Arquivos Brasileiros de Psicologia
ISSN 1809-5267
ARTIGOS
Interações entre mães e adolescentes e os problemas de comportamento
Interaction among mothers and adolescent and behavior problems
Las interacciones entre las madres y los adolescentes y los problemas de comportamiento
Gabriela Mello SabbagI; Alessandra Turini Bolsoni-SilvaII
IDoutoranda. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Florianópolis. Estado de Santa Catarina. Brasil
IIDocente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Universidade Estadual Paulista (UNESP). Bauru. Estado de São Paulo. Brasil
RESUMO
O estudo buscou descrever e comparar, em grupos de risco e de não risco para problemas de comportamento, os diagnósticos de problemas de comportamento, de competência e de habilidades sociais e as interações sociais estabelecidas entre 24 mães e seus filhos adolescentes. O Inventário de Estilo Parental (IEP) possibilitou a composição dos grupos, o Child Behavior Checklist (CBCL) e o Roteiro de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P) foram utilizados para colher os dados. Os diagnósticos de problemas de comportamento (Crosstabs) e as interações sociais (Mann-Whitney) foram comparados entre os grupos. As interações se diferenciam em que no grupo de não risco as mães, quando se comunicam, expressam sentimentos e estabelecem limites, os filhos respondem com habilidades sociais. Ao contrário, no grupo de risco, quando as mães agem da mesma forma, os adolescentes respondem com problemas de comportamento. As implicações dos achados para essa população são discutidas.
Palavras-chave: Práticas parentais; Adolescentes; Problemas de comportamento.
ABSTRACT
The study describes and compares in groups of risk and no risk of behavior problems, diagnoses of behavior problems, social competence, social skills and social interactions established among 24 mothers and their adolescent children. The Parental Style Inventory (IEP) enabled the composition of the groups, the Child Behavior Checklist (CBCL) and the Parental Educative Social Skills Interview Script (RE-HSE-P) were used to collect data. The diagnoses of behavioral problems (Crosstabs Test) and social interactions (Mann-Whitney) were compared. Social interactions are different in the non-risk mothers when they communicate, express feelings, set limits, and children respond with social skills. Unlike in the risk group, whose mothers emit these behaviors, but the adolescents respond with behavior problems. The implications of the findings for this population are discussed.
Keywords: Parental practices; Adolescent; Behavior problems.
RESUMEN
El estudio trata de describir y comparar los problemas de conducta, en grupos de riesgo y sin riesgo para diagnósticos de problemas, la competencia y las habilidades sociales y las interacciones sociales que se establecen entre las 24 madres y sus hijos adolescentes. El Inventario de Estilo Parental (IEP) permitió la composición de los grupos, la Child Behavior Checklist (CBCL) y el Guión de Entrevista de Habilidades Sociales para Educación de los Padres (RE-HSE-P) se utilizaron para recopilar datos. Los diagnósticos de los problemas de comportamiento (Tablas de contingencia de prueba) y las interacciones sociales (Mann-Whitney) se compararon entre los grupos. Las interacciones se diferencian en que las madres del grupo sin riesgo cuando se comunican, expresan sentimientos y establecen límites, los niños responden con habilidades sociales. Al contrario, los grupos de riesgo, cuando las madres emiten estas conductas, los adolescentes responden con problemas de conducta. Se discuten las implicaciones de los hallazgos para esta población.
Palabras clave: las prácticas de crianza; Adolescentes; Trastornos de conducta.
A interação parental vem sendo investigada pelos seus possíveis efeitos sobre o repertório comportamental, em especial dos filhos (Wang, Dishion, Stormshak, & Willett, 2011). Para o estudo da interação entre mães e filhos adolescentes, este trabalho utiliza a proposta de Bolsoni-Silva, Loureiro e Marturano (2011), que aborda as Habilidades Sociais Educativas Parentais (HSE-P) e descreve de forma operacional e interativa as ações parentais, habilidosas ou não, relacionadas aos comportamentos dos filhos, sejam eles habilidosos ou indicativos de problemas de comportamento. A descrição da interação social é essencial para a análise do comportamento, que envolve a relação entre duas ou mais pessoas em que as ações de uma delas produzem efeitos que alteram e afetam a resposta da outra (Skinner, 1998).
As práticas parentais podem tanto maximizar o repertório de habilidades sociais como podem, inadvertidamente, estimular os problemas de comportamento em adolescentes (Patterson, Reid, & Dishion, 2002). As práticas educativas preventivas de problemas de comportamento do adolescente são denominadas positivas e classificadas, pela proposta de Gomide (2006), em monitoria positiva e comportamento moral. A primeira envolve o uso adequado de atenção, afeto e responsividade, enquanto a segunda está relacionada à estimulação das habilidades de empatia e de autocontrole do filho, por meio da modelagem e do modelo de ação ofertado pelos pais. As práticas negativas apresentam características coercitivas e são classificadas em negligência, abuso físico, monitoria negativa, disciplina relaxada e punição inconsistente. As práticas parentais positivas e negativas, a depender de sua intensidade, frequência e confluência, podem colocar o adolescente em maior ou menor risco para o surgimento de problemas de comportamento, o que pode ser detectado por meio do Inventário de Estilo Parental (IEP) (Gomide, 2006).
Para Bolsoni-Silva e Loureiro (2011), as práticas educativas positivas podem ser caracterizadas como habilidades sociais educativas parentais (HSE-P). Essas se referem ao conjunto de habilidades sociais aplicáveis às práticas educativas dos filhos (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011), considerando que as habilidades sociais são conceituadas como ações que produzem benefícios para o indivíduo e para as demais pessoas, bem como minimizam as perdas para os envolvidos (Z. A. P. Del Prette & A. Del Prette, 1999). Para a classificação dos comportamentos dos pais e dos filhos em habilidosos ou não, deve-se analisar que, após a emissão do comportamento social de pais ou filhos, surtirão consequências sobre o ambiente que, ao serem avaliadas, permitem a caracterização do comportamento em habilidoso ou problemático, de acordo com a topografia da resposta e da função; essa avaliação é denominada competência social (Z. A. P. Del Prette & A. Del Prette, 1999). Destaca-se que o problema de comportamento deve ser analisado considerando sua funcionalidade associada ao contexto em que foi emitido (Gongora, 2003), além da sua descrição topográfica, a qual vem sendo realizada por meio do DSM IV (APA, 2002). Como exemplo de caracterização topográfica, têm-se os comportamentos internalizantes, os quais ficam evidentes quando há retraimento, queixas somáticas, depressão e ansiedade patológica. Os externalizantes, por sua vez, são evidenciados por atos impulsivos, agressivos, desafiadores-opositores, transtornos de conduta e abuso de substâncias (Achenbach & Edelbrock, 1979).
Para investigar as interações sociais estabelecidas entre pais e filhos, Bolsoni-Silva et al. (2011) elaboraram o Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P), o qual foi validado para o público de pais de crianças pré-escolares e escolares. O referido instrumento busca, por meio do relato verbal dos pais, a análise funcional das interações que, após a emissão do comportamento social de pais ou filhos, surtirão consequências ou efeitos sobre o ambiente que, ao serem avaliados, podem ser classificados como habilidosos ou não (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2010). O RE-HSE-P permite descrever os antecedentes, as respostas e as consequências das ações parentais e filiais, isto é, as contingências entrelaçadas (Glenn, 1986), nas quais o comportamento dos pais é ambiente para o dos filhos, e vice-versa.
Sobre o desenvolvimento dos filhos adolescentes, as pesquisas apontam para a associação entre determinadas práticas parentais positivas e a estimulação do repertório comportamental do adolescente (Diener, Isabella, & Behunin, 2008; Salvo, Silvares, & Toni, 2005). Os estudiosos destacam a interação entre as variáveis comunicação familiar positiva, afeto, envolvimento e níveis adequados de controle do comportamento do filho como promotora de habilidades sociais (Dixon, Graber, & Brooks-Gunn, 2008; Fletcher, Steinberg, & Williams-Wheeller, 2004; Kakihara & Tilton-Weaver, 2009; Wang et al., 2011) e preventiva de problemas de comportamento em adolescentes (Martínez-Hernaez et al., 2012; Huebner & Howell, 2003).
Sobre os problemas de comportamento, internalizantes ou externalizantes, em adolescentes, esses podem surgir devido à negligência (Salvo, 2010), às práticas coercitivas (Kakihara & Tilton-Weaver, 2009), ao pouco apoio (Hafen & Laursen, 2009; Ingram, Patchin, Huebner, McCluskey & Bynum, 2007; Plunket, Henry, Robinson, Behnke, & Falcon, 2007), à falta de consistência nas práticas educativas (Gomide, 2006; Pacheco & Hutz, 2009) e às ações desviantes por parte dos pais (Dogan, Conger, Kim, & Masyn, 2007; Silva, Farias, Silvares, & Arantes, 2008). É importante considerar que, mesmo que o comportamento do adolescente seja influenciado por variáveis as mais diversas (pares, mídia, transformações biológicas), as práticas parentais continuam a agir como fator de proteção ou de risco para problemas de comportamento do adolescente ao longo dos anos (Wang et al., 2011; Salvo, 2010).
Apesar dos avanços nas pesquisas, um desafio é detectar os eventos presentes nas interações entre pais e filhos. Nesse sentido há a necessidade de descrever as contingências estabelecidas entre pais e filhos adolescentes de grupos de risco e de não risco para problemas de comportamento, de forma a identificar padrões de comportamento que podem ser utilizados em avaliações e intervenções com essa população.
Diante do exposto, este trabalho buscou descrever e comparar, em grupos de risco e de não risco para problemas de comportamento, os indicadores de problemas de comportamento, de competência social e de habilidades sociais de adolescentes, bem como a qualidade das práticas educativas maternas, avaliadas sob a perspectiva das mães e dos adolescentes.
Método
Participantes
Participaram deste estudo 24 mães e seus filhos adolescentes que estudavam na 7ª e 8ª séries de um colégio estadual de uma capital da região sul do Brasil. Dentre as mães, 14 manifestaram práticas de risco para problemas de comportamento e 10 de não risco, segundo o IEP (Gomide, 2006) respondido pelos adolescentes. A amostra de adolescentes foi composta por seis meninos e oito meninas que fizeram parte do grupo de risco para problemas de comportamento e quatro meninos e seis meninas do grupo de não risco.
Quanto aos dados demográficos, os grupos foram equivalentes (Teste Crosstabs). A idade dos adolescentes variou de 12 a 16 anos (média = 14, DP = 1,06, p = 0,278). Em relação às mães, a idade variou entre 30 e 58 anos (média = 39, DP = 6,77, p = 0,32). A renda familiar mensal variou entre um salário mínimo e meio e 11 salários mínimos (média = 6, DP = 0,93, p = 0,60).
Princípios éticos
O estudo foi autorizado pelo Comitê de Ética da universidade (nº 1175/46/01/08) e pela Secretaria de Educação do Estado onde foram colhidos os dados.
Instrumentos
O Inventário de Estilo Parental - IEP (Gomide, 2006), respondido por adolescentes, é composto por 42 questões, as quais englobam as práticas educativas positivas (comportamento moral e monitoria positiva) e as práticas negativas (monitoria negativa, disciplina relaxada, negligência, abuso físico e punição inconsistente). O instrumento permite, por meio do índice de estilo parental, o diagnóstico de práticas parentais de risco ou não risco para problemas de comportamento do adolescente. O índice de estilo parental é calculado pela soma das práticas positivas, das quais é subtraída a soma das práticas negativas, culminando em um índice (Gomide, 2006). Esse índice bruto é transformado em percentil, sendo que o percentil entre 55 e 99 permite a classificação de Estilo Parental em bom e ótimo, o que retrata o grupo de não risco, e o percentil abaixo de 55 indica a maior frequência de práticas negativas, caracterizando grupo de risco para problemas de comportamento. O IEP foi validado para crianças e adolescentes de 7 a 18 anos (Gomide, 2006).
O Child Behavior Checklist − CBCL (Achenbach & Rescorla, 2001), respondido pelos pais, permite a avaliação do comportamento de crianças e adolescentes, de 6 a 18 anos, em dois âmbitos: o de competências sociais (análise das atividades, da área social e escolar) e o dos problemas de comportamento (internalizantes, externalizantes, afetivos, ansiedade, somáticos, déficit de atenção e hiperatividade, desafiador opositivo e de conduta). O repertório comportamental infanto-juvenil é classificado em clínico, borderline e não clínico, a partir de um sistema de avaliação ASEBA, que inclui o CBCL.
O Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais − RE-HSE-P (Bolsoni-Silva et al., 2011) busca descrever, a partir de relatos dos pais, respostas, antecedentes e consequentes das interações estabelecidas com os filhos, a partir de 13 perguntas gerais que incluem adicionais. As respostas são codificadas nas subcategorias habilidades sociais educativas parentais - HSE-P (práticas educativas parentais positivas), práticas educativas negativas, habilidades sociais dos filhos, variáveis de contexto e frequência de habilidades sociais educativas parentais, as quais são organizadas conforme três grandes categorias: Comunicação, Expressão de Sentimentos e Enfrentamento e Estabelecimento de Limites. Para as três categorias incluem-se comportamentos moleculares das mães, dos filhos e variáveis de contexto, que favorecem a descrição de análises funcionais de interações estabelecidas entre as díades. O instrumento possui satisfatória validade de constructo, discriminativa, e fidedignidade teste-reteste, com um alpha de 0,846 (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2010). O RE-HSE-P não possui validação para pais de adolescentes.
Procedimentos de coleta de dados
Após a autorização do Comitê de Ética em Pesquisa e da Secretaria de Educação, a autora apresentou os objetivos do estudo e forneceu os esclarecimentos à direção da escola. Os adolescentes foram autorizados pelos pais a responder ao IEP em sala de aula coletiva, mas responderam individualmente. Foram colhidos dados com 276 adolescentes.
Foram selecionadas para este estudo as mães que apresentaram o índice que indicava estilo de risco e de não risco para problemas de comportamento, segundo a avaliação dos adolescentes por meio do IEP. Com tal critério de inclusão, foram selecionadas 48 mães, das quais 24 eram do grupo de risco e 24 do grupo de não risco. Do total, 14 mães do grupo de risco e dez mães do grupo de não risco compareceram às entrevistas, compondo a amostra da pesquisa. Essas mães receberam os esclarecimentos sobre a pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido.
Procedimentos de tratamento e análise de dados
Os dados do IEP foram organizados de forma a identificar os grupos de risco e de não risco (Gomide, 2006). Os referentes ao CBCL foram lançados no programa do sistema de avaliação ASEBA (Achenbach & Rescorla, 2001), e foram obtidas classificações clínicas e não clínicas para problemas de comportamento e competência social. A entrevista RE-HSE-P foi tabulada e organizada nas categorias apresentadas previamente (Bolsoni-Silva et al, 2011).
Para avaliação estatística dos dados, utilizou-se o programa estatístico SPSS 10 for Windows. Para a análise das comparações entre os grupos quanto aos problemas de comportamento e a competência social dos adolescentes, detectados pelo CBCL, aplicou-se o teste Crosstabs. A comparação entre os grupos quanto às habilidades sociais educativas maternas (práticas positivas), às práticas negativas maternas, às habilidades sociais e aos problemas de comportamento do adolescente, descritos pelo RE-HSE-P, foi realizada pelo teste Mann-Whitney. Foram considerados os resultados a partir de 5% de significância. Adicionalmente foram conduzidas análises qualitativas dos dados de forma a identificar as contingências em operação.
Resultados
A seção de resultados apresenta a descrição e a comparação entre os grupos de mães e adolescentes de risco e de não risco para problemas de comportamento no que se refere aos diagnósticos de problemas de comportamento e de competência social, a partir do CBCL (Tabela 1). Na sequência são expostas as comparações quanto às categorias relativas ao RE-HSE-P (Tabelas 2, 3 e 4), as quais apontam para as habilidades sociais educativas maternas e as habilidades sociais dos adolescentes, permitindo comparar o grupo de risco versus não risco quanto às categorias descritas por: Comunicação; Expressão de Sentimento e Enfrentamento; Estabelecimento de Limites.
Sobre a investigação do repertório dos adolescentes, sob o ponto de vista das mães, os resultados obtidos pela aplicação do Child Behavior Check-List (CBCL) encontram-se na Tabela 1.
A Tabela 1 indica que os adolescentes da amostra de não risco apresentam menor frequência de problemas externalizantes e problemas do escore total para distúrbios clínicos quando comparados aos do grupo de risco.
Quanto às subescalas de problemas de comportamento detectadas pelo CBCL, de acordo com a classificação do DSM IV (APA, 2002), pode-se afirmar que no grupo de não risco há menos frequência de problemas clínicos afetivos, ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade, desafiador opositivo e de conduta do que no grupo de risco. Não há diferenças significativas entre os grupos no que se refere aos problemas somáticos. De maneira geral, pode-se considerar que o grupo de não risco não apresenta indicadores de problemas de comportamento.
As escalas de competência social do CBCL mostram que os adolescentes do grupo de não risco apresentam mais desenvoltura nas atividades, na área social e escolar, o que se reflete em maiores escores totais de competência social. O contrário ocorreu entre os jovens do grupo de risco, em que há mais problemas de comportamento e menos competência social.
Sobre os dados obtidos pelo RE-HSE-P, por meio das entrevistas às mães, as Tabelas 2, 3 e 4 apresentam os resultados das categorias Comunicação, Expressão de Sentimento e Enfrentamentoe Estabelecimento de Limites.
Conforme mostra a Tabela 2, foram observadas diferenças estatísticas significativas entre os grupos no que diz respeito aos comportamentos das três subcategorias de comunicação. Os momentos para as conversas entre mães do grupo de não risco e seus filhos ocorrem com maior frequência em diferentes momentos do dia e com maior diversidade de assuntos que no grupo de risco. Já as mães do grupo de risco conversam com maior frequência diante de problemas externalizantes dos filhos, tais como mentiras, irritabilidade e pelo fato de os adolescentes não terem feito a lição escolar. Os problemas de comportamento dos adolescentes do grupo de risco foram frequentes nos momentos de conversa, tais como reagir de forma agressiva, conversar sem demonstrar interesse ou não falar. Diferentemente do grupo de não risco, em que não houve problemas de comportamento nessas interações.
Nas subcategorias "faz perguntas" e "perguntas sobre sexualidade" (Tabela 2), os adolescentes do grupo de não risco apresentam maior frequência de habilidades sociais que os do grupo de risco. Os adolescentes do grupo de risco apresentam maior incidência de problemas de comportamento que os do outro grupo, ao responderem às perguntas maternas gritando, mentindo, de forma desinteressada ou não respondendo às mesmas.
Como expõe a Tabela 3, em relação ao comportamento materno para expressão de sentimentos negativos, as mães do grupo de risco apresentam práticas negativas, o que não ocorre entre as de não risco. As mães do grupo de não risco agem de forma mais habilidosa para expressar sentimentos negativos, por meio da conversa, e para expressar sentimentos positivos quando prestam atenção e elogiam os filhos. Assim como buscam agradar e fazer carinho com mais frequência que as do grupo de risco.
A expressão de opiniões em situações e sobre temas diversos é mais frequente entre as mães de não risco que entre as de risco (Tabela 3). As reações dos filhos do grupo de não risco são mais habilidosas que entre os do grupo de risco, através da apresentação de bons argumentos e obediência. Os mesmos não apresentam problemas de comportamento, o que foi detectado nos adolescentes do grupo de risco, os quais, segundo as mães, agem de forma opositora e demonstram não se importar com a opinião da mãe.
Sobre a habilidade de expressar carinho (Tabela 3), de forma geral, as mães de não risco agem habilidosamente tanto verbal quanto não verbalmente, dizendo que amam e beijando os filhos com maior frequência que as de risco. Assim como os adolescentes do grupo de não risco apresentam maior disponibilidade e cooperação (HS), o que ocorre em menor frequência no grupo de risco.
Em estabelecimento de limites, como pode ser visto na Tabela 4, é mais frequente para o grupo de mães de não risco aplicá-los para ensinar a distinção entre certo e errado e se sentir bem nessas interações que no grupo de risco. Para tanto, essas mães utilizam de práticas educativas positivas (HSE-P), como conversar e pedir mudança de comportamento. As mães do grupo de risco apresentam maior frequência de práticas negativas ao impor limites aos filhos, por meio de ações como gritar, ameaçar, bater e xingar. Assim como os filhos do grupo de risco apresentam maior incidência de problemas de comportamento nessas interações, como responder em tom agressivo, desobedecer, ocultar ações e ignorar os limites dados pelas mães.
De forma geral, as mães do grupo de risco identificam mais erros que as de não risco no que diz respeito à utilização da prática negativa ativa (Tabela 4), como, por exemplo, agir criticando, gritando e batendo, indicando sentir culpa ao utilizar prática negativa. Assim como as mesmas constatam, com maior frequência que as de não risco, que seus filhos fazem coisas de que elas não gostam, como brigar, mentir e fumar, que indicam problemas externalizantes. Diante desses eventos, essas mães utilizam mais frequentemente práticas negativas para remediar as ações dos adolescentes quando comparadas com as de não risco. E, nessas interações, seus filhos se comportam apresentando menor frequência de habilidades sociais e maior frequência de problemas internalizantes, como chorar e ficar triste, quando comparados aos adolescentes do outro grupo. Perante situações nas quais as mães não gostam das ações dos filhos, os adolescentes do grupo de não risco agem de forma mais habilidosa ao pedir desculpas e explicar-se para as mães, o que ocorreu com pouca frequência no grupo de risco.
Sobre fazer coisas de que as mães gostam (Tabela 4), os adolescentes do grupo de não risco mostram-se mais habilidosos obedecendo, ajudando a cuidar da casa, estudando, agindo de forma educada e expressando afeto, buscando agradar a mãe, antes da emissão do comportamento materno. A reação dos adolescentes do grupo de não risco, após fazerem coisas de que as mães gostam, mostra-se mais habilidosa que no grupo de risco, por meio de comportamentos como sorrir, abraçar, dizer coisas legais para a mãe e agradecer.
Quanto ao entendimento dos casais em relação à educação dos filhos (Tabela 4), somente a prática negativa ativa de conversar sobre dificuldades e brigar na frente do filho apresenta diferença entre os grupos.
Discussão
De maneira geral, nota-se que as interações sociais estabelecidas com as mães, segundo os adolescentes, estão associadas com os indicadores de problemas, de competência social e de habilidades sociais dos adolescentes, de acordo com a perspectiva materna. A composição dos grupos por meio do IEP (Gomide, 2006) foi um cuidado metodológico que possibilitou compor dois grupos, com características opostas, de forma a identificar interações sociais promotoras ou não de comportamentos sociais habilidosos. Acrescenta-se que a avaliação de problemas, de competência e de habilidade sociais, segundo as mães, por um lado informou sobre o repertório comportamental e, por outro, reafirmou a diferença entre os grupos. Dessa forma, a avaliação de problemas e não problemas, do ponto de vista dos adolescentes (IEP) e das mães (CBCL), buscou garantir uma avaliação multimodal (Z. A. P. Del Prette & A. Del Prette, 2009), importante em estudos dessa natureza, o que é ainda raro na literatura (Z. A. P. Del Prette & A. Del Prette, 2009), indicando uma contribuição metodológica da presente pesquisa.
A investigação sobre o repertório comportamental dos adolescentes, por meio do CBCL, aponta para a baixa ocorrência de problemas externalizantes em adolescentes do grupo de não risco, cujas mães aplicam mais práticas educativas positivas do que negativas, identificadas pelo RE-HSE-P. Esse dado está, parcialmente, em consonância com os achados de Hafen e Laursen (2009), que evidenciam que o suporte parental prediz menor incidência de problemas de comportamento inter e externalizante ao longo da adolescência.
Os adolescentes do grupo de não risco também apresentam maiores índices de competências sociais, nos âmbitos avaliados pelo CBCL, e de habilidades sociais, investigadas pelo RE-HSE-P. Resultados coerentes com os estudos de Salvo (2010) e de Diener et al. (2008), que indicam a associação entre as práticas educativas parentais positivas e os maiores índices de competência social dos adolescentes. No grupo de não risco foi possível identificar que mães e filhos apresentam a habilidade de dialogar sobre assuntos variados, expressar opiniões, sentimentos e demonstrar carinho, o que esteve relacionado às reações dos adolescentes de apresentarem interesse e participação ativa, bem como a cooperação e a aceitação de limites na interação com as mães. As habilidades de comunicação dos pais estimulam os filhos a confiarem e a dialogarem, o que é uma oportunidade para o desenvolvimento das habilidades sociais dos jovens (Fletcher et al., 2004) e para a compreensão das orientações ofertadas pelos pais (Stattin & Kerr, 2000).
Os dados demonstram que há menor incidência de problemas de comportamento relacionados à afetividade, à ansiedade, ao problema desafiador opositor e ao transtorno de conduta dos filhos, segundo as mães (CBCL) do grupo de adolescentes que acham que as interações com elas estão positivas (IEP). Esses achados indicam que, possivelmente, há baixa frequência de problemas de comportamento quando há mais práticas parentais positivas, concordando com diversos estudos (Hafen & Laursen, 2009; Silva et al., 2008). O que pode estar relacionado a essa constatação é a menor incidência de práticas parentais de controle coercitivo, o que diminui a probabilidade da ocorrência de problemas de comportamento por parte dos filhos (Stattin & Kerr, 2000). O contrário ocorreu no grupo de risco, em que as mães centravam as conversas diante de problemas externalizantes dos filhos e tentavam aplicar os limites de maneira impositiva, o que esteve associado às reações irritadiças ou desinteressadas dos mesmos, isto é, problemas de comportamento externalizantes. Destaca-se que o acesso a esses dados por meio da perspectiva das mães e dos filhos mostrou-se como importante e inovador, considerando estudos prévios em que foram utilizados: ou apenas o relato das mães (Bolsoni-Silva et al., 2011) ou o dos filhos (Flecther et al., 2004; Hafen & Laursen, 2009).
Outra constatação foi que no grupo de risco grande parcela dos adolescentes apresenta transtorno de conduta, o que está de acordo com Patterson et al. (2002) e Dogan et al. (2007), ao retratarem a alta incidência de comportamento antissocial em famílias nas quais predominam as práticas coercitivas. Além disso, o adolescente que não teve a oportunidade de desenvolver habilidades sociais apresenta maior possibilidade de solucionar seus dilemas e problemas de maneira não habilidosa socialmente (Pacheco, Teixeira, & Gomes, 1999). O que foi detectado nos adolescentes do grupo de risco, os quais apresentaram problemas como mentir e gritar, no momento de interação com suas mães, sendo que as práticas de controle maternas desse grupo estiveram vinculadas às ações não habilidosas dos adolescentes.
Com relação às avaliações qualitativas do RE-HSE-P, a partir das entrevistas com as mães, a análise de todas as categorias mostrou que as mães da amostra de não risco apresentam mais habilidades sociais educativas e menos práticas negativas na interação com os filhos adolescentes, o que confirma a perspectiva dos adolescentes sobre as práticas educativas maternas. Além disso, os filhos apresentam mais habilidades sociais e menos problemas de comportamento na maior parte das áreas avaliadas pelas mães desse grupo. Esses dados estão em consonância com os achados em escolares e pré-escolares (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011), o que parece confirmar uma sequência desenvolvimentista de problemas de comportamento (Patterson et al., 2002). No entanto, o RE-HSE-P aplicado aos adolescentes diferenciou-se quando aplicado ao público pré-escolar, pois tanto as práticas positivas maternas estiveram relacionadas às reações habilidosas quanto as negativas estiveram associadas aos problemas externalizantes. Nas crianças menores, o RE-HSE-P detectou impacto mais significativo das práticas negativas maternas sobre as reações não habilidosas das crianças (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011).
A comunicação habilidosa das mães do grupo de não risco esteve relacionada com a participação dos adolescentes que conversam e dialogam com as mesmas sobre diversos temas. Esses resultados são consoantes com os achados de Hafen e Laursen (2009), ao afirmarem que a comunicação aproxima os pais dos filhos, processo que facilita a interação (Wang et al., 2011) e a orientação do comportamento do adolescente (Kakihara & Tilton-Weaver, 2009). As práticas educativas positivas, dentre elas a comunicação, parecem favorecer a habilidade social do filho (Diener et al., 2008; Salvo et al., 2005). Além de tratar de assuntos gerais, os adolescentes da amostra de não risco mostram-se mais habilidosos ao falar de sexualidade, o que possivelmente está relacionado ao estilo familiar de comunicação em geral (Huebner & Howell, 2003).
No grupo de risco as mães relataram que, frequentemente, conversam diante de problemas externalizantes dos filhos, o que esteve vinculado à percepção das mães acerca das reações de rejeição ao contato e interação com elas, por parte dos adolescentes, considerando comportamentos de mentiras, falta de interesse e gritos, que possivelmente interrompem as ações maternas, indicando uma conversação mães-adolescentes pobre do ponto de vista das habilidades sociais. Quando os eventos de interação aversiva são recorrentes, o adolescente pode deixar de perceber os pais como fonte de apoio (Plunket et al., 2007), favorecendo o distanciamento entre eles. Nessas interações do grupo de risco, os resultados sugerem que o adolescente busca interromper as interações desagradáveis por meio de respostas que possivelmente agem como estratégias de fuga, mesmo que não habilidosas. Associado a esse processo podem surgir os problemas de comportamento, como apontam os resultados do estudo de Salvo (2010), em que a monitoria negativa parental foi correlacionada positivamente aos problemas de comportamento nos adolescentes. A maior incidência de problemas de comunicação materna relacionados aos problemas de comportamento dos filhos também foi constatada pelo RE-HSEP com os pré-escolares (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011).
No que se refere à expressão de sentimentos e enfrentamento, os dados apontam para a alta frequência de expressão de sentimentos positivos, de opiniões e de carinho por parte das mães e dos filhos no grupo de não risco. Nesses momentos os filhos tendem a cooperar e participar, a argumentar e a expressar opiniões, bem como demonstrar afeto. Além disso, a expressão de sentimentos negativos nesse grupo é feita por meio de conversa, o que provavelmente está relacionado às habilidades sociais dos adolescentes. Esses resultados estão em consonância com os estudos que apontam que a expressão de afeto é preventiva de problemas de comportamento (Gomide, 2006) e que a habilidade de resolver conflitos em família é estimuladora das habilidades de solução de problemas dos filhos (Dixon et al., 2008; Silva et al., 2008).
O contrário ocorreu no grupo de risco, em que as mães costumam expressar sentimentos positivos, opiniões e carinho em baixa frequência e, por outro lado, expressar sentimentos negativos em maior frequência e intensidade, por meio de práticas negativas como brigar, gritar e humilhar os filhos. Essas ações maternas estiveram associadas, segundo a percepção das mesmas, aos problemas de comportamento nas interações de expressão de opiniões por parte dos adolescentes, tais como não participar da interação e menos habilidades sociais na demonstração de carinho. Dessa forma, as interações foram mais aversivas no grupo de risco, resultado coerente com a literatura sobre o ciclo da coerção, o surgimento e a manutenção de problemas de comportamento na família (Patterson et al., 2002). Divergências foram detectadas pela aplicação do RE-HSE-P em mães de pré-escolares no que se trata de expressão de opiniões, pois as mães do grupo clínico expressaram mais frequentemente suas opiniões (Bolsoni-Silva et al., 2011).
Com relação à habilidade de estabelecer limites, as mães do grupo de não risco aplicam-nos de forma mais habilidosa (HSEP), com o objetivo de ensinar a distinção entre certo e errado, e os filhos não reagem de maneira problemática, o que não ocorre no grupo de risco. Esse dado diverge dos resultados obtidos pela aplicação do RE-HSE-P com mães de pré-escolares, em que tanto as crianças do grupo clínico quanto as do não clínico responderam com problemas inter e externalizantes diante do estabelecimento de limites (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2011).
As mães do grupo de risco com pouca frequência discriminam a razão das regras e, apesar de tentarem aplicá-las, na maior parte das vezes de forma coercitiva, elas relatam que identificam erros em suas ações e que seus filhos continuam apresentando os problemas de comportamento que elas gostariam de eliminar. Segundo a literatura (Ingram et al., 2007; Pacheco & Hutz, 2009), pais com dificuldades de aplicar regras e educar consistentemente tendem a criar um ambiente que possibilita os problemas de comportamento, por não ofertarem ao filho a oportunidade de discriminar as ações adequadas ou não ao seu ambiente social.
Além disso, as mães do grupo de não risco foram habilidosas ao demonstrar satisfação e incentivar as ações que gostam que seus filhos realizem. Tais ações maternas estão relacionadas com o fato de o adolescente se comportar ajudando e cooperando, o que é considerado comportamento empático. O processo de estimulação mútua da empatia, o qual foi descrito pelas mães e pelos filhos do grupo de não risco acerca de suas interações, é relatado pela literatura (Miklikowska, Duriez, & Soenens, 2011).
As mães do grupo de não risco relataram que com maior frequência ignoram as ações que seus filhos praticam e elas não gostam. O contrário ocorre no grupo de risco, em que as mães descrevem que identificam mais frequentemente problemas de comportamento externalizantes dos filhos, bem como utilizam, em maior frequência, as práticas negativas nesse tipo de situação. Associadas às práticas negativas maternas ocorrem as reações problemáticas dos adolescentes desse grupo. Esses resultados são coerentes com o estudo de Webster-Stratton, Reid e Hammond (2001), ao apontar que de forma geral os pais de filhos com problemas de comportamento agem de forma mais violenta e crítica com a intenção de disciplinar o filho. No entanto, acabam, inadvertidamente, reforçando comportamentos inadequados e inibindo as habilidades sociais dos filhos.
Sobre o entendimento conjugal e as práticas educativas associadas, a diferença entre os grupos se refere ao o fato de as mães do grupo de risco afirmarem que conversam sobre as dificuldades e brigam na frente dos filhos, o que não ocorre entre as mães de não risco. Essa atitude por parte dos pais pode dar margem à manutenção dos comportamentos problemáticos (Bolsoni-Silva & Loureiro, 2010). O estudo de Shelton e Harold (2008) aponta que, quando os conflitos entre o casal são frequentemente expostos ao adolescente, o mesmo está em risco para desenvolver problemas inter e externalizantes. No entanto, essa foi a única diferença entre os grupos no quesito entendimento conjugal, o que indica que mesmo no grupo de não risco pode haver déficits no repertório materno, o que sugere a necessidade de intervenção em ambos os grupos.
As interações estabelecidas nos grupos foram distintas, mas destaca-se que as mães e os adolescentes de ambos os grupos colaboraram com esta pesquisa. Todas as participantes relataram preocupações relativas ao bem-estar do seu filho, sendo que as diferenças nas ações maternas, detectadas por este estudo, são úteis para o desenvolvimento de intervenções que possam orientá-las, considerando que as interações coercitivas produzem sofrimento e dificuldades de interação social. Outra proposta refere-se a programas voltados para a estimulação de habilidades sociais em adolescentes (Murta, 2005).
Considerações finais
Os pesquisadores demonstram interesse em promover melhores condições para o desenvolvimento social dos adolescentes, os quais serão responsáveis pela transmissão de práticas culturais para as gerações futuras. Sob essa perspectiva, este estudo buscou identificar as interações estabelecidas entre mães e filhos e as associações dessas com o repertório comportamental do adolescente por meio do IEP, do CBCL e do RE-HSE-P em dois grupos distintos.
As percepções relatadas pelas mães e pelos adolescentes foram consoantes. Foi constatado que as interações sociais no grupo de risco e no de não risco se diferenciam, sendo que no grupo de não risco as mães conversam sobre assuntos de interesse dos filhos, e no de risco, elas conversam sobretudo diante de comportamentos problemáticos emitidos pelos adolescentes, o que por um lado pode fortalecer o problema de comportamento, via atenção e, por outro, manter baixa a qualidade da comunicação. A expressão de sentimentos positivos e de carinho é maior no grupo de não risco, o que é correspondido pelos adolescentes. A expressão de sentimentos negativos ocorre nos dois grupos, mas no de risco é via prática negativa e no de não risco as mães usam habilidades sociais educativas. O mesmo verifica-se quanto ao estabelecimento de limites, em que as práticas negativas são mais frequentes no grupo de risco, o qual, de maneira contingente, responde com mais problemas de comportamento, diferente do grupo de não risco, que apresenta, nesses momentos, mais comportamentos habilidosos.
Esses achados parecem úteis por favorecerem a detecção de: repertórios comportamentais de pais contingentes aos de seus filhos adolescentes e vice-versa; bem como a identificação dos recursos comportamentais e dificuldades das famílias que podem ser úteis para o planejamento das intervenções, sejam preventivas, sejam remediativas; discernimento dos comportamentos que diferenciam os grupos, o que pode favorecer a implementação de intervenções relativamente breves, passíveis de aplicação em saúde pública; uso de dois instrumentos de avaliação de indicadores de problemas de comportamento, considerando respondentes os adolescentes e as mães.
Devem, entretanto, ser examinadas as limitações do estudo, como o número reduzido de participantes, a não aleatoriedade na composição dos grupos e o uso de instrumentos de relato (entrevistas e questionários), sendo que o ideal seria o uso desses recursos associados às medidas diretas do comportamento (observação). Sugere-se a realização de pesquisas que utilizem o RE-HSE-P com maior número de participantes, em diferentes regiões do país, com a inclusão da perspectiva paterna sobre as interações com os filhos e das estratégias de observação direta dessas.
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Endereço para correspondência:
Gabriela Mello Sabbag
gabi_s@hotmail.com
Alessandra Turini Bolsoni-Silva
bolsonisilva@gmail.com
Submetido em: 20/11/2013
Revisto em: 18/01/2015
Aceito em: 03/02/2015