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Pesquisas e Práticas Psicossociais

 ISSN 1809-8908

     

 

ARTIGOS

 

Preferência por estilos de filmes e suas diferenças nos cinco fatores de personalidade

 

Preference for movie styles and their differences in the five factors of personality

 

Preferencia por géneros cinematográficos y sus diferencias en los cinco factores de personalidad

 

 

Carlos Eduardo PimentelI; Diogo Conque Seco FerreiraII; Marlizete Maldonado VargasIII; Viviane Andrade Prado MaynartIII; Diego Cardozo MendonçaIV

IUniversidade Federal da Paraíba
IIUniversidade Federal de Sergipe
IIIUniversidade Tiradentes
IVPontifícia Universidade Católica de São Paulo

 

 


RESUMO

Podemos conceber que a preferência por mídias está em consonância com nossos traços de personalidade, mas muitos estudos são necessários para se avançar nesta área. Objetivou-se verificar se existem diferenças nos cinco fatores de personalidade em grupos de preferência por filmes, bem como testar uma breve medida de personalidade. Foram realizados dois estudos com estudantes do ensino médio e universitário com o Inventário de Personalidade de Dez Itens (TIPI). Os resultados mostraram mais Agradabilidade nos estudantes que relataram preferência por filmes de terror em comparação àqueles que preferiram suspense. Os que preferiram filmes de suspense mostraram menor Conscienciosidade em comparação aos que preferiam terror, ação, romance e drama. Os que preferiram filme romântico, em comparação àqueles que preferiram comédia, apresentaram mais Conscienciosidade. Tais resultados se mantêm, controlando-se o sexo e a idade. Conclui-se que o TIPI é uma medida que pode ser usada em pesquisas para entender diferenças de grupos nos cinco fatores de personalidade.

Palavras-chave: Preferência por Filmes. Cinco Fatores de Personalidade. Inventário de Personalidade de Dez Itens.


ABSTRACT

Theoretically, our media preference is in line with our personality traits, but many studies are needed to advance in this area. The objective of this study was to determine whether there are differences in the five personality factors in groups with a movie preference as well as to test a brief personality inventory. Two studies were conducted with high school and university students, using the Ten-Item Personality Inventory (TIPI). The results showed more Agreeableness for those students who reported a preference for horror movies than for those who prefer suspense. Those who prefer suspense showed less Conscientiousness than those who prefer horror, action, romance and drama. Those who preferred romantic movies, when compared to those who prefer comedies, presented more Conscientiousness. These results are maintained by controlling the sex and the age. We conclude that the TIPI is a measure that can be used in research to understand group differences in the five personality factors.

Key-words: Movie Preference. Five Factor Model. Ten-Item Personality Inventory.


RESUMEN

Teoricamente, elegimos los medios de comunicación en línea con los rasgos de personalidad, pero estudios son necesarios para avanzar en este ámbito. El objetivo fue determinar sí existen diferencias en los cinco factores de personalidad en grupos de preferencia para las películas, com un breve test para medir la personalidad. Dos estudios se llevaron a cabo con estudiantes de secundaria y universitarios con el Inventario de Personalidad de Diez Ítems (TIPI). Los resultados mostraron que los con altos puntajes en Amabilidad informarón preferencia por las películas de terror en comparación a los estudiantes que prefieren el suspense. Los que prefieren suspense mostraron medias más altas en Responsabilidad en relación a los que prefieren horror, acción, romance y drama. Los que preferían película romántica, en comparación con aquellos que prefieren comedia, presentarón más Responsabilidad. Estos resultados se mantienen al controlar el sexo y la edad. Se concluye que el TIPI es una medida que puede ser utilizado en la investigación para entender las diferencias de grupo en los cinco factores de personalidad.

Palabras clave: Preferencia por películas. Cinco factores de Personalidad. Inventario de Personalidad de Diez Ítems.


 

 

Introdução

We all go a little mad sometimes.
(Psycho, 1960, Norman Bates, autor: Anthony Perkins)

A mídia de entretenimento tem uma presença notória e importância reconhecida no dia a dia das pessoas e, de todos os tipos de mídia, certamente os filmes estão entre os mais procurados para o divertimento. Mesmo que se possa observar facilmente o envolvimento das pessoas com esta mídia - como nas longas filas que se formam nos cinemas ou no número de aparelhos de TV e vídeo em domicílios, poucas pesquisas foram realizadas na psicologia social e da personalidade.

Numa revisão com cerca de 15 mil artigos publicados entre 1932 e 2008 em grandes revistas de psicologia social e personalidad,e (Journal of Personality and Social Psychology, Journal of Personality, Personality and Social Psychology Bulletin) usando-se os termos-chave: television, movie, film, music, book, magazine ou media, surgiram apenas 90 artigos, o que representou apenas 0,6% do produzido nessas revistas (Rentfrow, Goldberg & Zilca, 2011).

 

Preferência por filmes e traços de personalidade

De acordo com Rentfrow et al. (2011), existem duas correntes de pesquisa na área da preferência por entretenimento e diferenças individuais que decorrem das teorias interacionistas, segundo as quais, as pessoas buscam o conteúdo midiático com o fim de satisfazer necessidades psicológicas. A primeira dessas linhas de pesquisa tem se baseado na abordagem dos usos e gratificações que visa saber, por exemplo: porque assistimos certos gêneros de filmes? A segunda, por seu turno, tem buscado conhecer as relações entre preferências por tipos de mídia e traços de personalidade. Pode-se questionar, por exemplo, quais são as relações entre preferência por gêneros de filmes e traços de personalidade (tais como a extroversão ou agradabilidade)?

Dessa forma, a personalidade é vista como influenciadora da preferência por formas de mídia (Faber & Mayer, 2009). Os experimentos de Fenigstein (1979) sugerem que as fantasias agressivas podem aumentar a preferência por filmes violentos e comportar-se de forma violenta pode aumentar a preferência por filmes violentos. Verificou-se ainda que os filmes escolhidos pelos homens quando comparados aos escolhidos pelas mulheres, apresentavam mais conteúdo violento e com mais ação.

Em uma ampla amostra de estudantes e delinquentes encarcerados, a preferência por mídia violenta que incluiu filme, programação televisiva e vídeo-game, esteve correlacionada com traços e comportamentos agressivos (Boxer, Huesmann, Bushman, O'Brien & Moceri, 2009). Além disso, tem-se sugerido que os traços de personalidade podem mediar (Zillmann & Weaver, 1997) e moderar (Anderson et al., 2003; Bushman, 1995; Bushman & Geen, 1990) os efeitos da violência na mídia. Por outro lado, de acordo com o modelo geral da agressão, a exposição repetida à violência na mídia pode levar a uma personalidade agressiva (Anderson & Bushman, 2002). Nesta perspectiva, que foca nas características pessoais e situacionais, sugere-se que os traços de personalidade, como os cinco fatores, devem ser estudados (Anderson, Carnagey, Flanagan, Benjamin, Eubanks & Valentine, 2004).

Existem, no entanto, hipóteses relacionando agressividade decorrente da exposição à mídia violenta com frustração e falta de habilidades (ver Przybylski, Deci, Rigby & Ryan, 2014) e com competitividade (Adachi & Willoughby, 2013), em vez da violência propriamente dita. Há também estudos indicando que, devido a inconsistências metodológicas e diversidade na definição de medidas de agressividade, as afirmações de que a exposição à mídia violenta associada a índices mais altos de agressividade não possuem fundamentação empírica (Fergunson & Kilburn, 2009). É importante salientar que abordar a relação entre aspectos da personalidade e quaisquer preferências não implica afirmar que existe uma relação causal em nenhuma das direções, seja personalidade causando preferências ou o contrário. Objetiva-se, na verdade, aprofundar o conhecimento sobre as facetas e implicações do construto "personalidade" em dimensões mais cotidianas do comportamento humano.

Já se verificou, por exemplo, correlação da preferência por filmes de terror e eróticos com o traço de busca de sensações (Zuckerman & Litle, 1986). Weaver (1991), por sua vez, corroborou a importância dos traços de personalidade, usando o modelo de Eysenck, para se entender a preferência midiática. O estudo verificou que aqueles com maiores pontuações em neuroticismo apresentaram mais preferência por telejornais, ao passo que evitavam filmes de comédia e ação. Além disso, os que apresentaram alto psicoticismo mostraram menos preferência por filmes de comédia e mais preferência por filmes violentos de terror. Em outro estudo, verificou-se também que a preferência por filmes de terror, ação e aventura se relacionou com a busca de sensações (Aluja-Fabregat & Torrubia-Beltri, 1998). Em suma, a preferência por filmes com muita violência se relacionou com o neuroticismo, psicoticismo, busca de sensações e excitabilidade.

Aluja-Fabregat (2000) postulou que a curiosidade para temas relacionados ao comportamento sexual, violência e horror se relacionam com características de personalidade como a busca de sensações e extroversão. Neste sentido, estudos prévios demonstraram correlações entre o traço de busca de sensações e a preferência por filmes de terror e ação (veja revisão de Aluja-Fabregat, 2000). Esse autor também encontrou correlações entre consumo de filmes violentos e busca de sensações, busca de experiências, desinibição, psicoticismo, neuroticismo, agressividade, mentira, sinceridade e excitabildade (em garotos) e extroversão, desinibição e busca de sensações (em garotas).

No entanto, mais recentemente não se verificou predição do psicoticismo no comportamento de assistir filmes violentos em homens, mas apenas nas mulheres (Sigurdsson, Gudjonsson, Bragason, Kristjansdottir & Sigfusdottir, 2006). Além disso, a exposição a filmes violentos, comparada à exposição a filmes não-violentos, instigou o uso mais freqüente de respostas de impulsividade agressiva (Zillmann & Weaver, 2007).

Além dos estudos acima, verificaram-se relações entre preferência por programação televisiva e os cinco fatores de personalidade (Big Five personality factors(Kraaykamp & van Eijck, 2005). Esses autores verificaram que a abertura à experiência e estabilidade emocional predisseram inversamente a preferência por novelas e a estabilidade emocional predisse também inversamente a preferência por programação erótica.

No estudo realizado por Rentfrow et al. (2011), construiu-se uma medida de preferência por tipos de mídias, incluindo filmes, programação televisiva, mas também música e livros. Esses autores encontraram correlações com os cinco grandes fatores de personalidade e dimensões de preferência midiáticas. Especificamente verificaram que a Extroversão e Agradabilidade se relacionaram positivamente com a dimensão Communal (filmes românticos, novelas) e a Abertura se relacionou negativamente com esta dimensão. A correlação mais forte ocorreu entre o fator de Abertura e a dimensão de preferência midiática Aesthetic (que inclui filmes estrangeiros).

Agradabilidade e Conscienciosidade também se correlacionaram negativamente com preferência por mídias da dimensão Dark que incluiu filmes cult e de terror, e a Abertura à Experiência se relacionou positivamente com esta dimensão de preferência. Além disso, a Extroversão, Agradabilidade e Abertura se relacionaram negativamente com a preferência pela dimensão Thrilling que representou filmes de guerra, ação e ficção científica. Por fim, a Abertura se relacionou sutilmente com a dimensão Cerebral (que inclui principalmente programas televisivos focando em atualidades, economia e negócios).

Com base na revisão das pesquisas que trataram da preferência fílmica e traços de personalidade, é possível concluir que os estudos focaram principalmente na agressividade, busca de sensações, neuroticismo, psicoticismo e extroversão com destaque para as teorias de Zuckermann e Eysenck. Entretanto, só se verificou um estudo com o modelo dos cinco fatores da personalidade que é considerado um dos maiores avanços na área. De acordo com esse modelo, que tem recebido apoio em diversas culturas (Schimitt, Allik, McCrae & Benet-Martínez, 2007) a personalidade humana pode ser representada por cinco fatores: Extroversão, Agradabilidade, Conscienciosidade, Estabilidade Emocional e Abertura a Experiências (John & Srivastava, 1999; Gosling, Rentfrow & Swann, 2003).

De acordo com McCrae e John (1992) e John e Srivastava (1999), a Extroversão inclui características de ser ativo, assertivo, energético, entusiástico e comunicativo. Para Gosling (2008), o ícone de Extroversão é o personagem de Eddie Murphy, o policial de Beverly Hills: Axel Foley. A Agradabilidade representa o generoso, simpático, complacente, cooperativo e humano. Gosling (2008) considerou o jurado Simon Cowell do programa American Idol como sendo representante de baixa agradabilidade, pela franqueza nas opiniões. Conscienciosidade inclui ser eficiente, organizado, digno de confiança, meticuloso e responsável. O exemplar desse fator para Gosling (2008) seria o Robocop. Estabilidade Emocional envolve ser calmo, que não se aborrece facilmente e não é irritável, tenso e melindroso. Gosling (2008) considerou o Dude do filme de comédia "O grande Lebowski" como símbolo desse fator. Por fim, Abertura a Experiências representa ser artístico, curioso, imaginativo, original e de interesses amplos. Gosling (2008) considerou o pintor da Mona Lisa, Leonardo da Vinci, como exemplar desse fator.

Esses fatores representam amplas dimensões que envolvem várias características de personalidade são medidas por instrumentos psicométricos com 240 (NEO PI-R), 60 (NEO-FFI), 100 (TDA), 44 (BFI, John & Srivastava, 1999), 93 (Hutz, Nunes, Silveira, Anton & Wieczorek, 1998), de 50 a 100 (IPIP, Goldberg, 1992), 100 itens para medir 10 facetas ou aspectos dos cinco grandes fatores (DeYoung, Quilty & Peterson, 2007) ou até mesmo um total de 485 itens (IPIP-AB5C, Goldberg, 1999). No contexto brasileiro também tem sido desenvolvidas medidas específicas para avaliar os fatores separadamente considerando subfatores (Nunes & Hutz, 2006; Rentini, Hutz, Bandeira, Teixeira, Gonçalves & Thomazoni, 2009) e validação brasileira do BFI (Andrade, 2008).

Todo mundo odeia questionários longos (?): Inventário de Dez Itens da Personalidade

Verifica-se que diversos pesquisadores tem se concentrado na mensuração dos cinco grandes fatores de personalidade e que estas medidas são formadas por uma quantidade considerável de itens, dada à complexidade do construto. Contudo, considerando o dia-a-dia corrido, a pressa do mundo moderno, a luta constante pela sobrevivência, a sobrecarga das grandes cidades, verifica-se que nem sempre as pessoas estão disponíveis para responder questionários de pesquisa formados por muitos itens.

No contexto norte-americano, Gosling et al. (2003) propuseram uma alternativa de medida curta para os cinco fatores de personalidade, o Inventário de Dez Itens da Personalidade (Ten Item of Personality Intentory, TIPI). O TIPI envolve apenas dois itens por fator de personalidade. Para medir a Extroversão, o respondente apenas deve assinalar em que medida se acha extrovertido e entusiasta, mas também quieto e reservado, sendo que, neste caso, mede inversamente o fator. A Agradabilidade envolve a simpatia e a característica de ser acolhedor e, inversamente, de ser crítico e briguento. A Conscienciosidade envolve ser confiável e auto-disciplinado, mas as características de ser desorganizado e descuidado medem inversamente o fator. A Estabilidade Emocional envolve características de ser calmo e emocionalmente estável, e menos ansioso ou que se chateia facilmente. Por fim, a Abertura a Experiências é representada pela característica de ser aberto a novas experiências e complexo, pouco convencional e sem criatividade (Gosling et al., 2003).

Os autores explicam que não se trata de abandonar as medidas convencionais, mas ter uma alternativa que possa ser utilizada em contextos onde não se dispõe de muito tempo e mesmo de espaço. Gosling et al. (2003) ainda explicam que o TIPI é uma medida adequada para ser considerada com outras medidas com fins de se estabelecer validade de construto numa rede nomológica em que se possam relacionar diferentes construtos (Cronbach & Meehl, 1955). Explica-se, ademais, que esta medida não deve ser analisada em termos de análises fatoriais confirmatórias ou alfas de Cronbach, pois não produzirá bons resultados baseados nestas análises. Por outro lado, no contexto norte-americano, verificou-se precisão teste-reteste variando de 0,62 a 0,77, correlações variando de 0,65 a 0,87 com o BFI (John & Srivastava, 1999) e correlações com as facetas do NEO-PI-R variando de 0,56 a 0,68 (Gosling et al., 2003). Atualmente, existem diversas traduções (espanhol, norueguês, sueco, coreano, japonês, italiano, português, de Brasil e Portugal, hebreu, alemão, francês, holandês) do TIPI no site do autor (http://homepage.psy.utexas.edu/homepage/faculty/Gosling/scales_we.htm), o que mostra que diversos pesquisadores em várias culturas têm se interessado por esta medida breve da personalidade.

Muck, Hell e Gosling (2007) verificaram correlações da versão alemã do TIPI com diversas facetas do NEO para a versão sef e peer-report. Os autores concluem que o TIPI pode ser considerado como uma boa aproximação para o modelo dos cinco grandes fatores de personalidade que faz uso de medidas extensas. Os autores ainda destacaram que as diversas versões traduzidas do TIPI podem ser promissoras para uma integração trans-cultural de dados acerca da personalidade e, além disso, destacam a vantagem de tal instrumento não produzir fadiga nos respondentes.

O presente estudo

Tendo em vista avançar na área das relações entre preferências midiáticas e traços de personalidade, planejou-se o presente estudo com o fim de verificar se grupos formados especificamente por preferência por tipos de filmes apresentariam diferenças nos cinco fatores de personalidade. Além disso, considerando que não existem estudos sobre o TIPI no contexto brasileiro, busca-se testar esta medida. Ou seja, procura-se saber se esta medida é adequada para captar as diferenças por tipos de filmes nos cinco fatores de personalidade.

 

Estudo 1

Método

Amostra

O presente estudo contou com a participação de 391 estudantes adolescentes, sendo a maioria do sexo feminino (63,2%), classe média (51,7%), com média de idade de 17 anos (DP = 2,24), do ensino médio de escolas públicas e privadas da cidade de Aracaju - Sergipe.

Instrumento e procedimento

Inventário de Personalidade de Dez Itens (TIPI).

Trata-se de uma medida desenvolvida no contexto norte-americano por Gosling et al. (2003) para aferir os cinco fatores de personalidade através de apenas 10 itens, variando numa escala de 1=Discordo fortemente a 7=Concordo fortemente (ver Anexo). Os itens devem ser respondidos partindo da frase estímulo: "Eu me vejo como alguém..." 3. ___Confiável, auto-disciplinado (Conscienciosidade), 10.___Convencional, sem criatividade (Abertura à Experiências). Esta medida foi traduzida para o português com a colaboração de pesquisadores com conhecimento na literatura de traços de personalidade em inglês.

Os respondentes desta pesquisa foram abordados em sala de aula por estudantes do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes que solicitavam a participação voluntária na pesquisa, garantindo o anonimato e risco mínimo, tendo em apreço aspectos éticos para pesquisas com humanos. Tais alunos, portanto, responderam voluntariamente ao inventário de personalidade, questionário sócio-demográfico e uma questão aberta sobre: quais seus tipos de filmes favoritos? O tempo médio para responder esse instrumento foi de 5 minutos.

Resultados

Inicialmente, as respostas foram categorizadas em termos de preferência por tipos de filmes, que incluiu as categorias: comédia, comédia romântica, romance, suspense e drama. Verificou-se que as participantes do sexo feminino gostaram mais de comédia, comédia romântica, romance, suspense e drama, e os do sexo masculino preferiram filmes de ação e terror (c2=95,924, p<0,001). A análise de variância múltipla (MANOVA) mostrou diferenças nos fatores de personalidade em função da preferência por filmes, F(6, 385)=1,931, p<0,003, l de Wilkis'=0,861, h2=0,03. Especificamente, verificaram-se efeitos nos fatores de Agradabilidade (F=2,27, p<0,05, h2=0,03) e Conscienciosidade (F=3,74, p<0,001, h2=0,06). O teste Post Hoc de Bonferroni mostrou que aqueles que preferiam filmes de terror reportaram mais Agradabilidade (M=5,35, DP=1,00) do que aqueles que preferiam filmes de suspense (M=4,54, DP=1,20). E, os que preferiam filmes de terror (M=3,83, DP=1,60), ação (M=4,02, DP=1,33), romance (M=4,05, DP=1,50) e drama (M=4,25, DP=1,33) mostraram mais Conscienciosidade do que aqueles que preferiam filmes de suspense (M=2,95, DP=1,37), como se observa na Figura 1.

 

 

Em acréscimo realizou-se uma análise de variância múltipla levando em consideração o sexo e a idade como covariáveis (MANCOVA). De acordo com os resultados, não foram encontrados efeitos do sexo, F(5, 376)=1,014, p>0,05, l de Wilkis'=0,987, h2=0,01, mas sim da idade [F(5, 376)=3,920, p<0,003, l de Wilkis'=0,950, h2=0,05]. Com isso, foi verificada uma pequena alteração dos efeitos de tipo de filme nos fatores de Agradabilidade (F=2,36, p<0,05, h2=0,04) e Conscienciosidade (F=3,57, p<0,003, h2=0,05). A Conscienciosidade se relacionou positivamente com a idade (r=0,11, p<0,03).

Discussão

Foram verificadas diferenças em fatores de personalidade de acordo com o modelo dos cinco fatores de personalidade nos grupos formados por preferência por filmes. Especificamente, verificou-se a diferença no nível de Agradabilidade na preferência por filmes de terror em comparação àqueles que preferiram filmes de suspense, mas o nível de Agradabilidade não pode ser considerado alto. Os indivíduos que preferiam filmes de suspense foram os que mostraram menor nível de Conscienciosidade em comparação aos que preferiam filmes de terror, ação, romance e drama. Tais níveis de Conscienciosidade foram ainda menores do que os de Agradabilidade. Os resultados se replicaram mesmo controlando-se os efeitos da idade dos participantes.

Mesmo tendo-se encontrado no presente estudo essas diferenças estatísticas, esses resultados não são de fácil interpretação. Em função disso, realizou-se um novo estudo (Estudo 2) com o fim de jogar luz nas relações entre preferência por tipos de filmes e traços de personalidade. Esse novo estudo considerou também estudantes universitários, e não apenas estudantes do ensino médio, como no Estudo 1.

 

Estudo 2

Método

Amostra

Contou-se com uma amostra não probabilística de 184 alunos de ambos os sexos, sendo a maioria do sexo masculino (53,3%), classe média (53%), com média de idade de 19 anos (DP = 3,8), de escolas e universidades públicas e particulares da cidade de Aracaju/Sergipe.

Instrumento e procedimento

Como no Estudo 1, utilizou-se o TIPI e, ao final do questionário, havia uma questão sobre qual era o tipo de filme favorito. Na primeira página, havia o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os respondentes concluíram o preenchimento desse questionário em torno de 5 minutos. Foi adotado um procedimento padrão para coleta de dados, tendo em conta os aspectos éticos para condução de pesquisas com seres humanos.

Resultados

Verificou-se inicialmente que as participantes do sexo feminino gostaram mais de filmes de romance e os do sexo masculino preferiram filmes de aventura, comédia e suspense/terror (c2=53,737, p<0,001). Realizou-se uma MANOVA com o objetivo de verificar diferenças em traços de personalidade nos grupos formados por diferentes preferências de filmes. Foram verificadas diferenças multivariadas estatisticamente significativas nos traços de personalidade nos grupos formados por tipos de filmes (aventura, comédia, romance e suspense/terror), mas apenas quando se considerou o Roy's Largerst Root = 0,75, F(5,178)=2,657, p<0,05, h2=0,07. Especificamente, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas no fator Conscienciosidade, F(5,178)=3,195, p<0,03, h2=0,05. O test Post Hoc de Bonferroni mostrou que os grupos que se diferenciam apresentaram maiores níveis de Conscienciosidade (Figura 2) entre os que preferiram filmes de romance (M=5,46, DP=1,20) em comparação aos que preferiam comédia (M=4,64, DP=1,39).

 

 

Adicionalmente, decidiu-se controlar a influência do sexo e da idade nos resultados acima apresentados. Portanto, foi realizada uma MANCOVA na qual se observou efeitos do sexo, F(5, 172)=2,386, p<0,05, l de Wilkis'=0,935, h2=0,07 e da idade [F(5, 172)=3,734, p<0,004, l de Wilkis'=0,902, h2=0,10]. Com isto, verificou-se uma pequena alteração dos efeitos de tipo de filme no fator de Conscienciosidade (F=2,89, p<0,05, h2=0,05). A Conscienciosidade se correlacionou positivamente com a idade (r=0,28, p<0,001).

Discussão

Os resultados encontrados mostraram diferenças em termos de personalidade nos grupos formados por preferência por filmes. Verificou-se que aqueles que preferiram filme romântico em comparação àqueles que preferiram comédia apresentaram maiores níveis de Conscienciosidade. Os níveis de Conscienciosidade verificados foram medianos e moderados e os resultados se replicaram, controlando-se os efeitos do sexo e da idade.

Discussão Geral

Com base nos dois estudos realizados, verificou-se que existem diferenças em traços de personalidade com base no modelo dos cinco fatores (McCrae & John, 1992; John & Srivastava, 1999) e a preferência por tipos de filmes. Tais diferenças envolveram os fatores de Agradabilidade e Conscienciosidade e a preferência por filmes de terror, ação, romance, comédia, drama e suspense. Em razão disso, conclui-se que o TIPI (Gosling et al., 2003) é um instrumento que pode ser usado para aferir diferenças entre grupos. Corroborou-se ainda que os participantes do sexo masculino mostraram mais preferência por filmes violentos (Fenigstein, 1979), especificamente por filmes de terror, ação e aventura.

Não era teoricamente esperado, por outro lado, maiores níveis de Agradabilidade nos que preferiam filmes de terror em comparação aos que preferiam filmes de suspense. Nem mesmo se entende facilmente os maiores níveis de Conscienciosidade nos que preferiam filmes de terror e ação em relação aos que preferiam filmes de suspense, mas pode-se ponderar que as médias não foram altas. Esses resultados podem até instigar um debate sobre os efeitos da mídia em variáveis psicológicas ou efeitos da personalidade em escolhas midiáticas e levar em conta que os efeitos são mistos e inconclusivos. No entanto, uma revisão de estudos, recentemente, verificou que a exposição habitual à violência na mídia produz mudanças estáveis em traços de personalidade (Anderson, Bushman, Donnerstein, Hummer, & Warburton, 2014). No estudo realizado por Rentfrow et al. (2011) a Agradabilidade e Conscienciosidade se correlacionaram negativamente com preferência Dark, que incluiu filmes de terror. Neste mesmo estudo, a Agradabilidade se relacionou negativamente com a preferência Thrilling que incluiu filmes de ação. Verifica-se que parte dos dados ora apresentados não são consistentes com os apresentados por Rentfrow et al. (2011) e, pela dificuldade na interpretação desses resultados, decidiu-se realizar o Estudo 2. Talvez dos resultados do Estudo 1, as diferenças entre preferência por filmes de romance com relação aos filmes de suspense nos níveis de Conscienciosidade façam mais sentido. Além disso, a preferência pelo fator Comunal, que inclui filmes românticos, relacionou-se positivamente com a faceta de Conscienciosidade, que se refere à tendência de cumprir com suas obrigações (Rentfrow et al., 2011).

O Estudo 2, por seu turno, apresentou resultados mais adequados à interpretação. Mais uma vez, as diferenças envolveram o fator de Conscienciosidade, no qual se verificou que os estudantes que apresentaram maiores níveis desse fator eram os que preferiram filmes de romance em comparação aos que preferiram comédia, mesmo quando se controlou o sexo e a idade dos participantes. Nesse sentido, os que preferiram romance se consideraram mais confiáveis e autodisciplinados e menos desorganizados e descuidados do que aqueles que preferiram comédia. No estudo conduzido por Rentfrow et al. (2011), verificou-se correlação positiva entre Agradabilidade e a preferência Communal que levou em conta os filmes românticos.

Esses resultados também podem ser explicados por um ponto de vista psicossocial e da teoria da identidade social (Tajfel & Turner, 1979). A propósito, "a identidade social se refere aos aspectos da auto-imagem do indivíduo oriundos de categorias sociais (ou grupos) que este percebe como sendo parte" (Tajfel & Turner, 1979, p. 40). Pode-se especular que os jovens da presente pesquisa, quando perguntados sobre seus tipos de filmes favoritos, pelos processos de comparação e categorização social, buscaram se diferenciar de outros grupos e fortalecer a identidade do seu próprio grupo (Dovidio, Gaertner, Esses & Brewer, 2003). Ou seja, a identidade social foi ativada (Stets & Burke, 2000), tornou-se saliente, uma vez que, conforme explica essa teoria, o autoconceito é formado tanto por atributos pessoais como sociais (Baumeister & Twenge, 2003), o que inclui a preferência por tipos de filmes.

 

Limitações, sugestões de pesquisas futuras e conclusões

Mesmo que o TIPI tenha conseguido captar as diferenças entre preferência por filmes, no que tange aos fatores de personalidade, seria importante também que medidas convencionais dos cinco fatores, como o BFI, fossem utilizadas (John & Srivastava, 1999). Os próprios autores reconhecem as limitações dessa medida, como a menor precisão e menores correlações com outras variáveis (Gosling et al., 2003). Por outro lado, tal medida pode ser incluída num modelo de variáveis e isso, por conseguinte, nos leva a sugerir que se verifique, ainda, a importância da preferência musical (Rentfrow & Gosling, 2003; Pimentel & Donnely, 2008) para um entendimento maior da rede de relações entre preferência por filmes e traços de personalidade. A preferência por tais mídias, que pode incluir músicas de death metal, livros e filmes de bruxaria e de terror, pode formar um fator comum de preferência por entretenimento (Rentfrow et al., 2011).

Em suma, estima-se que os resultados encontrados nesta pesquisa são importantes para uma melhor compreensão da personalidade quando relacionada à preferência por entretenimento. Essa relevância se vê nas relações entre programação televisiva com traços e atos agressivos (Boxer et al., 2009), bem como na mediação (Zillmann & Weaver, 1997) e moderação dos efeitos da mídia violenta (Anderson et al., 2003; Bushman, 1995; Bushman & Geen, 1990). Novas pesquisas devem, todavia, ser realizadas para se checar a estabilidade dos resultados que trazemos a público, inclusive considerando mais especificamente a personalidade agressiva, neurótica e antissocial. Pesquisas longitudinais devem ser realizadas para se entender as alterações na personalidade decorrentes da preferência e exposição a filmes e outras mídias violentas. Isso ajudará a compreender melhor as relações entre preferências midiáticas, especificamente por tipos de filmes, e os traços de personalidade.

 

Referências

Adachi, P. J. C & Willoughby, T. (2013). Demolishing the competition: The longitudinal link between competitive video games, competitive gambling, and aggression. Journal of Youth and Adolescence, 42(7), 1090-1104.         [ Links ]

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Recebido em: 11/06/2014
Reformulado em: 29/10/2014
Aceito em: 27/11/2014

 

 

ANEXO - INVENTÁRIO DE PERSONALIDADE DE DEZ ITENS (TIPI, Gosling, Rentfrow & Swan, 2003)

 


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