Pesquisas e Práticas Psicossociais
ISSN 1809-8908
Alessandra PimentelI; Daiana Paula BaroniII; Gleidson Jordan dos SantosIII; José Rodrigues de Alvarenga FilhoIV; Maria de Fatima Aranha de Queiroz e MeloV; Victor Freitas HenriquesVI; Joelma Cristina SantosVII
Ialessandrapimentel@ufsj.edu.br
IIdaianapaulam@yahoo.com.br
IIIgleidson@ufsj.edu.br
IVjoserodrigues@ufsj.edu.br
Vfatimaqueiroz.ufsj@gmail.com
VIvf_henriques@hotmail.com
VIIjoelma.santtos@gmail.com
Este número conclui as edições da Revista Pesquisas e Práticas Psicossociais no ano de 2021 e está composto por artigos que abordam temáticas recorrentemente privilegiadas em nossas publicações com interface dos vários campos da Psicologia com a saúde mental, a assistência social e o direito, tendo, como protagonistas, mulheres, crianças, adolescentes, idosos e famílias, reagindo a situações de violência, às políticas públicas que lhes são dirigidas ou atuando em sua sexualidade e espiritualidade. Dentro desta miríade, encontramos os artigos apresentados a seguir:
Os Desafios para a garantia de direitos: uma experiência com conselheiros tutelares, escrito por Renata Petry Brondani, Gabriela Clerici Christofari, Dorian Mônica Arpini e Rosane Janczura, da Universidade Federal de Santa Maria, é um relato de experiência que compartilha ações realizadas com conselheiros tutelares de quatro municípios da região central do estado do Rio Grande do Sul, a partir de uma parceria entre uma instituição pública de ensino superior e o Ministério Público. O trabalho foi realizado em dois momentos: no primeiro, houve a capacitação para os conselheiros tutelares e, no segundo, como decorrência do anterior, desenvolveu-se Projeto de Extensão visando a contribuir para ressignificação do papel destes profissionais para a desconstrução de imagem atrelada a um caráter punitivo/repressivo, dando lugar a uma maior aproximação com a comunidade.
Célia Regina Rangel Nascimento, Carolina Monteiro Biasutti, Ivy Campista Campanha de Araújo e Zeidi Araujo Trindade, com filiação institucional à Universidade Federal do Espírito Santo, são autoras de Os papéis da mulher e do homem nas famílias pela ótica masculina: um estudo de duas gerações. Com a participação de 17 adolescentes do sexo masculino e 30 homens adultos, o objetivo da pesquisa foi compreender as representações sociais de homens adultos e adolescentes de classes empobrecidas sobre os papéis de homens e mulheres nas famílias e fazer uma análise das representações sociais que as duas gerações de homens expressaram.
Alexandra Justino Simbine e Maria Salomé Massingue da Universidade Eduardo Mondlane de Moçambique, buscam, no artigo Percepção sobre a sexualidade da mulher com deficiência vs crenças culturais moçambicanas, entender como a mulher com deficiência e a sociedade moçambicana percebem a sexualudade. As autoras recorreram às análises de narrativas de mulheres com deficiência com idades variadas e em faixa etária reprodutiva e também de pessoas que conviviam com mulheres que se enquadram nesse critério. Os resultados foram comparados qualitativamente com a literatura existente sobre o tema.
Diênifer Kaus Silveira, Helen Sibelle Nogueira Gonçalves e Simone dos Santos Paludo da Universidade Federal do Rio Grande, no artigo Grupo de acompanhamento psicossocial para mulheres que vivenciaram violência: relato de estágio no Creas, apresentam uma experiência de estágio supervisionado em Psicologia no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Buscando descrever a proposta de acompanhamento psicossocial de um grupo de mulheres que vivenciaram violência doméstica e/ou familiar, as autoras discutem os objetivos dos encontros realizados ao longo de um ano de intervenção e analisam como experiências deste tipo podem contribuir para a formação em Psicologia.
Por meio de entrevista semiestruturada com mulheres cadastradas em uma Unidade Saúde da Família, as pesquisadoras do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz/PE), Maria das Graças Borges da Silva e Tereza Maciel Lyra, analisam em O impacto do beber feminino a percepção de usuárias de álcool sobre a relação entre o consumo abusivo da substância e eventos significativos em suas vidas. Para as pesquisadoras, uma das dificuldades desse recorte populacional em atribuir causalidade e efeito entre o consumo de álcool e problemas de saúde, de relações interpessoais e autocuidado, está associada a precariedade de orientação e educação acerca dos efeitos do uso de álcool nos programas de atenção à saúde da mulher.
Em Como acolher a religiosidade/espiritualidade em saúde: experiência com grupo operativo na pós-graduação, Lucas Rossato, Patrícia Paiva Carvalho, Daniela Braga Favarin, Deise Coelho de Souza e Fabio Scorsolini-Comin, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, apresentam o relato de 12 alunos de pós-graduação com formações que variam da Psicologia, Enfermagem, Serviço Social e Pedagogia, sobre a percepção dos mesmos acerca de seus cuidados em suas práticas profissionais no que tange ao acolhimento da dimensão religiosa e espiritual dos usuários dos serviços de saúde nas instituições em que atuam. Para os autores, a abordagem da dimensão religiosa e espiritual dos usuários de serviços de saúde pode ser vista como a aquisição de mais uma competência profissional no caminho da humanização de tais serviços.
Por meio de pesquisa bibliográfica, as autoras Samara Rodrigues de Souza e Maria Ignez Costa Moreira da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, apresentam reflexões relacionadas à relevância das redes construídas entre os equipamentos públicos de assistência social no apoio de crianças e adolescentes em acolhimento institucional. Intitulado Pensando sistemicamente sobre as redes de proteção social destinadas às famílias de crianças e adolescentes em acolhimento institucional, o artigo traz uma análise histórica no cenário nacional sobre as conquistas de direitos de crianças e adolescentes na superação das práticas institucionalizantes, guiada por um pensamento sistêmico.
Em Clima familiar na relação mãe-criança após exposição à violência por parceiro íntimo, Amanda Hoffmeister Hassmann e Clarissa De Antoni, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), investigaram o clima familiar na relação mãe e filho, anteriormente expostos à violência por parceiro íntimo contra a mulher. Para tanto, foram utilizadas diferentes estratégias metodológicas como questionário, entrevista e observação. Dentre os resultados, as autoras apontam para tensionamento e distanciamento afetivo no clima familiar, bem como, dificuldade de expressão de sentimentos. Por fim, as autoras demonstram que a violência sofrida no passado reverbera produzindo efeitos no clima familiar no presente.
No artigo intitulado Alta e cuidado no Caps I: o que mostram os prontuários? Carina Furlaneto Frazatto, da Universidade Estadual de Maringá, discute o cuidado em um Centro de Atenção Psicossocial I em um município do Paraná por meio do levantamento de dados presentes nos prontuários de usuários que receberam alta e foram acompanhados por períodos entre 1 a 11 anos a partir do ano de 2015. Neste trabalho, a autora busca problematizar o conceito e a prática da alta nos Caps, refletindo sobre possibilidades e fragilidades do Caps ao se constituir como um serviço substituto ao hospital psiquiátrico.
No artigo Psicologia Social Comunitária e Agroecologia: uma experiência de formação no contexto amazônico, Marcelo Calegare, Guilherme Vasconcelos Torres, Jolorena de Paula Tavares, Pedro Xavier Lana e Quezia Amaral Silva Teixeira, da Universidade Federal do Amazonas, abordam a experiência com um grupo de agricultores de alimentos orgânicos, que segue princípios agroecológicos. Os autores discutem as ações propostas no Plano de Ação elaborado e relatam as contribuições que a proximidade com os agricultores trouxe para a futura atuação profissional dos discentes da disciplina de Psicologia Social Comunitária, tais como a maior sensibilização acerca da realidade local amazônica e a aproximação com a Agroecologia e sua proposta de transformação da sociedade.
Os autores Pedro Henrique Lima Ximenes - psicólogo no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) em Meruoca e Maria Suely Alves Costa - professora da Universidade Federal do Ceará, no artigo A psicologia no âmbito da Assistência Social: relato de experiência, apresentam algumas reflexões acerca da presença da Psicologia no campo da Assistência Social, utilizando-se, para tanto, da observação de atendimentos e de visitas domiciliares realizadas no CRAS e CREAS. Os autores buscaram destacar os desafios inerentes ao trabalho da Psicologia no serviço público assistencial.
No artigo Estratégias de não apagamento: relação entre pesquisadora e pesquisadas e os tensionamentos do uso do TCLE - Termo de Consentimento Livre Esclarecido, as autoras Renata de Carvalho Nardelli, da Fundação Biblioteca Nacional, e Ana Claudia Lima Monteiro, da Universidade Federal Fluminense, abordam as problemáticas da relação entre pesquisadora e pesquisadas, diante da necessidade do uso do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em oficinas de experimentação socioafetiva na investigação acerca do ser-estar mulher que se relaciona amorosa-afetivamente com mulheres.
Damos as boas-vindas aos novos membros que se juntam à nossa equipe de editores: as doutorandas Aline Gonçalves, Joelma Santos, Júlia Loren, Raíssa Tete, Rosa de Souza, na expectativa de que o trabalho editorial acrescente elementos em sua formação e as convoque para a importante tarefa de manutenção deste periódico. Agradecemos também às parcerias que nos ajudaram a dar continuidade a este trabalho ao longo do ano de 2021.