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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versão On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.16 no.4 Brasília dez. 2016

https://doi.org/10.17652/rpot/2016.4.editorialesp 

Editorial - número especial sobre Psicologia Organizacional e do Trabalho: aspectos teóricos, metodológicos e ético-profissionais

 

 

Marcos Ricardo Datti Micheletto

Editor convidado da rPOT

 

 

Psicologia das Organizações e do Trabalho ou a Psicologia Organizacional e do Trabalho é campo de atuação prática, de teoria e de ciência. Este número especial da Revista Psicologia, Organizações e Trabalho - rPOT está mesmo especial. Está recheado de contribuições de autores que se dedicam ao tema há anos. Sendo impossível limitar em um número especial essa riqueza, a opção foi dar voz ao "GT - Psicologia Organizacional e do Trabalho: Aspectos Teóricos, Metodológicos e Ético-Profissionais" da ANPEPP, para que se trate dos fundamentos, conceituações, ambiguidades, métodos, técnicas, críticas, inovações e perspectivas da POT.

Uma edição especial merecida e solicitada pela comunidade de profissionais que estão na prática profissional e por aqueles que estão na docência da disciplina, seja em cursos de Psicologia ou em outros cursos, da graduação à pós-graduação. De forma a permitir encontros, referenciamentos e atualizações, a rPOT cumpre seu papel na divulgação dos artigos recebidos para compor essa Edição Especial.

O artigo que abre este número nos fala das origens e dos desdobramentos da POT. Fazendo um debate sobre a fragmentação teórica existente, Ana Carolina de Aguiar Rodrigues (FEA-USP) e Maria Nivalda de Carvalho-Freitas (UFSJ) apresentam os argumentos que aprofundam a busca por uma teoria mais unificada e sólida.

Mais argumentos são colocados sobre epistemologia, teoria e métodos por Sônia Maria Guedes Gondim (UFBA), Pedro F. Bendassolli (UFRN), Francisco Antônio Coelho Júnior (UnB), e Marcos Emanoel Pereira (UFBA), mas com enfoque em modelos explicativos dos fenômenos em POT, onde há implicações sobre os tipos de delineamentos de pesquisa que devem receber atenção adequada, uma vez que em POT é frequente o estudo de fenômenos e variáveis sensíveis à influência do tempo e dos contextos.

Adriano de Lemos Alves Peixoto (UFBA) nos esclarece as ambigüidades e perspectivas para a regulação e controle éticos na pesquisa em POT. O evento da pesquisa com seres humanos em POT é discutido com base no princípio geral da reflexão ética por parte do pesquisador, dando certo contraponto à ética normativa colocada por órgãos externos ao contexto POT, principalmente quando o processo de coleta de dados ou a natureza da informação buscada não gera risco mais expressivo.

Luciana Mourão Cerqueira e Silva (UNIVERSO), Antonio Virgílio Bittencourt Bastos (UFBA) e Roberval Passos de Oliveira (UFRB) desenvolvem o artigo "Dizer e o Fazer nas Pesquisas em POT", e promovem uma importante afirmação sobre a "matéria-prima" dos dados de POT, os "dizeres". São as "falas" suficientes para um fazer científico eficaz e eficiente se confrontadas com os construtos da área POT? Os autores apontam para as vantagens dos estudos que agregam as observações diretas dos fenômenos POT, e isso merece em muito nossa atenção.

Em seguida temos Gardênia da Silva Abbad (UnB) e Mary Sandra Carlotto (UNISINOS), nos apontando os desafios em POT para se realizar pesquisas longitudinais. Neste artigo está dada a crítica construtiva para o campo POT, pois a produção científica com uso de delineamento longitudinal é bem pequena. Recomendam, portanto, uma aplicação prática do delineamento quase-experimental na avaliação de programas e intervenções.

Para completar o debate sobre as pesquisas em POT, Ariane Agnes Corradi (UFMG), Silvana Regina Ampessan Marcon (UCS), Elizabeth Loiola (UFBA), Lilia Aparecida Kanan (UNIPLAC) e Laura Rodrigues Vieira (UFMG) apresentam a discussão qualificada sobre a pesquisa empírica em POT no Brasil a partir de 298 artigos. Delimitam-se a cinco temas muito benquistos pelos profissionais da área, entre eles o da justiça organizacional. As autoras consideraram que a POT se situa no mundo da pesquisa empírica de forma majoritariamente sob orientação multiparadigmática.

Katia Elizabeth Puente-Palacios (UnB), Juliana Barreiros Porto (UnB) e Maria do Carmo Fernandes Martins (UMESP) tratam do fenômeno da emersão na articulação de níveis em POT. Trazem aos leitores certos pontos relevantes para discutir a questão como, por exemplo, a ocorrência dessas transformações de características individuais em coletivas quando se dão as ações diagnósticas nas organizações, por exemplo, quando se avaliam o clima organizacional sem aplicar as estratégias analíticas de um processo de emersão. Indicam os autores que não tem se dado devida atenção aos atributos do nível meso das organizações, o que pode levar a equívocos.

E, para finalizar, Sigmar Malvezzi (USP e Fundação Dom Cabral) traça um panorama da POT desde suas origens. Passa pela consolidação da POT, em que o autor dá as devidas referências desse patrimônio instrumental-cultural, mencionando obras de estudiosos de diversos continentes e culturas, "sobrevoando" de forma mais atenta sobre aquelas originárias de autores de origem anglo-saxônica e francofônica. Apresenta-nos a importância de ver o trabalho como uma fonte de sustentação funcional e existencial, que mesmo diante das "promessas" da engenheirização do humano pelos sistemas de controle comportamental, há de reinventar um trabalho em que caiba o humanizante aspecto existencial. Sobretudo, diante de uma nova revolução no mundo do trabalho que está por vir, a digital, Malvezzi também aponta as perspectivas para a POT como, por exemplo, a viável abertura para uma interlocução com atores de outras disciplinas, a fim de não adotar por confluência ingênua uma visão parcial e reducionista sobre o homem e sobre a relação deste com o trabalho.

Agradeço aos Editores da POT pelo apoio dado a construção e publicação deste número especial. Agradeço aos autores que enviaram seus artigos. Agradeço aos pareceristas que nos honraram com suas contribuições. Agradeço também o apoio dado pela Assistente Editorial da rPOT, pois foram importantes os seus comunicados e apoio técnico-editorial na interlocução entre todos os envolvidos nesta tarefa. Desejo a todos uma boa leitura!

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