7 1 
Home Page  


Revista EPOS

 ISSN 2178-700X

RIBEIRO, Paula de Melo    COSTA, Carlos Alberto Ribeiro. Racismo de Estado, biopoder e negligência: retratos da saúde na história brasileira. []. , 7, 1, pp.74-91. ISSN 2178-700X.

^lpt^aO presente texto elege como tema a intrincada questão das ditas "doenças negligenciadas". Nomeadas por instituições nacionais e internacionais como "doenças de países subdesenvolvidos" ou "doenças dos trópicos" − a despeito de não respeitarem fronteiras geográficas ou temporais −, essas moléstias são consideradas "negligenciadas" devido à possibilidade de gastos sustentáveis como meios de combate, prevenção ou tratamento que, apesar dessa viabilidade, não se efetivam. Constata-se, pois, um aparente paradoxo, manifestado pela racionalidade política das atuais formas de (des)enfrentamento a essas moléstias: o Estado − que, a princípio, deve fomentar e assegurar a vida de sua população − age negligenciando certas doenças e permitindo que milhares de vidas se percam. As "doenças negligenciadas", tomadas como um "analisador" − ferramenta disruptiva que, ao conferir visibilidade e dizibilidade às relações instituídas, permite questionamentos e intervenções −, facultam supor que tais estratégias, a princípio contraditórias, "o fazer viver e o deixar morrer", são de fato operações intrínsecas, relacionadas àquilo que Foucault nomeia de "biopoder". A partir do contexto sócio-histórico brasileiro − apreendido desde a análise bibliográfica de artigos, livros, documentos e tabloides concernentes ao assunto − este artigo intenta, assim, indagar a intrincada máquina de "fazer viver e deixar morrer" relativa às "doenças negligenciadas".^len^aThis paper chooses as its theme, the intricate issue of so-called "neglected diseases". Nominated by national and international institutions as "diseases of developing countries" or "diseases of the tropics" – despite they do not obey geographical or temporal boundaries – these diseases are considered "neglected" because of the possibility of sustainable spending in resources to fighting, prevention or treatment, and, despite its viability, this spending not become accomplished. It is noticed, therefore, an apparent paradox, expressed by the political rationality of the current forms of facing these diseases: the State − that, in principle, should to promote and ensure the life of its population − acts neglecting certain diseases and allowing thousands of lives are lost. The "neglected diseases", taken as an "analyzer" − disruptive tool that, by giving visibility and utterability to established relations, allows questions and interventions – provides to suppose that such strategies, contradictories in principle, of "do live and let die" are, indeed, intrinsic operations, in relation with what Foucault called "the biopower". From the Brazilian socio-historical context − seized from the literature review of articles, books, papers and tabloids concerning the matter − this article intends therefore ask the intricate machine "to live and let die" on the "neglected diseases".

: .

        · | |     · |     · ( pdf )

 

Creative Commons License All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License