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Revista Polis e Psique

versão On-line ISSN 2238-152X

Rev. Polis Psique vol.6 no.3 Porto Alegre dez. 2016

 

EDITORIAL

 

 

As temáticas sobre as quais tratam as produções que publicamos nesta terceira edição de 2016 da Revista Polis e Psique abordam o contexto de lutas por garantias de direitos em um cenário de fragilização do estado democrático brasileiro com a análise das políticas públicas ligadas ao campo da saúde, da saúde mental, dos direitos e proteção social de mulheres, de sujeitos escolares e de mudanças produzidas no cotidiano de espaços urbanos. As primeiras produções remetem diretamente ao contexto político em que o país se encontra, ao questionamento das instituições frente a um retrocesso político que fere de forma ditatorial direitos anteriormente garantidos aos sujeitos e, em decorrência disso, as manifestações sociais que tem acontecido. De modo geral, estas produções de conhecimento delineiam a preocupação em estudar os processos de subjetivação produzidos pelo avanço da construção das políticas sociais no Brasil e que agora se encontram ameaçadas, principalmente, em relação a questão do sujeito de direitos como sujeito destas políticas. Assim, a Revista Polis e Psique apresenta neste número uma entrevista, oito artigos e dois relatos de experiência.
Falando sobre o momento atual brasileiro, abrimos nosso periódico com a entrevista Crises da Democracia da Insurreição, com o Filósofo Peter Pál Pelbart, realizada por Mário Francis Petry Londero, Luis Felipe Parise, Camila Braz da Silva e Simone Mainieri Paulon do Grupo de Pesquisa Intervires do PPGPSI-UFRGS. Nesta entrevista Peter nos fala, sobretudo,  de um dos seus livros recém lançados, onde problematiza o atual cenário brasileiro, com suas ocupações e movimentos de resistência contra a PEC 55 e tantas outras propostas políticas-econômicas que estão sendo produzidas pelo atual governo do Brasil. Seguindo essa discussão sobre o cenário nacional, o primeiro artigo, Protestos de Junho 2013 no Brasil: novos repertórios de confronto, de Demetrius Lopes de Abreu e Jáder Ferreira Leite, faz uma análise traçando um resgate dos repertórios tradicionais utilizados em três movimentos de massa ocorridos anteriormente: a Passeata dos Cem Mil, Diretas Já, e Fora Collor. O autor visa delimitar as formas de confronto experimentados nos ciclos de protestos de Junho de 2013 no Brasil dividindo estes repertórios em três categorias: de ruptura, violência e convenção.
A seguir, apresentamos cinco artigos que discutem políticas públicas de saúde.  O artigo de Daniele Andrade Ferrazza, Psicologia e Políticas Públicas: desafios para superação de práticas normativas, apresenta a história da constituição de um saber psicológico normativo e da reflexão sobre a inserção da psicologia no âmbito da Saúde Coletiva, com destaque a alguns pontos norteadores para a profissão no sentido de garantir a formação de profissionais com um perfil condizente para atuação no âmbito das Políticas Públicas de Saúde. Já o artigo de José de Araújo Brito Neto, Flavia Cristina Silveira Lemos, Dolores Cristina Gomes Galindo, Alcindo Antônio Ferla e Michelle Ribeiro Côrrea, Figuras e facetas da lógica proibicionista-medicalizante nas políticas sobre drogas no Brasil, realiza uma análise teórica a respeito da lei e norma na definição da opção política proibicionista no país nas últimas décadas.
Discutindo sobre a construção de uma linha de cuidado e a escuta em saúde mental do trabalhador e da trabalhadora como expressão da Clínica do Trabalho no Sistema Único de Saúde, Carla Garcia Bottega e Alvaro Crespo Merlo, no artigo Linha de cuidado em saúde mental do trabalhador: discussão para o SUS, mostram a demanda da escuta como uma necessidade de cuidado a trabalhadores/as que sofrem em momentos específicos de suas vidas. Também situado na área da saúde do trabalhador, Breno Ayres Chaves Rodrigues, Amanda Giron Galindo, Jaquelina Maria Imbrizi e Rosilda Mendes, no artigo Oficinas com trabalhadores em situação de afastamento do trabalho, consideram que as oficinas podem ser dispositivos que incluem a inventividade dos participantes e produzem cultura em situação de afastamento do trabalho e nas quais o exercício da criatividade é fator de produção de saúde.
No artigo Um breve percurso na prática de inserção social em um Centro de Atenção Psicossocial-CAPS na Bahia, Antonia Vieira Santos e Herbert Toledo Martins discutem modos de construção da inserção social no cotidiano de sujeitos em sofrimento psíquico, a partir dos discursos dos profissionais do CAPS I como possibilidade de inserção social desses sujeitos, visando a efetivação da política de desinstitucionalização de acordo com o movimento antimanicomial.
Trazendo a temática da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Olga Maria Alves da Silva, Mikaela Patrícia Pereira Alípio e Lisandra Espíndula Moreira, no artigo Mulheres e violência doméstica: relato de experiência num juizado especializado, analisam dados do perfil de usuárias para compreender melhor alguns aspectos das experiências dos sujeitos atendidos pela equipe multidisciplinar, a prática profissional da Psicologia no âmbito jurídico da violência doméstica, além das articulações entre as redes de atenção local.
Os desafios às práticas de extensão universitária são discutidos por Alice Vignoli Reis e Mônica Botelho Alvim, no artigo Estrangeirismos na cidade: inventando o comum em zonas urbanas fronteiriças. A experiência de se sentirem estrangeiras no âmbito de um projeto de extensão universitária, as fazem refletir sobre fronteiras urbanas e sobre as possibilidades de invenção do comum em uma cidade dividida. 
Encerrando este número, a Revista Polis e Psique apresenta duas produções na modalidade Relatos de Experiência. O primeiro deles, Saúde Mental na Infância: cuidado e cotidiano nas políticas públicas, de Bruna Moraes Battistelli e Lilian Rodrigues Cruz, problematiza as possibilidades de constituição de cuidado em saúde mental tomando a criança e o adolescente como capaz de se afetar e produzir afetos no outro. No segundo relato, Circulação da palavra na escola: possibilidades de emergência do sujeito, Jane Fischer Barros, nos mostra de que modo se configuram diferentes espaços na escola, com respeito à circulação e a “tomada” da palavra, no sentido de propiciar o advento do sujeito e a construção de uma experiência coletiva.
Agradecemos a todos os autores, pareceristas e demais colaboradores pelo trabalho conjunto e convidamos a continuarem submetendo artigos e a participar do processo editorial da Revista Polis e Psique.

Neuza Guareschi – Editora Gerente
Cristiano Hamann – Editor Assistente
Daniel Dall'Igna Ecker – Editor Assistente
Renata Kroeff – Editora Assistente

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