceira Infância – sete a onze anos; d) adolescência – 12 a 20 anos, e) adulto – acima de 20 anos. Um mesmo trabalho poderia abranger mais de uma idade.
• Temas de investigação: os trabalhos foram classificados de acordo com o(s) objeto(s) de investigação predominante(s). Desta forma, um mesmo trabalho pode ter sido classificado em mais de um aspecto:a)relação das práticas parentais com o desenvolvimento de comportamentos de risco nos filhos (uso de álcool, tabaco, outros tipos de drogas, comportamento antissocial, abuso); b) relação das práticas parentais com o desenvolvimento social e emocional da criança (autonomia, habilidades sociais, problemas de comportamento, empatia, ansiedade);c) relação das práticas parentais com o desenvolvimento cognitivo (processos cognitivos e aprendizagem escolar) e motor da criança;d) caracterização das práticas parentais e/ou comparação entre contextos distintos ou diferentes momentos históricos (foco no contexto);e) relação entre as práticas parentais e características individuais e/ou relacionais dos pais (no caso de o delineamento do estudo envolver pais com características específicas); f)práticas parentais de pais e mães com filhos com deficiências (físicas e/ou mentais) ou com doenças (físicas e/ou mentais);e g) aspectos metodológicos na investigação das práticas: validação de instrumentos e/ou metodologia s de investigação.
A partir da definição das categorias, todos os resumos foram analisados e categorizados individualmente por três juízes independentes. Depois disso, realizou-se uma última etapa de categorização dos resumos na presença dos três juízes, com o fito de chegar a uma decisão em conjunto, a partir das análises individuais de cada um. Vale ressaltar que, caso uma informação necessária não constasse do resumo, procurava-se encontrá-la na íntegra do artigo. Quando não se encontrava o artigo na íntegra para esclarecer algum dado, usou-se a expressão "não especificado”.
RESULTADOS
No total, de acordo com os critérios estabelecidos na presente pesquisa (busca de resumos em bases dados online, utilizando-se palavras-chave referentes ao tema das práticas parentais), 64 estudos nacionais foram analisados. Para facilitar a compreensão dos resultados, optou-se por apresentá-los de acordo com a ordem da natureza das categorias mencionadas na seção do Método.
Caracterização Geral da Amostra de Resumos
Primeiramente, verificou-se que, dos 64 resumos identificados, 34 deles utilizavam “práticas educativas” como palavra-chave. Além disso, 12 resumos utilizavam a expressão “estilos parentais”; 7, a expressão “práticas parentais”; outros 7, a expressão “práticas de cuidado” e, por fim, 4 resumos utilizavam a expressão “cuidados parentais”. Quanto ao ano de publicação, verificou-se que o estudo mais antigo foi publicado em 1983 e o mais recente em 2007. Somente 8 estudos foram publicados antes do ano 2000, 22 estudos de 2000 a 2004, e a maioria deles (n=34) foi publicada de 2005 a 2007.
Com relação ao periódico de publicação, os resumos mostraram-se bem distribuídos, não havendo predomínio significativo de publicações em somente uma revista. A Tabela 1 apresenta as revistas com maiores freqüências de publicações.
Tabela 1. Periódicos de publicação dos artigos sobre práticas educativas parentais
Aspectos Metodológicos dos Estudos
Dos 64 resumos, a maioria (n=51) era de estudos de natureza empírica e o restante (n=13), de natureza teórica. Estes últimos não foram classificados quanto a delineamento, método e técnicas de coleta de dados. Nestas categorias foram considerados apenas os 51 estudos de natureza empírica. Dentre esses, 47 deles utilizaram o delineamento transversal e apenas 4, o longitudinal. Com relação ao método utilizado, verificou-se que a grande maioria dos estudos (n=41) teve como método principal o levantamento de dados, seguido da observação (n=5) e, por último, o experimento (n=1). Quatro resumos não especificaram o método utilizado, não sendo possível buscar essa informação na íntegra do artigo, pois este não se encontrava disponível na internet.
A Figura 1 apresenta a frequência de resumos em cada subcategoria de técnicas de coleta de dados. Conforme a figura, a técnica predominante foi a utilização de questionários, seguida de combinações de técnicas (por exemplo, questionários e entrevistas, ou questionários e observações), de entrevistas e, por último, observações. Como se pode verificar, as técnicas de coleta de dados estão de acordo com o método predominante nos estudos: o levantamento de dados.
Figura 1. Frequência de artigos quanto às técnicas de coleta de dados utilizadas
Quando os estudos utilizavam questionários formais, ou seja, padronizados, destacou-se também quais eram esses instrumentos e sua frequência de utilização. Dos 51 estudos empíricos, 24 deles citaram questionários ou escalas padronizadas. Desses, 7 estudos empregaram diferentes versões de uma escala que avalia práticas parentais em relação à adolescentes, segundo duas grandes dimensões: responsividade e exigência. A versão original da escala foi construída por Lamborn et al. (1991), traduzida e adaptada para o português por Costa, Teixeira e Gomes (2000), revisada primeiramente por Teixeira, Bardagi e Gomes (2004) e ampliada por Teixeira, Oliveira e Wottrich (2006).
O segundo instrumento de maior frequência (n=6) foi o Inventário de Práticas Parentais (IEP), construído, validado e padronizado por Gomide (2006), o qual tem como objetivo avaliar práticas educativas e estilos parentais tanto a partir da percepção dos pais como dos filhos adolescentes. Os demais instrumentos citados, bem como sua frequência de utilização, estão listados na Tabela 2.
Tabela 2. Instrumentos padronizados de avaliação das práticas parentais utilizados nos artigos
Características dos Participantes dos Estudos
Outra categoria avaliada teve como foco os sujeitos dos estudos, quando estes eram acessados através dos instrumentos de coleta de dados (estudos empíricos). Quando não era possível definir quem eram os sujeitos-foco, incluiu-se a expressão “sujeitos não especificados”. Dos 51 resumos de natureza empírica, 13 envolviam a participação apenas de filhos, 10 tinham como participante a mãe e os filhos, 9 envolviam os filhos com ambos os pais, 9 tinham como participante somente a mãe, 6 somente o pai e a mãe e 1 estudo tinha como participante somente o pai. Ainda, em 3 estudos não foi possível especificar quem eram os sujeitos. Somando-se, separadamente, todos os estudos em que a mãe e o pai foram sujeitos, constatou-se que a mãe foi acessada em 34 estudos e o pai em 16 deles.
Tanto nos resumos em que os filhos eram os sujeitos da pesquisa, quanto naqueles em que eles participaram indiretamente (por exemplo, quando a mãe e/ou o pai respondiam questões sobre os filhos), pode-se verificar a faixa etária foco. Neste caso, um mesmo estudo poderia incluir filhos de diferentes faixas etárias. Sendo assim, o N total nesta categoria não foi de 51 (referente aos estudos empíricos), mas sim de 69 ocorrências distribuídas em cada faixa etária. Do total de ocorrências, 12 delas foram estudos em que não foi possível verificar a faixa etária, seja porque o artigo na íntegra não estava acessível, seja porque os autores não incluíram a idade dos filhos ou não focaram seu estudo em uma idade específica. A faixa etária de maior ocorrência foi a adolescência (n= 19), seguida da 1ª infância (n= 12), 2ª infância (n= 11), 3ª infância (n= 10) e, por último, a fase adulta (n= 5).
Os dados referentes à faixa etária dos filhos foram ainda cruzados com os dados da categoria “palavras-chave”, visando verificar se os diferentes termos estão relacionados a faixas etárias específicas. Para tanto, foram agrupados os termos “práticas parentais”, “práticas de cuidado” e “cuidados parentais”, já que a frequência de estudos em cada um deles foi pequena e eles se mostraram relacionados às mesmas faixas etárias. Esses dados estão dispostos na Tabela 3.
Tabela 3. Frequência de estudos segundo as categorias “palavras-chave” e “faixa etária dos filhos”
Os estudos cujos filhos possuíam entre 0 a 3 anos distribuíram-se de forma semelhante entre aqueles que utilizaram os termos “práticas educativas” e “práticas parentais, cuidados parentais e práticas de cuidado”. Nenhum estudo desta faixa etária fez uso do termo “estilos parentais”. O mesmo ocorreu em relação aos estudos cujos filhos tinham idade entre 4 e 6 anos. Já os estudos da faixa etária entre 7 a 11 anos utilizaram predominantemente o termo “práticas educativas”, apenas dois estudos utilizaram os termos “práticas parentais, cuidados parentais e práticas de cuidado” e um estudo utilizou o termo “estilos parentais”. Verificou-se um predomínio de uso do termo “práticas educativas” também na faixa etária de 12 a 20 anos (adolescência), assim como um número significativo de estudos que utilizaram a expressão “estilos parentais” (n=7). Nesta faixa etária, nenhum estudo utilizou os termos “práticas parentais, cuidados parentais e práticas de cuidado”. Por fim, os estudos nos quais os filhos tinham mais de 20 anos (adultos) utilizaram somente o termo “estilos parentais”.
Temas de Investigação dos Estudos
A categoria “temas de investigação”, assim como a categoria “faixa etária dos filhos”, obteve um N total referente à ocorrência de estudos em cada diferente tema, já que, em alguns casos, um mesmo estudo focava dois diferentes temas de investigação. Neste caso, o N total foi de 67 (referente tanto aos estudos empíricos, quanto aos teóricos). A Tabela 4 ilustra a frequência de estudos em cada subcategoria de temas.
Tabela 4. Ocorrência de estudos quanto aos temas de investigação
A subcategoria “caracterização das práticas parentais” foi a de maior frequência, incluindo estudos que tinham como principal objetivo identificar as práticas parentais sem relacioná-las a outros fenômenos (como o desenvolvimento dos filhos) ou comparar práticas utilizadas por pais de contextos distintos. Como exemplo, pode-se citar o estudo de Moinhos, Lordelo, e Seidl de Moura (2007), o qual visou investigar “Metas de socialização de mães baianas de diferentes contextos socioeconômicos”; bem como o estudo de Weber, Prado, Viezzer e Brandenburg (2004), que teve como objetivo explorar estilos parentais entre famílias brasileiras.
Ainda alguns estudos desta categoria buscavam investigar uma determinada prática utilizada pelos pais, como a brincadeira (MARTINS; SZYMANSKI, 2006), a responsividade (LORDELO; FONSECA; ARAÚJO, 2000) e sensibilidade materna (GOSSELIN, 2000), o uso de castigos e punições corporais (WEBER; VIEZZER; BRANDENBURG, 2004), a violência doméstica (DELFINO; BIASOLI-ALVES; SAGIM, 2005), a escolha de um cuidado alternativo (RAPOPORT; PICCININI, 2004), a participação paterna (BUSTAMANTE, 2005), entre outros.
A subcategoria “desenvolvimento social e emocional” foi a de segunda maior frequência e incluiu artigos que buscavam relacionar as práticas parentais com o desenvolvimento social e emocional da criança. Dentre as principais características das crianças relacionadas com as práticas dos pais, pode-se citar: empatia (MOTTA ET AL., 2006), problemas de comportamento e competência social (ALVARENGA; PICCININI, 2001; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002; SALVO; SILVARES; TONI, 2005), problemas de externalização (ALVARENGA; PICCININI, 2007) e habilidades sociais (PACHECO; TEIXEIRA; GOMES, 1999).
As subcategorias temáticas “aspectos metodológicos” e “comportamento de risco” ficaram em terceiro lugar, ambas com uma frequência de cinco artigos cada. Quanto à primeira, os artigos tratavam de validação de instrumentos de avaliação das práticas parentais para o contexto brasileiro. A subcategoria “comportamento de risco”, por sua vez, incluiu artigos que tinham como objetivo relacionar as práticas parentais com o desenvolvimento de comportamentos de risco nos filhos, como o conflito com a lei (CARVALHO; GOMIDE, 2005) e comportamentos anti-sociais (PRUST; GOMIDE, 2007). Nessa subcategoria, também foram foram considerados os artigos que tratavam do emprego de abuso físico pelos pais, uma vez que esta prática parental é relacionada como o desenvolvimento de comportamento de risco nos filhos (CECCONELLO; DE ANTONI; KOLLER, 2003).
Quatro artigos foram categorizados em função das “características dos pais” que influenciam em suas práticas parentais, sendo estas individuais ou relacionais. Dentre eles, pode-se citar o estudo de Braz, Dessen, e Silva (2005), o qual investigou a influência das relações maritais na parentalidade; bem como a pesquisa de Marin e Piccinini (2007), que teve por objetivo verificar comportamentos e práticas educativas maternas em famílias de mães solteiras e em famílias nucleares.
As duas últimas subcategorias, “necessidades especiais” e “desenvolvimento cognitivo”, obtiveram frequência de dois e três artigos, respectivamente. A primeira delas incluía estudos que investigassem as práticas de pais com filhos que possuíam necessidades especiais, como uma doença orgânica crônica (PICCININI ET AL., 2003), enurese (SOVERAL; GRAMINHA, 1992) e ajustamento psicológico (ARAÚJO, 2002). Por fim, a subcategoria “desenvolvimento cognitivo” incluiu artigos que visassem relacionar as práticas parentais com o desenvolvimento cognitivo e motor dos filhos.
DISCUSSÃO
Este estudo teve como objetivo principal fornecer um panorama de estudos publicados no Brasil a respeito das práticas parentais, os quais foram obtidos por meio de resumos acessados online em bases de dados nacionais. Para tanto, o conteúdo presente nos resumos disponíveis em bases de dados online foi sistematizado de forma a apontar para algumas tendências na área. Verificou-se que a maior parte dos artigos tinha como palavra-chave a expressão “práticas educativas”, e que mais da metade dos estudos foram publicados entre os anos de 2005 e 2007. Quanto aos aspectos metodológicos, a maioria dos artigos era de natureza empírica, utilizava um delineamento transversal, tinha como método principal o levantamento de dados e utilizava, como técnica de coleta, os questionários e entrevistas. Com relação aos participantes, os estudos distribuíram-se de maneira semelhante entre aqueles que envolviam somente os filhos, somente os pais ou pais e filhos, sendo a adolescência a fase do desenvolvimento predominante entre os filhos. Por fim, quanto aos temas de investigação, quase metade dos estudos teve como objetivo principal caracterizar as práticas parentais de determinada amostra, sem relacioná-las a outros fenômenos.
Como explicitado no método do presente estudo, foram utilizadas diferentes palavras-chave para a busca dos artigos, em função da constatação prévia de que não existe um único termo que dê conta de abarcar, de maneira geral, as práticas parentais. A leitura dos resumos, bem como a classificação dos mesmos nas diferentes categorias e a associação realizada com a categoria “faixa etária dos filhos” permitiram chegar à conclusão de que esta última variável é um importante fator na definição dos termos utilizados. No caso do termo “práticas educativas”, verificou-se que ele está relacionado predominantemente às práticas dos pais de filhos adolescentes e que as dimensões de práticas estão voltadas, principalmente, para o monitoramento do comportamento do filho, por meio da utilização de afeto, de regras e de punições aos comportamentos inadequados (GOMIDE, 2006; TEIXEIRA; OLIVEIRA; WOTRICH, 2006).
O predomínio de estudos que utilizaram o termo “práticas educativas”, portanto, pode ser explicado em função da faixa etária com o qual se relacionava. Uma hipótese seria a de que há maior facilidade em ter acesso às práticas dos pais através do discurso dos adolescentes, os quais conseguem com facilidade responder a instrumentos como questionários e entrevistas. Com crianças mais novas, o acesso fica limitado ao relato dos pais ou a observações da interação pais-criança, essas últimas mais difíceis de serem operacionalizadas. Outra possível explicação para a prevalência dos estudos sobre práticas educativas seria a maior disponibilidade, no Brasil, de instrumentos que avaliam práticas parentais em relação a adolescentes. Conforme verificado, os dois instrumentos mais utilizados foram as escalas de exigência e responsividade (COSTA; TEIXEIRA; GOMES, 2000), e o IEP (GOMIDE, 2006), ambos para adolescentes.
Outro aspecto que pode estar relacionado ao grande número de estudos sobre práticas educativas é a forte relação verificada entre o que os pais fazem em relação aos filhos e o desenvolvimento de comportamentos antissociais ou pró-sociais destes (ALVARENGA; PICCININI, 2001; SALVO; SILVARES; TONI, 2005; CARVALHO; GOMIDE, 2005). Segundo Carvalho e Gomide (2005), as práticas educativas parentais constituem uma forma promissora de se analisar a aquisição e a manutenção do comportamento anti-social por crianças e adolescentes. Embora haja indícios de que, já por volta dos 3 anos, algumas práticas parentais se relacionam a problemas de externalização da criança (agressividade, impulsividade e comportamento desafiador) (ALVARENGA; PICCININI, 2007), é na fase da adolescência que esses comportamentos ficam mais evidentes e, portanto, são mais estudados.
A palavra-chave “estilos parentais” foi a segunda mais frequente entre os estudos. Assim como nos estudos sobre práticas educativas, aqueles que envolviam o termo “estilos parentais” também estavam relacionados de preferência a pais de adolescentes ou adultos. Isso se deve provavelmente ao fato de os estilos parentais estarem relacionados às práticas educativas. Conforme Gomide, Salvo, Pinheiro e Sabbag (2005), ao conjunto de práticas educativas utilizadas pelos pais na interação com os filhos dá-se o nome de estilo parental, ou seja, as práticas educativas, combinadas de diferentes formas, resultam em estilos parentais diversos.
Por sua vez, os termos “práticas parentais”, “práticas de cuidado” e “cuidado parentais” foram utilizados em um número menor de estudos. Em geral, os dois primeiros termos foram utilizados em estudos envolvendo crianças na faixa etária da 1ª e 2ª infância (0 a 6 anos), enquanto o último termo, em estudos com crianças somente da 1ª infância (0 a 3 anos). Verificou-se que, nos estudos envolvendo o termo “práticas parentais”, mesmo em um deles direcionado a crianças entre 6 e 12 anos (BENETTI; BALBINOTTI, 2003), as práticas são conceituadas como envolvendo mais do que os comportamentos dos pais propriamente ditos. Elas envolveriam também objetivos e valores (crenças) da família, que orientam os pais no processo de socialização da criança (DARLING; STEINBERG, 1993). No mesmo sentido, por exemplo, outro estudo teve por objetivo identificar as metas ou expectativas que mães tinham a respeito da criação de filhos, entendendo que também o sistema de crenças parentais afeta diretamente a qualidade do cuidado e o desenvolvimento infantil (MOINHOS; LORDELO; SEIDL DE MOURA, 2007).
Por fim, os estudos que utilizaram os termos “práticas de cuidado” e “cuidados parentais”, em geral, trataram de temas ligados aos cuidados diários com a criança pequena, que envolviam aspectos ligados à higiene e à alimentação, como também de estimulação do desenvolvimento (brincadeiras, estimulação motora). Conclui-se, a partir dessa análise dos diferentes termos utilizados e dos estudos correspondentes a cada um deles, que as relações entre pais e filhos alteram-se de maneira significativa ao longo do desenvolvimento da criança. Isso implica na necessidade de uma definição clara dos conceitos a serem utilizados e em um cuidado tanto com a escolha dos aspectos a serem investigados em cada faixa etária (já que alguns são mais relevantes que outros), quanto com a escolha dos instrumentos utilizados na investigação.
Conclui-se também que, no contexto brasileiro, coexistem atualmente diferentes modelos para a compreensão do comportamento parental. Assim, às diferenças relacionadas à faixa etária das crianças somam-se diferenças teóricas, que direcionam os autores para diferentes aspectos da parentalidade (práticas propriamente ditas, metas, valores, clima emocional). Apesar da manutenção desta tendência, alguns autores têm procurado superá-la, criando modelos mais abrangentes que permitam, cada vez mais, compreender a relação entre comportamento parental e desenvolvimento (DARLING; STENBERG, 1993; HARKNESS; SUPER, 1992; KELLER, 2002; 2007).
Outro resultado interessante refere-se ao aumento bastante importante de publicações sobre o tema a partir do ano de 2000 e, principalmente, a partir de 2003. A partir de 2000, as publicações cresceram em relação aos diversos estudos. Já a partir de 2003, verificou-se um crescimento mais significativo dos estudos que investigaram as práticas educativas. Neste último caso, o aumento dos estudos parece ter coincidido com o surgimento de novas escalas para avaliar as práticas educativas: as escalas de Responsividade e Exigência (COSTA; TEIXEIRA; GOMES, 2000; TEIXEIRA; BARDAGI; GOMES, 2004) e o IEP (GOMIDE, 2006).
Além disso, o aumento do interesse dos pesquisadores pelo tema pode também ter relação com as novas demandas sociais relacionadas à prática de criação de filhos. A disseminação dos conhecimentos científicos, no final do século XX, produzidos principalmente por médicos, psicólogos e pedagogos, acabou por incluir a idéia de “criança ideal” e, consequentemente trouxe consigo um questionamento de antigos valores e uma intensa procura por novos padrões de comportamento (BIASOLI-ALVES, 1997; 2002).
Com relação às diferentes metodologias utilizadas pelos pesquisadores para avaliar as práticas parentais, um aspecto chama a atenção: o predomínio de estudos com delineamento transversal, em comparação com apenas quatro estudos longitudinais. Considerando-se a realidade brasileira, pode-se pensar que tal resultado esteja relacionado com a dificuldade de operacionalização de uma pesquisa longitudinal, a qual, geralmente, requer a articulação de um ou mais grupos de pesquisa, além de alto investimento financeiro. No entanto, em se tratando do estudo das práticas parentais e sua relação com o desenvolvimento infantil, considera-se de extrema importância a realização de estudos longitudinais, a fim de melhor compreender a complexidade deste fenômeno. Em conformidade com Dessen e Silva Neto (2000), avalia-se a necessidade de revisão dos planejamentos de pesquisa e a maneira como vêm sendo investigadas as questões familiares no Brasil, incluindo-se aí o estudo das práticas dos pais ao longo do desenvolvimento dos filhos, com o emprego mais frequente de delineamentos longitudinais, bem como de abordagens multimetodológicas.
Quanto a este último aspecto, levantado por Dessen e Silva Neto (2000), com relação à utilização de combinações de técnicas metodológicas, verifica-se um fator positivo nas pesquisas que vêm sendo realizadas no Brasil. Apesar do predomínio do método de levantamento de dados com questionários (n = 20) para avaliar as práticas parentais, também um grande número de pesquisas utilizou-se de mais de uma técnica de coleta de dados (n = 13), com o uso de questionários e entrevistas ou questionários e observações, por exemplo. O predomínio dos estudos de levantamento de dados utilizando-se de questionário, com a combinação ou não de outras técnicas, pode ser explicado pela facilidade da coleta de dados que o mesmo propicia, uma vez que o fenômeno das práticas parentais é de difícil observação, principalmente na adolescência. Mesmo com crianças menores, ainda são poucos os estudos que se utilizam da observação. Além disso, o predomínio de questionários tem, provavelmente, relação com a boa qualidade dos instrumentos disponíveis no Brasil.
Vale ainda ressaltar que os principais instrumentos brasileiros padronizados de avaliação de práticas parentais são voltados para adolescentes. Poucos são aqueles que avaliam as práticas de cuidado que os pais utilizam na primeira infância. Levanta-se, então, a hipótese de que esta disponibilidade de instrumentos tenha relação também com a faixa etária foco dos filhos estudados, uma vez que foi constatado um predomínio de estudos sobre práticas parentais com adolescentes. Além disso, entre os estudos que focalizaram a primeira infância, pode-se afirmar que, em geral, investigavam as práticas com crianças próximas aos três anos de idade, e não com recém-nascidos. Assim, verifica-se a existência de uma lacuna na literatura brasileira de estudos que focalizem as práticas parentais durante o primeiro ano de vida da criança, bem como de instrumentos fidedignos que possam ser utilizados para esta investigação.
Embora, no Brasil, o estudo das práticas parentais em fases iniciais do desenvolvimento seja ainda escasso, Keller (2002; 2007) e seus colaboradores têm investido nessa fase por dois principais motivos. O primeiro motivo é teórico, já que o estudo da interação do bebê com seus cuidadores possibilita a compreensão da interação entre a biologia e a cultura. O segundo motivo é prático, pois o estudo voltado para pais e bebês pode embasar intervenções precoces, visando à promoção do desenvolvimento da criança e da família como um todo. Segundo Cole e Cole (2003), uma tarefa importante para os psicólogos do desenvolvimento seria aplicar o conhecimento que adquirem para promover o desenvolvimento saudável. Nesse sentido, trabalhar com relações iniciais cuidador-criança é uma forma de atuar na prevenção e promoção da saúde e do desenvolvimento, uma vez que os padrões de relação ainda estão sendo estabelecidos.
Um último aspecto, ainda com relação aos aspectos metodológicos, consiste nos sujeitos considerados pelos estudos de práticas parentais. Além dos filhos, algumas pesquisas tinham como participantes um pai ou ambos os genitores, sendo verificada a predominância da presença da mãe em detrimento do pai. Este resultado não é surpreendente, uma vez que, ao longo da história da psicologia como ciência, a mesma foi responsável pela ênfase na interação mãe-criança como a díade primordial nos estudos de desenvolvimento (CREPALDI ET AL., 2006). Além disso, acrescenta-se a questão da dificuldade de acesso ao pai, sendo, muitas vezes, mais fácil encontrar a mãe disponível para participar das pesquisas., Segundo Crepaldi et al. (2006), porém, como reflexo de mudanças econômicas e ideológicas a partir dos anos 1970 e 1980, os pesquisadores, principalmente internacionais, começaram a prestar mais atenção no papel do pai na família e no desenvolvimento da criança, em função de o mesmo possuir agora funções específicas naquele contexto. Assim, ressalte-se a importância de mais estudos que focalizem também o pai na investigação das práticas parentais.
Por fim, no que tange à categoria “temas de investigação dos estudos”, o destaque ficou para as publicações que buscaram caracterizar as práticas utilizadas pelos pais, seguido dos trabalhos que relacionaram as práticas com o desenvolvimento social e emocional da criança. Tal resultado mostra uma preocupação por parte da comunidade científica brasileira em conhecer as práticas utilizadas pelos pais em diferentes contextos e as consequências delas sobre o desenvolvimento do sujeito. Essa preocupação parece ter relação com o caráter recente desse foco de investigação no país. Conforme Darling e Steinberg (1993), parece haver uma tendência histórica em, primeiramente, caracterizar as práticas dos pais, para que seja possível, em um momento posterior, verificar suas consequências no desenvolvimento dos filhos.
Ainda sobre os temas de investigação, destaca-se o pouco investimento em pesquisas relacionadas ao tema das deficiências e/ou doenças. Estudos como os de Pereira-Silva (2002), Pereira-Silva e Dessen (2003), Piccinini et al. (2003), dentre outros, evidenciam que famílias com filhos com deficiência e/ou doenças podem apresentar aumento do estresse e dificuldades de relacionamento, afetando significativamente o funcionamento familiar, o que pode favorecer a incerteza na escolha de práticas parentais. Evidencia-se, deste modo, a necessidade de estudos que descrevam semelhanças e diferenças nas práticas dos pais de crianças com e sem deficiências/doenças, visando fornecer subsídios para possíveis intervenções nesta área.
Outros temas também apresentaram um número reduzido de pesquisas, tais como sobre características particulares dos pais, comportamentos de risco e desenvolvimento cognitivo, o que revela que este ainda é um campo fértil de pesquisa, dada a complexidade do fenômeno, que sofre distintas influências. Szymanski (2004) destaca a importância de se considerar tanto as influências intrínsecas ao sistema familiar (relacionamento conjugal e familiar), quanto as extrínsecas (questões socias), que podem afetar de forma cumulativa o desenvolvimento do indivíduo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora o estudo das práticas parentais tenha sido desde muito tempo objeto de interesse dos pesquisadores, no Brasil, apenas nos últimos anos verifica-se um crescimento significativo da literatura na área. Portanto, neste contexto, o corpo teórico ainda é recente, o que traz consequências para a natureza das pesquisas brasileiras, tanto em termos de metodologia, quanto em relação ao grau de aprofundamento na investigação do fenômeno. Reforça-se, com isso, a necessidade de investir em publicações nessa área.
Vale ressaltar a complexidade das relações familiares e das variáveis que influenciam nas práticas dos pais em relação ao cuidado dos filhos, como as características específicas da criança e dos pais, a relação estabelecida entre os cônjuges, a história de criação e desenvolvimento dos progenitores, bem como o contexto sociocultural em que estão inseridos. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de estudos brasileiros que enfoquem as diferentes etapas do desenvolvimento, tanto das crianças, quanto das famílias, uma vez que as relações entre pais e filhos alteram-se em função do estágio de desenvolvimento dos filhos e em função da etapa do ciclo vital em que as famílias se encontram. Por exemplo, na adolescência, além de os padrões de interação entre pais e filhos serem mais estáveis em relação à 1ª infância, a família tem de enfrentar outras tarefas, ligadas, principalmente, ao desenvolvimento da autonomia do adolescente.
Além disso, enfatiza-se a realização de mais estudos que investiguem as práticas de cuidado utilizadas pelos pais frente a características específicas da criança, como seu temperamento, personalidade, comportamento, etc. É possível também que circunstâncias específicas ocorridas com a criança, como uma doença crônica, por exemplo, modifiquem as práticas parentais. Com relação aos pais, destaca-se a necessidade da verificação de sua história de criação e desenvolvimento, bem como características atuais que podem influenciar em suas práticas, como profissão, escolaridade, renda, etc.
Para tanto, novos arranjos metodológicos deverão ser construídos, assim como novas técnicas de coleta de dados. Os estudos longitudinais são uma alternativa para o controle das variáveis relacionadas ao desenvolvimento, embora necessitem de grande investimento financeiro e pessoal. Por sua vez, há uma necessidade evidente de novos instrumentos para avaliação da relação entre pais e filhos com idades inferiores, sobretudo no primeiro ano de vida.
O desenvolvimento de instrumentos brasileiros consistentes de avaliação das práticas parentais nas diversas etapas do desenvolvimento dos filhos garantirá uma sólida caracterização das mesmas. Como foi verificado no presente estudo, no Brasil, a maioria das pesquisas ainda se encontra nessa etapa de investigação. Espera-se, assim, que, após esta caracterização, será possível realizar estudos que investiguem a relação entre práticas específicas e sua consequência para o desenvolvimento na infância e na adolescência. Tal relação poderá evidenciar determinadas práticas como fatores de risco ou de proteção ao desenvolvimento da criança e da família.
Para a realização de futuros estudos, constata-se a necessidade de aprofundar o ‘estado da arte’ sobre o tema “práticas parentais”, utilizando-se não somente o resumo, mas também os artigos na íntegra, de modo a que outras categorias de análise possam ser criadas. A ampliação das bases de dados internacionais também é outra estratégia que merece a atenção dos pesquisadores da área.
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Endereço para correspondência
Mauro Luís Vieira
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Maria de Fátima J. Minetto
E-mail:fa.minetto@gmail.com
Submetido em: 01/12/2008
Revisto em: 09/09/2009
Aceito em: 25/10/2009
1Embora essa base de dados reúna publicações nacionais e internacionais, para a presente pesquisa somente foram utilizados artigos publicados em periódicos brasileiros.