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Revista Brasileira de Psicologia do Esporte

versão On-line ISSN 1981-9145

Rev. bras. psicol. esporte v.3 n.1 São Paulo jun. 2010

 

 

Traços de personalidade, ansiedade e depressão em jogadores de futebol

 

Personality traits, anxiety and depression in soccer players

 

Rasgos de Personalidad, ansiedad e depresión en jugadores de futbol

 

 

Daniel BartholomeuI; Afonso Antonio MachadoII; Flavio SpigatoIII; Luana Luz BartholomeuIV; Heitor F. P. CozzaV; José M. Montiel

IUniversidade São Francisco
IIUniversidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"
IIICentro Universitário Padre Anchieta
IVFaculdade Anhanguera de Jundiaí
VCentro Universitário Anhanguera de Santo André

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo desse trabalho foi verificar a associação entre os traços de personalidade e ansiedade e depressão em jogadores de futebol. Participaram da pesquisa 29 jogadores de um time de uma cidade do interior do estado de São Paulo, com idades entre 17 e 21 anos, com média de 19 anos (DP=1,07). Aplicou-se coletivamente o BAI que é composto por 21 itens com informações descritivas dos sintomas de ansiedade; e o BDI, composto por 21 itens que apresentam descrições de sintomas de depressão. Em ambos os instrumentos os itens devem ser avaliados pelo sujeito em referência a si mesmo em razão da freqüência de ocorrência de cada um numa escala de 0 a 3 pontos. A medida de personalidade foi tomada pelo Big Five que apresenta 64 adjetivos, os quais os participantes devem assinalar em termos da intensidade de concordância com que aquele item os caracterizam numa escala de cinco pontos. Dentre os resultados evidenciou-se uma correlação negativa entre o Neuroticismo e a ansiedade, que indica que o aumento desse traço denota uma diminuição correspondente na ansiedade o que se contrapõe a definição do mesmo. A comparação das medidas de ansiedade e depressão nos grupos extremos formados com base nos traços de personalidade corroborou esses dados.

Palavras-chave: Ansiedade, Depressão, Big five, Futebol.


ABSTRACT

The aim of this study was to ascertain associations among the personality traits, anxiety and depression in soccer players. 29 players attending at a soccer team of a city of the interior of the state of São Paulo, aged from 17 to 21 years old, with mean age of 19 years (Dp=1,07) were studied. The BAI, composed by 21 items with descriptive information of the anxiety symptoms; and the BDI, composed by 21 items presenting descriptions of depression symptoms were collectively applied. In both instruments items must be assessed by the citizen referencing itself in terms of each frequency of occurrence in a 3 point scale. The personality measure was taken by the Big Five that presents 64 adjectives, which the participants must assess, the agreement intensity that the items characterizes them in a five points scale. Amongst the results, negative correlation between the Neuroticism and the anxiety was ascertain, indicating that the higher the Neuroticism, the lower the anxiety. These data opposes the definition of the trait. Specific anxiety symptoms correlated with the studied traits but the depression symptoms did not. The anxiety and depression measures comparison in the personality traits contrasting groups confirmed these data.

Keywords: Anxiety, Depression, Big five, Soccer.


RESUMEN

El objetivo de este estudio ha sido verificar la asociación entre los rasgos de personalidad, ansiedad e depresión en jugadores de futbol. Participaron de la pesquisa 29 jugadores de un time de una ciudad del interior del estado de São Paulo con edades entre 17 e 21 años, con media de 19 años (Dp=1,07). Aplicó-se colectivamente el BAI que é compuesto de 21 ítems con informaciones descriptivas de los síntomas de ansiedad; e el BDI que é compuesto por 21 ítems que presentan descripciones de los síntomas de depresión. En ambos los instrumentos los ítems deben ser evaluados por el sujeto en referencia a si mismo cuanto a frecuencia de ocurrencia de cada un en una escala de 0 a 3 puntos. La mensuración de la personalidad fue tomada por el Big Five que presenta 64 adjetivos que los participantes deben señalar la intensidad de concordancia con que el ítem indica en una escala de cinco puntos. Entre los resultados evidencio-se una correlación negativa entre el Neuroticismo e la ansiedad que indica que el aumento de este rasgo é acompañado de un aumento correspondiente en la ansiedad. La comparación de las medidas de ansiedad e depresión en los grupos extremos basados en los rasgos de personalidad ha corroborado los datos.

Palabras-llave: Ansiedad, Depresión, Big five, Futbol.


 

 

Introdução

O efeito do esporte na vida das pessoas ou como essas se ajustam a ele são tópicos que não foram muito versados na comunidade psicológica por um longo período de tempo. A psicologia do esporte emergiu numa tentativa de compreender e otimizar o desempenho de atletas. Nesse contexto, o termo "psicologia do esporte" adquiriu dois significados um tanto diferentes, sendo que, um deles se refere à prática da psicologia por profissionais que se especializaram no trabalho com atletas em uma variedade de contextos desportivos; e o outro se refere à análise do desenvolvimento da psicologia do esporte como disciplina acadêmica, comumente encontrada em universidades. Nessa última perspectiva, enfatizam-se tanto os fatores que influenciam a participação no esporte e exercícios de forma geral como os efeitos psicológicos derivados dessa participação (Williams & Straub, 1986).

Dentre os aspectos psicológicos que podem exercer alguma influência sobre o desempenho de atletas em competição, um dos mais estudados desde o surgimento da Psicologia do Esporte após a Segunda Guerra Mundial tem sido a personalidade. Entre as décadas de 1950 a 1970 houve uma tendência a aplicação de instrumentos que mensurassem essa variável em atletas, objetivando, principalmente comparar seus resultados com grupos de não atletas, ou entre as distintas modalidades esportivas (Cratty, 1984).

Uma das principais discussões no que concerne a aplicação de testes de personalidade em atletas tem sido a questão da validade das medidas obtidas no contexto esportivo. Rushall (1975) e Martens (1975) ressaltam que uma das objeções feitas consiste na seleção indiscriminada da população de atletas que não permite estabelecer evidências para um grupo específico, dada as diferenças entre os tipos de modalidades esportivas Além disso, destacam que a maior parte das pesquisas nessa área apresentam problemas quanto ao tratamento estatístico dos dados, bem como em suas interpretações (Cratty, 1984).

Uma das soluções para esse problema é sugerida por Morgan (1978) ao mencionar a necessidade de que outras provas sejam aplicadas juntamente com as de personalidade, com vistas a fornecer uma maior compreensão dos atletas em questão. Ao lado disso, devem ser examinadas também variáveis relativas aos aspectos emocionais e sociais envolvidos em cada modalidade esportiva, possibilitando, assim, combinar dados de personalidade com as diversas "tensões esportivas específicas".

Dentre os inúmeros instrumentos disponíveis para a avaliação da personalidade estão o MMPI (Inventário Multifásico de Personalidade) e o 16 PF de Cattell, que têm sido muito utilizados no contexto esportivo, entre outros. Na atualidade, uma nova proposta para a mensuração da personalidade tem emergido que é a dos Cinco Grandes Fatores (CGF). Esse modelo descreve dimensões básicas da personalidade que foram constituídas com base na aplicação de inúmeros instrumentos como o 16 PF, MMPI, escala de necessidades de Murray, entre outros. Esses testes, ao serem submetidos a análises fatoriais fornecem soluções similares com os CGF, independentemente da teoria que os embasa. (McCrae & Costa, 1989; Digman, 1990; McAdams, 1992; Briggs, 1992, Hutz et al, 1998).

Esse modelo não apresenta uma explicação teórica a priori dos motivos de serem cinco os fatores e, embora existam algumas divergências quanto à denominação dos mesmos, ou das características em cada dimensão, não representam problemas metodológicos ou epistemológicos. Inúmeros autores como Goldberg (1981), Hogan (1983) estudaram as soluções fatoriais encontradas entre os testes de personalidade e contribuíram para o entendimento atual dos fatores para explicar a personalidade. Nesse contexto, o Fator I corresponde a Extroversão/Introversão e pessoas com altas pontuações nesse fator seriam caracterizadas como sociáveis, ativas, falantes, otimistas e afetuosas. Esse fator é correspondente ao fator I da escala de Eysenck bem como ao fator "Atividade Social" do sistema de Guilford (Hutz et al, 1998; Nunes & Hutz, 2002).

Por sua vez, o segundo fator é o Nível de Socialização, e suas tendências são agradabilidade social, calor humano, doçura, altruismo, cuidado, amor e apoio emocional, sendo que seu oposto é caracterizado por hostilidade, indiferença aos demais, egoísmo e inveja. Esse fator abrange alguns itens da escala de Psicoticismo de Eysenck (1970). A esse respeito, Digman (1990) destaca que a quase totalidade da variância dessa escala estaria explicada nos fatores II e III dos CGF (Hutz et al1998; Nunes & Hutz, 2002).

O terceiro fator é a Escrupulosidade e pessoas com predominância nesse traço caracterizam-se como honestas, sensíveis afetivamente, preocupadas com os outros, responsáveis, e pessoas em seu oposto apresentariam irresponsabilidade, negligência, dureza e insensibilidade (Hutz et al, 1998). O Fator IV é correspondente ao Neuroticismo ou Estabilidade Emocional e abrange aspectos como afeto positivo e negativo, instabilidade emocional, ansiedade, depressão, melancolia, tristeza, nervosismo, hostilidade, vulnerabilidade, auto-crítica, impulsividade e temor. Pessoas em seu oposto seriam pouco impulsivas e recuperariam o autocontrole com facilidade (Hutz et al, 1998; Nunes & Hutz, 2002).

Finalmente, o Fator V é a Abertura a Experiência e envolve fantasia, imaginação, abertura para novas experiências e flexibilidade de pensamento. Esse fator pode ainda ser denominado Intelecto, já que também é caracterizado pela percepção que a pessoa tem de sua capacidade (Hutz et al, 1998).

Pesquisas nos últimos 10 anos têm demonstrado a solidez desses fatores. Assim, esse modelo tem sido considerado por inúmeros autores como o melhor na atualidade para a descrição da personalidade. Ainda, sugere-se que se trate de dimensões básicas da personalidade, desejáveis de se obter em quaisquer pessoas com que se vá interagir (McCrae & John, 1992; McCrae, Costa & Piedmont, 1993; Hutz et al, 1998; McAdams, 1992).

Considerando que os CGF têm sua origem na análise da linguagem utilizada para descrever pessoas, o uso de descritores de traços (adjetivos) podem identificar esses fatores de personalidade. Na opinião de Goldberg (1982), se uma característica é evidente, uma palavra poderia ser suficiente para descrevê-la.

Hutz e colaboradores (1998) executaram uma pesquisa com 976 estudantes de universidades do Sul do Brasil de ambos os sexos para averiguar a adequação de uma lista de adjetivos usados na descrição da personalidade. A análise fatorial demonstrou a existência de cinco fatores conforme o esperado. O primeiro fator foi "Socialização" ("agreableness"), seguido por "Extroversão", "Escrupulosidade", "Neuroticismo" e "Abertura para Experiência", possibilitando constituir escalas que apresentaram coeficientes alfa de Cronbach entre 0,78 e 0,88. O total de variância explicada pelos fatores foi de aproximadamente 44% e análises multivariadas de variância (MANOVA) indicaram diferenças significativas de sexo em todos os fatores, exceto o neuroticismo. Os autores destacam que somente a abertura apresentou médias significativamente maiores para as mulheres, nos demais fatores os homens evidenciaram maior incidência dos traços. Entretanto, as diferenças são pequenas, e considerando o tamanho grande da amostra não se pode afirmar com segurança a necessidade de normas diferenciadas.

Com base no exposto até o momento, o problema da validade das medidas de personalidade em psicologia do esporte, bem como a necessidade de se examinar suas relações com as emoções envolvidas em cada modalidade esportiva; e, considerando ainda que algumas dessas constam das definições dos traços no modelo dos CGF, achou-se interessante planejar uma pesquisa para relacionar esses aspectos no contexto específico do futebol. Dentre as diversas características emocionais atreladas aos traços de personalidade, este trabalho teve como foco a ansiedade e a depressão, que são mais evidentes em indivíduos que apresentam uma alta incidência de neuroticismo.

Na opinião de Machado (2001), o esporte, de maneira geral, apresenta uma elevada emocionalidade. Nesse contexto, o aumento da ansiedade no momento esportivo decorre do aumento da pressão que é exercida sobre os jogadores com o objetivo de alcançar a vitória. Para o autor, a preocupação com a ansiedade quer seja dentro de campo ou fora dele, nunca foram tão grandes como nos dias de hoje.

Martens e colaboradores (1990), considerando a ansiedade como um constructo multidimensional, hipotetizaram que os antecedentes situacionais da ansiedade cognitiva e auto-confiança seriam os fatores no ambiente que se relacionariam à expectativa de sucesso dos jogadores, incluindo a forma como o indivíduo iria perceber sua própria habilidade e a de seu oponente, possivelmente baseada em experiência competitiva prévia. Gould e colaboradores (1984) e Martens e colaboradores (1990) ressaltaram que esses antecedentes abrangeriam ainda a importância do jogo, os efeitos de facilitação social, preparação no vestiário (locker room preparation) e rotinas de treinamento pre-competição.

Os estudos sobre ansiedade demonstram que seus níveis variam sempre antes, durante e após uma situação de tensão A iminência de um evento dessa natureza parece aumentar os níveis de ansiedade, ao passo que o contato com a situação faz com que esses níveis diminuam. Entretanto, o grau em que uma competição aumenta ou diminui a ansiedade varia de acordo com a tarefa em questão. Assim, modalidades esportivas que implicam num maior uso de resistência e força tem maior probabilidade de dissipar a ansiedade em detrimento de outros como tiro ao alvo ou arco e flecha nos quais a tendência é de aumento das tensões com o prosseguir da competição (Cratty, 1984).

No que concerne a ansiedade em relação ao jogadores de futebol especificamente, a revisão da literatura revelou que apenas o trabalho de Hanin e Spielberger (1983) ocupou-se com a construção de um instrumento de mensuração da ansiedade em uma amostra de jogadores de futebol russos. Noutro estudo, Scalan e Passer (1979) identificaram fatores que afetaram as expectativas de desempenho competitivo em 192 jogadoras de futebol. A habilidade de jogo e auto-estima relacionou-se a expectativa de desempenho, mas a ansiedade não.

Diferenças significativas em medidas de ansiedade de jogadores de futebol menos e mais habilidosos, conforme avaliados pelos treinadores, foram detectadas no estudo de Graf (1975). Os autores sugeriram ainda que a tendência dos jogadores menos habilidosos de apresentarem maiores níveis de ansiedade seria parcialmente causada ou relacionada à preocupação excessiva dos pais.

Por sua vez, Dowthwaite & Armstrong (1984) investigaram níveis de ansiedade em jogadores de futebol, tomando medidas dessa variável, 10 min antes e imediatamente após três jogos, um fácil, outro crucial e outro em uma competição fácil. O grupo venceu todos os três jogos. Os resultados demonstraram mudanças nos estados de ansiedade nos dois momentos. Os sujeitos estiveram mais ansiosos antes do jogo crucial que dos fáceis.

Ainda Pozzi (1986) estudou a influência do ambiente de treino sobre as reações ansiosas de jogadores de futebol, avaliando os níveis de ansiedade e depressão de treinadores de times. É interessante destacar que, revisando a literatura psicológica aplicada ao futebol, foram encontrados poucos estudos preocupados na avaliação da depressão nessa população, sendo que, mesmo esses, incluem ainda avaliações da ansiedade ou traços de personalidade entre outras variáveis.

Alguns trabalhos, entretanto, merecem ser destacados. Assim, Hassmen e Blomstrand (1996) investigaram relações entre o estado de humor e desempenho em jogadores de futebol por meio do Profile of Mood States (POMS) com avaliações antes, imediatamente após e 2 horas após os jogos. Os resultados indicaram alterações no estado de humor, especialmente em situações como empate ou derrotas, sendo que os indivíduos demonstraram menos tensão, depressão, raiva e confusão quando venciam os jogos.

Marini e colaboradores (1988) estudaram diferenças nas características de personalidade de jogadores de futebol e um grupo controle para determinar métodos individuais de reação ao estresse atlético. Os autores investigaram ainda diferenças em seis áreas de sintomas incluindo ansiedade, fobia, depressão, somatização e histeria. Este foi o único trabalho na literatura que investigou a ansiedade, depressão e traços de personalidade, entretanto, mesmo nesse, os objetivos estavam voltados a reação ao estresse.

De forma geral, em relação à ansiedade e depressão, Barlow (1991) ressaltou que, embora se busque evidências de validade discriminante para a ansiedade, os estudos tendem a demonstrar uma relação, ainda que variável, com os sintomas de depressão. Em consonância, Beck e Steer (1993a) assinalaram que no BAI (Beck Anxiety Inventory), instrumento utilizado neste trabalho, certos sintomas são compartilhados de forma mínima com os de depressão embora tenha sido construído para mensurar a ansiedade.

Tendo em vistas a carência de estudos averiguada na literatura no que tange aos traços de personalidade, depressão e ansiedade em jogadores de futebol e levando-se em conta que as próprias definições de alguns dos traços apresentam essas características, esse trabalho procurou relacionar essas variáveis dentro desse contexto específico.

 

Método

PARTICIPANTES

Participaram desta pesquisa 29 jogadores juniores de um time de futebol de uma cidade do interior do estado de São Paulo, que iniciaram a participação num projeto de intervenção em Psicologia para aumentar a motivação da equipe. Todas as pessoas eram do sexo masculino e com idades entre 17 e 21 anos, com média de idade de 19 anos (Dp=1,07). Vale ressaltar ainda que houveram jogadores em todas as posições possíveis para um time de futebol.

INSTRUMENTOS

1 - Inventário Beck de Ansiedade - BAI - (Beck Anxiety Inventory) (Cunha, 2001).

Esse inventário foi originalmente desenvolvido por Beck, Epstein, Brown e Steer, em 1988 e adaptado por Cunha (2001), apresentando bons coeficientes de fidedignidade e validade. A primeira foi tomada pelo alfa de Cronbach em amostras de pacientes psiquiátricos, não clínica e médico-clínica. Como de particular interesse nesse trabalho, os coeficientes para a amostra não clínica variaram de 0,71 a 0,72. Vale ressaltar que nessa amostra estavam inclusos, idosos, universitários, reclusos de uma penitenciária, bombeiros, funcionários de hospitais e empresa de trens, adolescentes e estudantes de primeiro grau. Além disso, foi tomada a estabilidade temporal do teste com um intervalo de uma semana e a correlação dessas aplicações em uma amostra da população geral foi de 0,99 (p<0,001). Seu Manual apresenta ainda evidências de validade de conteúdo, convergente, discriminante e fatorial.

Este teste é composto por 21 itens que apresentam informações descritivas dos sintomas de ansiedade. Esses devem ser avaliados pelo sujeito em referência a si mesmo em razão da gravidade e freqüência de cada item numa escala de 0 a 3 pontos.

A aplicação seguiu a proposta do manual e suas instruções foram lidas aos participantes. Após isso, foi entregue um protocolo do teste ao examinando. Na correção, a soma das avaliações nos itens possibilita o escore geral que tem seu máximo em 63 pontos. Além disso, o Manual apresenta uma Tabela com pontos de corte para a classificação dos sujeitos em cada um dos níveis de ansiedade possíveis. Estes são apresentados na Tabela 1.

 

 

2 - Inventario Beck de depressão - BDI - (Beck Depression Inventory) (Cunha, 2001)

Foi originalmente criado por Beck, Ward, Mendelson, Mock e Erbaugh em 1961, evidenciando coeficientes de fidedignidade e evidências de validade satisfatórias conforme o estudo de Cunha (2001). O Manual relata estudos de consistência interna com amostras psiquiátrica, médico-clínica e não clínica. Nesta última, os coeficientes alfa de Cronbach variaram de 0,70 a 0,86. Essa amostra incluía, idosos, universitários, reclusos de uma penitenciária, bombeiros, funcionários de hospitais e empresa de trens, adolescentes e estudantes de primeiro grau. Ainda, em não pacientes, o coeficiente de teste-reteste foi maior que 0,90 com um intervalo de 15 dias, conforme o trabalho de Lightfoot e Oliver (1985). São apresentadas em seu Manual também evidências de validade de conteúdo, convergente, discriminante e fatorial.

Este teste consiste de 21 descrições de sintomas de depressão com alternativas de 0 a 3 pontos, que devem ser assinaladas em razão da freqüência de ocorrência dos mesmos. Na aplicação seguiu-se a proposta do Manual sendo lidas as instruções e, em seguida, entregue um protocolo do BDI ao examinando.

Para a correção do instrumento, são somados os pontos em cada item, compondo um escore total cuja pontuação máxima possível não excede 63 pontos. Como no BAI, o Manual apresenta pontos de corte para a classificação dos sujeitos em cada um dos níveis de depressão. Essa informação consta da Tabela 2.

 

 

3 - Big five (Hutz et al, 1998).

Este teste apresenta uma lista com 64 adjetivos, que os participantes devem assinalar em termos da intensidade de concordância com que aquele item os caracterizam numa escala de cinco pontos. As respostas são dispostas desde 1, Discordo totalmente até 5, Concordo totalmente.

O Fator I informa sobre o traço Socialização e os indicadores que os caracterizam são Afável, DócilSociável,Agradável, Generosa, Romântica, Gentil, Amável, Compreensível, Amigável, Fria, Bondosa, Apaixonada, Simpática, Sentimental e Delicada, compondo um total de 16 itens nessa subescala. O Fator II diz respeito à Extroversão e os seus indicadores são Acanhada, Extrovertida, Comunicativa, Desembaraçada, Introvertida, Envergonhada, Tímida, Quieta, Inibida e Calada, totalizando 10 itens. Por sua vez, o Fator III tem informações sobre Realização (Escrupulosidade) e os adjetivos que o caracterizam são Honrada, Responsável, Dedicada, Esforçada, Estudiosa, Honesta, Desorganizada, Eficiente, Cuidadosa, Metódica, Organizada, Meticulosa, Assídua e Compenetrada, formando um total de 14 itens para essa subescala. Já o Fator IV Concerne ao Neuroticismo e seus itens são Pessimista, Feliz, Aborrecida, Afirmativa, Egoista, Infeliz, Deprimida, Insegura, Antipática, Solitária, Ansiosa e Triste, totalizando 12 itens nessa escala. Finalmente o Fator V informa sobre Abertura e os adjetivos característicos são Curiosa, Engraçada, Criativa, Filosófica, Corajosa, Enérgica, Aventureira, Audaciosa, Imaginativa, Intelectual, Artística e Impulsiva compondo o total de 12 itens. O resultado para cada escala foi obtido pela soma das pontuações dada a cada item dividida pelo total de itens em cada subescala correspondente.

Algumas propriedades psicométricas desse instrumento foram tomadas por Hutz et al (1998). A análise fatorial forneceu um total de variância explicada para esses cinco fatores de 43,91%. Ao lado disso, os valores Alfa de Cronbach para as dimensões são de 0,88, 0,88, 0,84, 0,89, 0,78 respectivamente e podem ser considerados satisfatórios.

PROCEDIMENTO

A aplicação dos instrumentos foi coletiva, realizada na sede do Clube, em uma sala de reuniões com cadeiras. Foi distribuída uma folha de respostas de cada teste aos participantes. A aplicação dos testes foi parte de um projeto de intervenção que visava à coleta de informações a serem depois utilizadas para determinar as técnicas a serem empregadas e foi comunicado aos participantes que os dados seriam mantidos em sigilo e seriam também, posteriormente, utilizados em uma pesquisa. Todos os participantes responderam inicialmente o BAI, logo após o BDI e em seguida o Big Five.

 

Resultados e Discussão

Os resultados serão apresentados em três partes. Primeiramente, com vistas a caracterizar os jogadores em termos dos traços de personalidade estudados bem como de ansiedade e depressão, serão apresentadas algumas estatísticas descritivas dessas variáveis. Na seqüência, procurou-se correlacionar as medidas de ansiedade e depressão com os traços de personalidade estudados, procurando associações entre essas variáveis. Finalmente, serão apresentadas as análises de diferenças das pontuações de ansiedade e depressão nos grupos extremos separados em razão de cada um dos traços de personalidade.

As estatísticas descritivas da medida do BAI, do BDI e do Big Five estão apresentadas na Tabela 3. Quanto aos traços de personalidade, observa-se que os jogadores em questão, apresentaram uma maior incidência do traço Escrupulosidade, fator que apresentou a maior média em detrimento das demais, embora, algumas pessoas tenham alcançado altas pontuações em cada um dos traços. Um dado para se destacar é que nos traços Socialização e Extroversão, 10,3% dos indivíduos apresentaram pontuações próximas à máxima obtida nesses traços. No Fator Escrupulosidade, 6,8% das pessoas também obtiveram altas pontuações. Já quanto ao traço Neuroticismo, 17,2% dos indivíduos obteve escores próximos ao máximo obtido nessa amostra, sendo esse o traço com maior concentração de sujeitos nas pontuações mais altas. Finalmente, o Fator Abertura congregou 13,8% das pessoas com pontuações mais altas. Verificou-se uma prevalência na amostra em questão do traço Escrupulosidade. Essas pessoas apresentam como características ambição, perseveração, pontulidade, decisão, confiabilidade, organização e escrupulosidade (Nunes & Hutz, 2002).

 

 

No que concerne à ansiedade a média das pontuações no BAI indica que, no geral, os jogadores apresentam níveis mínimos de ansiedade, classificando esse escore na Tabela do Manual desse teste (Tabela 1). Vale destacar, entretanto, que 37,7% dos jogadores apresentaram níveis leves de ansiedade, sendo esse o ponto mais alto alcançado nessa variável. Além disso, houve bastante variabilidade das pontuações nessa medida, o que poderia ser esperado dado o número reduzido de atletas que compuseram a amostra. Por sua vez, os dados do BDI são muito similares aos do BAI, já que somente 27,4% dos jogadores evidenciaram níveis leves de depressão, segundo os dados do Manual (Tabela 2). O restante dos participantes apresentou níveis mínimos de depressão. Observou-se ainda, muita dispersão dos dados ao redor da média. Sumariamente, quanto a ansiedade e depressão, a maioria dos participantes apresentou níveis mínimos nessas variáveis e somente poucos deles, níveis leves.

Para se investigar as relações entre as medidas dos testes em questão, utilizou-se a prova de correlação de Spearman, estabelecendo o nível de significância de 0,05. Os resultados dessa análise estão na Tabela 4. Por essa análise, verificou-se que somente a ansiedade manteve correlações que alcançaram significância estatística com o fator Neuroticismo. O coeficiente encontrado foi moderado e negativo, facilitando a interpretação de que o aumento desse traço nos jogadores apresenta uma diminuição correspondente dos níveis de ansiedade. A correlação encontrada entre o BAI e o BDI foi de 0,44 (p=0,018) e sugere que ao aumento dos sintomas de ansiedade, há um aumento correspondente nos de depressão.

 

 

Pelas correlações encontradas, pode-se sugerir que ao aumento do Neuroticismo, lhe corresponde uma diminuição da ansiedade nesses jogadores, sendo essa a única correlação significativa encontrada, considerando as pontuações totais nas emoções estudadas. Assim, quanto mais os jogadores apresentam afeto positivo e negativo, instabilidade emocional, melancolia, tristeza, nervosismo, hostilidade, vulnerabilidade, auto-crítica, impulsividade e temor, entre outras características do Neuroticismo, menos tendem a apresentar ansiedade. Esse resultado é controverso, já que uma das características desse traço é justamente a ansiedade. Contudo, o trabalho de Sisto, Pacheco Guerrero e Urquijo (2001) com crianças, evidenciou resultados semelhantes e corroboram os dados encontrados.

Deve-se ponderar ainda que as mesmas restrições encontradas por esses autores devem também ser levadas em conta nessa pesquisa, já que os coeficientes encontrados foram, embora significativos, baixos, explicando pouca variância e indicando que outras características estariam sendo avaliadas também e não somente a ansiedade. Pese a isso também que embora a depressão não tenha se correlacionado à personalidade, a correlação entre os totais do BAI e o BDI que foram significativas e, embora explique pouca variância (cerca de 19%), indicam aspectos em comum mensurados por esses testes. Esse resultado é consonante com os achados de Barlow (1991) e Beck e Steer (1993a). Ainda, a análise de grupos extremos formados pelos traços de personalidade confirmou os dados ora encontrados, já que a única diferença significativa foi na pontuação total de ansiedade entre pessoas com notas mais altas e mais baixas em Neuroticismo.

Procurou-se ainda aprofundar as análises correlacionando, cada sintoma de ansiedade e depressão em particular com cada um dos traços de personalidade estudados. Essa análise revelou que nenhum dos sintomas de depressão manteve correlações significativas com quaisquer dos traços. Em contrapartida, no caso da ansiedade, o fator socialização associou-se negativa e significativamente a rosto afogueado, indicando que quanto mais sociável o indivíduo, menos tende a apresentar incidência desse sintoma (r=-0,42, p=0,022). Esse resultado é interessante e consonante com a definição do traço, uma vez que quanto mais sociável uma pessoa, menos tende a ficar com o rosto ruborizado em situações sociais (Nunes & Hutz, 2002).

No caso da Extroversão, foram observadas correlações positivas e significativas com os sintomas de indigestão ou desconforto no abdômen, e tremores nas mãos, sugerindo uma alta incidência desses sintomas em sujeitos bastante caracterizados nesse traço (r=-0,40, p=0,030; r=0,43, p=0,021 ). Além disso, correlacionou-se negativamente com sensação de sufocação e dificuldade de respirar (r= -0,42, p=0,022; r=-0,37, p=0,047). Assim, ao aumento da extroversão, lhe corresponde uma diminuição desses problemas. Assim, quanto mais os jogadores eram sociáveis, ativos, falantes, otimistas e afetuosos, mais tenderam a apresentar indigestão ou desconforto no abdômen, e tremores nas mãos, e menos evidenciaram os sintomas de sensação de sufocação e dificuldade de respirar (Nunes & Hutz, 2002).

Por sua vez, o traço Escrupulosidade manteve coeficientes negativos e significativos com tremores nas pernas, incapacidade de relaxar, aterrorizado, e rosto afogueado indicando uma diminuição desses sintomas quanto maior a incidência desse traço (r=-0,38, p=0,041; r=-46 p=0,012; r=-0,40, p=0,034; r=-0,42, p=0,023) . Entretanto, também tendem a aumentar problemas de sensação de desmaio (r=0,43, p=0,021). Escrupulosidade caracteriza pessoas com ambição, perseveração, pontulidade, decisão, confiabilidade, organização e escrupulosidade e esses jogadores tenderam a apresentar menos tremores nas pernas, incapacidade de relaxar, terror e rosto afogueado e mais sensação de desmaio (Nunes & Hutz, 2002). Esses sintomas parecem estar em consonância com a definição desse traço.

Ao lado disso, o traço de Neuroticismo associou-se negativa e significativamente aos sintomas de tremores nas pernas e medo que aconteça o pior (r=-0,40, p=0,030; r=-0,46, p=0,011). Assim, o aumento desses aspectos é correspondido pela diminuição nesse traço. O Neuroticismo indica uma tendência a instabilidade e ajustamento emocional, propensão a sofrimento psicológico, ansiedade, depressão, vulnerabilidade e impulsividade entre outros, e evidenciou diminuição de sintomas como tremores nas pernas e medo que aconteça o pior. Essas reações são, aparentemente, contrárias às características mencionadas e esses dados convidam a novos estudos (Nunes & Hutz, 2002).

Finalmente, Abertura a experiência manteve correlações positivas e significativas com tremores nas pernas e trêmulo, indicando aumento conjunto dessas características (r=0,41, p=0,029; r=0,45, p=0,014). Jogadores com traço de Abertura tendem a ser curiosos, imaginativos, criativos e com valores não convencionas, e denotaram mais incidência de tremores nas pernas. Outros trabalhos poderiam investigar as possíveis razões desse tipo de sintoma.

Procurou-se ainda averiguar, em que medida os grupos extremos formados em razão dos traços de personalidade eram diferenciados pelas medidas totais de ansiedade e depressão. Para isso, valeu-se da prova de Mann Whitney, estabelecendo nível de significância de 0,05. Foram separados, em cada traço, 25 % dos indivíduos com maior incidência (grupo 1) e 25% com menor (grupo 2). Os resultados encontram-se na Tabela 5.

 

 

Por esses dados, observou-se que somente a medida de ansiedade foi diferenciada nos grupos extremos de Neuroticismo. Assim, o grupo com menor incidência desse traço, apresentou maior ansiedade em detrimento do grupo com mais Neuroticismo.

 

Considerações Finais

Este trabalho foi proposto com base no fato de que a validade das medidas de personalidade em psicologia do esporte tem sido, por vezes, questionada. Uma das causas disso compreende a variedade de modalidades esportivas que esses trabalhos abrangem, não se podendo afirmar com segurança a quais dessas modalidades as evidências são atribuídas tornando necessária a realização de pesquisas em modalidades específicos. Assim, nesse trabalho, circunscreveu-se somente ao futebol (Morgan, 1978; Cratty, 1984; Rushall, 1975; Martens, 1975).

Considerou-se ainda a relevância de estudos com o Big-Five, já que se trata de um modelo de mensuração da personalidade mais atual e que descreve suas dimensões básicas; bem como as sugestões de Morgan (1978) ao ressaltar que outras provas que mensurem os aspectos emocionais no esporte sejam aplicadas juntamente aos testes de personalidade e relacionadas no âmbito esportivo (McCrae & John, 1992; McCrae, Costa & Piedmont, 1993; Hutz et al, 1998). A revisão da literatura revelou uma ausência de trabalhos que relacionassem esses aspectos em jogadores de futebol. Nessa população foram mais comuns estudos relativos à ansiedade, situações desencadeantes e níveis dessa, assim como desenvolvimento de testes, entre outros. Quanto à depressão e personalidade, uma quantidade pequena de pesquisas foram observadas, reforçando ainda mais a necessidade de trabalhos. Esse fato também limitou, de certa forma, a discussão dos dados ora encontrados (Costa, 1987).

Restaria trazer a baila algumas limitações deste trabalho. Uma dessas é referente ao número reduzido de sujeitos que não permitiu uma representatividade boa das questões de ansiedade e depressão, na medida em que poucas pessoas somente apresentaram níveis mínimos nestas variáveis. Todavia, pode-se aventar que talvez com amostras mais representativas essas relações encontradas sejam mais evidentes ou se estabeleçam outras associações que ainda não ocorreram em decorrência desse pequeno número de participantes. Esse é um dado que merece mais investigação. Além disso, as relações com os sintomas devem ser mais bem exploradas.

 

Referências

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Endereço para correspondência
R. João Carbonari Júnior, 214 Bl 28 Ap. 41.
Vl. Nova Jundiainópolis. Jundiaí, SP. CEP 13210-705
E-mail: d_bartholomeu@yahoo.com.br
daniel.bartholomeu@am.unisal.br

 

 

Sobre os autores

Daniel Bartholomeu
Psicólogo e doutorando em avaliação psicológica pela Universidade São Francisco com bolsa da CAPES. É colaborador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia do Esporte (NEPESPE) e do Laboratório de Avaliação Psicológica e Educacional (LabAPE). Atua como docente na Faculdade Anhanguera de Jundiaí e no Centro Universitário Salesiano de Americana.

Afonso Antonio Machado
Formado pela PUC em Educação Física, tendo realizado seu doutorado e mestrado em Educação, pela Universidade Estadual de Campinas. É livre docente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É colaborador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia do Esporte (NEPESPE). Atualmente é docente da Graduação em Educação Física na Escola Superior de Educação Física de Jundiaí, no Instituto Superior de Educação Uirapuru (Sorocaba) e professor adjunto da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, onde ministra aulas na graduação e pós-graduação.

Flavio Spigato
Psicólogo do esporte atua em diversos clubes do interior paulista, trabalhando com tênis e futebol principalmente. É aluno do curso de pós graduação Latu Sensu do UNIANCHIETA. É colaborador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia do Esporte (NEPESPE).

Luana Luz Bartholomeu
Discente da Faculdade Anhanguera de Jundiaí e colaboradora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Psicologia do Esporte (NEPESPE).

Heitor F. P. Cozza
Psicólogo, Pedagogo, Mestre e Doutor em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco. Atua como docente da graduação na Unianhanguera – Unia Santo André, Psicólogo do esporte no departamento de esporte da prefeitura de Santo André.

José M. Montiel
Psicólogo, Mestre e Doutor em Avaliação Psicológica pela Universidade São Francisco. Consultor no âmbito de avaliação e intervenção neuropsicológica.

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