Revista Psicologia Organizações e Trabalho
ISSN 1984-6657
https://doi.org/10.17652/rpot/2017.4.13751
Desemprego, satisfação com a vida e satisfação conjugal em portugueses e brasileiros
Unemployment, satisfaction with life and marital satisfaction in portuguese and brazilian
Desempleo, satisfacción con la vida y satisfacción marital en portugueses y brasileños
Joyce Aguiar; Marisa Matias; Anne Marie Fontaine
Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Porto, Portugal
RESUMO
Portugal e Brasil têm apresentado elevadas taxas de desemprego, embora a economia portuguesa esteja a crescer nos últimos anos. Neste estudo, comparamos os níveis de satisfação com a vida e satisfação conjugal entre casais portugueses e brasileiros, em diferentes configurações de desemprego (somente o marido, somente a esposa ou ambos). Participaram no estudo 186 casais portugueses e 159 casais brasileiros, com média de idade de 41 anos e numa relação há 16 anos, em média. Os resultados indicaram efeito significativo da configuração de desemprego sobre a satisfação com a vida, sendo menor quando ambos os cônjuges estão sem emprego. Neste caso, as esposas apresentam menor satisfação com a vida que seus maridos. Relativamente à satisfação conjugal, as esposas tendem a estar menos satisfeitas do que os maridos, em particular no grupo de duplo desemprego. Este estudo contribui para a compreensão da análise do fenómeno do desemprego sob a perspetiva conjugal.
Palavras-chave: desemprego; satisfação com a vida; satisfação conjugal.
ABSTRACT
Portugal and Brazil have presented high levels of unemployment, although the Portuguese economy is growing in recent years. In this study, we compared satisfaction with life and marital satisfaction between Portuguese and Brazilian couples. Differences were examined between countries and according to unemployment configurations, it means, the gender of the unemployed spouse (husband, wife or both). Participants were 186 Portuguese and 159 Brazilian couples, with a mean age of 41 years and a mean relationship length of 16 years. Our results indicated a significant effect of the unemployment configuration on life satisfaction, which is lower when both spouses are unemployed. In this case, wives are less satisfied with life than their husbands. Concerning marital satisfaction, wives tend to be less satisfied than husbands, particularly in the double unemployment configuration. Our findings contribute to a couple understanding of the unemployment phenomenon.
Keywords: unemployment; satisfaction with life; marital satisfaction.
RESUMEN
Portugal y Brasil han presentado elevados niveles de desempleo, aunque la economía portuguesa está creciendo en los últimos años. En este estudio, comparamos los niveles de satisfacción con la vida y satisfacción conyugal entre parejas portuguesas y brasileñas, en diferentes configuraciones de desempleo (solamente el marido, la mujer o ambos). Participaron en el estudio 186 parejas portuguesas y 159 parejas brasileñas, con una media de 41 años y en una relación desde hace 16 años, en promedio. Los resultados indicaron un efecto significativo de la configuración del desempleo sobre la satisfacción con la vida, que es menor cuando ambos los cónyuges están desempleados. En este caso, las mujeres estaban menos satisfechas que sus maridos. En cuanto a la satisfacción conyugal, las mujeres presentaron menores niveles que sus maridos, en particular en el grupo de doble desempleo. Este estudio contribuye a una comprensión del fenómeno del desempleo bajo un análisis de perspectiva conyugal.
Palabras clave: desempleo; satisfacción con la vida; satisfacción conyugal.
O desemprego é uma das mais notórias sequelas da atual "Grande Recessão", cujos países europeus mais atingidos foram Grécia, Espanha e Portugal. Considerando-se o período desde o terceiro trimestre de 2008 -marcado pelo início das falências de bancos e seguradoras norte-americanas -até aos dois anos subsequentes, ou seja, o terceiro trimestre de 2010, observa-se um aumento de 40,5% do número de desempregados em Portugal, tendo atingido pelo menos 20% dos lares portugueses. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2017), a região Norte do país foi a mais afetada, chegando a registar nesse período cerca de 263 milhares de pessoas em situação de desemprego. De acordo com dados recentes (PORDATA, 2017), Portugal encerrou o ano de 2016 com uma taxa de desemprego de 10,2%. Apesar de ser o menor valor registado desde março de 2009 (10,0%), o número ainda é considerado preocupante para a economia do país.
Por outro lado, o Brasil, que mesmo durante o período mais agudizado da crise económica mundial de 2008 apresentava índices decrescentes de desemprego, teve no final de 2014 uma mudança de direção. Devido ao recente cenário de instabilidade política e seus reflexos na economia do país, as taxas médias de desemprego subiram consideravelmente, atingindo os 11,5% no ano de 2016, o que corresponde a mais de 11,8 milhões de brasileiros sem posto de trabalho, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017). Este é o maior patamar registado desde o início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD), em 2012.
De fato, o fenómeno do desemprego tem sido amplamente investigado pela Psicologia Social e do Trabalho, revelando um decréscimo do bem-estar psicológico, da satisfação com a vida e da autoestima dos indivíduos em desemprego (Barros & Moreira, 2015; Brand, 2015; Estramiana, Gondim, Luque, Luna, & Dessen, 2012). De acordo com revisões de literatura (Heretick, 2013; Procter, Papadopoulos, & McEvoy, 2010), há em tempos de recessão económica um aumento da incidência de problemas psicopatológicos, consequência do cenário de instabilidade económica, (i.e, incertezas relacionadas com a perda do emprego, nomeadamente conseguir ou não honrar as despesas mensais familiares), gerando uma diminuição no bem-estar do indivíduo. Grande parte dos estudos sobre este tema apresenta uma análise restrita à pessoa em desemprego; ora, sabe-se que os impactos do desemprego não se circunscrevem ao domínio individual, podendo afetar também outros membros da família (Dimas, Pereira, & Canavarro, 2013; Hanisch, 1999).
De acordo com uma meta-análise realizada por McKee-Ryan, Song, Wanberg e Kinicki (2005), observa-se que o impacto do desemprego se estende também ao agregado familiar. Apesar da relevância da situação de desemprego no âmbito familiar, são escassos os estudos acerca dos efeitos deste fenómeno que privilegiem os contextos relacionais, tais como o da relação conjugal (Cunha & Relvas, 2015; Dimas et al, 2013).
Ao longo do ciclo de desenvolvimento adulto, determinados acontecimentos, nomeadamente o desemprego, têm um efeito direto sobre a diminuição da satisfação com a vida (Kassenboehmer & Haisken-DeNew, 2009; Luhmann, Lucas, Eid, & Diener, 2012; Oesch & Lipps, 2013). Contudo, recentemente tem sido demonstrado que, em casais, este impacto sobre a satisfação com a vida pode ser observado também no cônjuge da pessoa em desemprego (Haid & Seiffge-Krenke, 2013; Mendolia, 2014).
Num estudo conduzido por Knabe, Schöb e Weimann (2015), os autores compararam uma amostra alemã de pessoas casadas e solteiras em função do estatuto profissional (i.e., emprego e desemprego). Os resultados indicaram que, no grupo em situação de desemprego, os homens solteiros apresentavam maior satisfação com a vida do que os casados; em contrapartida, no grupo com emprego, observou-se exatamente o oposto. Ainda no mesmo estudo, considerando-se somente as mulheres do grupo desemprego, os autores verificaram que as participantes casadas (cujos parceiros estavam a trabalhar) apresentaram maior satisfação com a vida do que as que estavam solteiras. De acordo com a interpretação dos autores, embora as mulheres também experienciem a tensão e as consequências psicossociais advindas da situação de desemprego, estar numa relação poderá desempenhar um efeito protetor sobre a sua satisfação com a vida (Knabe et al, 2015).
Alguns estudos têm evidenciado uma relação entre o desemprego e a diminuição da satisfação conjugal (Aubry, Teft, & Kingsbury, 1990; Dew, 2008; Kinnunen & Feldt, 2004). Vinokur, Price e Caplan (1996), ao analisarem casais em situação de desemprego, verificaram que o aumento da pressão económica gera, em ambos os parceiros, um decréscimo na saúde mental e bem-estar. Devido a isso, a capacidade individual de oferecer apoio um ao outro é afetada, prejudicando assim a satisfação conjugal e potenciando o surgimento de sintomas depressivos no cônjuge em desemprego. De acordo com um estudo realizado pela Associação para o Desenvolvimento Económico Social (SEDES, 2012) com uma amostra representativa da população portuguesa, cerca de 18% dos participantes afirmaram que a crise económica influenciou negativamente a qualidade de seus relacionamentos interpessoais. Isto pode ser explicado, em parte, porque a situação de dificuldade económica poderá acarretar um aumento das discussões entre o casal (Kinnunen & Feldt, 2004), sendo este tipo de discussões as mais problemáticas e de difícil solução entre os cônjuges (Papp, Cummings, & Goeke-Morey, 2009). Assim, o desemprego estaria associado a uma diminuição da satisfação conjugal e a um aumento da probabilidade de divórcio do casal (Amato & Beattie, 2011; Hansen, 2005; Roy, 2011).
Considerando os contextos económicos português e brasileiro, o presente trabalho pretendeu analisar como os casais em situação de desemprego percecionam seu bem-estar, avaliado pelos níveis de satisfação com a vida e satisfação com a relação conjugal. Dada a escassez de estudos com um olhar diádico, pretendemos também comparar as perspetivas de ambos os cônjuges nestas dimensões.
Aproximações culturais entre Brasil e Portugal
Para além de um passado histórico de colonização, que impôs a transmissão de maneiras de viver e de pensar (Freyre, 1998), existem ainda outros aspectos que fazem com que haja mais semelhanças do que diferenças entre as culturas brasileira e portuguesa. De acordo com Hofstede, Hofstede e Minkov (2010), que desenvolveram um dos maiores estudos empíricos acerca das diferenças entre as culturas dos países, existem seis dimensões a partir das quais é possível caracterizar, comparar e contrastar diferentes culturas. Dentre estas dimensões -quais sejam: distância ao poder; individualismo vs. coletivismo; masculinidade vs. feminilidade; aversão à incerteza; orientação a curto prazo vs. orientação a longo prazo; indulgência vs. restrição -Portugal e Brasil apresentam classificações semelhantes, exceto para as duas últimas. De acordo com os autores, a cultura portuguesa tende a ser mais tradicional e conservadora (orientada a curto prazo) por comparação à sociedade brasileira. Além disso, a cultura brasileira seria mais indulgente, apresentando uma maior orientação ao otimismo e à valorização das necessidades de lazer e divertimento por comparação à cultura portuguesa.
Assim, no presente estudo comparativo, assumimos o pressuposto de que não seriam encontradas acentuadas diferenças entre os países relativamente aos níveis de satisfação conjugal e com a vida face à experiência de desemprego. No entanto, essas diferenças esperar-se-iam estar marcadas pelo género na configuração familiar de desemprego (i.e., casais em que o marido está em desemprego, casais em que a esposa está em desemprego e casais em duplo desemprego). Ressalta-se que o efeito esperado em função do género não se fundamenta na crença de características intrínsecas, mas sim pelos diferentes papéis sociais atribuídos ao homem e à mulher.
O papel do género no desemprego
Para Eagly (1987), as diferenças de género estão associadas aos papéis sociais desempenhados por homens e mulheres e às expectativas relativamente a esses papéis. Tais expectativas, geradas no grupo e pelo grupo aos quais pertencem, são a base dos estereótipos e refletem as diferenças de poder na divisão sexual do trabalho. Em outras palavras, não seriam observadas diferenças entre características predominantes nos homens e mulheres se, a ambos, fosse dada a oportunidade de se distribuírem de modo equivalente pelos diversos papéis sociais (Poeschl, Múrias, & Ribeiro, 2003). Embora a tradicional divisão do homem como ganha-pão e da mulher como responsável pela vida doméstica esteja a extinguir-se, é fato que existe uma segregação sexual a nível das profissões, estando as mulheres a ocupar cargos que requerem "qualidades femininas" e os homens em trabalhos que exigem "qualidades masculinas" (Vieira, 2006), estes geralmente a ocupar posições hierarquicamente superiores. Segundo um estudo que avaliou 108 países, realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2015), apenas 5% dos cargos de chefia são ocupados por mulheres.
Também na esfera familiar, esta ocupação de diferentes papéis mantem-se. De acordo com um estudo recente acerca da igualdade de género em Portugal, que utilizou uma amostra representativa da população, relativamente à execução do trabalho doméstico, o homem permanece como um ajudante secundário da mulher (Wall et al., 2016). É verdade que atualmente os homens portugueses e brasileiros, independentemente da faixa etária, participam mais do trabalho doméstico, no entanto esta participação traduz-se ainda numa decisão de colaborar com a vida familiar do que na assunção plena de um papel familiar (Sousa & Guedes, 2016; Wall et al., 2016).
Dada esta expetativa face ao desempenho de papéis ser distinta em função do género, encontrar-se numa situação de desemprego poderá implicar de forma diferencial a família caso o cônjuge em desemprego seja o homem, a mulher ou ambos. Em situações de desemprego masculino, a ausência de emprego pode ser percecionada pelos maridos como uma ameaça ao papel tradicional de provedor e da estrutura de poder intrafamiliar (Evertsson & Nermo, 2004; Zhang, Fan, & Yip, 2015). Este facto poderá acarretar menos satisfação pessoal para o homem e também para a mulher, pois a provisão financeira estaria agora exclusivamente sobre ela, podendo acarretar menos satisfação com a vida e com a relação. Nestes casos de desemprego masculino, a probabilidade de separação do casal é três vezes superior à de casais em que o homem trabalha a tempo inteiro (Kippen, Chapman, Yu, & Lounkaew, 2013).
Reforçando ainda esta ideia ameaçadora do desemprego no âmbito dos papéis tradicionais de género, observa-se que em situações de desemprego masculino, embora os homens realizem um pouco mais de tarefas do lar, esse montante não se equipara ao realizado pelas companheiras, mesmo quando elas têm um trabalho a tempo integral (Gough & Killewald, 2011; Ribeiro, Coelho, & Ferreira-Valente, 2015). Em alguns casos, maridos financeiramente dependentes de esposas tendem a realizar menos trabalho doméstico do que homens que não estão nesta situação (Evertsson & Nermo, 2004), o que poderá impactar negativamente a qualidade da relação conjugal. No caso do desemprego feminino, precisamente porque o domínio familiar ainda é um domínio de grande investimento para as mulheres, este impacto poderá ser menor nelas, não tendo efeitos sobre os seus níveis de satisfação. No caso dos homens, apesar das implicações materiais para a família que a perda do rendimento do cônjuge implica, ser ele a desempenhar o papel de provedor que ainda lhe está socialmente mais atribuído poderá atenuar os efeitos negativos que a situação de desemprego poderia acarretar. No caso do duplo-desemprego, a situação familiar será a mais difícil e tensa do ponto de vista económico e também relacional, pelo que se espera que nesta configuração o impacto do desemprego seja o maior para ambos os sexos.
Em suma, com base na literatura referida, infere-se que a situação de desemprego possa gerar desarmonia quer para o indivíduo quer para a dinâmica conjugal, consequência do seu impacto negativo no âmbito financeiro e sobre os aspectos psicossociais de cada um os cônjuges, tais como a satisfação com a vida e satisfação conjugal. Deste modo, pode-se pressupor que a situação de desemprego poderá ter um menor ou maior efeito sobre os níveis de satisfação com a vida e satisfação conjugal, em função do género e da configuração de desemprego na família (desemprego do homem, da mulher ou de ambos).
Assim, o objetivo do presente estudo consiste em comparar as dimensões de satisfação com a vida e satisfação conjugal em casais portugueses e brasileiros em diferentes configurações de desemprego. As hipóteses propostas são: (1) Os níveis de satisfação conjugal e com a vida dos casais em duplo-desemprego serão inferiores aos dos casais de desemprego único, em ambos os países; (2) Em ambos os países, o grupo desemprego masculino apresentará menor satisfação conjugal e com a vida do que o grupo desemprego feminino. Assumimos ainda o pressuposto de que, dada a aproximação cultural, não haverá diferenças significativas em função do país relativamente aos níveis de satisfação dos dois elementos do casal. Dada a escassez de estudos diádicos neste âmbito, serão também exploradas diferenças intracasal nos níveis de satisfação com a vida e conjugal para cada configuração de desemprego.
Método
Participantes
A amostra total foi constituída por 690 participantes heterossexuais, sendo 186 casais portugueses e 159 casais brasileiros. Os critérios de inclusão foram: (a) casais a viver juntos; (b) pelo menos um dos cônjuges em situação de desemprego involuntário, isto é, sem emprego formal e em busca ativa; (c) ambos soubessem ler e escrever.
A idade dos participantes variou de 18 a 70 anos (M = 41.63; DP = 10.35), e os casais possuíam em média 16 anos a viverem juntos (DP = 10.47). A maioria dos casais (89.0%) possuía ao menos um filho. Os participantes possuíam diferentes níveis de habilitações literárias, tendo a maioria (36.2%) o 12º ano escolar, equivalente no Brasil ao ensino médio. Relativamente ao rendimento médio líquido mensal familiar, a maioria dos participantes (36.5%) relatou possuir entre um e dois salários mínimos, equivalente em Portugal ao valor entre 501€ a 1000€ mensais e, no Brasil, R$ 788 a R$ 1576.
Foram feitos testes de comparação de médias relativamente à distribuição das variáveis sociodemográficas, a fim de verificar os aspectos em que as amostras eram homogéneas e em quais diferiam (Tabela 1). Observa-se que as amostras dos dois países são equivalentes relativamente à idade, tempo de relação conjugal e número de filhos. Relativamente às diferenças, observa-se que os brasileiros possuem mais escolaridade e maior rendimento familiar que os portugueses. Além disso, os portugueses estavam há mais tempo em desemprego do que os brasileiros.
Os participantes foram classificados em três grupos em função do estatuto do desemprego na configuração familiar: o primeiro grupo (G1) Foi formado por mulheres em situação de desemprego e seus cônjuges a trabalhar, totalizando 162 casais; num segundo grupo (G2), Estavam os casais em que os maridos estavam em desemprego e as esposas a trabalhar (n = 77 casais); e, finalmente, num terceiro grupo (G3) ficaram os casais em que ambos estavam sem emprego (n = 106 casais).
Instrumentos
Utilizou-se um protocolo com escala de resposta do tipo Likert de seis pontos. Embora as escalas de resposta dos instrumentos de avaliação da satisfação com a vida e da satisfação conjugal fossem, originalmente, de sete e cinco pontos, respetivamente, optou-se por uniformizar as escalas de resposta, variando seis pontos desde "discordo totalmente" a "concordo totalmente". Esta uniformização teve o intuito, por um lado, manter a padronização e minimizar erros durante o preenchimento e, por outro lado, evitar o erro associado à escolha sistemática do ponto neutro que as escalas de número ímpar possuem (Cummins & Gullone, 2000). Para além dos instrumentos apresentados a seguir, os participantes também responderam a uma secção com perguntas do tipo sociodemográficas. Apesar das amostras partilharem o mesmo idioma, existem pequenas variações entre o português europeu e o português brasileiro, pelo que foram feitas algumas adaptações de linguagem de modo a minimizar erros de interpretação dos itens. Os questionários foram submetidos a um pré-teste para verificar a adequação da linguagem às culturas.
Satisfação com a vida. Utilizou-se a versão em português da Satisfaction with Life Scale (SWLS), de Diener, Emmons, Larsen e Griffin (1985). A escala é formada por cinco itens em estrutura unifatorial e pontuações mais elevadas indicam um maior nível de satisfação com a vida. A escala tem demonstrado boas características psicométricas em diferentes estudos com amostras de adultos (Bedin & Sarriera, 2014; Gouveia, Millfont, Fonseca, & Coelho, 2009). Os indicadores psicométricos obtidos junto à amostra do presente estudo foram satisfatórios e se encontram na tabela 2.
Satisfação conjugal. Para avaliar a satisfação conjugal, utilizouse a adaptação em português da Relationship Assessment Scale (Hendrick, Dicke, & Hendrick, 1998), que tem sido utilizada em amostras brasileiras (Hernandez, 2014) e portuguesas (Vedes, Nussbeck, Bodenmann, Lind, & Ferreira, 2013), com boas características psicométricas. Optou-se por utilizar a versão breve do instrumento, formada por quatro itens, distribuídos num único fator, que avaliam a satisfação com a relação conjugal.
Com recurso ao programa Amos versão 24, foram realizadas análises fatoriais confirmatórias de ambos os instrumentos utilizados, a fim de verificar a adequabilidade quer junto da amostra portuguesa, quer da brasileira. Os parâmetros foram estimados com base na matriz de correlações, recorrendo-se ao método da máxima verossimilhança. Foram retidos somente os itens com peso fatorial acima de .40 (Marôco, 2014). O ajustamento do modelo foi avaliado de acordo com as recomendações de Schweizer (2011) para os critérios: rácio χ2/g.l. < 5; Comparative Fit Index -CFI > 0.90; Goodness-of-fit-index - GFI > 0.90; Root Mean Square Error of Approximation - RMSEA < 0.08. A consistência interna foi avaliada com base no coeficiente alfa (α) de Cronbach > .70 (Nunnally, 1978).
A tabela 2 indica o ajustamento do modelo obtido junto às amostras, sendo satisfatórios para ambos os instrumentos.
Procedimentos de coleta de dados e cuidados éticos
A recolha dos dados deu-se em um único momento, tratando-se portanto de um desenho transversal. Utilizou-se a técnica snowball para a composição das amostras. Em Portugal, o período da recolha aconteceu de novembro de 2014 a junho de 2015, quando Portugal ainda estava em recessão económica e austeridade. O contato com os participantes foi feito inicialmente através da colaboração de Gabinetes de Inserção Profissional e centros de formações financiadas. Foram contactadas instituições localizadas na região Norte, abrangendo a zona do Grande Porto. No Brasil, o período da recolha foi de agosto de 2015 a junho de 2016, quando o país estava a entrar numa forte crise política que desencadeou uma crise económica e aumento do desemprego. A recolha concentrou-se em duas regiões: (a) em São Carlos, situada na região Sudeste, através da colaboração com a Secretaria Municipal da Educação - SME, e a Secretaria Municipal do Trabalho, Emprego e Renda -SMTER, bem como centros de formação mantidos por estas instituições; (b) Fortaleza e região metropolitana, situada no nordeste do país, utilizando-se a rede de amigos, familiares e comunidade.
O recrutamento dos casais, quer em Portugal quer no Brasil, foi feito pela mesma pesquisadora. A taxa de adesão dos participantes foi de aproximadamente 30%. O convite à livre participação no estudo era feito diretamente a pelo menos um dos membros do casal. Caso aceitasse, o cônjuge levava para casa um envelope com dois questionários, sendo um para si e outro para o/a companheiro/a, bem como o termo de consentimento e ficha de instruções com a orientação de preencherem individualmente o questionário, sem a interferência do outro. O envelope continha também os contactos (telefónico e por email) da pesquisadora caso desejassem colocar alguma questão e estavam numerados por código, de modo a permitir o emparelhamento do casal aquando da inserção das respostas na base de dados. A devolução dos envelopes era acordada com a pesquisadora, no local que fosse mais conveniente aos participantes.
A metodologia e o procedimento de recolha dos dados foram aprovados em Portugal pela Comissão de Ética da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto e, no Brasil, pelo Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos, da Universidade Federal de São Carlos, sob parecer 1172070.
Participaram do estudo aqueles que, após esclarecimento fornecido pela pesquisadora, manifestaram voluntariamente interesse, tendo recebido orientações quanto aos seus direitos e garantias, descritos no Termo de Consentimento. Todos os cuidados éticos e deontológicos foram assegurados.
Procedimento de análise dos dados
A análise dos dados foi feita inicialmente pelo tratamento de casos omissos, tendo-se excluído aqueles em que houve ausência de resposta a pelo menos um item das escalas. Foram excluídos 39 díades por missings na escala de satisfação com a vida e 16 por omissão a um ou mais itens da escala de satisfação conjugal. De seguida, fez-se o cálculo da distância quadrada de Mahalanobis (Marôco, 2014), a fim de diagnosticar outliers multivariados, tendo-se excluído duas díades. A verificação da normalidade foi feita por meio da análise dos valores absolutos de assimetria e curtose inferiores a 3 e 7, respetivamente (Kline, 2011), tendo-se confirmado esse pressuposto.
Para verificar os efeitos do país, do grupo (configuração do desemprego na família), de possíveis interações entre estes fatores e ainda considerar o efeito do casal, efetuou-se, após a confirmação da normalidade das distribuições, uma análise de variância mista (mixed model ANOVA). Esta análise de variância é usada para testar diferenças entre grupos independentes enquanto os participantes foram sujeitos a medidas repetidas. No caso das análises diádicas, dado que a unidade é o casal e não o indivíduo, o casal é considerado a variável intra grupo e a configuração de desemprego a variável entre o grupo. Ao considerar o sexo um fator intra-sujeito, a técnica permite-nos avaliar os efeitos em homens e mulheres enquanto membros de um mesmo casal, em vez de simplesmente considerar homens e mulheres independentemente de suas relações de casal.
Deste modo, considera-se a natureza diádica dos dados, em que as observações de cada elemento do casal não são independentes entre si (Kenny, Kashy, & Cook, 2006). O pressuposto da esfericidade da matriz de variância-covariância foi avaliado pelo teste de Mauchly (Marôco, 2014). Para identificar as interações entre fatores e comparação múltipla de médias, utilizou-se a correção de Bonferroni, conforme Marôco (2014).
Resultados
Após a confirmação da estrutura fatorial dos instrumentos, procedeu-se aos testes de análise de variância. A tabela 3 indica as médias de satisfação conjugal e satisfação com a vida dos homens e mulheres de cada grupo e país.
Satisfação com a vida
A mixed model ANOVA para a variável dependente satisfação com a vida permitiu observar um efeito principal do grupo [F (2, 338) = 5.833; p = .003; η2p = 0.033; π < .871], sendo as diferenças entre as médias dos grupos G3 e G1 (p < .001) e G3 e G2 ( p = .014) estatisticamente significativas. Observou-se ainda um efeito de interação entre grupo e sexo dos elementos do mesmo casal [F (2,338) = 3.975; p = .020; η2p = 0.023], tendo as mulheres do grupo G3 menos satisfação com a vida do que os seus maridos. O fator país não se mostrou significativo [F (1, 338) = 3.535; p = .061; η2p = 0.010]. A Figura 1 representa o efeito de interação evidenciado, indicando as médias de maridos e esposas para cada um dos grupos. Todos os efeitos apresentam uma magnitude baixa.
Satisfação conjugal
No caso da satisfação conjugal, observou-se um efeito principal significativo do país [F (1,338) = 6.720; p = .010; π = .734], de magnitude pequena (η2p = 0.019), tendo os portugueses uma maior média global do que os brasileiros. O fator grupo não se apresentou significativo [F (2,338) = 4.251; p = .100], no entanto verificou-se um efeito de interação entre grupo e casal [F (2,338) = 3.912; p = .021; π = .703], novamente de pequena magnitude (η2p = 0.023), tendo as mulheres do grupo G3 menos satisfação conjugal do que os seus cônjuges. A Figura 2 representa o efeito de interação e as médias de satisfação conjugal aferidas para ambos os elementos do casal em cada um dos grupos.
Discussão
Efetuou-se neste trabalho um estudo comparativo entre amostras não-representativas de Portugal e Brasil relativamente aos níveis de satisfação com a relação conjugal e satisfação com a vida, em função do estatuto profissional de cada um dos cônjuges, salientando-se diferenças intracasal nessas variáveis. Ressalta-se que a maioria dos estudos acerca do desemprego tem adotado uma abordagem individual, descurando os efeitos da configuração familiar de desemprego e descurando também uma análise intracasal. Os resultados permitiram confirmar que o grupo em que ambos os cônjuges estavam em situação de desemprego mostrou-se o mais vulnerável, apresentando menores médias de satisfação com a vida, confirmando assim a hipótese H1. De salientar ainda que este grupo apresenta um efeito de interação com o casal, sendo as mulheres do grupo de duplo-desemprego menos satisfeitas com a vida e com a relação conjugal.
Devido ao facto do trabalho ser uma categoria fundamental na compreensão do ser humano e da sua rede de relações sociais (Antunes, 2013; Castel, 1998), estar numa situação de desemprego repercute para além de questões económicas e de consumo. Nomeadamente, o desemprego impõe aos indivíduos uma privação dos benefícios oriundos do trabalho remunerado (Jahoda, 1982), sejam eles benefícios manifestos (poder aquisitivo que proporciona o acesso a bens tangíveis) ou benefícios latentes (identidade, atividade, estruturação do tempo, contato social e vinculação de metas individuais a metas coletivas). Essa privação gera um impacto negativo sobre as avaliações que a pessoa faz de si mesma (Arévalo-Pachón, 2012), repercutindo negativamente sobre o bem-estar e a satisfação com a vida (Luhmann et al, 2014). Em consequência disso, o indivíduo pode ter uma maior dificuldade na interação conjugal, refletindo-se nas suas aceções acerca da qualidade da relação e o nível de satisfação com a vida a dois.
Em contrapartida, por ser o cônjuge feminino uma das mais importantes fontes de apoio social no casal (Vinokur & van Ryn, 1993), é possível que quando ambos os elementos estão em situação de desemprego, a mulher se sinta menos apoiada e até sobrecarregada pela prestação de apoio ao seu companheiro sentindo por isso menor satisfação com a vida e satisfação conjugal. Esta pode ser uma hipótese explicativa para que, no grupo de duplo desemprego, as diferenças dentro do casal se assinalem.
A hipótese H2 não foi confirmada, dado que não houve diferenças significativas entre os grupos de desemprego masculino e desemprego feminino nem na satisfação com a vida nem na satisfação conjugal. É verdade que, tanto no Brasil quanto em Portugal, as mulheres têm uma expressiva participação no mercado de trabalho e há um predomínio de casais de duplo-emprego, indicando não somente uma necessidade de incrementar o rendimento familiar mas também uma opção dos casais (Matias & Fontaine, 2014). Assim, observa-se que a permanência da mulher no mercado de trabalho, aliada a vários outros fatores da atualidade como o movimento feminista na busca por igualdade entre géneros, estão a contribuir para transformações sociais. Isto sugere que casais brasileiros e portugueses podem ter-se distanciado dos papéis sociais tradicionalmente femininos e masculinos e, em consequência, busquem fazer alguns ajustes, como redistribuir equitativamente o suporte económico da família e o cuidado com os filhos. Neste sentido, o desemprego seria igualmente ameaçador, independentemente do género do cônjuge nesta situação. Para esta explicação, poderá contribuir também o nosso resultado de que o grupo de duplo-desemprego é o menos satisfeito com a vida.
O pressuposto de que não haveria efeito significativo do país foi parcialmente confirmado, uma vez que se observaram diferenças entre os países sobre as variações de satisfação conjugal. Contudo, o tamanho deste efeito é considerado inexpressivo (η2 = 0.019) de acordo com a classificação de Cohen (1988). É verdade que, não obstante o passado histórico e a língua-mãe que os une, Portugal e Brasil possuem algumas diferenças culturais, conforme referido pela teoria das dimensões culturais, nomeadamente "orientação a curto prazo vs. orientação a longo prazo" e "indulgência vs. restrição" (Hofstede et al, 2010). Enquanto o povo brasileiro é conhecido por sua alegria e festividade, os portugueses figuram como um dos povos da união europeia com menor índice de satisfação com a vida, estando atrás apenas da Bulgária (Eurostat, 2015).
Num estudo sobre felicidade que avaliou 157 países (Helliwell, Layard, & Sachs, 2017), os brasileiros estão na 22ª posição no ranking, enquanto os portugueses aparecem somente no 90º lugar. Assim, é possível que estas diferenças culturais mais amplas alterem a forma como um e outro povo reagem face a situações de crise, tais como a de desemprego, justificando assim as diferenças encontradas. Face à ameaça que o desemprego pode causar numa relação conjugal, é possível que a satisfação conjugal se torne mais importante para os casais portugueses do que para os brasileiros, como forma de compensar os níveis tendencialmente mais baixos de satisfação com a vida. Reconhecemos, no entanto, o carater exploratório desta explicação e consideramos que estas diferenças deverão ser aprofundadas em estudos futuros.
Apontam-se como limitações do estudo o facto dos casais recrutados não representarem famílias para além do normativo, não se tendo, portanto, casais do mesmo sexo. Adicionalmente, pelos critérios de inclusão dos participantes (i.e., estar numa relação conjugal a coabitar com alguém), pessoas cujas relações conjugais estejam com maiores dificuldades ou conflitos poderão ter-se autoexcluído de participar no estudo, minimizando a possível variabilidade nesta dimensão. De fato, as médias de satisfação conjugal dos participantes são bastante elevadas, para todos os grupos. Globalmente, o método não probabilístico utilizado para composição das amostras deve ser tido em conta, uma vez que não nos permite extrapolar os resultados para a população. Uma outra limitação a apontar é a do desenho transversal do estudo. Assim, sugere-se para investigações futuras que utilizem amostras representativas e um desenho que permita observar de modo longitudinal o efeito do desemprego sobre os níveis satisfação, ou seja, comparando os vários momentos ao longo do tempo - antes do desemprego, durante e depois.
Faz-se importante mencionar que, apesar das limitações, o presente estudo efetuou, para além de uma comparação multicultural, uma comparação das perspetivas intracasal e dos efeitos de género por via da configuração de desemprego nas famílias. De acordo com a revisão de literatura realizada, ainda são poucos os estudos deste tipo, tendo a maioria um enfoque somente sobre a pessoa em desemprego. Evidenciamos que, dentre todos os casais nos grupos, as mulheres do grupo de duplo-desemprego são as mais vulneráveis no seu bem-estar, aferido por via da satisfação individual e com o companheiro. Sugere-se como linhas futuras que sejam utilizadas abordagens metodológicas e de análise de dados que possam avaliar as relações intracasal, como aqui efetuado, para se aprofundar o conhecimento acerca das experiências das famílias em situação de desemprego, bem como aferir as variáveis potencialmente moderadoras ou preditoras de satisfação, tais como variáveis de personalidade, perceção da situação financeira, coping e parentalidade, analisando as influências recíprocas destas no casal. Deste modo, será possível contribuir para melhor se conhecer a realidade do desemprego e seus efeitos intrafamiliares.
Por fim, considera-se que, para além da pertinência social da temática abordada, este estudo contribui para a compreensão da experiência do desemprego intracasal e seus efeitos sobre o bem-estar de portugueses e brasileiros. Para além de se analisar as diferenças entre grupos de homens ou mulheres desempregados, estratégia mais comumente utilizada, buscou-se focalizar nas diferenças intracasal e nas diferenças por configurações de desemprego e género para compreender as variações de satisfação. Espera-se que o estudo possa suscitar discussões e novas linhas de investigação, dada a relevância da temática do desemprego para ambos os países. Diante do impacto que a perda de emprego poderá ter, é importante que as organizações e os profissionais de recursos humanos lidem com as reduções de quadro de forma justa e responsável. Assim, é necessário criar alternativas que possam apoiar tanto o funcionário que está a ser desligado da empresa (como outplacement e treinamentos para aquisição de novas competências), como aqueles que permanecem na organização. A partir de uma política de transparência com os funcionários, é possível promover um bom clima organizacional, a fim de evitar um aumento de tensão e insegurança no ambiente laboral, bem como evitar que haja uma sobrecarga de trabalho gerada pela redistribuição das tarefas dentre aqueles que permanecem na organização.
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Endereço para correspondência:
Joyce Aguiar
Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Rua Alfredo Allen, s/n
4200-135, Porto, Portugal
E-mail: jcaguiar2@gmail.com
Recebido em: 28/04/2017
Primeira decisão editorial em: 07/07/2017
Versão final em: 17/08/2017
Aceito em: 03/10/2017
Agradecimento: "A primeira autora agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal e Nível Superior (CAPES Brasil) pelo financiamento deste trabalho sob a forma de concessão bolsa de estudos de doutoramento."