Revista Psicologia Organizações e Trabalho
ISSN 1984-6657
RABELO, Laís Di Bella Castro; CASTRO, Marcelle La Guardia Lara de SILVA, Julie Micheline Amaral. Dublês do setor elétrico: reflexões sobre identidade e trabalho terceirizado. []. , 16, 2, pp.166-175. ISSN 1984-6657. https://doi.org/10.17652/rpot/2016.2.647.
^lpt^aPartindo do pressuposto que o trabalho é fator estruturante da vida psíquica e social dos sujeitos, buscou-se compreender a relação entre a construção identitária e o processo de terceirização do trabalho no setor elétrico de Minas Gerais. Para tanto, utilizou-se da associação de dados obtidos por meio de revisão bibliográfica e estudo de caso que contemplou entrevista em profundidade com um trabalhador terceirizado do setor. Verificou-se um cenário de precarização associado à vulnerabilidade da saúde e segurança dos trabalhadores, impactando diretamente na fragilização de sua identidade social. O trabalhador eletricitário entrevistado afirma se sentir um dublê, aquele que substitui o trabalhador do quadro próprio, mas em piores condições e sem o devido reconhecimento, assumindo o perigo da cena sem receber os créditos da atuação. Considerando que a precariedade como situação de trabalho é também uma condição de experiência, e que não há dinâmica separada entre o que o trabalhador experimenta e como ele se autoconstrói, concluiu-se que na ausência das condições básicas de saúde e segurança, os trabalhadores eletricitários terceirizados encontram-se expostos a riscos e fragilizados socialmente. A terceirização, como uma prática perversa de redução de custos do capital, tem ampliado os mecanismos de exploração, gerando uma objetividade adversa aos trabalhadores, o que acarreta subjetividades precarizadas. Por fim, evidencia-se a associação entre precariedade laboral e precariedade social, pois a precariedade do trabalho como experiência subjetiva impacta a construção de relações sociais, na dimensão de acesso aos direitos e da constituição de cidadania.^len^aAssuming that work is a structuring part of the individual's psychic and social life, this article seeks to understand the relationship between identity construction and the work outsourcing process in the electrical sector of Minas Gerais. To this end, a combination of data obtained from both literature review and case study, which included an in-depth interview with an outsourced worker from the electrical sector, was used. A precarious situation associated with the vulnerability of workers' health and safety, with direct impacts on the fragility of their social identity, was observed. The electrician interviewed says he feels like a stunt double, who replaces himself in his own work scenario, but in worse conditions and without proper recognition, taking the risk of the scene without receiving the performance credits. Considering that precariousness as a work situation is also an experiential condition, and that there is no separate dynamic between what the employee experiences and how he constructs himself, it was concluded that by lacking basic health and safety conditions, outsourced electrical workers are at risk and socially vulnerable. Outsourcing as a perverted pragmatic reduction of capital costs has amplified the mechanisms of exploitation, generating an objectivity adverse to workers, which leads to precarious subjectivities. Finally, the association between work precariousness and social precariousness is made clear, since the precariousness of work as a subjective experience has impacts on the construction of social relations, on the scope of access to rights, and the constitution of citizenship.^les^aPartiendo de la suposición de que el trabajo es un factor estructurador de la vida psíquica y social de los sujetos, en este estudio se pretende comprender la relación entre la construcción de la identidad y el proceso de subcontratación del trabajo en el sector eléctrico de Minas Gerais. Para ello, se utilizó la asociación de datos obtenidos por medio de revisión bibliográfica y estudio de caso que tuvo en cuenta una meticulosa entrevista con un trabajador subcontratado del sector. Se verificó un escenario de precariedad asociado a la vulnerabilidad de la salud y seguridad de los trabajadores, el cual afecta directamente a la fragilidad de su identidad social.El trabajador electricista entrevistado dijo sentirse un doble, que reemplaza el trabajador de puesto fijo, pero en peores condiciones y sin el debido reconocimiento, asumiendo el riesgo de la escena sin recibir los créditos de la actuación. Considerando que la precariedad como situación de trabajo es también una condición de experiencia,y que no hay dinámica separada entre lo que el trabajador experimenta y cómo él se autoconstruye, se concluyó que, por defecto de las condiciones básicas de salud y seguridad, los trabajadores electricistas subcontratados están expuestos a riesgos y a la vulnerabilidad social. La subcontratación, como una pragmática perversa de disminución de costos del capital, ha ampliado los mecanismos de explotación, generando una objetividad adversa a los trabajadores, lo que conlleva subjetividades precarias. Por fin, se destaca la asociación entre precariedad laboral y precariedad social, pues la precariedad del trabajo, como una experiencia subjetiva, causa impacto en la construcción de relaciones sociales, en la dimensión de acceso a los derechos y de la constitución de la ciudadanía.
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