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TransFormações em Psicologia (Online)

 ISSN 2176-106X

     

 

Artigos originais

 

Identidade do adolescente na contemporaneidade: contribuições da escola

 

Luciene Aparecida Souza Silva Moraes1

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

 


Resumo

O presente trabalho é um fragmento da minha dissertação em psicologia do Programa de Pós-graduação stricto sensu da PUC-Minas. A pesquisa tem como tema o estudo das contribuições da escola para a formação da identidade do adolescente na contemporaneidade. Ao trabalhar com a concepção de identidade, recorreremos nesta pesquisa aos estudos de Antonio da Costa Ciampa (1990) e contribuições teóricas de Zygmunt Bauman (2005), Stuart Hall (1999) e Erik Erikson (1972).

Palavras-chave: Adolescente – Identidade – Escola


Abstract

This work is a fragment of my dissertation to be presented in the stricto sensu Postgraduate Psychology Program of PUC-Minas. The research topic is the study of the contribution of the school to the teenager´s identity construction in contemporary society. By working with the identity conception, we used the studies from Antonio da Costa Ciampa (1990) and theoric contribuition from Zygmunt Bauman (2005), Stuart Hall (1999) and Erik Erikson (1972).

Keywords: Teenager – Identity - School


 

 

Introdução

O artigo a ser apresentado é um fragmento de pesquisa do programa de pós-graduação stricto sensu em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). A pesquisa tem como tema o estudo das contribuições da escola para formação da identidade do adolescente na contemporaneidade. Ao trabalhar com a concepção de identidade, recorreremos nesta pesquisa aos estudos de Antonio da Costa Ciampa (1990) e a algumas contribuições teóricas de Zygmunt Bauman (2005), Stuart Hall (1999) e Erik Erikson (1972). No que diz respeito ao contexto escolar recorreremos à Juarez Dayrell, Maria Auxiliadora Dessen e Ana da Costa Polonia. Neste artigo, portanto serão abordados e discutidos alguns pontos teóricos fundamentais, enquanto a pesquisa de campo encontra-se em processo de construção.

Nosso interesse por esta temática surgiu da experiência com o contexto escolar e, principalmente, do contato com os adolescentes. Em atendimentos realizados com os alunos de uma escola da rede particular da cidade de Ipatinga – MG, com o objetivo de refletir e repensar as suas estratégias de aprendizagem e buscar um planejamento que contemple um momento para os estudos observamos o quanto a escola está envolvida e implicada no processo de formação da identidade destes alunos.

O objetivo desta pesquisa é abordar a escola considerando o quanto ela é fundamental para a formação do adolescente, por possuir uma diversidade de conhecimentos, valores, crenças e normas, que é repassada e reproduzida pelos alunos, que poderá influenciar na constituição da sua identidade.

Considerando que o processo de construção da identidade se constitui em um contexto de relações sociais e culturais, ou seja, ela não se dá de forma inata, torna-se fundamental investigar como o espaço da escola pode contribuir para a formação da identidade do adolescente. Este contexto social fornece condições para os mais variados modos e alternativas para a construção da identidade, principalmente ao nos referimos à contemporaneidade, que se trata de um momento marcado por características como a transitoriedade e a efemeridade.

A presente pesquisa pretende de contribuir com o trabalho de profissionais envolvidos com a educação e áreas afins, as próprias instituições de ensino e as pesquisas relacionadas à problemática da identidade, provendo a todos estes interlocutores subsídios para trabalhar com o processo de formação da identidade do adolescente. Dessa forma, compreender a nossa ação dentro do contexto escolar possibilita reflexões acerca de nossa postura diante dos adolescentes, permitindo-nos um posicionamento consciente e ético no processo de formação e desenvolvimento destes adolescentes na sociedade contemporânea.

 

Formação da Identidade do Adolescente

O conceito de identidade é complexo, pois perpassa diversas áreas do conhecimento, como a Psicologia, a Sociologia, a Antropologia e a Filosofia. Porém, aqui serão consideradas as contribuições da psicologia social, da sociologia e da psicologia do desenvolvimento.

A questão da identidade tem passado por várias discussões na teoria social. A argumentação sobre o tema se baseia no fato de que durante muito tempo as velhas identidades permaneceram estáveis no mundo social. Aquela identidade integral é colocada em questionamento, mediante tantas transformações ocorridas atualmente (Hall, 1999).

Hall (1999) explora três concepções de identidade e o processo de mudança ocorrido na modernidade tardia. As concepções de identidade são: o sujeito do Iluminismo, o sujeito sociológico e o sujeito pós-moderno. A concepção de sujeito do Iluminismo é baseada em uma pessoa totalmente centrada, unificada e repleta de razão, consciência e ação, que surgia desde o nascimento e assim se desenvolvia, continuando "idêntico" no decorrer da sua vida.

A concepção do sujeito sociológico refere-se a um sujeito não autônomo e nem autossuficiente, mas formado na relação com outras pessoas significativas para ele, que repassam para este sujeito os valores, sentidos; enfim, a cultura do mundo em que ele vive. De acordo com a concepção sociológica, a identidade é formada na "interação" entre o eu e a sociedade.

Hall argumenta que "o sujeito, previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única identidade, mas de várias identidades" (Hall, 1999, p.12). Porém, estas identidades estão entrando em colapso, como consequência das transformações estruturais e institucionais. O processo de identificação, pelo qual projetamos nossas identidades culturais, encontra-se variável e provisório. O sujeito produzido atualmente, oriundo desse processo de identificação, é o sujeito pós-moderno, que não possui uma identidade fixa ou permanente. Portanto, "a identidade torna-se uma celebração móvel: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam" (p.13).

A identidade então não é definida biologicamente e sim historicamente. O sujeito pós-moderno assume diferentes identidades em diversos momentos, ou seja, no mesmo indivíduo coexistem identidades contraditórias que são impulsionadas em diversas direções, ocasionando contínuos deslocamentos. O conceito de sujeito integrado e estável se desfaz. Contudo, constitui-se em fantasia acreditar que há uma identidade unificada, completa, segura e coerente (Hall, 1999).

Hall (1999) afirma que "à medida que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente" (p.13). Dentro da concepção de Ciampa, o processo de construção da identidade ocorre durante toda a vida do sujeito. Este autor considera que, no decorrer da vida, o movimento da identidade é ocasionado pelas combinações de igualdade e de diferença, em relação a si próprio e aos outros, que constituirá a história do indivíduo. Um exemplo disso é o nome, que nos é atribuído ao nascer. Enquanto o sobrenome nos assimila e nos iguala aos nossos familiares, nós nos tornamos um daquela família, porém o nome nos separa e nos diferencia dos mesmos e dos demais (Ciampa,1999).

A identidade se transforma e vai se concretizando nas e pelas relações sociais que o indivíduo estabelece. Este processo é denominado de metamorfose, pois o sujeito se transforma permanentemente. A metamorfose representa a expressão da vida, constitui-se como um processo inexorável, tenhamos ou não consciência dela (Ciampa, 1990).

O autor aponta também para a dialética existente nesse processo de metamorfose, processo este de permanente transformação do sujeito humano, que acontece num contexto histórico. Num primeiro momento, a identidade pode ser entendida como traço estático capaz de definir o sujeito no decorrer da vida, diferenciando-se dos demais indivíduos; porém, identificar-se representa tornar-se igual ao outro. Assim, a igualdade e a diferença estão concomitantemente presentes (Ciampa, 1990).

O processo de afirmação da identidade e a marcação da diferença acarretam sempre as operações de incluir e excluir. Ao dizer "o que somos", consequentemente, dizemos "o que não somos". A identidade e a diferença demarcam sobre quem pertence e sobre quem não pertence, sobre aquele que está incluído ou excluído. No momento em que se afirma a identidade demarca-se fronteiras, fazendo distinção entre o que fica dentro e o que fica fora (Silva, 2004).

Silva, Hall e Woodward (2004) afirmam que a identidade e a diferença têm que ser ativamente produzidas. Elas não são criaturas do mundo natural ou de um mundo transcendental, mas do mundo cultural e social. Somos nós que as fabricamos, no contexto de relações culturais e sociais (p. 76).

Estes autores consideram a diferença como um produto derivado da identidade. Sendo assim, identidade e diferença são interdependentes e compartilham uma característica essencial: elas são o resultado de atos de criação linguística. Isto significa dizer que os atos de criação não são "elementos" da natureza e nem são essências ou coisas que estão à espera de serem reveladas ou descobertas (Silva et al., 2004).

Contudo, dizer que a identidade e a diferença são o resultado de criação linguística significa que elas são criadas por meio de atos de linguagem. Apesar de parecer muito óbvio, não podemos nos esquecer que a identidade e a diferença têm que ser nomeadas. É através do ato da fala que instituímos a identidade e a diferença (Silva et al.,2004).

Pela ótica da psicologia do desenvolvimento, recorreremos a Erik Erikson, que trabalha a identidade e crise. Porém, ao utilizar o termo crise de identidade, este não aparece como sinônimo de catástrofe ou desajustamento, mas de mudança e transformação, de um período crucial no desenvolvimento do indivíduo. O termo "crise" designa um ponto decisivo e necessário, ou seja, um momento crucial no qual o desenvolvimento precisa optar por uma ou outra direção, mobilizando recursos de crescimento e diferenciação (Erikson, 1972).

As concepções deste referido autor assinalam que o desenvolvimento evolui em oito estágios. Os quatro primeiros compreendem o período de bebê até a infância, e os três últimos estágios correspondem à vida adulta e a velhice. O autor concentra atenção especial à adolescência, devido ao fato de ser a transição da infância à vida adulta. A adolescência é considerada uma espécie de passo crucial na transformação do adolescente em adulto produtivo e maduro (Erikson, 1972).

Neste período da adolescência, instala-se a crise de identidade, que será impulsionada por uma profunda desestruturação, com desequilíbrios e instabilidade. Segundo o autor, a construção da identidade emprega um processo de reflexão e observação, que acontece simultaneamente e ocorre em todos os níveis de funcionamento mental, em que o indivíduo julga a si mesmo em relação àquilo que percebe e a maneira como os outros o julgam (Erikson, 1972). O indivíduo começa a questionar as construções realizadas nos estágios ocorridos anteriormente na infância. Diante de muitas modificações fisiológicas, próprias da puberdade, o adolescente precisa, neste momento, rever suas posições infantis diante das incertezas dos papéis da vida adulta que lhe são apresentados.

Segundo Erikson (1973, citado por Noack, 2007), a identidade e sua crise teriam dimensões tanto sociais quanto psíquicas, assim como uma dimensão psico-histórica. Sendo a identidade psíquica, considera-se uma parte consciente e outra inconsciente, portanto, ela está sujeita à dinâmica de conflitos; isto explicaria porque nos picos de crise pode haver estados mentais contraditórios.

Enquanto Hall refere-se à pós-modernidade, Bauman denomina este momento como a era "líquido-moderna", no qual o sujeito não encontrará uma fixidez em sua identidade.

Bauman, ao tecer um diálogo em uma entrevista com o jornalista italiano Benedetto Vecchi, responde e amplia a discussão de questões sobre identidade, buscando referência a esta teoria da era líquido-moderna. Nessa obra, o autor discute questões ligadas à modernidade, a qual ele nomeia "líquida". Termos como comunidade, pertencimento, identidade são abordados por não serem tão estáveis. O autor trabalha a ideia de que o pertencimento ou a identidade não são definitivos e nem tão sólidos assim, mas negociáveis, tudo dependendo das decisões que o indivíduo toma, do caminho o qual percorre e a maneira como age (Bauman, 2005).

Este estudo ressalta que na era líquido-moderna a questão identitária é ambivalente. Para o autor, poucos de nós, ou quase ninguém, está exposto a apenas uma comunidade de idéias e princípios de cada vez. Ele demonstra isto quando cita o caso de sua colega de trabalho Agnes Heller, que se queixou de que, sendo mulher, húngara, judia, norte-americana e filósofa, estava sobrecarregada de identidades para uma só pessoa. Nessa nova era, estamos total ou parcialmente "deslocados" ou não estamos em lugar algum.

Bauman (2005) considera que as identidades flutuam no ar, algumas de nossa própria escolha, mas outras infladas e lançadas pelas pessoas em nossa volta, e é preciso estar em alerta constante para defender as primeiras em relação às últimas. Há uma ampla probabilidade de desentendimento, e o resultado da negociação permanece eternamente pendente.

A família, o Estado e a igreja são importantes para a constituição da identidade das pessoas. Atualmente as relações que são eletronicamente mediadas tendem a ser frágeis e fáceis de serem abandonadas, diferente das citadas anteriormente, como a família, o Estado e a igreja. Dessa maneira, perdemos a capacidade de estabelecer interações espontâneas com pessoas reais quando estamos conectados à rede, nos termos do autor, "surfando na rede". Ao se referir à globalização e as conseqüências desse processo para a identidade, verificamos que o Estado não possui mais poder para sustentar uma união sólida e inabalável com a nação. Em nossa época líquido-moderna, encontramos o indivíduo livremente flutuante, porque estar fixo e ser identificado como inflexível é algo malvisto (Bauman, 2005).

À medida que nos deparamos com as incertezas e as inseguranças da "modernidade líquida", nossas identidades sociais, culturais, profissionais, religiosas e sexuais sofrem um processo de transformação contínua. Isso nos leva a buscar relações transitórias e fugazes e faz com que soframos as angústias inerentes a essa situação. O homem da época líquido-moderna é aquele que vive sem vínculos de relacionamentos, de compromissos, ou seja, aquele que não está seguro quanto ao tipo de relacionamento que deseja ter (Bauman, 2005).

A identidade não deve ser descoberta, mas sim revelada como algo a ser inventado. Segundo Bauman (2005) a "fragilidade e a condição eternamente provisória da identidade não podem mais ser ocultadas" (p.22)

Compreendemos que a identidade não é dada como acabada e sim em construção permanente, num processo dialético que permite transformações constates da identidade. A contemporaneidade é concebida como transitória permitindo que o sujeito pós-moderno assuma uma multiplicidade de papéis. Portanto o adolescente sobre o qual estamos trabalhando encontra-se neste espaço efêmero onde sua identidade é construída e reconstruída socialmente, desconstruindo a ideia de uma identidade permanente.

 

O contexto escolar

O presente estudo se propõe a discutir e analisar como o contexto da escola contribui para a formação da identidade do adolescente das camadas médias urbanas. Podemos observar que este microssistema apresenta uma grande diversidade de valores, costumes e regras, que são repassados diariamente aos alunos. São anos de dedicação aos estudos até alcançar o nível do Ensino Médio. Os alunos passam muito tempo inseridos no espaço escolar; portanto, este é um contexto de grande influência para a formação dos adolescentes. Sendo assim, a pesquisa busca compreender de que forma esta instituição contribui para a formação da identidade do adolescente.

Pesquisaremos neste estudo os alunos entre quinze aos dezessete anos, período que habitualmente estão realizando o Ensino Médio. Portanto levaremos em consideração o conceito de adolescente estabelecido pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que considera adolescente aquele que está entre doze e dezoito anos de idade.

Bourdieu (1984, citado por Silva, 2004) aponta que existem diferentes instituições nas quais os indivíduos vivem, as quais são denominadas de "campos sociais", como, por exemplo, as famílias, os grupos de colegas, as instituições educacionais, os grupos de trabalho ou partidos políticos. Dessa forma, participamos dessas instituições ou "campos sociais" executando níveis variados de escolha e autonomia. Em cada uma destas instituições há um contexto material, um espaço e um lugar; enfim, existe um conjunto de recursos simbólicos. Portanto, a escola constitui-se em um campo social por possuir um conjunto de recursos simbólicos capazes de contribuir na construção da identidade do adolescente.

A escola e a família compartilham funções sociais, políticas e educacionais na medida em que contribuem e influenciam na formação do cidadão. Estas duas instituições são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento culturalmente organizado, atuando na maneira do funcionamento psicológico. Elas são fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas, agindo como propulsoras ou inibidoras do seu desenvolvimento físico, intelectual e social (Polonia, 2005).

A instituição escolar tem como objetivo preparar os indivíduos para a sociedade, estabelecendo repertórios que possibilitem a continuidade da vida social. É este ambiente físico, psicológico, social e cultural que constitui a escola que permitirá aos indivíduos seu desenvolvimento global, utilizando atividades programadas realizadas dentro ou fora da sala de aula. No ambiente escolar é possível o estabelecimento de um significativo número de interações complexas por envolver um grande número de pessoas (Polonia, 2005).

A escola é um ambiente multicultural, que inclui também a construção de laços afetivos e preparo para a inserção na sociedade. Ela surge como uma instituição essencial para a constituição do indivíduo assim como para a evolução da sociedade, além de permitir o desenvolvimento cognitivo e preparar o sujeito para a vida social (Polonia, 2005). Constituindo um microssistema, a escola, além de refletir as transformações da sociedade atual, tem que se preparar para lidar com as demandas deste mundo globalizado. Mediante essas transformações ocorridas atualmente, a ideia de uma identidade única e integral é colocada em questionamento.

A contemporaneidade é marcada por um contexto de transitoriedade, efemeridade e descontinuidade, o qual atinge o processo de formação da identidade do sujeito (Coutinho, Krawlski, & Soares, 2007).

Polonia (2005) afirma que na escola "uma das tarefas mais importantes, embora difícil de ser implementada, é preparar tanto alunos como professores e pais para viverem e superarem as dificuldades em um mundo de mudanças rápidas e de conflitos interpessoais" (p.17).

A influência da escola é inquestionável para a formação do indivíduo e indica que o seu papel não é o de compensar as lacunas provenientes da educação recebida no ambiente familiar. Além do acesso às informações e oportunidades de inserção em um contexto multicultural, a escola permite também diversas experiências distintas do grupo familiar, que prevê transformações em diferentes aspectos: social, cultural, cognitivo e afetivo (Polonia, 2005).

Interessa-nos compreender, portanto, como esta instituição pode contribuir para a formação da identidade do adolescente. Contudo, a abordagem da identidade neste trabalho será discutida como algo dinâmico em constante processo de transformação.

Pensar na formação da identidade do adolescente é considerar todo o processo de mudança que ocorre neste período da vida, assim como o contexto social onde ele se encontra. A proposta é investigar como a escola contribui para a formação da identidade do adolescente, considerando que a adolescência é um período o qual ocorrem diversas modificações: biológicas, psicológicas e sociais.

Segundo Dayrel (1996), apreender a escola como um espaço de construção social requer entendê-la no seu fazer cotidiano, o qual os sujeitos são agentes ativos numa relação permanente de construção, de conflitos e negociações.

Compreender o adolescente inserido na escola é apreendê-lo como sujeito sócio-cultural, que possui suas particularidades e diferenças, retirando a visão homogeneizante e uniforme que recobrem a noção estereotipada de aluno. Cada sujeito inserido neste espaço escolar possui sua historicidade, que o faz totalmente diferente do outro. Seja através do gênero, da raça, de uma determinada classe social, entre outros diversos aspectos que os diferenciam, todos estes componentes irão interferir na produção da construção da identidade, além do contexto escolar que subsidiará o adolescente de um amplo recurso simbólico por constituir-se um ambiente multicultural.

 

Considerações Finais

Consideramos que é inquestionável a influência da escola para a formação da identidade do adolescente por constituir-se em um contexto multicultural que envolve diversos aspectos (social, cultural, cognitivo e afetivo) que influenciam consideravelmente a formação da identidade do adolescente. O adolescente da contemporaneidade irá se deparar com a transitoriedade vivida neste momento, porém serão inúmeras as possibilidades deste adolescente se relacionar, permitindo-lhe uma diversidade de papéis.

Compreendemos que é neste contexto escolar que encontramos uma multiplicidade de recursos simbólicos capazes de contribuir para a formação da identidade do adolescente além de permitir a construção de laços afetivos importante para a sua inserção na sociedade.

Contudo, a idéia de uma identidade que se caracterize como fixa e rígida não se aplica à contemporaneidade. O que presenciamos é um processo constante de transformação que permite ao indivíduo construir e reconstruir sua identidade permanentemente durante toda a sua vida.

 

Referências

Bauman, Z. (2005). Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.         [ Links ]

Ciampa, A. da C. (1990). A estória do Severino e a história da Severina. São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]

Coutinho, M. C., Krawulski, E., & Soares, D. H. P. (2007). Identidade e trabalho na contemporaneidade: repensando articulações possíveis. Psicologia & Sociedade, 19(Edição Especial 1), 29-37. Recuperado em 16 de maio, 2009, de http://www.scielo.br/scielo.         [ Links ]

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Erikson, E. H. (1972). Identidade, Juventude e Crise. Rio de Janeiro: Zahar editores.         [ Links ]

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Polonia, A. da C. (2005). A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano. Tese de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Distrito Federal. Recuperado em 17 de maio, 2009, de htpp:// www.scielo.br/paideia.         [ Links ]

Silva, T. T., Hall, S., & Woodward,K. (2004). Identidade e diferença. A perspectiva dos Estudos Culturais. Editora Vozes: Petrópolis.         [ Links ]

 

1 Estudante do Mestrado em Psicologia, endereço eletrônico: lucienesouza_moraes@yahoo.com.br