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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas
versão On-line ISSN 1806-6976
SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.6 no.2 Ribeirão Preto ago. 2010
EDITORIAL
Profª Drª Luciane Prado Kantorski
Luciane Prado Kantorski é Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Federal de Pelotas.
Os transtornos mentais e de comportamento são uma série de distúrbios definidos pela Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Correlatos de Saúde (CID-10), em que prevalecem alterações de ideias, emoções, comportamento e relacionamentos, sendo exemplos desses a esquizofrenia, a depressão, transtorno bipolar afetivo, o retardo mental, transtornos devido ao uso de substâncias psicoativas, entre outros.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a esquizofrenia, por exemplo, segue curso variável, crônico ou recorrente, com sintomas residuais e recuperação social incompleta, em dois terços dos casos. Indivíduos com esquizofrenia crônica constituem importante proporção dos moradores dos hospitais psiquiátricos. No caso da depressão, que se trata de transtorno episódico recorrente, cerca de 20% dos casos segue curso crônico e sem remissão. Os transtornos mentais e comportamentais são comuns entre pessoas que buscam os serviços de atenção básica, sendo que os diagnósticos mais comuns são depressão, ansiedade e transtornos do uso de substâncias.
A complexidade, gravidade e crescente aumento de casos psiquiátricos constitui-se em inquietações àqueles que pensam e executam o cuidado em saúde mental, impulsionando a busca de perspectivas inovadoras de intervenção no sofrimento psíquico. Nas duas últimas décadas, o movimento de reforma psiquiátrica, no Brasil, tem tido forte influência no redesenho das instituições de cuidado e tratamento dos transtornos psíquicos. A incorporação progressiva dos princípios da reforma psiquiátrica foi materializada no contexto brasileiro, inicialmente por meio das Portarias do Ministério da Saúde que, desde o final da década de 80, regulamentaram o pagamento de novos procedimentos como consulta individual e em grupo, realizadas por profissionais como enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, e, ainda, atendimento em oficinas terapêuticas, centros de atenção psicossocial, hospital dia, urgência e internação em hospital geral; regulamentaram e definiram padrões mínimos para o funcionamento dos serviços de saúde mental territoriais, com vistas à construção de rede diversificada de atenção em saúde mental.
Neste ano de 2010, realizou-se, em Brasília, a IV Conferência Nacional de Saúde Mental, com uma chamada à articulação intersetorial, com vistas aconsolidar avanços e enfrentar desafios, reafirmando-se os rumos da política de saúde mental do Estado Brasileiro, a partir de perspectiva de consolidação da reforma psiquiátrica e de acolhimento aos desafios que representam problemas de saúde, como as drogas e tantos outros que extrapolam as fronteiras dos saberes específicos das ciências da saúde, para se entrelaçarem aos demais problemas que se perpetuam e se potencializam, a partir dos modos como se organiza e se reproduz a sociedade.
É no interior desse cenário que gostaria de fazer a apresentação deste número da Revista, considerando que as pesquisas científicas e, por consequência, seus produtos materializados em artigos, neste espaço divulgados, possam contribuir, apontando reflexões e caminhos para o contexto altamente complexo da saúde mental. Particularmente, neste número, a Revista SMAD traz a público artigos que se ocupam dos cuidadores de idosos, da dependência química (maconha, tabaco, álcool) e da depressão, incluindo estudo sobre o perfil dos usuários da rede de saúde mental, contribuindo para o pensamento científico na área da saúde mental e para o contexto na qual se insere. A todos uma boa leitura.