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Reverso
versão impressa ISSN 0102-7395
Reverso vol.43 no.82 Belo Horizonte jul./dez. 2021
HOMENAGEM
Homenagem a Isabela Santoro Campanário
Juliana Marques Caldeira Borges
A dor e a tristeza pela partida de Isabela são tão grandes que nos tornam pequenos diante da impossibilidade de transformar esta realidade inesperada. Estamos diante da perda de muitas Isabelas: a amiga e colega, a psiquiatra e psicanalista, a profissional dedicada e competente, a pesquisadora, que acabou de terminar seu pós-doutorado em estudos sobre autismo, a Isabela filha, envolvida pelo amor de sua família, e, sobretudo, a Isabela mãe, que foi decidida em seu desejo de ocupar a maternidade, trazendo à vida André e Antônio. Todas essas Isabelas estão hoje aqui conosco, reunidas com seu jeito calmo e amável, na serenidade de sua voz e em sua maneira singular de caminhar pela vida, marcando a todos que tivemos o privilégio de conhecê-la.
Isabela possibilitou inúmeros laços, encontros, resgatou histórias e ressignificou muitas outras através de seu trabalho. A Revista Reverso foi por ela coordenada com empenho e propriedade, como editora responsável por oito números durante os anos 2008 a 2011. Isabela é autora do livro Espelho, espelho meu. A psicanálise e o tratamento precoce do autismo, lançado em 2008. Publicou vários artigos na área do autismo infantil e foi responsável pela implantação do projeto Intervenção a Tempo (atendimento psicanalítico mãe-bebê em risco de constituição do sujeito) desde 2003, na Rede Municipal de Saúde de Belo Horizonte, projeto considerado uma das diretrizes em Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de BH.
Graduou-se em medicina, tornou-se psiquiatra e fez, posteriormente, sua formação em psicanálise no Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, onde coordenou seminários nos últimos 20 anos. Foi uma profissional muito atuante em seus estudos, como o mestrado e doutorado na UFMG e o pós-doutorado no Instituto de Psicologia da USP, e suas pesquisas apresentaram resultados muito importantes na área do autismo e da psicanálise.
É difícil encontrar palavras que contornem essa perda dolorosa, marcada também pela perplexidade diante de uma pandemia que tem levado à morte tantas pessoas preciosas neste nosso país e no mundo. Por outro lado, não perdemos Isabela. Como diz Guimarães Rosa, "as pessoas não morrem, ficam encantadas". Ela se encontra viva no legado que nos deixou.
A Isabela, nossa homenagem, nossa lembrança e nossa gratidão pelos conhecimentos, pelo tempo e pelo afeto compartilhados.