Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia
ISSN 1983-8220
https://doi.org/10.36298/gerais2019110101
EDITORIAL
Editorial
Apresentamos ao leitor de Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia o número 1 do volume 11 de nossa revista, cujos artigos, resultantes de pesquisas empíricas, revisões de literatura e relatos de experiência, expressam a marcante diversidade teórica, metodológica e temática da Psicologia. Como é de conhecimento de nossos leitores, coerentemente com a proposta de uma revista interinstitucional, a cada dois anos passamos por uma renovação na Editoria Geral. Assim, o Prof. Fabio Roberto Rodrigues Belo (UFMG), que foi Editor Geral da revista no período 2016-2017, despede-se dessa função, ocupando, agora, o Corpo Editorial da revista como Editor Associado.
Nos dois anos em que o Prof. Fabio esteve à frente da Editoria Geral, Gerais conquistou importantes avanços. Dentre outros, vale ressaltar a reformulação e a melhor definição das funções da Comissão Editorial Executiva; a presença de Gerais em novos indexadores, diretórios e repositórios; a abertura de um novo sistema para recepção dos artigos baseado do Portal Eletrônico de Periódicos em Psicologia (Pepsic) e, principalmente, a conquista do tão almejado estrato B1 de avaliação pela área de Psicologia da Capes.
A nosso encargo, no lugar de Editor Geral, fica o desafio de manter essas tão importantes conquistas, conduzindo a conclusão do processo de transição dos sistemas de submissão, a consolidação da Comissão Editorial Executiva mantendo-se membros das três universidades (UFU, UFMG e UFSJ), e a pontualidade na publicação dos novos números. O intenso trabalho coletivo do Corpo Editorial, fruto dos já mais de 10 anos de existência da revista será, como sempre, fundamental nesse processo. Da mesma forma, o apoio do Setor de Editoração Eletrônica (SEDIT) da UFSJ continua sendo imprescindível, e este número contou também com o apoio financeiro do Edital 01/2017 para Periódicos Científicos Vinculados a Programas de Pós-graduação Filiados à ANPEPP.
O número 11(1) é aberto pelo trabalho Competências socioemocionais: análise da produção científica nacional e internacional, de Maristela Volpe dos Santos, Talita Fernanda da Silva, Gabriela Fabbro Spadari e Tatiana de Cássia Nakano. Partindo da relevância das competências socioemocionais nos resultados pessoais, educacionais e laborais, o estudo analisou a produção científica nacional e internacional acerca da temática. As autoras notaram que as áreas de Psicologia do Desenvolvimento e Educação se destacam no interesse pela temática no período revisado, com poucos estudos empreendidos por psicólogas(os) brasileiras(os) e na área da avaliação psicológica.
O artigo Gênero como uma categoria de análise nos estudos brasileiros sobre mulheres e consumo de crack, de autoria de Maria Eduarda Freitas Moraes, Adriane Roso e Michele Pivetta de Lara, realizou uma revisão teórica de 30 publicações presentes em duas bases de dados, perfazendo aproximadamente 15 anos, acerca de práticas de consumo de crack. As autoras salientam que o uso dessa droga entre mulheres não é considerado, no geral, a partir de uma perspectiva psicossocial e de gênero, com destaque entre os artigos revisados para o uso de crack como problema de saúde.
Em Avaliação psicológica em escolares: relação entre personalidade, autoconceito e habilidades sociais, Natália Costa Simões e Paulo Francisco de Castro comparam e correlacionam as características da personalidade, do autoconceito e das habilidades sociais em grupos de escolares em uma pesquisa empírica. Os autores observaram correlações entre vários constructos concernentes às dimensões avaliadas: psicoticismo e sociabilidade, psicoticismo e assertividade, psicoticismo e padrão ativo, sociabilidade e autoconceito familiar, autoconceito pessoal e autoconceito social, passividade e padrão ativo.
No artigo Compreendendo o ambiente familiar no contexto da reprovação escolar de adolescentes, as autoras Fénita Manuel Mahendra, Tagma Marina Schneider Donelli e Angela Helena Marin apresentam os resultados de um estudo de casos múltiplos nos quais famílias são tomadas como unidades de análise a fim de se compreender a relação entre a qualidade do ambiente familiar e o desempenho escolar de adolescentes. As autoras observaram que em famílias de adolescentes sem histórico de reprovação escolar há maior equilíbrio entre a independência e o controle parental, com estímulo à religiosidade, coesão e união.
No estudo qualitativo Dialogia, self e lócus de identidade externo em pastores protestantes, Adriano Pereira Jardim e Mariane Lima de Souza investigam a relação entre self e identidade com base na noção de posições identitárias partindo-se de entrevistas realizadas com oito pastores protestantes. Dentre outros achados, os autores discutem que os entrevistados revelam um senso de unidade pessoal difuso e sob o prisma de uma percepção hipergeneralizada da identidade pessoal.
Joelma Cristina Santos e Walter Melo, por sua vez, em Estudo de saúde comparada: os modelos de assistência no Brasil, Canadá e Cuba, analisam a influência das políticas públicas de saúde canadense e cubana na constituição da atenção primária à saúde brasileira, em especial, quanto à Estratégia de Saúde da Família. Os autores discutem a existência de similaridades entre as políticas de saúde de Cuba e do Brasil, com diferenças marcantes entre as políticas brasileiras e as canadenses.
O texto Uma experiência psicanalítica na clínica escola, de Rosangela Malard Neves Rocha, Pauliana Carolina de Souza e Cléria Maria Bittar, relata a construção de um caso pautado na clínica psicanalítica em que o "olhar" é tomado com um significante com base no qual se interpreta o aliciamento da mãe pelo gozo no que tange à relação com seu primogênito. As autoras apontam que o tratamento psicanalítico adotou a direção de apontar a falta como um operador que levou a "toda-mãe" em vir a ser "não-toda mulher".
Em Relações entre violência, clima familiar e transtornos mentais na adolescência, Raquel Fortini Paixão, Naiana Dapieve Patias e Débora Dalbosco Dell'Aglio Correio relatam os resultados da aplicação de dois questionários e um inventário em 359 adolescentes para investigar as relações entre violência intrafamiliar, clima familiar e sintomas de transtorno mental na adolescência. As autoras notaram que, isoladamente, conflito, apoio e violência intrafamiliar explicaram juntas a maior parte da variação dos escores do Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), apontando a relevância de intervenções que visam promover a saúde mental na adolescência.
Paula Costa de Andrada, Paulo Henrique Macedo, Thalita Camargo Gasparelli, Flávia Camile de Oliveira Canton, Marina Brandão Rovida e Pâmela Suelen Gama da Cruz, em Possibilidades de intervenção do psicólogo escolar na educação inclusiva, apresentam os resultados de uma pesquisa bibliográfica que realizou o mapeamento das práticas de inclusão escolares. Os autores destacam a incipiências das ações relatadas na literatura e as várias lacunas na literatura da área com relação à atuação da(o) psicóloga(o) nas ações de inclusão no ambiente escolar.
Em Grupos de trabalhadores segurados do INSS com doenças lombares, Maria do Carmo Baracho de Alencar, Maria Izabel Calil Stamato e Maria Izabel Calil Stamato relatam a experiência de atendimento de trabalhadores com doenças lombares que se encontravam em reabilitação profissional, como parte de uma intervenção realizada em um estágio curricular. Segundo as autoras, a intervenção realizada demonstrou o potencial de ações interdisciplinares, inclusive com a Psicologia, nos Programas de Readaptação ao Trabalho.
O estudo Transição de carreira em adultos brasileiros: uma revisão da produção científica, realizado por Daniela Bach Rizzatti, Adriana Malheiros Sacramento, Viviane de Souza Valmorbida, Viktoria Pereira Mayer, Manoela Ziebell de Oliveira, fez o levantamento de 10 artigos publicados entre 2000 e 2015 acerca da temática da transição de carreira em adultos. As autoras ressaltam a importância do planejamento de carreira e do conhecimento do mercado de trabalho durante o processo de transição, indicado pelas autoras como um momento de reflexão, autoconhecimento e tomadas de decisões.
Finalmente, em Efeitos do desemprego sobre o casal: uma revisão sistemática, Joyce Aguiar, Marisa Matias, Elizabeth Joan Barham e Anne Marie Fontaine realizam uma revisão sistemática sobre estudos acerca do desemprego, enfatizando nessa oportunidade suas consequências sobre os casais, dado que habitualmente estuda-se o indivíduo isoladamente. Após os procedimentos de seleção, foram analisados 22 artigos, os quais ressaltaram efeitos majoritariamente negativos do desemprego para o casal, sendo o gênero uma variável central a ser considerada quanto às consequências do desemprego.
Uma boa leitura é o que desejamos a todos que acompanham Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia.
Marcelo Dalla Vecchia
Editor Geral