EDITORIAL

Definitivamente, estamos vivendo um período de revigoramento da Psicologia Organizacional e do Trabalho no Brasil. Nos últimos três anos, foram fundadas a rPOT - revista Psicologia, Organizações e Trabalho e a SBPOT - Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Agora vem à luz um livro há muito esperado e que servirá como texto básico para disciplinas dos cursos de graduação ou, mesmo, dos programas de pós-graduação da Psicologia e também da Administração, bem como para a atualização dos profissionais: Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil (ver referência completa no fim deste Editorial). Além disso, teremos em julho o primeiro congresso voltado especificamente para a área, em dimensão nacional, congregando os profissionais, acadêmicos ou não: I CBPOT - Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho. Sem dúvida, tais eventos muito contribuem para firmar as atividades que vêm sendo desenvolvidas, difundi-las entre um público mais amplo e fortalecer a identidade dos profissionais deste segmento da Psicologia.

Neste fascículo contamos com sete artigos e uma resenha. Yára Lúcia Mazziotti Bulgacove e Felipe Zilles Castiglia apresentam um programa para o desenvolvimento do idoso, construído com base na abordagem substantiva de organização, proposta por Alberto Guerreiro Ramos. Jorge Castellá Sarriera e Marli Appel da Silva visaram compreender, por meio de recursos da pesquisa qualitativa, as vivências e os sentidos conferidos ao trabalho pelos gerentes de empresa privada de grande porte. Maria Marcela Fernández de Claro, Sílvio Paulo Botomé e Olga Mitsue Kubo tiveram como objetivo caracterizar alguns aspectos das condições de vida, trabalho e saúde de trabalhadores do comércio varejista e de comportamentos apresentados no local de trabalho em uma cidade turística, com atividades de trabalho marcadas pela sazonalidade. Carla Faria Marrone e Ana Magnólia Mendes investigaram o prazer e o sofrimento de trabalhadores em atividades informais, na perspectiva da psicodinâmica do trabalho, com o objetivo de analisar as relações entre as vivências de prazer e de sofrimento, as caracterÍsticas da organização do trabalho e a dinâmica do reconhecimento. Sônia Maria Guedes Gondim, Fernanda Brain e Marina

Chaves também com recursos da pesquisa qualitativa, pesquisaram as relações entre formação escolar, perfil profissional e mercado de trabalho, na percepção de profissionais de recursos humanos e foco no perfil demandado pelo mercado, nas dificuldades de recrutar e selecionar profissionais habilitados, nas alternativas adotadas pela empresa diante do insucesso do processo seletivo e nas lacunas entre a formação escolar e o mercado de trabalho. Carla Barroso da Costa e Sônia Mana Leite Ribeiro do Vale investigaram os efeitos do treinamento de metodologia para instrutores de uma organização, por meio da análise das relações existentes entre variáveis antecedentes e variáveis-critério. Gisela Demo apresenta uma revisão bibliográfica, do período entre 1996 e 2001, sobre comprometimento no trabalho, com foco especial nos estudos empíricos engendrados em nível nacional e sintetizando pesquisas recentes em nível internacional. Por fim, Patrícia C. Silveira Tosi e Sílvio Paulo Botomé, em resenha de obra lançada há doze anos, retomam problemas que permanecem no âmbito da Psicologia brasileira, com intuito de amadurecimento e ampliação do que constitui o campo de atuação profissional dos psicólogos.

Entusiasmados com os avanços que os profissionais da área da Psicologia Organizacional e do Trabalho têm projetado e concretizado nos últimos anos, estamos ainda mais motivados pelos rumos que estão sendo delineados e pelas contribuições que a rPOT pode prestar nesta construção.

José Carlos Zanelli
Editor Geral

Referência

ZANELLI, J. C.; BORGES ANDRADE, J. E.: BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004.         [ Links ]