Psicologia para América Latina
ISSN 1870-350X
EXPERIENCIAS Y PRÁCTICAS EN PSICOLOGÍA
Instrumento de classificação da complexidade emocional dos pacientes internados em hospital geral: relato de experiência
Rita de Cássia Calegari; Juliana Reis; Paula Soares; Vanessa Menon
Hospital e Maternidade São Camilo - São Paulo/SP - Brasil
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo descrever a experiência na elaboração e implantação de um instrumento eletrônico que possibilita classificar a complexidade emocional dos pacientes atendidos em um hospital geral pelo Setor de Psicologia. A metodologia utilizada é o relato da experiência. O instrumento desenvolvido dinamiza a assistência psicológica, assegura o acompanhamento dos casos de maior gravidade emocional durante a hospitalização, favorece a comunicação entre a equipe multiprofissional, contribui no controle dos riscos institucionais e facilita o planejamento da assistência psicológica. Os resultados alcançados demonstram que o instrumento possibilita melhor gerenciamento dos esforços e dos recursos humanos, aprimora a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e clarifica a atuação do Setor de Psicologia no acompanhamento dos casos atendidos.
Palavras-chave: Complexidade emocional, Psicologia Hospitalar, Padronização, Prontuário eletrônico, Evolução psicológica.
RESUMEN
Este trabajo tiene como objetivo general la descripción de la construcción e implementación de un instrumento electrónico que permite ordenar a la complexidad emocional de los pacientes asistidos por el equipo de psicología del hospital general. Para poder cumplir con el objetivo establecido, se utilizo de apuntes de los relatos realizados con respecto a la experiencia encontrada. El instrumento racionaliza la asistencia psicológica, asegura la vigilancia en los casos de mayor gravedad emocional durante la hospitalización, favorece la comunicación entre la equipe multiprofesional, contribuí en el control de riesgos institucionales y facilita la planificación de la asistencia psicológica. Los resultados muestran que el instrumento permite mejor gestión de los esfuerzos y de los recursos humanos, mejora la comunicación entre miembros del equipo multiprofesional y aclara la acción del Sector de Psicología en la vigilancia de los casos atendidos.
Palabras clave: Complexidad emocional, Asistencia psicológica, Estandarización, Prontuario electrónico.
ABSTRACT
This article aims to describe the experience in developing and implementing an eletronic instrument which can classify the emotional complexity of patients seen by a psychology departament in a hospital. The methodology used is the report of the experience. The developed instrument make psychological care faster, assures the assistance in severe emotional cases while hospitalized, benefits the communication amongst the multiprofissional team, contributes in controling institutional risks and also helps to plan psychological care. The results demonstrate that it is possible to better manage the energy and human resource, enhance the communication among the multiprofissional team and clarify the performance of psychological departament in the recorded cases.
Keywords: Emotional complexity, Psychological hospital care, Standardization, Electronic document, Psychological development.
1.INTRODUÇÃO
Muitas reflexões e teorias descrevem a influência dos aspectos emocionais do ser humano que padece de uma doença. “Há evidentes efeitos da mente sobre o corpo e deste sobre a mente. Uma intensa dor física interfere na mente. (...) Uma forte emoção interfere no físico e lhe tira a força.”( Mezzomo, 2003)
A Psicologia busca a compreensão da subjetividade do ser humano e estuda com interesse o adoecimento físico e suas repercussões emocionais e vice-versa.
A primeira publicação brasileira que reconhece a atuação do psicólogo hospitalar foi em 1983 (Camon,1996). A Psicologia Hospitalar utiliza o referencial clínico sem ser Psicologia Clínica por excelência. Sendo uma especialização da Psicologia, a prática hospitalar se concentra em torno dos aspectos relacionados ao adoecimento e hospitalização. Na prática hospitalar o foco da assistência não é a cura, mas sim, o amparo e a resignificação do sofrimento.
O adoecimento é considerado um evento potencialmente traumático, visto que além do sofrimento físico, há a ruptura da rotina, limitações impostas pela hospitalização, sentimentos de despersonalização, ansiedade, medo e insegurança. Pode-se afirmar que a maioria dos pacientes hospitalizados, apresentarão algum grau de sofrimento emocional, variando de acordo com suas características pessoais, gravidade da doença, repercussão e impacto do tratamento. “Conferir prioridade aos problemas biomédicos por interpretá-los como essenciais á existência, a ponto de não dispensar a devida atenção aos eventos mentais por interpretá-los como fenômenos secundários resulta em medicina de má qualidade.” (Lopez, 2001)
Na atuação diária da equipe de Psicologia, observa-se a necessidade de estabelecer critérios claros e objetivos para o sucesso do trabalho psicológico proposto: o de apoiar, orientar e auxiliar tanto pacientes e familiares como a equipe multiprofissional , sem desviar a atenção dos casos onde este indivíduo doente encontra-se frágil e instável, incapaz de contribuir para o próprio tratamento e recuperação ou ainda, dificultá-lo com seus temores e angústias.
O psicólogo hospitalar está inserido nesta relação de cuidado ao doente, sem esquecer que o sofrimento despertado pelo adoecimento atinge não somente o paciente, mas seu círculo familiar e social.
“A psicologia hospitalar define como objeto de trabalho não só a dor do paciente, mas também a angústia declarada da família, a angústia disfarçada da equipe e a angústia geralmente negada dos médicos.” (Simonetti,2004)
A assistência e suas técnicas são parte da rotina do psicólogo no hospital. Outras responsabilidades se somam a ela: a de se comunicar (eficaz e eficientemente) com a equipe multiprofissional, a busca de melhorias continuadas nos processos de trabalho, otimizar recursos, desenvolver novas abordagens, pesquisar, propagar conhecimento e capacitar os futuros profissionais.
Diante da adoção do processo de acreditação hospitalar e da implantação dos programas de qualidade nos hospitais, a padronização dos procedimentos assistenciais com a preocupação na excelência de serviços e da gestão exige das diversas áreas de atuação hospitalar o refinamento dos seus processos de trabalho. O hospital passa a ser gerenciado como uma empresa, assegurando sua qualidade e sustentabilidade através do gerenciamento detalhado dos seus recursos, uso de ferramentas administrativas e visão de negócio.
“O gerenciamento da rotina é a base da administração da empresa, devendo ser conduzido com o máximo cuidado, dedicação, prioridade, autonomia e responsabilidade.”(Campos, 2004)
Com esta preocupação, desenvolver um instrumento de avaliação da complexidade emocional que possa direcionar o número de visitas da equipe de Psicologia, otimizando a assistência sem perder o que lhe é mais precioso (a subjetividade humana) tornou-se um desafio para as autoras. Clarificar para a equipe de saúde as condições emocionais observadas (do paciente, da família e da relação destes com a equipe), incluindo as reações frente ao adoecimento, a dinâmica familiar, mecanismos de adaptação utilizados e o sucesso ou falha destes, é um dos papéis atribuídos ao psicólogo hospitalar.
A comunicação entre os membros da equipe de saúde é apontada como fator chave de sucesso na assistência multiprofissional e neste aspecto, é necessário compartilhar a assistência psicológica realizada (sem quebra do sigilo ético) para facilitar e melhorar a comunicação da equipe de Psicologia com os outros profissionais, oferecendo-lhes subsídios para melhor assistir o paciente e sua família.
“A comunicação é um processo imprescindível na ação administrativa, pois permite a realização de ações coordenadas entre os seus demais níveis, minimizando as diferenças e aproximando as pessoas pela compreensão do porquê das variadas percepções. Envolve, portanto, as relações de intercâmbio de informações, idéias, ordens e fatos.”(Silva, 1996)
Boa comunicação se reflete na diminuição dos “ruídos” comuns entre os membros da equipe de saúde, que confundem, estigmatizam, propiciam desentendimentos e enfraquecem a atuação em conjunto da equipe, o que se reflete inevitavelmente na relação do paciente e de seus familiares com a experiência da hospitalização. Para tanto, o prontuário com seus diversos documentos, necessita de clareza e objetividade na comunicação das informações.
2. METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência da atuação do Setor de Psicologia no Plano de Assistência Integrada (PAISC) desenvolvido pela Direção Assistencial, no desenvolvimento de um instrumento que classifica a complexidade emocional associando-o ao controle de riscos institucionais num Hospital Geral privado de 220 leitos no Município de São Paulo (SP), Brasil, no período de novembro de 2007 a novembro de 2008.
3. RELATO DE EXPERIÊNCIA
3. 1. O Desenvolvimento de Instrumento (apêndice A)
O Setor de Psicologia desenvolveu o instrumento “Acompanhamento do Setor de Psicologia” com objetivo de classificar de forma clara e objetiva a complexidade emocional do caso atendido, definir o nº de visitas para o paciente/familiar e para auxiliar o controle de riscos institucionais, contribuindo desta forma com a qualidade e a segurança da assistência prestada ao paciente enquanto hospitalizado na instituição.
O consenso entre os membros do Setor de Psicologia foi que o instrumento não estabeleceria o psicodiagnóstico do caso atendido, pois muitas vezes o período de internação e as condições hospitalares tornam o psicodiagnóstico impreciso e impraticável.
O primeiro modelo do instrumento foi desenvolvido entre janeiro e março de 2008 – com a participação da equipe de Psicologia composta por uma psicóloga e três estagiárias de graduação, que se reuniram para estudar e discutir a teoria e a prática hospitalar e sua aplicação dentro da proposta de trabalho.
Foram realizadas 07 reuniões totalizando 14 horas entre discussão e treinamento do uso do instrumento.
Esta fase foi importante para capacitar as estagiárias de graduação para o preenchimento do instrumento e principalmente na correta aplicação dos primeiros cuidados psicológicos ao paciente/familiar hospitalizado. Após a aprovação da diretoria do hospital, o instrumento foi apresentado aos enfermeiros e médicos, com objetivo de orientar sobre o mesmo, ouvir sugestões e esclarecer dúvidas. A aceitação do instrumento foi imediata e positiva. Durante um mês (abril), o instrumento foi testado, sendo preenchido 313 vezes pela equipe de Psicologia. Fluxogramas detalhando a assistência psicológica para cada unidade de internação, foram descritos, estabelecendo a rotina do trabalho implantado.
Nesta fase de testes, foi detectada a necessidade de realizar algumas inclusões no instrumento, para que ele pudesse atender plenamente à equipe de Psicologia em relação à assistência prestada. Foram incluídos os itens: “repercussão emocional relevante associada ao tratamento” e “evidência de instabilidade na evolução do quadro clínico e/ou emocional”, na classificação da complexidade emocional do caso.
Esses dois novos itens possibilitaram a inclusão dos aspectos clínicos como variáveis importantes nos aspectos emocionais apresentados pelo paciente/familiar e adequaram a classificação ao suporte psicológico e o número de visitas requerido em determinadas situações.
Como a instituição preconiza entre seus valores, a segurança do paciente e o controle dos riscos institucionais, foram incluídos no instrumento sintomas considerados relevantes para o acionamento da equipe de Psiquiatria. Na observação de um ou mais destes sinais ou sintomas, é sinalizado no instrumento a sugestão da solicitação da avaliação do psiquiatra (sendo este acionamento opção do médico responsável pelo paciente). Este item foi previamente discutido com os psiquiatras do hospital, que sugeriram os sintomas que a equipe de Psicologia pudesse observar. São eles: sinais ou sintomas de risco de suicídio; sinais de previsão de comportamento violento; alterações do pensamento e mudança intensa de humor.
A partir de maio de 2008, com o instrumento já testado, alterado, treinado e apresentado aos membros da equipe de saúde o mesmo foi oficialmente incluído no prontuário do paciente (eletrônico e de papel).
O prontuário eletrônico com seus diversos documentos possibilita agilidade e facilidade no registro e acesso ás informações do prontuário pelos membros da equipe de saúde, em tempo real e de qualquer unidade de internação do hospital. Assim, o médico ou outro profissional da equipe de saúde pode obter informações sobre os pacientes, mesmo quando realiza assistência em outra unidade do hospital. O acesso eletrônico às informações agiliza a tomada de decisão em relação a condutas, manejo e acompanhamento do caso, contribuindo para o alcance da excelência dos serviços.
A Assessoria Jurídica do hospital e o Conselho Regional de Psicologia foram consultados previamente à oficialização do instrumento, para opinarem em relação ao mesmo e em relação a participação das estagiárias. Ambos os órgãos consultados foram favoráveis desde que sendo respeitando a legislação vigente no país (código de ética dos psicólogos, contrato firmado entre hospital e entidade de ensino, capacitação e supervisão das estagiárias).
3.2. – Detalhamento do instrumento:
O instrumento primeiramente estabelece quem é o foco da visita: paciente ou familiar.
Na seqüência é assinalado o motivo da visita: compulsório para trauma, compulsório para longa permanência, solicitação da equipe de saúde, solicitação do paciente/familiar, rotina do setor e antecipação via equipe.
O termo “compulsório para trauma” e “compulsório para longa permanência” são as situações descritas no Plano de Assistência Integrada São Camilo – PAISC, onde a atuação do Setor de Psicologia se dá compulsoriamente para casos de: acidentes automobilísticos, ferimentos por arma branca (FAB), ferimentos por arma de fogo (FAF), amputações, óbitos, abortos, intoxicação exógena, tentativas de suicídio, estupro (definidos como situações traumáticas) e internações com período superior a 15 dias.
Em seguida, selecionam-se as opções que definem o contexto observado:
-Alteração emocional grave do paciente
-Alteração emocional grave do cuidador/familiar
-Relacionamento com equipe de saúde hostil
-Evidência de instabilidade na evolução do quadro clínico e/ou emocional
-Alteração emocional moderada do paciente
-Alteração emocional moderada do cuidador/familiar
-Relacionamento com equipe de saúde prejudicado
-Repercussão emocional relevante associada ao tratamento
-Alterações emocionais leves do paciente
-Alterações emocionais leves do cuidador/familiar
- Sem alterações emocionais perceptíveis no paciente
-Sem alterações emocionais perceptíveis no cuidador/familiar
-Relacionamento com equipe de saúde adequado
A definição da classificação é sempre pelo item de maior gravidade, logo um único item assinalado em “alta complexidade” é o suficiente para classificar o caso como “A” (alta complexidade) mesmo que outros itens assinalados sejam de baixa, comum ou sem demanda (ver apêndice).
De acordo com a classificação (“A”, “B”, “C” ou “D”) a conduta é definida, compreendida não como a ação terapêutica a ser desenvolvida, mas sim o dimensionamento de visitas do Setor de Psicologia para o caso.
Casos classificados como “Alta Complexidade Emocional”, serão visitados pelo membro da equipe de Psicologia diariamente até o rebaixamento da complexidade ou alta hospitalar do paciente.
Casos classificados como “Baixa Complexidade Emocional”, serão visitados pelo membro da equipe de Psicologia de duas a três vezes por semana ou alta hospitalar do paciente.
Casos classificados como “Comum/Esperado pela Situação”, serão visitados pelo membro da equipe de Psicologia uma vez por semana ou alta hospitalar do paciente.
Casos classificados como “Sem demanda atual”, serão reavaliados quinzenalmente pelo membro da equipe de Psicologia ou alta hospitalar do paciente.
É importante ressaltar que a conduta de visitas pode ser alterada a qualquer momento, mediante simples comunicação da equipe multiprofissional com o Setor de Psicologia e que, a cada nova visita, o caso é reavaliado, mantendo-se ou não a classificação anterior. Após a classificação da complexidade do caso, a próxima visita será programada (pelo membro da equipe de Psicologia, em agenda específica para este fim).
Finalizando o instrumento, há um espaço reservado para o registro da visita, que conterá o resumo dos aspectos relevantes observados, respeitando-se o sigilo das informações. Quando preenchido pelos estagiários, a evolução da visita finaliza com o nome do estagiário e o nome do psicólogo supervisor. O documento é emitido com o nº do conselho da psicóloga do hospital, que diariamente lê, supervisiona e efetua, quando necessário, as correções dos instrumentos preenchidos, assinando-o mais a estagiária para finalmente o instrumento ser anexado ao prontuário do paciente.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao ser incluída nas áreas de cuidados aos pacientes hospitalizados, a Psicologia pode enriquecer com sua escuta diferenciada, atenção à subjetividade de cada ser humano e vocação para amparar diante de crises muitas vezes insolúveis, a assistência hospitalar oferecida ao paciente e seus familiares.
Na relação do profissional da Psicologia com seus parceiros de assistência, o psicólogo agrega valor para a equipe multiprofissional e também “deixa-se” agregar, quando compartilha experiências e saberes. Veio da relação diária com a equipe de Enfermagem, parte da inspiração para o desenvolvimento do instrumento apresentado, já que é referência em dimensionamento dos recursos humanos na assistência hospitalar. “A literatura apresenta vários instrumentos de classificação de pacientes, que possibilitam a identificação do grau de dependência dos pacientes em relação à equipe de enfermagem.” (Bordin, 2008)
Facilitar a compreensão da análise e da prática psicológica é uma idéia com a pretensão de fortalecer a atuação do psicólogo nos hospitais.Muitas vezes, nossos parceiros de assistência apresentam dificuldades para a compreensão da dinâmica do trabalho psicológico e nós, psicólogos, não a clarificamos e nos comunicamos de forma subjetiva e compreensível somente para outros psicólogos. Tal como uma fotografia, o instrumento mostra a condição situacional dos principais aspectos psicológicos do caso atendido e sua evolução no decorrer dos atendimentos seguintes, contribuindo para o manejo da problemática observada, direcionando a equipe de Psicologia para os casos de maior complexidade emocional e apoiando a tríade paciente-família-equipe nas etapas mais angustiantes da hospitalização.
Na leitura do instrumento, a equipe de saúde pode obter informações acerca dos aspectos observados e analisados pelo membro da equipe de Psicologia que visitou o paciente e qual o nível de “atenção” que será dispensado à problemática observada, que estará associada às respostas do paciente e/ou familiares frente ao processo da hospitalização. O instrumento não expõe aspectos do paciente e sua família que não sejam relacionados diretamente à hospitalização, preservando o sigilo de informações, papel básico do psicólogo.
Sistematizar a assistência psicológica e direcioná-la para os casos em que paciente e familiares vivenciam o adoecimento com gravidade, tornando-se (mesmo que temporariamente) incapazes de lidar com as angústias despertadas com seus próprios recursos internos ou quando esses recursos não são suficientes diante da intensidade do sofrimento, torna o apoio emocional centro da assistência psicológica oferecida.
“Durante muito tempo as organizações sobreviveram atendendo a promessa de produzir mais e melhor.Hoje, além disso, elas necessitam produzir mais barato, mais rápido e apresentar o seu diferencial.” (Ruthes e Cunha, 2008)
O instrumento possibilita a adequação de recursos humanos do Setor de Psicologia, pois oferece um panorama da complexidade dos casos em atendimento, auxiliando a dimensionar os esforços da equipe.
As antecipações da visita do Setor de Psicologia via equipe de saúde ocorreram na maioria das vezes pelo agravamento das condições clínicas, comportamentais ou por solicitação espontânea do paciente/familiar. Este evento é pouco controlável e exige da equipe de Psicologia flexibilidade para se adequar à demanda imprevista. Outra informação que as antecipações solicitadas pela equipe de saúde puderam fornecer é a respeito da própria eficácia da classificação realizada pela equipe de Psicologia já que mais antecipações podem sugerir que a classificação não foi adequada. Nestes casos, esse item pode contribuir para a mensuração de possíveis falhas, propiciando correções e treinamento interno.
Observou-se neste período que em todos os casos sinalizados com a sugestão de avaliação do psiquiatra, o médico responsável pelo paciente acionou a equipe de Psiquiatria, que avaliou o caso e manteve o acompanhamento durante o período de hospitalização, evidenciando que os sintomas ou sinais apontados no instrumento foram adequados para indicar aspectos psíquicos patológicos.
Utilizar para a aplicação do instrumento o recurso eletrônico disponível na instituição foi essencial para gerenciar as informações obtidas.
“A utilização de recursos da informática é de vital importância para dar confiabilidade, velocidade e segurança na fluidez das informações, para o processo de tomada de decisões.”( Borba, 2006)
Dada sua característica eletrônica, é possível obter informações dos instrumentos preenchidos diariamente, o que permite à psicóloga responsável e aos gestores do hospital, acessar por unidade de internação informações como: nº parcial e total de casos atendidos (mês/ano),motivos de atendimentos (compulsórios, solicitação equipe, solicitações paciente/familiar, rotina do setor e antecipação da visita),sinais/sintomas assinalados para sugestão da avaliação psiquiátrica e complexidade emocional dos casos.
O instrumento é “jovem” e amadurecerá com o tempo. No presente, os bons frutos estimulam as autoras a continuarem firmes em seu propósito de contribuir para uma assistência de qualidade com melhorias contínuas dos seus processos de trabalho, fortalecendo o papel do psicólogo junto à equipe multiprofissional.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORDIN,L.C.,2008,“Distribuição do tempo das enfermeiras:identificação e análise em unidade médico cirúrgica”, São Paulo, Brasil, Dissertação de Mestrado USP.
BORBA, V.R., 2006, “Do planejamento ao controle de gestão hospitalar: instrumento para o desenvolvimento empresarial e técnico”, Rio de Janeiro, Brasil,Ed. Qualitymark.
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CAMPOS, V.F., 2004, “Gerenciamento da rotina do trabalho do dia-a-dia”, Rio de Janeiro, Brasil, Ed. INDG tecnologia e Serviços Ltda.
LOPEZ, M., 2001, “O processo diagnóstico nas decisões clínicas: Ciência – Arte – Ética”, Rio de Janeiro, Brasil,Ed. Revinter.
MEZZOMO, A.A. et al., 2003, “Fundamentos da humanização hospitalar: uma versão multiprofissional”, Santos, SP, Brasil, Local:Editora.
RUTHES, R.M e CUNHA, I.C.O., 2008, “Gestão por competências nas instituições de saúde”,São Paulo, Brasil,Ed. Martinari.
SILVA, M.J.P., 1996,”Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações interpessoais em saúde”, São Paulo, Brasil, Ed.Gente.
SIMONETTI, A., 2004, “Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença”,São Paulo, Brasil, Ed.Casa do Psicólogo.
E-mail: psicologia.pompeia@saocamilo.com
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