O relacionamento interpessoal é um grande influenciador no desenvolvimento social do sujeito. Nesse sentido, o Treinamento de Habilidades Sociais (THS) se apresenta como um instrumento que possibilita qualificar suas ações aprimorando fatores que se relacionam com áreas de formação, tais como, as habilidades de expressão de afeto, de comunicação, de empatia e educativas (A. Del Prette & Del Prette, 2006).
Nas últimas décadas, a psicologia tem buscado construir uma analogia entre relações interpessoais, desenvolvimento socioemocional e saúde. Praticamente todas as teorias de desenvolvimento interpessoal enfocam questões como a socialização e a importância das interações sociais (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 1996; Mariano & Bolsoni-Silva, 2016). Tais relações consideram o contexto e a cultura do meio que o sujeito está inserido, ponderando sua capacidade de comunicação, expressão de sentimentos, de lidar com críticas e elogios, pedir desculpas e escutar empaticamente (Caballo, 2014; Del Prette, Falcone, & Murta, 2013).
Habilidades Sociais (HS) podem ser descritas como comportamentos socialmente aceitos no contexto das relações interpessoais, que diferem conforme a idade, o gênero e educação, além da cultura na qual o indivíduo está inserido (Caballo, 2014). HS é a denominação dada para diferentes classes de comportamentos sociais disponíveis no repertório de uma pessoa que contribuem para a qualidade e a efetividade das interações que ela estabelece com as demais (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2001a). Além disso, são reconhecidas como fator de proteção a problemas de comportamento no curso do desenvolvimento humano. Consequentemente, programas para o desenvolvimento de HS têm sido desenvolvidos com foco na promoção da saúde mental (Murta, 2005).
As HS são comportamentos aprendidos e, partindo desta premissa, podem ser ensinadas ou aprimoradas por meio do THS. Constituídas por classes de comportamentos específicos que um indivíduo apresenta com o objetivo de completar uma determinada tarefa social, o enfoque do THS foi oficialmente iniciado nos anos 60 na Inglaterra. Ao longo dos anos, verificou-se um expressivo aumento de publicações a partir das décadas de 70 e 80, especialmente nos Estados Unidos e Canadá (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2000). No Brasil, o interesse de pesquisadores pela área ocorreu, principalmente, a partir da década de 90, quando é identificado o aumento do número de publicações (Bolsoni-Silva et al., 2006).
Intervenções embasadas no THS têm apresentado crescimento expressivo em diferentes grupos, de diferentes idades e com diferentes papéis sociais: pais (Pasche, Vidal, Schott, Barbosa, & Vasconcellos, 2019), casais (Prado e Silva, & Vandenberghe, 2008), profissionais de diferentes áreas de atuação (Branco & Andrade, 2020), acadêmicos (Lima, Soares, & Souza, 2019), professores (Lessa, Felicio, & Almeida, 2017), alunos (Souza, Soares, & Freitas, 2019). Estudos com a utilização do THS em diferentes grupos constataram sua eficácia, estimulando a capacidade de interação e qualificando a competência social (A. Del Prette & Del Prette, 2013; Pureza, Rusch, Wagner, & Oliveira, 2012; Wagner, Pereira, & Oliveira, 2014).
Ao considerar o contexto da educação, é necessário observar as demandas das práticas de ensino e os atributos do processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, a formação e a atuação docente são cruciais. O processo de formação dos professores é constituído de sua capacitação em conteúdos, conceitos e habilidades interpessoais. Tais competências têm um papel fundamental no desenvolvimento humano de forma geral e na sua adaptação ao contexto de ensino, afetando as relações com os professores e pares, impactando de forma significativa as relações entre ensino e aprendizagem (Lessa et al., 2017). De fato, as interações entre alunos e professores afetam o desenvolvimento das crianças (Bolsoni-Silva & Mariano, 2014).
As HS que ocorrem em contexto de ensino e aprendizagem (formal ou informal) são nomeadas de Habilidades Sociais Educativas (HSE) e têm como foco principal o desenvolvimento e aprendizagem, bem como os comportamentos sociais dentro de um contexto formal ou informal do processo de educação (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2001a). São distinguidas de outros comportamentos pelo caráter intencional de atitudes emitidas por pais, professores e demais educadores, pois, ao emitir as HSE o agente educacional possui um objetivo definido e não aleatório que pressupõem um processo de evolução do comportamento que está sendo ensinado. Por exemplo, não basta o professor apresentar determinadas atitudes para ele ser considerado competente, é preciso levar em consideração o aspecto funcional da definição de HSE, pois as habilidades sociais só poderão ser chamadas de educativas de acordo com os efeitos produzidos ou da possibilidade de ocasionar mudanças no repertório dos alunos (Del Prette & Del Prette, 2008). No construto HSE, são apontadas quatro classes gerais de (a) Estabelecer contextos potencialmente educativos; (b) Transmitir ou expor conteúdos sobre habilidades sociais; (c) Monitorar positivamente e (d) Estabelecer limites e disciplina (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2008).
O THSE se constitui como um conjunto de estratégias que visa ensinar, de forma direta, competências individuais e interpessoais com a intenção de ser um recurso que viabiliza o desenvolvimento das potencialidades sociais na interação com o aluno. O professor necessita desenvolver um repertório comportamental com habilidades sociais bem elaboradas e, por meio da afetividade, motivar o aluno. A intervenção de profissionais especialistas na área de habilidades sociais pode impactar diretamente sobre o repertório dos professores e outros agentes educativos e indiretamente sobre os alunos propiciando um melhor desempenho nas relações interpessoais no contexto educacional (Rosin-Pinola & Del Prette, 2014).
A análise de publicações sobre THS em periódicos identificou a predominância de estudos descritivos, principalmente de natureza correlacional. Na ocasião, foi constatado que os estudos experimentais eram escassos (Bolsoni-Silva et al., 2006).
Também foi observado que grande parte dos programas de THS utilizou delineamento pré-experimental com pré e pós-teste, sendo constatado que poucos apresentaram delineamentos experimentais ou quase experimentais, o que dificultou a interpretação e evidência dos resultados. Outro questionamento refere-se à probabilidade de que diversos programas aplicados não foram publicados.
Conciliar o rigor da pesquisa com as práticas existentes é considerado um desafio necessário para a evolução dos programas de treinamento, podendo demandar um longo período de tempo e maior controle (Murta, 2005). A literatura aponta que foram encontrados cinquenta e sete estudos publicados, diferentes dos dez citados por Bolsoni-Silva no estudo realizado em 2006, no período entre 2004 e junho de 2012, utilizando as palavras-chave “habilidades sociais” e “competência social”; entretanto, nenhum utilizou delineamento propriamente experimental focado em professores (Freitas, 2013).
Na última década, um expressivo aumento dos estudos que utilizam o THS como forma de intervenção foi constatado e, além disso, com uma significativa ampliação das populações alvo (Comodo & Dias, 2017; Fumo, Manolio, Bello, & Hayashi, 2009; BolsoniSilva et al, 2006). O aumento na produção de estudos empíricos no campo do THS no Brasil poderia contribuir para o conjunto de conhecimentos disponíveis, por meio da exploração de relações mais precisas entre variáveis de interesse, já identificadas em estudos descritivos. Além disso, existe a necessidade de sistematização do conhecimento produzido.
Método
A revisão sistemática foi conduzida pelas recomendações da Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta Analyses (PRISMA), que propõe nortear a elaboração de revisões sistemáticas da literatura e meta-análises na área da saúde humana (Moher, Liberati, Tetzlaff, & Altman, 2009). O primeiro passo foi formular a questão da pesquisa que consistiu em averiguar “Quais as aplicações do Treinamento de Habilidades Sociais, voltados ao contexto educacional?”. Foi realizado o processo de busca nas bases de dados LILACS, EBSCO, PePSIC, SciELO e PubMed. Para seleção dos descritores, foram realizados testes com distintas combinações com o propósito de encontrar os que contemplassem o maior número de estudos sobre o assunto. Ao final, optou-se pela busca dos seguintes descritores do DeCS, com os seguintes operadores booleanos: “Social skills” AND “Training” AND “Teachers”, presentes no título/resumo, sem delimitação de ano. A opção pelos descritores em Ciências da Saúde (DeCS) ocorreu devido à possibilidade do uso de uma terminologia comum para pesquisa em três idiomas, o que proporciona um meio consistente e único para a recuperação da informação.
A exclusão dos artigos iniciou pelos duplicados e aqueles que não tratavam do tema de interesse desta pesquisa. Após a leitura do título e resumo, os artigos que apenas citavam a expressão THS nas referências foram descartados. A partir disso, os critérios de inclusão utilizados foram os seguintes: (1) Artigos empíricos e que tratassem do tema, (2) THS no âmbito da educação. Esses critérios foram aplicados por meio da leitura integral dos artigos. Após a leitura, foram excluídos os artigos que não tinham como foco o THS. Após o procedimento de seleção dos estudos e definição daqueles que seriam incluídos na revisão, os dados foram tabulados segundo os seguintes critérios: (a) autoria dos artigos, (b) ano da publicação, (c) país e cidade de origem onde o estudo foi realizado, (d) participantes do THS, (e) finalidade do estudo, (f) caracterização da amostra, (g) instrumentos e (h) conclusões do estudo.
Resultados e Discussão
A partir das buscas realizadas, foram localizados 1.022 artigos que constituíram a base documental, distribuídos da seguinte forma nas bases de dados: LILACS (n= 59), EBSCO (n=44), SciELO (n= 78), PePSIC (n =2) e PubMed (n= 820). Deste total (n =1.022), muitos não disponibilizavam o acesso ao texto completo, eram revisões de literatura ou não estavam focados no âmbito educacional. Como evidenciado na Figura 1 após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão restaram 9 artigos na amostra final.
Com a Tabela 1 tem a finalidade de apresentar as informações dos estudos incluídos na revisão sistemática. Ela reúne de maneira sintética, as seguintes informações: (a) autoria dos artigos, (b) ano da publicação, (c) país de origem, (d) participantes do THS, (e) finalidade do estudo, (f) caracterização da amostra, (g) instrumentos e (h) conclusões.
Discussão
Todos os artigos selecionados para a amostra foram localizados na íntegra e, mesmo sendo publicados em periódicos internacionais, cinco são focados no cenário nacional (A. Del Prette, 1998; Z. A. P. Del Prette, Del Prette, Garcia, Bolsoni-Silva, & Puntel, 1998; Magalhães & Murta, 2003), dois estudos nos Estados Unidos (Choi & Heckenlaible-Gotto, 1998; Han, Catron, Weiss, & Marciel, 2005), um em Portugal (Galindo, Candeias, Pires, Grácio, & Stück, 2018) e um na Jamaica (Baker-Henningham, Walker, Powell, & Gardner, 2009).
Os estudos encontrados com a utilização de programas de THS, no cenário formal de educação que utilizaram delineamentos pré-experimentais, começaram a ser publicados a partir do ano de 1998. Foram realizados por pesquisadores brasileiros e apresentam um desenho de estudo de caso que envolve a análise dentro de um ambiente real. Tais pesquisas foram construídas por diferentes grupos de autores, sendo mais frequentes no grupo Relações Interpessoais e Habilidades Sociais, da Universidade Federal de São Carlos (RIHS/UFSCar).
No total, foram identificados 29 autores diferentes nas publicações em quatro países (Brasil, Portugal, Estados Unidos e Jamaica). Os textos foram publicados em nove periódicos diferentes sendo que, dos artigos nacionais, todos são da área da Psicologia. Já os internacionais foram publicados, principalmente, em áreas de Saúde, Ensino e Psicologia.
Quanto ao tamanho amostral, observou-se uma variação entre um e 149 sujeitos participantes. Do universo de estudos encontrados, dois foram realizados com a participação de alunos e professores (Baker-Henningham et al, 2009; Elias & Amaral, 2016). Em outros três (A. Del Prette, 1998; Z. A. P. Del Prette et al, 1998; Fornazari, Kienen, Vila, Nantes, & Proença, 2014), a amostra era caracterizada por professores do ensino regular ou especial e todos ocorreram no Brasil. Entretanto, o maior número de publicações (4), trouxeram alunos como sujeitos de pesquisa (Choi & Heckenlaible-Gotto, 1998; Murta, 2005; Han et al, 2005; Galindo et al, 2018), distribuídos em: Ensino Fundamental- séries iniciais (2), Ensino médio (1) e Ensino Superior (1).
Em 77,78% (n=7) dos artigos analisados, o objetivo proposto foi desenvolver ou capacitar os professores e/ou alunos por meio do Treinamento das Habilidades Sociais (THS) e analisar os efeitos obtidos (A. Del Prette 1998; Z. A. P. Del Prette et al, 1998; Choi & Heckenlaible-Gotto, 1998; Murta, 2005; Han et al, 2005; Fornazari et al, 2014). Em dois deles (Baker-Henningham et al, 2009; Galindo et al, 2018), a finalidade foi caracterizar comparativamente a competência dos professores diante de seu repertório social.
Os trabalhos foram publicados em 11 periódicos diferentes, sendo que, dentre os nacionais, a avaliação dos periódicos segundo o Qualis Capes (Web Qualis, 2016), variou entre A1 e B3. Com base nessas informações, pode-se inferir que periódicos de qualidade reconhecida apresentam boa aceitação de artigos produzidos dentro do contexto de intervenções em Habilidades Sociais. Já as publicações internacionais encontram espaço em revistas como a Frontiers in Psychology com fator de impacto 2.390, considerado um dos principais periódicos de psicologia multidisciplinar do mundo em termos de influência e qualidade, conforme demonstrado pela análise do Journal Citation Reports (JCR-2017; 2018). Outros dois periódicos foram o Child: Care, Health and Development (fator de impacto: 1.828) e o The Journal of Educational Research (fator de impacto: 1.690).
No que diz respeito ao delineamento de pesquisa dos artigos, verificou-se que apenas um não se enquadrava no quantitativo, pois tratava-se de um estudo de caso que serviu de base para a organização de uma tipologia de classes e subclasses de desempenho em sala de aula. Quanto aos instrumentos utilizados, verificou-se uma grande diversidade. A utilização de dois ou mais instrumentos ocorreu em 55,6% (n=5) dos estudos e, em sua maioria, o uso de diferentes escalas para avaliar o resultado obtido com o treinamento. Nos estudos nacionais foram utilizados os seguintes instrumentos: a escala de habilidades sociais, comportamentos problemáticos e competência acadêmica (SSRS-BR) (Bandeira, Z. A. P. Del Prette, Del Prette, & Magalhães, 2009), Teste de Desempenho Escolar (TDE) e o Programa Posso Pensar - PPP desenvolvido por Elias (2012) que tem como objetivo desenvolver HS com foco nas habilidades de solução de problemas interpessoais (Elias & Amaral, 2016). Observou-se ainda o emprego do Software “ENSINO” em dois estudos (Fornazari, 2011; Fornazari et al, 2014;). O Inventário de Habilidades Sociais - IHS (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2001b) que permite caracterizar o desempenho social em diferentes situações foi utilizado em apenas um estudo (Fornazari et al, 2014).
Nos estudos internacionais (Choi & Heckenlaible-Gotto, 1998; Han et al, 2005; Galindo et al, 2018), foi observada a utilização de instrumentos voltados à análise do comportamento como a Escala de Avaliação de Pares criada por McGinnis, Goldstein, Sprafkin e Gershaw (Choi & Heckenlaible-Gotto, 1998); Pré-K RECAP desenvolvido por Han (2001), manuscrito não publicado (Han et al, 2005). Um estudo (Galindo et al, 2018) utilizou escalas de avaliação de comportamento e de atmosfera da sala de aula. Foram encontrados nos estudos a aplicação de questionários sociodemográficos e outros específicos elaborados pelos autores.
Na conclusão dos artigos, é evidenciado que os diferentes programas de Treinamento de Habilidades Sociais (THS) aplicados no contexto do ensino formal demonstram resultados promissores. Apontam que, após o treinamento, ocorreu evolução do clima emocional na sala de aula com indícios de melhora do comportamento e da participação.
Todos os estudos elencados indicam que a utilização do THS permite superar déficits no desempenho social com o desenvolvimento de repertório socialmente desejado por meio de procedimentos educativos (Bolsoni-Silva & Mariano, 2014). Concluiu-se que os programas de THS estabelecem diversos comportamentos socialmente competentes, desenvolvem o conhecimento do próprio desempenho e das contingências relacionadas (Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2001a), bem como ampliam as alternativas de resposta do indivíduo.
A avaliação de programas de THS, ainda que seja uma proposta relativamente recente, tem sido concretizada por meio de diversos delineamentos e em diferentes contextos. As pesquisas encontradas apresentam contribuições em termos da caracterização do repertório de habilidades sociais, da competência social de professores e da verificação da efetividade de programa de intervenção. Ainda, verificou-se que, mesmo com a criação de um sistema de Habilidades Sociais Educativas (HSE), com classes e subclasses bem descritas e validadas empiricamente, voltadas para a construção de ensino/aprendizagem, nenhum dos estudos analisados apresentou uma proposta de treinamento baseado em HSE. Tal estrutura é percebida como essencial na prática dos docentes quando direcionado para a evolução social e afetiva dos estudantes e direcionada o processo de aprendizagem formal (Z. A. P. Dell Prette & Dell Prette, 2008). É fundamental compreender as HSE, considerando seu impacto sobre a relação do professor e aluno por meio da avaliação e monitoramento dos efeitos sobre o repertório comportamental de ambos (Rosin-Pinola & Del Prette, 2014; Z. A. P. Del Prette & Del Prette, 2008).
No Brasil, a construção do Inventário de Habilidades Sociais (IHS- Del Prette) por Z. A. P. Del Prette e Del Prette (2001b), teve o propósito de avaliar o desempenho social em diferentes situações (trabalho, escola, família, cotidiano) e o instrumento já passou por diversas edições. Estudos demonstraram a sua aplicabilidade tanto para diagnóstico e intervenção na clínica quanto na educação. Verificou-se que é um inventário empregado tanto para levantar necessidades de intervenção, como para avaliar se houve eficácia nas propostas implantadas. Recentemente, no Brasil, foi publicada a mais nova versão do instrumento, o IHS 2 - Del Prette (A. Del Prette & Del Prette, 2018).
Considerações Finais
Os estudos que apresentavam o THS focado apenas nos professores mostraram-se escassos. Quando ocorrem no âmbito educacional, o enfoque que evidenciou maior frequência é direcionado aos alunos. De fato, os resultados da revisão sistemática da literatura sugerem que o Treinamento de Habilidades Sociais voltado ao ambiente escolar é relativamente novo, sendo que os primeiros estudos encontrados são do final da década de 90. Talvez por isso haja ainda uma carência de estudos relacionados ao THS. Para tanto, sugere-se que novos estudos empíricos possam ser realizados, tendo como público alvo professores de diferentes níveis de ensino, com avaliação pré e pós intervenção.
Como limitações do presente estudo, destaca-se que o uso de descritores com características muito amplas ofertou um grande número de artigos; contudo, em sua maioria não tinham nenhuma relação com os termos propostos nesta revisão. Ainda, deve-se atentar para o fato de que muitas das bases utilizadas são da área da Psicologia e Saúde, sendo importante considerar bases de dados da educação para novas análises. Além disso, o fato que este enfoque tem maior ocorrência no cenário nacional, concentrando as coletas na região sudeste e sul do Brasil, e vinculado a poucos grupos de pesquisa. Estes constructos são pouco frequentes nos estudos realizados em outros países e, quando o THS é utilizado, visa validar programas com enfoque em mudanças comportamentais.
Destaca-se que este trabalho não esgota as possibilidades de investigação sobre o tema e sugere que novas pesquisas sejam realizadas de modo a incluir outras variáveis que podem trazer mais informações a respeito de como as HS no âmbito escolar têm sido tratadas na literatura. Espera-se que as tendências e lacunas levantadas sirvam de parâmetro para que pesquisadores do campo de HS encaminhem seus futuros estudos.