Arquivos Brasileiros de Psicologia
ISSN 1809-5267
https://doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2020v72i3p.19-34
ARTIGOS
Representações sociais sobre mulher e mulher usuária de drogas1
Social representation of woman and female drug user
Representaciones sociales sobre mujer y mujer usuaria de drogas
Katruccy Tenório MedeirosI; Márcia Maria Mont'Alverne de BarrosII; Silvana Carneiro MacielIII
IDocente. Faculdade Maurício de Nassau (UNINASSAU). João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
IIDocente. Departamento de Terapia Ocupacional. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
IIIDocente. Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba. Coordenadora do Grupo de Pesquisa em Saúde Mental e Dependência Química (GPSMDQ-UFPB). João Pessoa. Estado da Paraíba. Brasil
RESUMO
Este estudo objetiva analisar e comparar a estrutura representacional acerca da mulher e da mulher usuária de drogas, por profissionais psicossociais da saúde e universitários. Pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, com 42 participantes, sendo 21 profissionais e 21 universitários, com idades entre 19 e 62 anos, sendo a maioria homens (61,9%). Utilizou-se a Técnica de Associação Livre de Palavras com os estímulos indutores "mulher" e "mulher usuária de drogas", analisadas com o auxílio do software IRAMUTEQ, a partir das análises prototípicas e de similitude. Os resultados indicam que sobre a mulher há representações que refletem o papel social materno e também a figura de resistência à desigualdade de gênero; quanto à mulher usuária de drogas, identificou-se a ideia de vulnerabilização e representações estereotipadas, que as culpabilizam pelo envolvimento com as drogas e as colocam à margem da sociedade.
Palavras-chave: Drogas; Usuárias de drogas; Mulheres; Representações sociais.
ABSTRACT
This study aims to analyze and compare the representational structure of woman and female drug user by health psychosocial professionals and university students. The qualitative, exploratory and descriptive study counted on 42 participants, 21 professionals and 21 university students, aged between 19 and 62 years old, most of them men (61.9%). The Free Association of Words Technique was used through the inductors "woman" and "female drug user", analyzed with the help of the IRAMUTEQ software, through the prototypical and similitude analysis. The results indicate that upon the woman there are representations that reflect the maternal social role, and as a gender equality resistance figure; as for the female drug user, the idea of vulnerability and stereotyped representations were identified, blaming them for the drug involvement and putting them aside from society.
Keywords: Drugs; Female drugs user; Women; Social representation.
RESUMEN
Este estudio tiene como objetivo analizar y comparar la estructura de representación sobre mujeres y usuarios de drogas por parte de profesionales de la salud psicosocial y estudiantes universitarios. Investigación cualitativa, exploratoria y descriptiva, con 42 participantes, 21 profesionales y 21 estudiantes universitarios, con edades entre 19 y 62 años, en su mayoría hombres (61,9%). La Técnica de Asociación de Libre de Palabras se utilizó con los estímulos inductores "mujer" y "mujer usuaria de drogas", analizados con la ayuda del software IRAMUTEQ, basados en análisis prototípicos y de similitud. Los resultados indican que sobre la mujer hay representaciones que reflejan el papel social materno y también como figura de resistencia ante la desigualdad de género; en cuanto a la mujer usuaria de drogas, se identificó la idea de vulnerabilidad y representaciones estereotipadas culpabilizándolas por su envolvimiento con drogas, y colocándolas al margen de la sociedad.
Palabras clave: Drogas; Usuarias de drogas; Mujeres; Representaciones sociales.
Introdução
Na sociedade contemporânea, o consumo abusivo de drogas é configurado como um amplo fenômeno social. Dada a sua complexidade, evidencia-se um cenário repleto de diversos sentidos e significados, singulares e plurais, que variam conforme as construções socioculturais dos múltiplos grupos de usuários, os quais estão circunscritos na sociedade (Santos, Aléssio, & Almeida, 2016).
Marangoni e Oliveira (2013) salientam que ao longo da história, a prática do consumo de drogas foi, em sua predominância, masculina, e aparecia, de maneira tímida e incipiente, associada à figura da mulher. O atual cenário do consumo de drogas, consoante advertem Oliveira, Nascimento, e Paiva (2007), evidencia que há uma tendência à "igualdade de gênero" em que se registra um aumento considerável de mulheres envolvidas com essa problemática, explicada, sobretudo, pelas mudanças nas relações sociais e, especialmente, pelas modificações nos papéis sociais femininos.
Segundo dados atuais do Relatório Mundial sobre as Drogas (Escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime - Unodc, 2016), estima-se que há 29 milhões de usuários "dependentes de drogas" em todo o mundo e, ainda, estão sendo registradas mudanças de gênero no perfil dos usuários de diversas substâncias. Segundo esta publicação, no contexto americano, na última década, mais mulheres que homens começaram a usar heroína, conforme se verifica que, no período de 2002-2004, a estatística era de 0,08%; no período de 2011-2013, esse número subiu para 0,16%. Em país europeu, como Portugal, por exemplo, as mulheres vêm apresentando maiores taxas de continuidade do consumo de maconha, ecstasy e de cogumelos alucinógenos, quando comparadas aos homens (Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências - Sicad, 2015).
Já no Brasil, pesquisa de abrangência nacional, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz (Cavalcante, 2013) sobre o consumo de cocaína/crack, revelou que no país há cerca de 370 mil usuários de crack e similares, dos quais 21,3% são mulheres, sendo maior a proporção de mulheres consumidoras nas capitais brasileiras, 23,5%, quando comparada aos demais municípios (16,5%). Sobre os usuários que frequentam as chamadas "cracolândias", as mulheres somam um quantitativo de 20%, e encontram-se em uma conjuntura de maior vulnerabilidade, apresentando o uso incomum de preservativos, troca de sexo por dinheiro e/ou drogas, baixa escolaridade, experiência diária de viver em situação de rua e histórico marcado pela violência, especialmente a violência sexual (47%), quando comparado com os homens (7,5%) (Bastos & Bertoni, 2014).
Esse crescimento do número de mulheres que fazem uso abusivo de drogas reflete mudanças nas relações humanas intersubjetivas e no papel da mulher na sociedade, mobilizando julgamentos e questionamentos sobre os padrões de comportamento socialmente aceitáveis e determinados de acordo com as normas preconizadas pela cultura (Cardoso & Manita, 2004). Sobre esse aspecto, os estudos que enfocam a inserção feminina no fenômeno das drogas e suas representações sociais referem-se a uma imagem de mulher diferente da historicamente construída, a qual é destoante da imagem da mulher usuária de drogas, sendo a representação desta marcada pela negatividade e mais acentuada quando se vincula ao cenário das drogas ilícitas, ou ainda quando a mulher usuária de drogas assume posições ou exerce atividades que lhe conferem criminalidade (Maciel & Medeiros, 2017; Medeiros, Maciel, Sousa, & Vieira, 2015).
Dessa maneira, esses mecanismos de estranhamento social frente a estas mulheres podem dificultar a concepção destas enquanto pessoas que estão numa posição de serem cuidadas, pelo fato de serem usuárias de drogas, especialmente por profissionais que estão em dispositivos de assistência psicossocial ligada às drogas. Estas mulheres podem encontrar-se imersas em um cenário caracterizado por práticas de preconceito, estigmas, intolerâncias, negação de direitos, rupturas de diferentes magnitudes, tais como: emocional, social, cultural e sistêmica, considerados como obstáculos à busca e manutenção de tratamento, como reportam (Oliveira, Nascimento, & Paiva, 2007).
Tal contextualização vem sendo pouco explorada em estudos nacionais e internacionais, e por isso urge a necessidade de construir conhecimentos científicos pautados numa perspectiva crítico-reflexiva, que enfatize os significados consensuais sobre a mulher e as mulheres usuárias de drogas, a partir dos discursos de dois grupos considerados importantes diante do cuidado e da assistência às usuárias: os profissionais da saúde de dispositivos de atenção psicossocial às pessoas que fazem uso prejudicial de drogas; e os estudantes de cursos de saúde e humanas que se encontram em formação nas universidades, para o trabalho no sistema de saúde e ditos dispositivos. Por conseguinte, estes dois grupos de pertenças integram a sociedade e apresentam, respectivamente, aproximações e divergências teóricas e práticas com a problemática investigada.
Dessa forma, esta pesquisa optou por investigar o tema mencionado, à luz da Teoria das Representações Sociais, proposta por Moscovici (1978), teoria esta que traz à tona o conhecimento produzido no cotidiano dos sujeitos sociais, permitindo adentrar nos seus universos imaginários e simbólicos. Conforme Jodelet (2001), as representações sociais assinalam uma forma de conhecimento específico, um saber do senso comum, orientado para a comunicação, compreensão e domínio do entorno social, material e ideológico, cujos conteúdos referem-se às condições e aos contextos em que surgem as representações, mediante as comunicações nas relações intergrupais.
Nesse contexto, ressalta-se que para instrumentalizar este estudo, utilizou-se a abordagem estrutural das representações sociais, a Teoria do Núcleo Central (Abric, 2003), a qual corresponde a uma abordagem de base complementar ao estudo das representações sociais, que estão estruturadas em um núcleo central e em elementos periféricos (Sá, 2002). Consoante a isto, estudar a estrutura da representação social da mulher e da mulher usuária de drogas é identificar os elementos que compõem a base comum dessa organização, ou seja, o campo semântico mais forte e presente no imaginário social. Nesse caminho teórico-metodológico, tem-se como objetivo conhecer e analisar a estrutura da representação social acerca da mulher e da mulher usuária de drogas, a partir de profissionais da atenção psicossocial e de estudantes universitários.
Método
Participantes
Utilizando-se uma amostra do tipo intencional e de conveniência, os participantes da presente pesquisa foram selecionados de acordo com os critérios estabelecidos, os quais foram: a) profissionais de dispositivos de atenção psicossocial destinados às pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas (CAPSad); e b) universitários provenientes das áreas psicossociais que tivessem em suas grades curriculares uma aproximação teórica e prática com a temática da atenção psicossocial, voltada para pessoas que fazem uso abusivo de álcool de outras drogas. Cumprindo tais parâmetros, a amostra foi composta por 21 profissionais e 21 universitários, totalizando 42 participantes. A pesquisa foi realizada em dois CAPSad e em uma universidade pública, ambos no estado da Paraíba.
Instrumentos
As informações foram obtidas por meio da Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP), a qual permitiu o acesso à produção verbal espontânea, bem como a unificação dos universos semânticos consensuais (Nóbrega & Coutinho, 2011), face ao presente objeto social de investigação. Para este estudo, foram utilizados dois estímulos indutores, em que se perguntou aos participantes: "O que lhe vem à sua mente quando ouve as expressões 'mulher' (estímulo 1) e 'mulher usuária de drogas'"? (estímulo 2), perfazendo um tempo médio de três minutos, no total. Foram consideradas, para análise, as cinco primeiras evocações para cada estímulo. Além disso, foram coletadas informações no questionário sociodemográfico, quanto ao sexo, idade e profissão/curso dos participantes.
Procedimentos éticos e de coleta de dados
Após a autorização de ambas as instituições, a coleta de dados referentes aos profissionais se deu em salas reservadas no próprio local de trabalho; quanto aos universitários, a aplicação foi possível nas salas de aulas da referida universidade. Este estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), sob o número de protocolo 0452/16. Ademais, conforme determina a Resolução no 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, referente à pesquisa com seres humanos, foi apresentado aos participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e respeitados todos os procedimentos éticos de pesquisa.
Procedimentos de análise de dados
Os dados coletados a partir da TALP foram analisados com o auxílio do software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (IRAMUTEQ), utilizando-se a análise prototípica e também a análise de similitude (Camargo & Justo, 2013). A prototípica realiza uma análise estatística das evocações dos participantes, considerando tanto a frequência de aparição das respostas, quanto a ordem em que as palavras foram evocadas; segundo Vergès (2002), é por meio da interação entre os critérios de frequência e ordem de evocação que é definida a importância das respostas e seu tipo de relação com o estímulo indutor.
As respostas são alocadas em quadrantes com atribuições peculiares (quadro de quatro casas). O primeiro quadrante se refere aos elementos mais relevantes, pois são prontamente evocados e citados com elevada frequência pelos participantes, sugerindo a interpretação do possível núcleo central, dentro da Teoria estrutural das representações sociais; no que concerne ao segundo quadrante, denominado de sistema periférico próximo estão dispostos os elementos que obtiveram uma frequência alta, mas que foram citados em últimas posições; no terceiro quadrante encontram-se os elementos que foram citados numa frequência baixa, porém evocados primeiramente, conhecidos por zona de contraste; e por último encontra-se o quarto quadrante, correspondente ao sistema periférico distante, que compreende os elementos menos citados e menos evocados, em primeira mão, pelos participantes (Sá, 2002).
Referente à análise de similitude, que permite identificar as coocorrências e conexidade entre as palavras evocadas (também com o auxílio do IRAMUTEQ), indicando a força com que os elementos ligam-se aos outros; baseia-se na teoria dos grafos e auxilia a identificação da estrutura da representação social do objeto social em análise (Camargo & Justo, 2013). Já para análise dos dados sociodemográficos, utilizaram-se análises de estatística descritiva, apenas para descrever os dados da amostra.
Resultados e discussão
Entre os profissionais, a idade variou de 26 a 62 anos, com média de 37 anos (DP = 10,30), em sua maioria, composta por mulheres (77%), distribuídos entre as diversas profissões que compõem a equipe multiprofissional preconizada pela Política Nacional de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas. No grupo de universitários, a idade variou entre 19 a 28 anos (M = 22 anos; DP = 2,30), constituído, em sua maioria, por mulheres (51%), foram distribuídos entre os cursos de psicologia, enfermagem e terapia ocupacional de uma instituição pública na cidade de João Pessoa.
Na interface dos resultados da estrutura representacional acerca da mulher e da mulher usuária de drogas, serão apresentados os dados contemplando as análises prototípicas e de similitude. Considerou-se pertinente realizar o destaque de uma tabela comparativa no concernente à análise prototípica acerca da mulher e da mulher usuária de drogas, tencionando uma melhor visualização e compreensão dos leitores acerca das particularidades inerentes aos achados do estudo. Em seguida, apresentam-se a análise de similitude acerca da mulher e da mulher usuária de drogas, com o intuito de identificar a conexidade dos elementos considerados estruturantes das representações sociais dos profissionais de dispositivos de atenção psicossocial e de universitários.
Análise prototípica acerca da mulher e da mulher usuária de drogas
As evocações apreendidas pela TALP, acerca do estímulo "mulher", resultaram em 209 palavras, das quais se contabilizaram 102 diferentes, que foram processadas pelo IRAMUTEQ. O software permitiu a análise do quadro de quatro casas, sendo esta uma análise prototípica que favorece a visualização dos elementos do núcleo central e periférico das representações sociais, com base na hierarquia da frequência e ordem média de evocações (OME), conforme visualizado na Tabela.
De acordo com a Tabela, é possível identificar que o conjunto de palavras dispostas no quadrante superior esquerdo se refere ao núcleo central acerca da representação da mulher, pois estas foram evocadas com maior frequência e mais prontamente. No referido quadrante, estão salientes os termos "forte", "mãe", "batalhadora", "vaidade" e "amável", caracterizando a parte mais rígida da representação e menos sensível às mudanças contextuais dos sujeitos. Na presente análise, foi possível identificar no núcleo central da representação, dois principais elementos considerados mais importantes, como o papel social materno e a visualização de léxicos que indicam a luta pela ocupação da mulher nos espaços sociais. Além disso, pode-se observar a descrição feminina que perpassa conteúdos estereotípicos considerados indissociáveis da feminilidade, como a expressão da efetividade (amável) e a preocupação com a imagem a ser transmitida ao outro (vaidade).
A divisão social de gênero foi organizando uma cultura patriarcal que se expressa em padrões objetivos de relações sociais, marcando também arquetipicamente o inconsciente humano, em sua organização mais profunda, nas identidades de homens e mulheres. Vasconcelos (2003) salienta que as mulheres são aquelas que, normalmente, cuidam, fator este relacionado à herança que remonta aos primeiros grupos e comunidades humanas; a elas, foram atribuídas funções concernentes ao cuidar, assim como aos aspectos relacionados à emoção, ao compromisso pessoal, a casa, ou seja, elas encontravam-se imersas na esfera privada e no âmbito da reprodução social.
No concernente ao estímulo "mulher usuária de drogas", foram evocadas 210 palavras. Destas, 137 palavras eram distintas, cada palavra evocada foi registrada com sua respectiva frequência acima ou abaixo de 4.64 e com a ordem de aparecimento da resposta (OME), acima ou abaixo de 2.98. As respostas dos profissionais e dos universitários apresentaram no núcleo central - quadrante superior direito - uma dimensão valorativa vinculada às expressões "vulnerável", "triste", "fraqueza", "sofredora" e "abandono".
No que concerne ao estímulo "mulher", os elementos presentes no sistema periférico próximo, segundo quadrante superior ("sensibilidade", "protetora" e "amor"), fortalecem as ideias do provável núcleo central, onde refletem conteúdos relacionados à habilidade de cuidar do outro e de suporte emocional. São consideradas evocações de transição, por serem organizadas em torno do núcleo central, sendo, portanto, constituídas na interface entre este núcleo e a situação concreta em que a representação é construída (Abric, 2003; Sá, 2002).
Para o estímulo "mulher usuária de drogas", emergiram no sistema periférico próximo, enquanto elementos periféricos (quadrante superior direito), termos como: "drogada", "preconceito", "exclusão", "desvio" e "perigosa". Em ambos os quadrantes (núcleo central e sistema periférico próximo) é possível identificar uma conotação negativa acerca da mulher usuária de drogas, sendo que no núcleo central estão presentes elementos que denotam uma mulher numa condição de vulnerabilidade e de sofrimento psíquico; já no primeiro sistema periférico, identifica-se um significado mais pejorativo e de imersão em contextos de criminalidade e de exclusão.
Dados da Organização das Nações Unidas no Brasil (Organização das Nações Unidas Brasil - ONU, 2017) apontam que mulheres e meninas somam um terço dos usuários de drogas, sendo que um em cada cinco beneficiados por tratamento é mulher, contudo, em todo o mundo as mulheres dependentes são excluídas das comunidades e não recebem apoio, normalmente encontram-se imersas em processos de estigmatização e discriminação.
Já no quadrante inferior esquerdo, conhecido como a zona de contraste, observaram-se as seguintes evocações, no que diz respeito ao estímulo "mulher": coragem, cuidadosa, charmosa, dignidade, determinação. A aparição de tais termos está em conformidade com os elementos centrais, que acentuam uma posição ativista da mulher, dotada de bravura e determinação. Estes elementos são considerados de baixa frequência, porém são visualizados como importantes para a interpretação do fenômeno estudado, uma vez que caracterizam as variações das representações sem, no entanto, alterar a essência do núcleo central nem as próprias representações (Rodrigues et al., 2017).
No respeitante ao estímulo "mulher usuária de drogas", ressaltam-se, ainda, os elementos de contraste visualizados no quadrante inferior direito, no qual estão presentes os termos que manifestam conceituações da vivência da dependência química e do adoecer, tais como: "guerreira", "descuido", "dificuldade", "problemática" e "vaidade".
No quadrante inferior esquerdo, no tocante ao estímulo "mulher", no sistema periférico distante - estão presentes os termos "cuidadora", "delicada", "preconceito", "trabalhadora", "frágil". Apesar de conter elementos menos frequentes e considerados menos importantes entre as evocações, os léxicos desta periferia refletem discursos múltiplos frente à figura feminina, pois, por um lado, reafirmam o núcleo central da representação da mulher enquanto uma figura "cuidadora" e "trabalhadora", por outro lado, observam-se evocações que refletem a mulher enquanto sujeito frágil e alvo de preconceitos. Para Cruz et al. (2014), mediante a concepção de gênero, identifica-se que alguns comportamentos são definidos pela cultura como sendo pertencentes ao universo de um ou do outro sexo, aos quais homens e mulheres devem aportar seus comportamentos para serem reconhecidos como tais.
No sistema periférico distante (quadrante inferior direito), em relação ao estímulo "mulher usuária de drogas", emergiram as seguintes expressões: "prostituta", "inconfiável", "medo", "malvista", "solidão". Estes termos parecem desdobrar conceitos referentes à quebra de padrões normativos ao feminino, como a visualização da prostituição e de comportamentos considerados transgressores. Pesquisa realizada por Cruz et al. (2014), com mulheres que consomem crack, revelou que elas denunciam o fato de serem rotuladas pela sociedade como criminosas, profissionais do sexo e irresponsáveis. Tais rótulos, segundo os estudiosos, são incongruentes com os padrões de comportamento social e culturalmente esperados para as mulheres, as quais são concebidas como sexo dócil e frágil.
Nesta pesquisa, foi evidenciado como elemento central da representação acerca da mulher que o discurso de ambos os grupos de pertença (profissionais e universitários) realçou a dimensão do feminino numa posição de resistência e de participação social, comprovado pela evocação de maior frequência e de maior conexidade - forte (F = 24, OME = 2,5). Esse dado pode ser entendido enquanto resultante dos desdobramentos e consequências do enfrentamento às leis imperativas de inferioridade, impostas ao feminino ao longo da história, demonstrando haver um papel mais ativo e participativo da mulher no imaginário social e nas relações sociais concretas (Narvaz & Koller, 2006). Destaca-se, ainda, que na presente pesquisa a maioria da amostra foi constituída por mulheres, o que pode estar relacionado a estas representações da mulher, com empoderamento deste discurso.
Além, disso, o feminino é reconhecido pelos participantes desta pesquisa a partir de seus papéis sociais normativos, que, segundo Narvaz e Koller (2006), são regulados por discursos que parecem ter atravessado séculos, materializando-se em representações e crenças que vinculam a mulher ao contexto familiar e, fundamentalmente, à maternidade enquanto sentimento de completude. Dado este que é corroborado por meio da repetição e da representatividade do léxico - Mãe (F = 24, OME = 2,4), especialmente presente no discurso do grupo de universitários. Destaca-se aqui a Teoria das Representações Sociais, quando afirma que as representações são construídas e partilhadas pela sociedade, determinando práticas e comportamentos.
Os estudos realizados por Stellin, Monteiro, Albuquerque e Marques (2011) apontam que para o exercício da maternidade, a mulher precisa dispor de recursos psíquicos específicos, faz-se necessário transcender o papel social a ser cumprido, pois se deve considerar uma singularidade psíquica no processo de se inserir nesse lugar de mãe. Dessa maneira, entende-se que na contemporaneidade, mesmo com importantes avanços conquistados pelas mulheres, não é tarefa fácil para uma mulher a decisão de não cumprir com o papel esperado que ela exerça, ou seja, o de tornar-se mãe. Esta escolha de não ser mãe, por si só, já provoca incômodos no cerne da convivência humana, suscitando questionamentos, provocações, julgamentos e atitudes de preconceito. Tal escolha agrava-se caso esta mulher se torne uma usuária de drogas, pois ela passa a ser vista como um ser desviante, descolado das normas sociais preconizadas pela sociedade vigente, experimentando sabores amargos oriundos de processos de estigmatização e exclusão social.
Tal como é constatado na literatura sobre o tema, outros autores também trazem questões semelhantes às mencionadas no presente estudo. Em pesquisas conduzidas por Cruz et al. (2014), Leal (2009) e Medeiros et al. (2015), verificou-se que a usuária de drogas é considerada mais imoral, com comportamento inadequado, devido à ligação do uso de drogas à prostituição e ao abandono das funções materno-familiares, sofrendo com situações de preconceito e exclusão social. Sobre esse dado, Cardoso e Manita (2004) assinalam que a visibilidade social do comportamento de utilização de drogas penaliza diferencialmente a mulher em relação aos homens, dado que o estilo de vida em relação ao "mundo das drogas", não corresponde às expectativas de conformidade de gênero da mulher, e assim o comportamento feminino tido como "desviante" é menos tolerado e está onipresente no curso nas interações sociais.
No concernente aos dados que emergiram nas análises sobre as mulheres usuárias de drogas, chama-se a atenção para a consensualidade do termo - vulnerável (F = 18, OME = 2,9), o qual se configura como o elemento central na representação social e aponta para uma ligação entre os discursos dos profissionais e dos universitários. Esta concepção ancora-se nos fatores relacionados à dependência de drogas, dada a visualização dos riscos individuais e sociais atrelados ao consumo abusivo de substâncias, tais como a vivência em situação de rua, conflitos com a justiça (tráfico de drogas e outros delitos), a prática de sexo desprotegido e/ou prostituição, violência, em seus diversos níveis, e a exclusão social (Marangoni & Oliveira, 2013). Estes discursos objetivam a usuária de drogas como um ser vulnerável e frágil, passivo diante da droga, e também revelam uma culpabilização diante da situação em que se encontra, como também podem ser observados na evocação de outro elemento central - fraqueza (F = 11, OME = 2,9), presente, especialmente, no grupo de universitários. O Presidente do Painel Internacional de Controle de Narcóticos de 2016, Werner Sipp, chama a atenção para o fato de que mais mulheres estão morrendo por overdose, e destaca a necessidade de implementação de políticas e programas específicos para o público feminino (Organização das Nações Unidas Brasil - ONU, 2017).
Cabe ressaltar que estas representações negativas causam impacto na imagem da mulher usuária de drogas, dificultando-lhe sua reinserção sociofamiliar, e não promovem a mobilização da mulher face ao próprio tratamento, adiando o seu pedido de ajuda institucional. Nesse contexto, chama-se a atenção para os profissionais de saúde nos dispositivos de atenção aos usuários de drogas, enquanto atores sociais que apresentam aproximação frente à problemática das drogas - tema este marcado pela disseminação de ajuizamentos preconceituosos e de discriminação. Por conseguinte, tais equipes de saúde, como integrantes da sociedade, apresentam muitas dessas representações e podem funcionar também como propagadores de preconceitos e estigmas, causando afastamento das usuárias das instituições de tratamento (Rodrigues et al., 2017).
De modo geral, a estrutura representacional acerca da mulher envolvida com as drogas, a partir dos discursos dos profissionais e dos universitários, mostra-se influenciada por construções sociais de um ideal de "feminilidade" construído cultural e socialmente. Os estigmas seculares presentes nas evocações assinalam práticas ancoradas na culpabilização dessas mulheres e estão pautados na imagem de incompatibilidade da mulher no cumprimento de seus papéis sociais e de poder exercer a sua própria feminilidade. Identificou-se, portanto, que em ambos os grupos ora estudados (profissionais e universitários) está presente a dificuldade de abordar a temática da dependência química feminina dissociada de ideias e crenças essencialistas sobre o feminino, ou seja, para além de seu corpo biológico e das amarras da maternidade.
Análise de similitude acerca da mulher e da mulher usuária de drogas
Na perspectiva da detecção da conexidade dos elementos considerados como estruturantes das representações sociais dos profissionais da atenção psicossocial e dos estudantes sobre a mulher, as mesmas evocações livres foram submetidas à análise de similitude comparativa entre os dois grupos de pertença, através da árvore (Figura 1) resultante do processamento pelo software IRAMUTEQ, buscando um comparativo entre os discursos das duas amostras estudadas no que se refere à categoria de inserção grupal.
Nesse sentido, na Figura 1, observa-se uma árvore com formato perpendicular, em que se evidenciam os termos dispostos em dois polos opostos, os elementos presentes nos discursos dos profissionais e os léxicos representacionais associados aos universitários, sendo ligados por meio da palavra "forte" - que condiz com a centralidade representacional evidenciada na análise prototípica.
Os resultados oriundos da análise de similitude permitiram confirmar a estrutura do campo representacional dos fatores associados ao estímulo "mulher", a qual suporta como elementos centrais os eixos de coocorrências e conexões, os seguintes termos: forte; mãe; batalhadora; vaidade; amável; sensibilidade; cuidadosa e amor.
No nível superior da árvore encontram-se os termos que integram os discursos dos universitários, os quais estão conectados por meio dos eixos organizadores: "mãe"; "trabalhadora"; "vaidade" e "amável". Estes elementos são considerados o campo representacional mais forte acerca da mulher, uma vez que condizem com o núcleo central acerca da mulher, e traduzem aspectos mais normativos associados ao feminino, ligados especialmente aos papéis sociais estereotípicos da mulher na sociedade.
Na parte inferior da árvore, onde estão dispostos os termos ligados aos profissionais, encontram-se as conexões ligadas pelos termos "sensibilidade", "cuidadosa" e "amor", os quais reafirmam o sistema periférico próximo do núcleo central acerca da mulher, onde o cuidado e a sociabilidade são pensados enquanto atributos indissociáveis do feminino.
Na pesquisa realizada por Oba, Kinouchi, Scandiuzzi, Soares e Brandão (2012), acerca do ser mulher, mediante as representações sociais dos profissionais de saúde, apreendeu-se, no contexto sociocultural em que os referidos profissionais encontravam-se inseridos, o reflexo do papel da mulher na reprodução biológica, responsabilizando-a pelo cuidado, assim como pela provisão da família em suas necessidades físicas e psicológicas. Segundo os profissionais de saúde participantes do mencionado estudo, a mulher tem procurado desconstruir esse contexto, buscando estudar, trabalhar, sustentar, dizer não à agressividade do lar e do universo do trabalho, bem como atuar na política, conquistar a independência em relação ao homem, dizer não à maternidade (caso assim almeje) e às diferenças sociais de gênero.
Os estudiosos supracitados acrescentam que apesar de culturalmente os valores patriarcais ainda se manterem em todas as classes sociais, o feminismo também está se ampliando progressivamente, propondo a superação da hierarquia pela igualdade de gênero. De modo geral, as características presentes nas análises prototípicas e de similitude revelam um alto grau de consensualidade na organização do sentido dado à mulher na sociedade, os discursos dos profissionais e dos universitários fazem parte do pensamento coletivo que é compartilhado e que favorece a veiculação de ideias homogêneas e estáveis acerca do objeto social em questão.
A fim de corroborar os dados da análise prototípica e visualizar de que forma estão dispostos os elementos estruturantes da representação social dos dois grupos de pertenças, profissionais e universitários, acerca do estímulo indutor "mulher usuária de drogas", procedeu-se uma análise de similitude, por meio do IRAMUTEQ, a partir das mesmas evocações livres, resultando numa árvore de similitude (Figura 2).
Analisando as evocações da análise supracitada (Figura 2), pode-se observar que emergiram duas principais teias: uma que dispõe conteúdos evocados por profissionais, onde se evidenciam fortes conexões com os termos "preconceito", "abandonada", "desvio", "exclusão" e "superação"; já no outro eixo, dos universitários, destacam-se as associações mais fortes entre os léxicos: "drogada", "triste", "fraqueza", "prostituta" e "perigosa". No grupo de evocações dos universitários, observa-se uma culpabilização da mulher usuária de drogas ao afastar-se da prescrição normativa dos papéis tradicionais mulher-esposa/mulher-mãe e dedicada (Narvaz & Koller, 2006).
Nesta análise, cabe destacar ainda a evocação do termo "vulnerável", que se apresenta entre os dois grandes eixos, profissionais e universitários, demonstrando haver representatividade com ambos os elementos evocados, associados aos dois grupos de pertença. Este dado corrobora com a análise do núcleo central da representação social da mulher usuária de drogas, apresentada neste estudo.
Autores como Pechanscky, Diemen, Micheli, e Amaral (2017) ressaltam que há particularidades relacionadas à dimensão da vulnerabilidade do ser feminino que precisam ser consideradas, como as características biológicas, psicológicas e psicossociais relacionadas ao consumo de álcool, informando que o corpo feminino possui quantidade de água menor que o masculino (51% X 65%, respectivamente) e, em virtude de enzimas, demora mais tempo para metabolizar o álcool, se beber quantidades equivalentes.
Estudos realizados por Oliveira e Paiva (2007), por sua vez, revelaram que independente do tipo de droga usado, da modalidade e da rede de uso, o consumo de drogas por mulheres, assim como a convivência delas com pessoas usuárias de drogas, com relacionamentos sexuais e afetivos, configuram importantes situações de vulnerabilidade para a infecção pelo HIV e AIDS, com grau distinto nos âmbitos individual, social e político. Tais situações, segundo as estudiosas, encontram-se permeadas por construções sociais e culturais que abarcam relações de desigualdades de gênero e de poder, contribuindo, dessa maneira, para a disseminação da AIDS na população em geral.
Em síntese, esses resultados revelaram que o envolvimento feminino com as drogas modifica a estrutura da representação social associada à mulher. Os participantes do estudo reconhecem a mulher numa perspectiva positiva, com ênfase nos papéis sociais, especialmente na figura materna; já sobre a representação social da mulher usuária de drogas, realça significados de aviltamento e sofrimento, sinalizando a reprodução de ideias consensuais estereotipadas e preconceituosas.
Conclusões
O presente estudo abordou como profissionais de saúde e universitários estão construindo suas representações acerca da mulher e também sobre a mulher envolvida com o contexto das drogas. Os procedimentos investigativos, embasados na perspectiva das Representações Sociais, conferiram uma compreensão mais pormenorizada dos aspectos culturais e psicossociais que perpassam os discursos e práticas dos atores sociais sobre o objeto de investigação. Por meio desses mecanismos, foi possível compreender como se estabelecem o entrecruzamento e os distanciamentos entre os discursos dos profissionais e dos universitários acerca do objeto social investigado, o que proporcionou estabelecer comparações entre os grupos de estudo.
Concomitantemente, os dois grupos compartilharam representações sociais sobre a mulher usuária de drogas, que implicam numa dinâmica de privação por falta de acesso aos sistemas sociais básicos, como família, moradia, trabalho, saúde, dentre outros, encontrando-se, portanto, num contexto de risco e vulnerabilidade. Cabe destacar ainda que no entrecruzar das questões de gênero com o tema das drogas, tornou-se nítida a designação de outro lugar para essa mulher usuária - o estigma social da desviância, que se traduz na forma como os indivíduos veem a si mesmos, e como eles são vistos pelo outro. Nessa perspectiva, é interessante destacar as novas inserções das mulheres na sociedade, que ultrapassam os papéis padronizados, sugerindo a ocorrência de mudanças de gênero na concepção de narrativas mais livres dos constrangimentos ligados à questão de gênero e às drogas.
Apesar das limitações que este estudo apresentou, como o número reduzido de participantes e a impossibilidade de generalizar tais achados para a população geral, são inegáveis as contribuições ora expostas acerca das representações sociais sobre a mulher e os seus diversos cenários de ocupação e expressão - tendo como foco nesta pesquisa o contexto de uso de drogas. Considera-se que os achados deste estudo sejam relevantes para o despertar de novas inquietações e investigações na área da psicologia social e da saúde, no sentido de evidenciar que, no contexto psicossocial, há necessidade de se problematizar esta temática tanto nos dispositivos de atenção à saúde às pessoas usuárias de drogas, como também nos espaços acadêmicos entre as universidades, vislumbrando uma formação mais humanizada e pautada nas necessidades sociais.
Recomenda-se a realização de novas pesquisas acerca da temática, que ofertem contribuições com o potencial de cooperar para a ampliação de olhares, com vistas à superação de culturas cristalizadas na sociedade, que, muitas vezes, aprisionam e colaboram com o processo de retroalimentação e propagação de estigmas e preconceitos, fortalecendo cada vez mais contextos de vulnerabilidades e de opressão social de mulheres.
Pode-se, com isso, ressignificar a atualidade dos conceitos expressos, superando paradigmas, estigmas e preconceitos relacionados à mulher e à mulher numa condição de abuso de drogas, mesmo tendo sido resultado de um tempo histórico, social e cultural. Neste sentido, a sensibilidade e riqueza no olhar psicossocial sobre o fenômeno da drogadição feminina possibilita promover novas atitudes positivas que desencadeiam novas posturas e condutas frente ao feminino e à sua vivência da dependência química, além de contribuir para o fortalecimento da consolidação e implementação de políticas públicas mais inclusivas voltadas para a mulher usuária de drogas.
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Endereço para correspondência:
Katruccy Tenório Medeiros
katruccy_22@yahoo.com.br
Márcia Maria Mont'Alverne de Barros
marciamontalverne10@hotmail.com
Silvana Carneiro Maciel
silcamaciel@gmail.com
Submetido em: 19/04/2018
Revisto em: 17/06/2019
Aceito em: 25/07/2019
1 Agradecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo incentivo de produtividade em pesquisa no 308119/2016-9.