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Notícias: I Colóquio Internacional Atividades e Afetos

Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia acompanhou o I Colóquio Internacional Atividades e Afetos, um encontro de sucesso, traduzido em diálogos efetivos entre universidade, movimentos sociais e movimentos culturais, realizado pela UFMG e pelo Laboratório de Psicologia do Trabalho/UFMG, com o apoio da Capes, da Fapemig, do Conselho Regional de Psicologia, PAIE (PROEX/UFMG), Departamento de Psicologia e programa de Pós-graduação em Psicologia da UFMG, entre outras parcerias importantes. Entre os dias 14 e 16 de Maio de 2008 o campus da UFMG viu não apenas a reunião de um expressivo número de participantes, com a apresentação de trabalhos de qualidade, em uma perspectiva transdisciplinar, mas, sobretudo, viu-se invadido pelas possibilidades do encontro com a ação e a transformação, no diálogo entre os saberes. Esse diálogo esteve materializado na práxis inserida na presença dos movimentos sociais, bem como pela via da arte e da cultura e, nos dois casos, pelo deslocamento do lugar hegemônico dos saberes da universidade e da ciência, para a proximidade ao cotidiano e à vida. A proposta, transgressora ao subverter determinadas formatações da academia, evidenciada pelo uso de espaços diferenciados, bem como pelo formato das atividades previstas, gerou desdobramentos importantes tais como a manutenção dos grupos de trabalho, as intervenções realizadas in loco e, principalmente, o tensionamento do conhecimento produzido pela ciência no encontro com lideranças sindicais, presos, artistas, prostitutas, catadores de papel, estudantes, capoeiristas, moradores de rua, trabalhadores, professores, enfim, na porosidade da vida, no encontro com o afeto e a atividade. Entre inscritos e convidados, estiveram presentes cerca de 500 participantes, dos quais 336 apresentaram trabalhos, com representação internacional. Foi igualmente expressiva a participação de representantes e militantes de movimentos sociais tais como: Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável, Movimento Nacional da População de Rua, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Rede Brasileira de Prostitutas, Associação de Catadores de Papel e Material Reciclável de Belo Horizonte - ASMARE, Sindicatos de Trabalhadores em Mineração, Sindicato de Trabalhadores em Eletricidade, Sindicato de trabalhadores Metalúrgicos e Sindicato de Professores, Pastoral Carcerária. Participaram também grupos culturais com forte apelo social como Negras Ativas, Grupo do Beco, Grupo de Capoeira Eu sou Angoleiro e, ainda, o coletivo Negros da Unidade Consciente, além de participantes dos Programas Pedagogia da Terra, Licenciatura do Campo, Conexão de Saberes da UFMG e Conexão de Saberes sobre o Trabalho.

Dentre as atividades desenvolvidas, os participantes experimentaram mini-cursos, oferecidos por representantes de movimentos sociais e culturais, juntamente com professores brasileiros e estrangeiros; a exibição comentada do documentário Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho; a Instalação intitulada "Cartografias em Caixas"; a interlocução constante entre os saberes, ao longo das Conferências e Seminários Temáticos, bem como na produção de espaços efetivos de diálogo, por meio dos Círculos de Debate - que ocuparam gramados e arenas do campus - e dos Grupos de Trabalho. As propostas estavam delimitadas pelos eixos de trabalho propostos para todo o evento, a saber: 1. Atividades e Afetos: modos do fazer e do pensar; 2. Saberes sobre o Trabalho; 3. Intervenções em Espaços Urbanos; 4. Corpo, Arte e Subjetivação; 5. Formas de Resistência: margens e derivas e, finalmente, 6. Metodologias e Intervenções. Essas atividades foram definidas no intuito de contribuir para que o pensamento científico alcance uma discussão transdisciplinar e uma ação propositiva, justamente pela necessidade premente de compreender fenômenos cada vez mais complexos, abarcando questões de cunho político, afetivo, e de abrangência tanto local quanto mundial.

Desta forma, o desenrolar dessas ações, voltadas para a realidade, em contato com os grupos organizados e/ou não-institucionalizados, que buscaram construir respostas frente às questões propiciadas por esse momento de crise e renovação, um esforço desafiador, mas necessário pois vivemos num mundo eminentemente urbano, favelizado, econômico, em que a busca constante pela felicidade e pelo gozo vai ao encontro, a todo momento, do jogo do consumo, dos valores líquidos e das palavras vazias. Este contexto coloca em relação dialética, de um lado, os eventos desintegradores das relações sociais e, de outro, as dimensões subjetivas e políticas das forças de resistência a tais rupturas, visando a uma permanente reconstrução dos vínculos sociais e a uma democratização do mundo público. É neste sentido que a proposta do I Colóquio Internacional Atividades e Afetos se materializou, no esforço de compreender os liames sociais, de maneira aprofundada e comprometida, a partir deste quadro complexo, especialmente no que diz respeito ao afeto e às formas de atividade na relação tempo/espaço contemporânea - numa tessitura de compreensão fiada na relação ciência/realidade. Assim, a proposta de encontro dialógico foi cumprida, pela promoção de espaços de pensamento e ação, aproximando a comunidade universitária de outros sujeitos sociais - um encontro entre a diversidade, a cultura e a produção do conhecimento.

Maria Luísa M. Nogueira