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Junguiana

versão impressa ISSN 0103-0825

Junguiana vol.35 no.1 São Paulo jun. 2017

 

ARTIGOS

 

Ecologia da alma: a natureza na obra científica de Carl Gustav Jung

 

Ecology of the soul: the nature in the scientific work of Carl Gustav Jung

 

Ecología del alma: la naturaleza en el trabajo científico de Carl Gustav Jung

 

 

Alisson José Oliveira Duarte*

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Ao estudar a obra de Carl Gustav Jung, bem como seu percurso biográfico, é notável a qualquer pesquisador que a natureza representou inspiração no processo de constituição de sua cosmovisão científica e pessoal. Nesse sentido, buscou-se, com esta pesquisa, apontar a relevância da natureza para a formulação da psicologia analítica, resgatando, nas obras completas do autor (34 volumes) citações em que o termo "natureza" foi utilizado para sustentar conceitos de sua teoria. Os achados (137 parágrafos) apontam que o autor concebia o funcionamento psíquico de maneira análoga ao funcionamento dos sistemas naturais.

Palavras-chave: Ecologia humana, C. G. Jung, natureza.


ABSTRACT

To study the work and biography of Carl Gustav Jung is to realize how inspiring nature was to the development of his scientific and personal worldview. Therefore this paper examines the relevance of nature to the formulation of analytical psychology theories. It searches through 34 volumes of Jung's complete work the quotations in which the term "nature" is used to support concepts of his theory. The 137 paragraphs that were found demonstrate the author conceived psychic functioning was analogous to the functioning of all natural systems.

Keywords: human ecology, C. G. Jung, nature.


RESUMEN

Al estudiar el trabajo científico de Carl Gustav Jung, así como su ruta biográfica, es perceptible para cualquier investigador que la naturaleza representó la inspiración en el proceso de construcción de su cosmovisión científica y personal. Por lo tanto, se buscó, por medio de esta investigación, la relevancia de la naturaleza para la formulación de la psicología analítica. Se rescató en las obras completas del autor, que se compone de 34 volúmenes, las citas donde utilizó el término "naturaleza" para sostener conceptos en su teoría. Los hallazgos, compuestos por 137 párrafos, muestran que el autor concebía el funcionamiento psíquico equivalente al funcionamiento de los sistemas naturales.

Palabras clave: ecología humana, C. G Jung, naturaleza.


 

 

1. Introdução

O estudo da obra de Carl Gustav Jung nos permite observar a peculiaridade de um autor que utilizou, em sua teoria, inúmeras observações da natureza para fundamentar tendências do psiquismo humano. Diversas passagens de seus escritos teóricos e biográficos revelam o caráter "ecológico" de sua obra. Jung mantinha profundo respeito pela natureza e conexão com ela e falou intensamente, em sua obra, sobre a necessidade do homem de se reencontrar com a originalidade primária de seu próprio ser:

[...] a pura natureza está dentro de vós. E se conhecerdes a pura natureza, que é vosso verdadeiro ser, liberto de todo egoísmo perverso, então conhecereis a Deus; pois a divindade está oculta dentro da pura natureza, tal como a noz no envoltório da casca. (JUNG, 2011, v. 16/2, par. 508).

De acordo com o autor, "não devemos sugerir à natureza o que fazer, se quisermos observar seu comportamento espontâneo" (JUNG, 2011, v. 7/2, p. 10). Ele defendia a livre expressão do psiquismo e o rompimento com tudo aquilo que condiciona e aliena o comportamento natural. Em outra passagem, afirmou que "a vida natural é o solo em que se nutre a alma" (JUNG, 2011, v. 8/2, par. 800). E sobre o inconsciente, declarou: "o inconsciente é natureza que nunca se engana: só nós nos enganamos" (JUNG, 2011, v. 5, par. 95).

Por meio da natureza, Jung fundamentou o caráter individual e coletivo da mente humana. Para ele, o homem, em sua jornada de autoconhecimento, se torna completo na medida em que consegue manter o equilíbrio entre natureza coletiva e natureza individual, ou seja, "a singularidade de um indivíduo não deve ser compreendida como uma estranheza de sua substância ou de suas componentes, mas sim como uma combinação única" de seus elementos universais (JUNG, 2011, v. 7/2, par. 267).

É importante lembrar que a trajetória científica de Jung foi fortemente marcada pelo romantismo de Goethe e sua profunda contemplação do meio natural. Para Goethe, nenhum cientista pode alcançar as verdades da natureza desintegrando- se dela, aplicando abstrações frias para compreendê-la ou registrando o mundo exterior de maneira mecanicista (TARNAS, 2000).

Para Pinheiro (1997), a psicologia deve participar das discussões e lançar propostas para a crise ambiental. Isso porque, segundo ele, não existem problemas isoladamente ambientais, mas humano-ambientais. Nesse sentido, esta pesquisa também procura fomentar a busca por respostas de como a psicologia analítica pode contribuir para o entendimento da ecologia na interioridade do homem, promovendo sua reconexão com o meio e um profundo sentimento de ética e integração com a vida.

A crise ambiental reflete o estado da psique humana. Tudo o que pertence à realidade externa ocupa em nós um lugar interno: o sol, a lua, a água, as plantas, os animais, tudo vive em nós, na forma de arquétipos que povoam nosso mundo intrapsíquico por meio de imagens, símbolos e valores.

Em uma entrevista realizada por McGuire e Hull (1997, p. 189), Jung descreveu a ligação entre o homem e o meio ambiente a partir dos seguintes termos:

Todos nós precisamos de alimento para a psique, é impossível encontrar esse alimento nas habitações urbanas, sem uma única mancha de verde ou árvore em flor; necessitamos de um relacionamento com a natureza; precisamos projetar-nos nas coisas que nos cercam; o meu eu não está confinado no corpo; estende-se a todas as coisas que fiz e a todas as coisas à minha volta, sem estas coisas não seria eu mesmo, não seria um ser humano. Tudo que me rodeia é parte de mim.

A cisão vivida por nós pode ser atestada observando- se a maneira pela qual separamos o espaço interno do espaço externo. O mundo próprio é o que importa: corpo, casa e família. As ruas, avenidas, rios, praias, animais e plantas são vivenciados como se não fossem da nossa alçada, como se ninguém fosse por eles responsável e como se não fossem extensão de nós mesmos.

De acordo com Jung (2011, v. 8/2, par. 702), "a melhor maneira de compreender o inconsciente é considerá-lo como um órgão natural dotado de uma energia criadora específica". Diferente de Sigmund Freud, Jung não admitia o inconsciente apenas como um reservatório de conteúdos reprimidos pela moralidade social. Pelo contrário, ressaltava a capacidade dinâmica do inconsciente de criar conteúdos e o concebia como base natural de todos os conteúdos arcaicos da humanidade (sentimentos, instintos, imagens e mitos).

Para ele, "a natureza reflete tudo que existe em nosso inconsciente" (JUNG, 2011, v. 5, par. 170), como se o funcionamento do sistema psíquico humano fosse diretamente equivalente ou idêntico ao funcionamento ecológico (dinâmico, potencial, sistêmico, homeostático, criador e destruidor).

Em uma de suas passagens mais significativas, o autor chegou a afirmar que sua obra (a psicologia analítica) visa, acima de tudo, "romper com as muralhas que nos separam da natureza que há em nós" (JUNG, 2011, v. 8/2, par. 739). O autor afirmou, ao longo de toda a sua pesquisa científica, a necessidade do homem de se realizar, assim como uma semente se realiza tornando-se árvore. A esse processo, que consiste no ato de tornar-se si mesmo, ele deu o nome de individuação.

Para Jung, o psiquismo segue um curso natural e, se esse fluxo é inibido, o sistema psíquico entra em desequilíbrio, como qualquer outro sistema natural. "Se tivermos a natureza como guia, nunca trilharemos caminhos errados" (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 34). A esse respeito, o autor introduziu em sua teoria o conceito de persona, que definia como um princípio de adaptação que tem por objetivo ocultar a verdadeira natureza do indivíduo – uma espécie de máscara, fundamental para a adaptação social, bem como para a constituição do processo cultural.

Como é sabido o processo cultural consiste na repressão progressiva do que há de animal no homem: é um processo de domesticação que não pode ser levado a efeito sem que se insurja a natureza animal sedenta de liberdade. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 17).

De acordo com Jung, a neurose surge com o processo de domesticação social. Para ele, "o neurótico é apenas um caso específico de pessoa humana tentando conciliar dentro de si natureza e cultura" (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 16). No entanto, o autor reconhecia a necessidade do homem de viver em sociedade; não prezava o isolamento social nem a completa massificação, sugerindo que o processo de individuação ou de realização da totalidade do ser acontecesse como consequência do equilíbrio entre seus aspectos naturais e sociais. Ou seja, procura-se, e com certeza sempre se há de procurar, o caminho do meio, um ponto em que os opostos se unam.

É certo que a psicanálise pode tornar consciente os instintos animais do homem, mas não, como alguns interpretam, para deixá-los entregues a uma liberdade sem freio e sim para integrá- los num todo harmonioso. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 28).

Em diversas passagens de sua obra, ressaltou que o mal é parte da natureza humana e que, portanto, não se pode anulá-lo: ele sempre irá ressurgir como parte integrante da personalidade. O autor advertia que a única saída para esse sentimento é a integração do mal nos processos da personalidade, por meio do autoconhecimento. Isso não sugere nem incentiva a identificação com essa tendência, o que seria inadequado e envolveria o indivíduo em crueldade e em um comportamento antissocial.

A imagem do mal é figurada no psiquismo humano por meio do arquétipo que Jung chamou de sombra. Esse arquétipo aponta para a necessidade, como requisito fundamental no processo de individuação, de se integrar a personalidade.

As pessoas quando educadas para enxergar claramente o lado sombrio de sua própria natureza aprendem ao mesmo tempo a compreender e amar seus semelhantes. Pois somos facilmente levados a transferir para nossos semelhantes a falta de respeito e violência que praticamos contra nossa própria natureza. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 28).

No livro A prática da psicoterapia, Jung ressaltou que um bom psicoterapeuta deve desenvolver a habilidade de reconhecer as pistas da natureza interior de seus pacientes, como um guia no processo de realização da totalidade do ser. Acerca do comportamento ético do psicoterapeuta diante de seu cliente, afirmava:

No desenvolvimento psicológico é importante que o psicoterapeuta deixe imperar a natureza e que evite na medida do possível influenciar o paciente com seus próprios pressupostos filosóficos. (JUNG, 2011, v. 16/1, par. 42).

Embora Jung concebesse que o funcionamento e as bases arquetípicas do psiquismo fossem as mesmas para todos os indivíduos, considerava de fundamental importância que as pessoas fossem, durante a psicoterapia, reconhecidas dentro de sua singularidade potencial para a realização e diferenciação do ser. Nesse sentido, o comportamento de neutralidade do psicoterapeuta, prezado pelo autor, visava acima de tudo preservar, ou não deturpar, os germes da originalidade de seus pacientes.

Para Jung, as neuroses têm o propósito de levar o indivíduo a sua natureza real: isto é, "só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar" (JUNG, 2011, v. 7/2, par. 258). Nesse sentido, a psicoterapia não era vista apenas como um processo de eliminação de sintomas, mas sim um direcionamento do paciente a uma renovação de atitude frente à própria vida.

O paciente deve ser capaz, não só de reconhecer a causa e a origem de sua neurose, mas também de enxergar a meta a ser atingida. A parte doente não pode ser simplesmente eliminada, como se fosse um corpo estranho, sem risco de destruir ao mesmo tempo algo de especial que deveria continuar vivo. Nossa tarefa não é destruir, mas cercar de cuidados e alimentar o broto que quer crescer até tornar-se finalmente capaz de desenvolver o seu papel dentro da totalidade da alma. (JUNG, 2011, v. 16/2, par. 293).

De acordo com o autor, o psicoterapeuta, durante o atendimento de seu paciente, deve estar atento às imagens que surgem espontaneamente por meio da arte e, sobretudo, dos sonhos, que, para ele, representam uma manifestação da mais pura natureza humana. Aliás, os sonhos são, em sua concepção, "uma tentativa de trazer de volta nossa mente original" (JUNG, 2011, v. 18/1, par. 591).

Ao longo da obra de Jung (2011), é possível identificar, ainda, inúmeras passagens alegóricas nas quais o autor comparava os fenômenos naturais aos processos inconscientes e maturacionais dos seres humanos.

Mediante as inúmeras passagens que revelam o caráter ecológico da obra de Jung, bem como sua relevância para a constituição da psicologia moderna, consideramos importante uma releitura de sua teoria, tomando como ponto de partida o valor e a função da natureza para a constituição de seu trabalho científico.

Afinal, somos parte da natureza e guardamos os traços arquetípicos de nossa ancestralidade. O abandono de nossas raízes naturais significa uma cisão de nós mesmos e talvez essa dissociação, do homem com o meio e com sua própria natureza, esteja à frente dos principais problemas ecológicos da atualidade.

 

2. Resultados e discussão dos dados

Antes de apresentar os resultados desta pesquisa, acerca da função da natureza na teoria analítica de C. G. Jung, é importante vislumbrar minimamente a história de vida desse autor e os fatos que influenciaram a formulação de sua teoria psicoecológica. De acordo com Von Franz (1992), fiel colaboradora do autor, o interesse de Jung pela natureza iniciou-se logo em sua primeira infância, influenciado pelas tendências pagãs de sua mãe.

A natureza foi sua maior paixão, e Jung, tal como sua mãe, sentiu-se, desde o começo da juventude, parcialmente enraizado num profundo e invisível solo, em alguma coisa vinculada aos animais, às árvores, às montanhas, às campinas e à água corrente. Esse amor opôs à tradição cristã do mundo do seu pai. (VON FRANZ, 1992, p. 29).

Jung, durante toda a sua vida, amou a natureza em suas mais diversas manifestações. Jamais se cansou da beleza dos lagos, dos animais, montanhas e florestas. A natureza foi de substancial importância no processo de constituição de sua personalidade, de suas concepções científicas e de sua maneira de ver a vida como um todo, havendo tocantes alusões acerca da natureza espalhadas em suas obras (VON FRANZ, 1992). Já ancião, falando das limitações da idade, declarou:

Mesmo assim há muita coisa que me preenche: plantas, animais, nuvens, o dia e a noite, e o eterno que há no homem. Quanto mais acentua a incerteza em relação a mim mesmo, mais aumenta meu sentimento de parentesco com todas as coisas. (JUNG, 1987, p. 310).

Foi por meio desse sentimento de "parentesco com todas as coisas" que Jung identificou na natureza fundamentos lógicos para explicar os fenômenos da psique humana e, consequentemente, de sua própria natureza interior.

Com o propósito de analisar esses fundamentos ecológicos largamente utilizados por Jung (2011) em sua obra científica, buscamos localizar nos Índices Gerais de sua Obra Completa, dividida e organizada em parágrafos rigorosamente enumerados, as principais passagens em que o autor revelou o caráter ecológico de sua teoria. Lembramos que, devido às inúmeras citações, este trabalho oferecerá somente uma amostra limitada do conjunto de citações que evidenciam o teor ecosófico do pensamento junguiano.

Por meio dos quadros subsequentes, apresentamos os conceitos da teoria analítica mais citados e fundamentados pelo autor, por meio de referências e alusões ecológicas.

CONCEITO

Dinâmica psíquica

CITAÇÕES

Nossa psique é uma parte da natureza e seu mistério é igualmente insondável. Não podemos definir "natureza" e "psique", podemos apenas constatar o que atualmente entendemos por elas. (JUNG, 2011, v. 18/1, par. 439).

A psique não é um fenômeno da vontade, mas natureza que se deixa modificar com arte, ciência e paciência em alguns pontos, mas não se deixa transformar num artifício, sem profundo dano ao ser humano. O homem pode transformar-se num animal doente, mas não em um ser ideal imaginado. (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 831).

A natureza é um contínuo, e muito provavelmente a nossa psique também o é. (JUNG, 2011, v. 18/1, par. 181).

 

Jung sugeria que o funcionamento psíquico é instintivamente equivalente ao funcionamento dos sistemas naturais. E, como qualquer outro sistema natural, o psiquismo é natureza que não se deixa deturpar sem que isso resulte em adoecimento psíquico.

O autor salientava que sua psicologia concebe o homem tanto em seu estado natural como em seu estado modificado pela cultura, advertindo que o homem deve ser interpretado e compreendido levando-se em consideração a sua totalidade.

CONCEITO

Inconsciente coletivo

CITAÇÕES

O inconsciente coletivo tem correspondência com nosso meio ambiente natural, e no qual se encontra projetado constantemente. (JUNG, 2011, v. 10/4, par. 667).

O fundo da psique é natureza e natureza é vida criadora. É verdade que a própria natureza derruba o que construiu, mas vai reconstruir de novo. (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 187).

Nosso real conhecimento do inconsciente mostra que ele é um fenômeno natural, e que, tanto quanto a própria natureza, é no mínimo neutro. Ele abrange todos os aspectos da natureza humana: luz e escuridão, beleza e feiura, bem e mal, o profundo e o superficial. (JUNG, 2011, v. 18/1, par. 607).

 

Para Jung, o inconsciente coletivo é uma estrutura psíquica que já vem com a criança desde o seu nascimento, repleta de conteúdos arcaicos, próprios da natureza humana; em outros termos, é um órgão natural sujeito às mesmas leis que regem o meio ambiente e no qual se encontra constantemente projetado.

O inconsciente, assim como a própria natureza, é um sistema neutro e destituído de valores morais. Carrega em si o potencial criador e destruidor, o bem e o mal, e, sendo pura natureza, jamais fantasia seus receios e anseios (ao contrário da concepção freudiana, que via no inconsciente uma tendência defensiva à negação dos conteúdos geradores de ansiedade).

CONCEITO

Arquétipos

CITAÇÕES

O arquétipo é natureza pura, não deturpada e é a natureza que faz com que o homem pronuncie palavras e execute ações de cujo sentido ele não tem consciência, e tanto não tem, que ele já nem pensa mais nelas. (JUNG, 2011, v. 8/2, par. 412).

Quer o homem compreenda ou não o mundo dos arquétipos, deverá permanecer consciente do mesmo, pois nele o homem ainda é natureza e está conectado com suas raízes. (JUNG, 2011, v. 9/1, par. 174).

Os arquétipos são de certa forma os fundamentos da psique consciente ocultos na profundidade ou, usando outra comparação com suas raízes afundadas não só na terra, em sentido estrito, mas no mundo em geral. [...] Propriamente falando, são a parte etonica da psique, se assim podemos falar, aquela parte através da qual a psique está vinculada à natureza. (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 53).

 

Os arquétipos, para Jung, tratam de conteúdos psíquicos arcaicos herdados filogeneticamente de nossos ancestrais; são reflexo das mesmas experiências, inúmeras vezes repetidas e vivenciadas por nossos antepassados desde as primeiras eras da evolução genética da espécie humana. Por essa razão, o arquétipo é equivalente ao instinto e reflete em todos os sentidos os padrões de comportamento da natureza humana.

O autor deixava claro que, no mundo dos arquétipos, o homem ainda se encontra conectado com sua natureza profunda. E, assim como a natureza é arcaica e ao mesmo tempo criadora, Jung ressalta que os arquétipos não são apenas estruturas ultrapassadas, mas fonte de energia criadora na arte, na ciência e nas melhores ideias de nosso tempo – e que são também responsáveis pelas bases da psique consciente.

CONCEITO

Neurose

CITAÇÕES

O excesso de animalidade deforma o homem cultural; o excesso de cultura cria animais doentes. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 32).

Quando o homem perde algumas de suas funções naturais, isto é, quando esta se vê excluída de sua atividade consciente e intencional, ocorre um distúrbio geral, neurotização. (JUNG, 2011, v. 10/1, par. 544).

O significado de uma neurose é impulsionar o indivíduo para a personalidade total, o que inclui o reconhecimento e responsabilidade pela totalidade do ser, pelos bons e maus aspectos, pelas funções inferiores. (JUNG, 2011, v. 18/1, par. 367).

 

Para Jung, a neurose advém do conflito entre natureza e cultura – o sistema psíquico entra em um estado de adoecimento quando o indivíduo nega, reprime ou desconhece aspectos de sua própria natureza. Ele descrevia o indivíduo neurótico como unilateral, demonstrando que, quando enfatizamos demasiadamente um lado de nossa personalidade em detrimento do outro, instala-se o conflito. Assim, como todo sistema natural depende de sua totalidade para funcionar perfeitamente, o autor considerava a neurose uma dissociação que impede a perfeita dinâmica psíquica.

A neurose não é, para ele, somente um conjunto de sintomas (negativos) que deve ser simplesmente eliminado, mas um mecanismo que visa, acima de tudo, levar o indivíduo ao seu processo de individuação e autoconhecimento. Aliás, a neurose é, para ele, uma tentativa de autocura da natureza.

CONCEITO

Opostos

CITAÇÕES

A própria natureza procura o antagônico e dele tira a harmonia e não do idêntico. (JUNG, 2011, v. 6, par. 443).

O problema dos opostos como princípio inerente à natureza humana constitui uma etapa a mais no desenvolvimento do nosso processo de autoconhecimento. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 88).

A ciência termina nas fronteiras da lógica, o que não ocorre com a natureza, que floresce onde teoria alguma jamais penetrou. A venerabilis natura (venerável natureza) não para no antagonismo, mas serve-se do mesmo para formar um novo nascimento. (JUNG, 2011, v. 16/2, par. 524).

 

Para o autor, a resolução do conflito entre opostos (forças, valores e sentimentos antagônicos) é requisito fundamental no processo de realização da totalidade do ser. O autor observou esse conflito, que ele também chamou de enantiodromia, nos fenômenos e processos naturais. Salientava que, assim como ocorre na natureza, a psique humana tende naturalmente a buscar uma terceira saída aceitável, quando duas forças opostas chocam-se entre si.

CONCEITO

Instinto

CITAÇÕES

Quanto mais civilizado, mais consciente e complicado for o homem, tanto menos ele será capaz de obedecer aos instintos. As complicadas situações de sua vida e as influências do meio ambiente se fazem sentir de maneira tão forte, que abafam a débil voz da natureza. (JUNG, 2011, v. 9/2, par. 40).

A separação de sua natureza instintiva leva o homem civilizado ao conflito inevitável entre consciência e inconsciente, entre espírito e natureza, fé e saber, ou seja, a cisão de sua própria natureza que, num dado momento, torna-se patológica, uma vez que a consciência não é mais capaz de negligenciar ou reprimir a natureza instintiva. (JUNG, 2011, v. 10/1, par. 558).

Quando o instinto animal é varrido do consciente por meio da repressão, pode acontecer que irrompa espontaneamente com toda força, de forma desordenada e incontrolável. (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 31).

 

Jung declarou diversas vezes, em sua obra, o quanto os instintos humanos vêm sendo afetados pelo processo cultural. No entanto, convém destacar que ele não era contrário à formação das sociedades e reconhecia sua inegável importância para a vida coletiva da humanidade. Suas considerações tão somente denunciavam os prejuízos trazidos pelo processo cultural quando esse pretende reprimir completamente a base instintiva da humanidade. Para o autor, não há repressão dos instintos sem graves consequências, tanto para o indivíduo (que se torna infeliz e neurótico) como para a própria sociedade (que pode sofrer, nos momentos mais inesperados, a ação desordenada e violenta de indivíduos e massas).

Ele acreditava que o homem moderno, para o seu próprio bem, deve manter-se conectado às suas bases instintivas e às suas raízes naturais, a fim de integrá-las em um todo harmonioso. Essa seria uma atitude de autoconhecimento e de (auto)respeito perante a complexidade do ser, que não é somente cultural, mas também natural.

CONCEITO

Persona

CITAÇÕES

A persona é um complicado sistema de relação entre a consciência individual e a sociedade; é uma espécie de máscara destinada, por um lado, a produzir um determinado efeito sobre os outros e por outro lado a ocultar a verdadeira natureza do indivíduo. (JUNG, 2011, v. 7/2, par. 305).

 

Jung concebia a persona como uma função natural, destinada à adaptação social do indivíduo, e responsável pelo processo de alienação cultural. Seu símbolo é a máscara e, etimologicamente, está ligada ao termo "personagem". Por meio da persona, os seres humanos desempenham funções e papéis sociais em seus grupos. Mas, de acordo com o autor, ao mesmo tempo em que a persona oferece o suporte fundamental para o homem viver em sociedade, igualmente representa um obstáculo em seu processo de totalização do ser ou de sua verdadeira identidade. Afinal, a persona tende a ocultar a real natureza do indivíduo para que ele seja aceito no meio em que se inter-relaciona.

CONCEITO

Individuação

CITAÇÕES

O sentido e a meta do processo de individuação são a realização da personalidade originária, presente no germe embrionário, em todos os seus aspectos. É o estabelecimento e o desabrochar da totalidade originária potencial. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 186).

O processo da individuação natural produz uma consciência do que seja a comunidade humana, porque traz justamente à consciência o inconsciente, que é o que une todos os homens e é comum a todos os homens. A individuação é o "tornar-se um" consigo mesmo, e ao mesmo tempo com a humanidade toda. (JUNG, 2011, v. 16/1, par. 227).

Devo lembrar o fato psicológico de que, enquanto podemos constatar, a individuação é um fenômeno natural [...]. Ela não é uma invenção do homem, mas é a própria natureza que produz sua imagem arquetípica. (JUNG, 2011, v. 18/2, par. 1641).

 

O autor concebia que todos os seres da natureza, independente de espécie, buscam a realização de seu potencial no meio em que vivem. Assim como a semente almeja tornar-se árvore e, assim como o dia se totaliza com a noite, o homem busca a sua própria realização. Para atingir essa meta, Jung ressaltava que o indivíduo deve conciliar natureza e cultura, integrar a sombra à personalidade consciente do eu e desfazer todos os pares de opostos vigentes em sua vida psíquica.

O autor, no entanto, advertia que individuação não deve ser confundida com individualismo. Para ele, o individualista nega suas origens e suas raízes e vive em um mundo ilusório, no qual se acredita independente de seu próximo – fato patológico, que ignora o verdadeiro sentido do processo de individuação.

CONCEITO

Sombra

CITAÇÕES

A moral ascética do cristianismo quer livrar-nos disso [da sombra] e assim nos expõe ao risco de perturbar o mais profundo de nossa natureza animal. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 35).

Se entendermos, então, que o mal habita a natureza humana independente da nossa vontade e que ele não pode ser evitado, o mal entra na cena psicológica como o lado oposto e inevitável do bem. (JUNG, 2011, v. 10/1, par. 573).

De qualquer forma não faremos justiça nem à nossa natureza em geral, nem à nossa natureza humana se negarmos a imensidade do mal e do sofrimento, desviando nossos olhares do aspecto cruel da criação. O mal deveria ser reconhecido como tal e não ser atribuído à pecabilidade do homem. (JUNG, 2011, v. 18/2, par. 1654).

 

Jung apontava a sombra e o mal como uma função natural da psique humana. E, como toda função natural, Jung considerava salutar que a sombra fosse integrada à consciência e não eliminada ou reprimida pela força da moralidade social.

Negar a sombra é como negar uma parte vital da personalidade. Essa atitude seria, ao ver de Jung, um desrespeito diante da totalidade do ser. A natureza só pode ser entendida em sua complexidade e a partir do que realmente é. Nesse sentido, o autor destacava que a conscientização da sombra é fundamental para que o indivíduo deixe de projetar em seus semelhantes a antipatia e a falta de respeito que tem para consigo mesmo.

No processo de individuação, a integração da sombra aos processos da consciência é, de acordo com o autor, uma necessidade primordial. Em outros termos, a aceitação da sombra consiste na aceitação incondicional da própria natureza, independentemente de suas flores ou de seus espinhos.

CONCEITO

Sonhos

CITAÇÕES

Muitas vezes, a natureza é obscura, sem transparência, mas ela não usa de artimanhas, como o homem. Por isso devemos acreditar que o sonho é exatamente o que deve ser, nem mais, nem menos. (JUNG, 2011, v. 7/1, par. 162).

Os sonhos são imparciais, não sujeitos ao arbítrio da consciência, produtos espontâneos da psique inconsciente. São pura natureza e, portanto, de uma verdade genuína e natural; são mais próprios do que qualquer outra coisa. (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 317).

O sonho é, portanto, um produto natural e altamente objetivo da psique, do qual podemos esperar indicações ou pelo menos pistas de certas tendências básicas do processo psíquico. (JUNG, 2011, v. 7/2, par. 210).

 

Jung era imperativo ao se referir aos sonhos como uma função natural da psique humana. De acordo com ele, a razão dos sonhos seria uma tentativa de trazer de volta à consciência nossa mente original.

Diferente de Freud, Jung concebia os sonhos dentro de um fundo espontâneo e natural, enquanto Freud os concebia cheios de nuanças, máscaras e mecanismos de defesa. Jung chegou a afirmar que os sonhos são o hálito da natureza e que sua linguagem rica em símbolos arquetípicos carrega a verdade sobre a natureza dos indivíduos.

CONCEITO

Religião

CITAÇÃO

O homem não consegue extirpar de todo suas convicções religiosas, porque a atividade religiosa repousa numa tendência instintiva e pertence às funções específicas do homem. É possível retirar-lhe os deuses, mas somente para lhe oferecer outros. (JUNG, 2011, v. 10/1, par. 544).

 

Jung via a espiritualidade/religiosidade como uma tendência natural e instintiva do homem, não sendo possível anulá-la (como, por exemplo, pelo ateísmo), por se tratar de uma função psicológica filogeneticamente herdada da humanidade. Para ele, não é possível tirar os deuses dos homens, mas apenas substituí-los por meio de outros, aos quais o indivíduo possa transferir a mesma quantidade de fé; por exemplo, à ciência.

CONCEITO

A prática da psicoterapia

CITAÇÃO

A tarefa mais nobre da psicoterapia no presente momento é continuar firmemente a serviço do desenvolvimento do indivíduo. Procedendo desta forma, o nosso esforço estará acompanhando a tendência da natureza, isto é, estaremos fazendo com que desabroche em cada indivíduo a vida na maior plenitude possível, pois o sentido da vida só se cumpre no indivíduo, não no pássaro empoleirado dentro de uma gaiola dourada. (JUNG, 2011, v. 16/1, par. 229).

Em psicoterapia, considero até aconselhável que o médico não tenha objetivos demasiado precisos, pois dificilmente ele vai saber mais do que a própria natureza ou a vontade de viver do paciente. As grandes decisões da vida humana estão, em regra, muito mais sujeitas aos instintos e a outros misteriosos fatores inconscientes do que à vontade consciente, ao bom-senso, por mais bem-intencionados que sejam. (JUNG, 2011, v. 16/1, par. 81).

Com um resultado terapêutico satisfatório, provavelmente pode dar-se o caso por encerrado. Se assim não for, a terapia não terá outro recurso a não ser orientar-se pelos dados irracionais do doente. Neste caso, a natureza nos servirá de guia e a função do médico será muito mais desenvolver os germes criativos existentes dentro do paciente do que propriamente tratá-lo. (JUNG, 2011, v. 16/1, par. 82).

 

Jung considerava a psicoterapia um espaço em que o psicoterapeuta deve utilizar-se da expressão espontânea da natureza de seu paciente como guia de seu processo de individuação. Para ele, cada indivíduo cresce e se desenvolve ao seu tempo e à sua maneira. Em se tratando de prática psicoterapêutica, prezava o comportamento ético e a postura de neutralidade como meio de garantir que a originalidade do paciente não seja afetada ou deturpada pela natureza do psicólogo. Caso contrário, a meta da individuação perderia o seu sentido e, alegoricamente, o psicoterapeuta ocasionaria uma espécie de agressão à natureza de seu paciente.

CONCEITO

Alusões diversas

CITAÇÃO

A alma do mundo é uma força natural, responsável por todos os fenômenos da vida e da psique. (JUNG, 2011, v. 8/2, par. 393).

Há alguma coisa semelhante ao sol dentro de nós, e falar em manhã de primavera, tarde de outono da vida não é mero palavrório sentimental, mas expressão de verdades psicológicas. (JUNG, 2011, v. 8/2, par. 780).

Árvore nenhuma cresce em direção ao céu, se suas raízes também não se estenderem até o inferno. (JUNG, 2011, v. 9/2, par. 78).

Por mais que joguemos fora a natureza por meio da força, ela sempre retorna. (JUNG, 2011, v. 10/1, par. 514).

Falta contato com natureza que cresce, vive e respira. A pessoa sabe o que é um coelho ou uma vaca através de livros ilustrados, enciclopédias ou televisão. E pensa que conhece realmente, mas fica admirada quando mais tarde descobre que o estábulo fede, pois isso não estava na enciclopédia. (JUNG, 2011, v. 10/3, par. 882).

 

A obra de Jung (2011) está repleta de alusões e alegorias acerca da natureza. O autor conseguia, com muita poética, traçar paralelos entre a natureza e os processos psicológicos dos seres humanos. Para o autor, assim como existia uma ecologia exterior, havia também uma ecologia interior. Ele entendia a natureza como a única fonte de manifestação da verdade, ou a mais próxima da realidade.

Muito antes dos atuais enfrentamentos ecológicos, Jung já falava sobre a necessidade de o homem se reconectar com a natureza, criticando insistentemente a atitude de desconexão entre o homem e seu meio.

Sua concepção era de que nada no mundo estava separado da natureza e que tudo se espelhava e refletia no funcionamento natural. Assim como observava a primavera no meio externo, observava a infância no homem; assim como admirava o outono, admirava os processos psicológicos da meia-idade, como fenômenos diretamente análogos. Em tais comparações, ele não via somente um ato romântico, mas alusões de profunda verdade empírica.

De modo geral, ao longo dos 34 volumes que compõem a obra completa de C. G. Jung, é possível encontrar centenas de citações da palavra "natureza", entre as quais se destacam 137 parágrafos nos quais o autor utiliza o termo "natureza" e suas variações para ilustrar, justificar e fundamentar diversos conceitos de sua teoria, assim como podemos constatar no quadro a seguir.

 

 

Os achados evidenciam o caráter ecológico da obra de C. G. Jung, que, na atualidade, pode ser de grande utilidade, não somente para o avanço da ciência psicológica, mas também com os atuais enfrentamentos ecológicos. Afinal, por meio da psicologia profunda de Jung, percebe-se que a realidade interna dos seres humanos está estreitamente fundamentada sobre as bases e leis que regem a realidade cíclica da natureza e ligada a elas.

 

3. Considerações finais

Jung enfatizou intensamente, em sua obra, a desconexão do homem com a natureza e, consequentemente, consigo mesmo. Já no século passado, tratou o homem como um sistema em profunda interação com seu meio e que busca realizar sua totalidade, como todo sistema natural.

Sua obra reflete o pensamento de um homem que esteve profundamente ligado aos mistérios da vida, da natureza e da psique como um todo. Muitas vezes incompreendido e tachado de místico e romântico, Jung tem um trabalho científico que revela, pelo contrário, grande sensibilidade para captar, muito antes dos atuais enfrentamentos ecológicos, um pensamento de integração entre o homem e a natureza. A essência desse pensamento é o que atualmente se preza nos modernos movimentos ecológicos que ainda alimentam a utopia de um mundo povoado por humanos capazes de respeitar o meio natural, à medida que reconhecem a profundidade de sua própria natureza.

A natureza é como um espelho no qual nos vemos: somos um pouco da abelha, do cão, do macaco, da árvore, da víbora e da ameba; somos um pouco de todos os seres e todos os seres são um pouco de nós. Conectar-se a ela e à essência de todos os seres é também uma forma de nos integrar com nossa própria totalidade. Cuidar da natureza e contemplá-la não são somente atos românticos, mas uma forma de nos cuidar, de nos contemplar e de reconhecer os nossos próprios mistérios. A crítica de Jung era exatamente em torno da atitude de desconexão do homem, iniciada desde os primórdios do cristianismo. Já em seu tempo, percebia que faltava contato direto das pessoas com a natureza.

A profunda conexão de Jung com a natureza e o modo com que tratava a psicologia nos levam à reflexão de seu objetivo maior, que era formar não apenas psicoterapeutas ou conhecedores técnicos da mente humana, mas ecologistas da alma. Ele mesmo, sem qualquer dúvida, foi um exímio ecologista da interioridade humana, buscando desvelar as obscuridades da psique e defendendo, do início ao fim de sua vida, o livre desabrochar das potencialidades do homem, motivando-o a trilhar os caminhos do processo de individuação e da totalidade do ser, sem, no entanto, distanciar-se de suas origens coletivas.

A obra científica de Jung configura, pelo que pudemos ver ao longo deste trabalho, uma espécie de ecologia humana, em que o autor coloca os seres humanos como parte integrante de seu meio natural, não como o animal-humano dominante da natureza, mas como apenas mais um ser reinado por forças inconscientes mais fortes do que ele mesmo.

Por motivos razoáveis, sugerimos que o autor seja reconhecido como o pioneiro da ecopsicologia, ecologia humana e, até mesmo, como um dos primeiros pensadores ecosóficos da modernidade.

 

Referências bibliográficas

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Endereço para correspondência
Alisson José Oliveira Duarte
E-mail: alisson-duarte@hotmail.com

Recebido em: 6/3/2017
Revisão: 24/5/2017

 

 

* Psicólogo, especialista em psicanálise clínica e mestre em educação pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, Uberaba (Minas Gerais).

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