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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.28 no.87 São Paulo  2011

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Reflexões sobre Psicopedagogia, estresse e distúrbios do sono do professor

 

Studies on Psychopedagogy, teacher's stress and sleep disorders

 

 

Luiza Elena Ribeiro do ValleI; Rubens ReimãoII; Sigmar MalvezziIII

IPsicóloga, Psicopedagoga, Mestra em Psicologia Educacional (PUC), Doutora em Psicologia Social (USP), São Paulo, SP, Brasil
IIMédico Neurologista, Professor Livre Docente de Neurologia Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Líder do Grupo de Pesquisa Avançada em Medicina do Sono - HCFMUSP, São Paulo, SP, Brasil
IIIPsicólogo, Professor Doutor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho (PST/USP), São Paulo, SP, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

INTRODUÇÃO: A Psicopedagogia se ocupa dos fatores envolvidos na aprendizagem. Os sintomas de estresse e os distúrbios do sono também repercutem na aprendizagem, especialmente quando esses transtornos ocorrem com o professor, o responsável pelo processo de ensino.
OBJETIVO: O objetivo desta pesquisa é investigar o tipo de sintomas de estresse de professores da rede pública de Poços de Caldas.
MÉTODO: A pesquisa, do tipo exploratório descritivo, estudou uma população de conveniência de 165 professores de Poços de Caldas, dos quais 59% apresentavam estresse e 46,7% eram maus dormidores, evidenciando associação entre os sintomas de estresse e o sono. Por meio do Questionário de Fatores de Estresse dos Professores (QFEP-Valle & Malvezzi), foram investigados os aspectos qualitativos do estresse dos professores.
RESULTADOS: Os fatores predominantes que estressam os professores são: dupla jornada de trabalho e multiplicidade de tarefas, salário, barulho nas salas de aula e dificuldades nas relações família-escola.
CONCLUSÕES: Este estudo revela a necessidade de pesquisas e atenção ao professor para prevenir consequências prejudiciais do estresse e dos distúrbios do sono.

Unitermos: Estresse psicológico. Sono. Transtornos do sono. Docentes. Saúde do trabalhador.


SUMMARY

INTRODUCTION: Psychopedagogy cares about involved factors in learning. Stress's symptoms and sleep's disorders also affects learning, especially when these disorders happens to teachers.
PURPOSE: The purpose of this research is to investigate the type of teachers stress's symptoms in public net of Poços de Caldas.
METHODS: This exploratory and descriptive research studied a population of 165 teachers, through the means of QFEP-Valle&Malvezzi, analyzing a descriptive exploratory, that revealed that 59% of the teachers were stressed and 46.7% of the teachers sleep badly, pointing out undeniable association between sleep and stress.
RESULTS: The predominant teacher's stress factors are: double hours of working and multiplicity of tasks, salary, noisy in classroom, difficulties with the relations family-school.
CONCLUSION: The conclusion of this study also disclosed the call for further developments in the investigation of teachers' care as a means for the prevention of stress and sleep disorders.

Key words: Stress, psychological. Sleep. Sleep disorders. Faculty. Occupational Health.


 

 

INTRODUÇÃO

A atividade do professor se distingue de todas as outras, pela sua natureza e pelo seu valor social. O professor tem uma função complexa, considerando que cada um dos alunos tem características únicas e necessidades muito diferentes. Conforme os conhecimentos se ampliam e o mundo se transforma por meio de inovações tecnológicas e de comunicação globalizada, as dificuldades se acumulam para o professor que precisa se adaptar a novas exigências que promovam a aprendizagem de seus alunos.

A Psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a integrar conhecimentos científicos para compreender e intervir nos processos de aprendizagem humana. Amaral1 analisa a situação do psicopedagogo na mediação sujeito-escola-família e afirma que as transformações muito rápidas do mundo moderno geraram a não permanência nos valores e indefinição dos objetivos que precisamos ou queremos alcançar: "Pais e professores sentem-se muitas vezes desorientados, não sabem ou não conseguem educar; e, de outro lado, filhos e alunos indagam o que eles podem esperar dos adultos e o que se espera deles próprios. Assim, os papeis não se estabelecem. Eles precisam de princípios norteadores para se sentir seguros, confiantes e estimulados para enfrentar os desafios". Então, o psicopedagogo se defronta com mais esse desafio: não bastam técnicas de ensino e aprendizagem para transformar a educação em sucesso efetivo dos alunos e realização profissional dos professores!

Na medida em que o estresse e os distúrbios do sono interferem no desempenho dos professores e na aprendizagem dos alunos, percebe-se uma lacuna que não vem recebendo atenção de profissionais especializados na aprendizagem e, muito menos, dos responsáveis por políticas administrativas, que dependem de relatórios e pesquisas para reger as normas educacionais de acordo com as demandas existentes. As exigências do trabalho obrigam o professor a esforços e podem comprometer o seu equilíbrio e saúde, interferindo em sua atividade de sono, também. O estresse e os distúrbios do sono são ameaças graves, porque causam sofrimento e repercutem em toda a sociedade, quando o profissional é um educador, responsável por crianças e adolescentes.

O estresse pode ser entendido como resultado de um ajuste entre características específicas situacionais e as reações que estas desencadeiam, nas quais o sistema nervoso simpático se coloca em alerta. Nem sempre o estresse é negativo. O estresse pode impulsionar o organismo à adaptação e, nesse caso, recebe o nome de "eustress". O estresse negativo (distresse) ocorre quando o esforço é exagerado e prejudicial. Entretanto, uma situação estressora poderá ser ruim para um determinado indivíduo e não necessariamente para outro; a intensidade de seu impacto será maior ou menor de acordo com a avaliação que o indivíduo fizer do evento estressor.

A presença e a intensidade das respostas variam e dependem da avaliação que o indivíduo fizer do evento, assim como de suas experiências prévias adquiridas para manejar tal situação. O estresse pode ocorrer em diferentes níveis, de uma forma mais transitória ou grave, e no último caso, resulta em consequências que irão afetar a saúde do indivíduo, conforme a fases em que se encontra:

1. Na fase de alerta ou alarme, ocorre uma reação principalmente biológica, o organismo é mobilizado para situações de emergência numa reação natural de defesa e preservação da vida, denotando alguns sintomas, como taquicardia, tensão, suor nas mãos, nos pés, palidez, insônia, esgotamento, irritação e mudança de humor2;

2. Na fase de resistência, quando o organismo procura se restabelecer em busca de adaptação, mas se o estresse persiste, leva o sujeito à terceira fase;

3. A fase de quase exaustão é um agravamento da fase de resistência, que foi acrescentada por Lipp3 para designar o enfraquecimento do organismo;

4. A fase de exaustão se manifesta por meio do adoecimento do órgão mobilizado na fase da resistência, ou a morte súbita que, segundo França e Rodrigues4 representa, muitas vezes, a falha dos mecanismos de adaptação. Há uma exaustão psicológica em forma de depressão e uma exaustão física, que se manifestam em doenças que podem levar à morte, conforme afirma Lipp5.

O estresse provoca tensão física e psicológica, queda de capacidade intelectual, perturbações do sono, levando à fadiga, conforme explica Goldstein6. Os sinais e os sintomas mais frequentes que ocorrem em um organismo estressado, em relação ao SNC e psiquismo, são: cansaço físico e mental, nervosismo, irritabilidade, ansiedade, insônia, dificuldade de concentração, falha de memória, tristeza, indecisão, baixa autoestima, sentimento de solidão, sentimento de raiva, emotividade, choro fácil, pesadelos, depressão, isolamento, perda ou excesso de apetite, pânico. Alterações de comportamento também poderão ocorrer, como: alcoolismo, consumo de drogas ilícitas, uso dos calmantes e ansiolíticos, comportamento autodestrutivo e robotização do comportamento7.

O professor enfrenta jornadas de trabalho excessivas para aumentar seu salário, burocracias e pressões de superiores e colegas, indisciplina dos alunos e falta de reconhecimento pelo trabalho, o tédio decorrente de tarefas repetitivas, além de aspectos pessoais e psicológicos que também são fatores de risco para os professores, tais como a falta de formação científica do professor, demandas múltiplas geradoras de contínua e crescente de tensão, que ainda se acentuam diante de alunos com dificuldades ou necessidades especiais8. Somam-se, ainda, os fatores ergonômicos, como o design do mobiliário escolar, iluminação das salas de aula, o isolamento acústico, o nível de ruído e temperatura do ambiente e limitações humanas, conforme preconizado pela International Ergonomics Association (IEA), segundo Sobrinho9.

Segundo Reimão et al.10, frequentemente, distúrbios do sono não são diagnosticados ou tratados, apesar dos claros prejuízos que provocam. Os distúrbios do sono trazem consequências à saúde do professor e resultam em importante custo financeiro e funcional para sociedade, porque leva ao afastamento do professor de sua função primordial, em função de aumentar a vulnerabilidade ao estresse e a doenças.

A ansiedade que pode surgir diante de fatores estressantes pode gerar níveis graves de insônia e evoluir para transtornos graves e crônicos, que podem incluir fragmentação do sono com múltiplos despertares e dificuldade em conciliar o sono, gerando desequilíbrio no comportamento e na saúde. Um estudo quantitativo e exploratório, com uma amostra de 52 educadores, para saber se avaliam a importância do sono dos alunos, resultou em preocupação! Apenas 6% indicaram alguma tentativa de interferir com relação à higiene do sono dos alunos, e sem sucesso, levando à conclusão de que os professores não estão preparados para prevenir e encaminhar problemas do sono, de forma que os distúrbios do sono na escola não são observados, diagnosticados e tratados, apesar dos avanços científicos11.

Diante dessas constatações, surge o objetivo do presente trabalho, que é a investigação dos fatores relacionados aos sintomas de estresse e aos distúrbios do sono de professores, tendo como foco a população de professores de crianças e adolescentes do ensino público. O que se busca é desenvolver conhecimentos compreensivos da Psicopedagogia sobre esses processos sempre atuais de aprendizagem e desempenho, sugerindo a hipótese de que, já que os fatores de estresse e distúrbios do sono interferem no trabalho do professor, precisa-se conhecer e compreender quais os fatores que mais incomodam os professores, podendo resultar em prejuízo no desempenho do professor, consequentemente em sua saúde e na aprendizagem dos alunos. Aprendizagem, inserida no contexto social, precisa considerar as interações múltiplas, que superam as concepções propostas nas visões anteriores do aprender formal e informal. O novo enfoque precisa reconhecer as diferentes formas do pensar, sentir, viver as diversidades culturais e o dinamismo desse conjunto na realidade da escola, que o professor lidera no contato com os alunos e familiares.

 

METODO

Trata-se de pesquisa exploratória descritiva, qualitativa e quantitativa.

Foi utilizada uma amostra de conveniência12, constituída por 165 professores da rede pública de ensino de Poços de Caldas, pré-avaliada para detectar sintomas de estresse e distúrbios do sono13, que apontou que 59% dos professores apresentavam estresse, e 46,7% eram maus dormidores, evidenciando associação entre os sintomas de estresse e o sono. Neste trabalho, utilizou-se o Questionário de Fatores de Estresse do Professor (QFEP/Valle-Malvezzi)13, que foi aplicado ao grupo total de professores (que se distribuem na população avaliada numa proporção próxima da média de professores com e sem os sintomas de estresse e distúrbios do sono).

As questões do QFEP-Valle/Malvezzi (Anexo 1) foram selecionadas a partir da pesquisa na busca por queixas mais frequentes dos professores, que eles consideram que contribuem para desenvolver o estresse. Os fatores potenciais de estresse se configuram neste instrumento em individuais, ambientais e organizacionais. São trinta e seis questões que avaliam como o professor se sente em relação às exigências de tarefas inerentes ao trabalho, ambiente e organização. As questões recebem pontuação de zero (0), um (1) ou dois (2) pontos para que se possa compreender o quanto cada um desses fatores interfere na atividade diária do professor, de acordo com a própria avaliação.

 

RESULTADOS

Conforme respondem às perguntas, os professores nos oferecem o quadro de quais os fatores que consideram mais estressantes (peso 2), a partir de uma experiência pessoal, inicialmente. Nos resultados, os professores apontam o excesso de trabalho (coluna 1 - dupla jornada de trabalho), falta de tempo para si mesmo (coluna 2) e multiplicidade de tarefas do educador (coluna 5), entre as preocupações mais intensas no aspecto pessoal no desempenho do trabalho (Figura 1).

 

 

Com relação aos fatores estressantes voltados para o ambiente de trabalho, as queixas mais fortes (peso 2) concentram-se nas colunas 3 e 8, demonstrando insatisfação com barulhos na sala e um interesse em maior participação dos familiares dos alunos no ambiente escolar (Figura 2).

 

 

Finalmente, quanto aos fatores causadores de estresse em relação ao aspecto ocupacional ou administrativo, a coluna 4 se sobressai, indicando desejo de um aumento na remuneração (Figura 3).

 

 

DISCUSSÃO

Os professores estão expostos a situações que alteram seu equilíbrio biopsicossocial, que geram necessidade de adaptação por parte do organismo. O professor se depara com uma grande necessidade de adaptação e de desenvolvimento de novas habilidades para absorver o ritmo e o significado de transformações, positivas ou negativas, que influenciam todos os aspectos da vida dos indivíduos e que requerem esforços físicos, psicológicos e emocionais. Esse esforço de adaptação gera o fenômeno do estresse, interligado ao processo do sono, e muito presente na contemporaneidade, sendo, portanto, um sério campo de reflexões, especialmente, porque o professor é personagem principal no palco da aprendizagem.

O estresse interfere no desempenho ocupacional, nas relações sociais e no sono do professor, mas o problema tem sido ignorado na sociedade e nas instituições educacionais, em função de desconhecimento da gravidade desses transtornos e da falta de dados científicos e de instrumentos para investigação, prevenção primária, evitando o problema, ou prevenção secundária, atenuando a ação maléfica resultantes do estresse acentuado e dos distúrbios do sono e comorbidades, ou mesmo, prevenção terciária, tratando os prejuízos causados e recuperando a saúde.

Os fatores individuais predominantes que estressam os professores são: dupla jornada de trabalho e multiplicidade de tarefas, segundo as respostas dos professores em Poços de Caldas. Nos fatores voltados para o ambiente escolar, as dificuldades se mostraram mais acentuadas nas relações família-escola, pela dificuldade em conduzir um trabalho conjunto nesse aspecto. Entre os fatores organizacionais, as queixas predominantes referiram-se ao desejo de aumento na remuneração.

Os professores se encontram em situação de vulnerabilidade para enfrentar as complexas pressões que sobre eles são exercidas. Professores estressados podem gerar ou intensificar o estresse do aluno, levá-lo à ansiedade, reduzir a motivação, prejudicar a qualidade e o resultado do ensino, ampliar a ocorrência de agressão na escola, entre outros aspectos negativos que se refletem no clima da sala de aula e nos alunos.

O estresse representa um risco bastante complexo, determinado por diferentes causas e formas de enfrentamento das situações de trabalho. Diversos fatores, como a globalização, a modernização tecnológica e o redimensionamento do quadro de trabalhadores, que provocam desestabilidade e insegurança de ação, se encontram entre os determinantes ou antecedentes mais contributivos à geração do estresse emocional nas organizações, interferindo na saúde dos trabalhadores14. O professor tem metas a cumprir como agente social, um papel que o sobrecarrega de expectativas por parte da comunidade, dos colegas, superiores ou alunos. Do professor se espera a educação dos alunos, o que significa a competência na prática de ensino para que os alunos aprendam o conteúdo programado em sua grade escolar e, ainda, implica na orientação do comportamento que a sociedade prevê para um cidadão adaptado. Se a Educação for "uma capacidade eficaz de instrumentalizar-se funcionalmente para produzir como em uma imaginária linha de montagem indivíduos pragmaticamente instruídos, em lugar de pessoas críticas e amorosamente educadas, então, talvez a educação, a escola e a sala de aulas bem mereçam os cenários de violência com que se vêem ameaçadas a conviver cada vez mais"15.

Pensar no educador como um agente de informações, simplesmente, não faz justiça ao esforço desse profissional, que diariamente lida com pessoas diferentes em plena fase de formação e que dependem de sua iniciativa, na programação, realização e avaliação das aulas, dentro ou fora da escola. Com relação ao conteúdo programático, o professor, na atualidade, encontra referências e orientações para manter em dia os próprios conhecimentos, mas isso representa um investimento necessário de tempo e desgaste pessoal indiscutível.

O magistério é uma categoria de trabalho de vulnerabilidade em relação ao estresse, com suas consequências em prejuízo da saúde Mental, conforme demonstram os estudos de Meira16 com professores do Ensino Fundamental. Segundo Meleiro17, "o professor é uma das profissões mais estressantes na atualidade". Compreender os fatores que mais atingem os professores em seu trabalho torna-se um recurso a mais para interferir em tais situações e prevenir o problema.

 

CONCLUSÃO

Há necessidade de uma mudança decisiva nos padrões educacionais em prática, no sentido de respeitar o professor em seu papel formativo, orientando os valores de família e de cidadania. Entretanto, esse aspecto relevante não sido suficientemente considerado no sistema educacional, que não promove questões básicas no suporte que o professor precisa receber para lidar com o próprio estresse e sono, além de orientar alunos e familiares no mesmo sentido. Não bastam as resoluções que apenas se referem à racionalização administrativa e de gastos e à adequação da educação às necessidades do mercado de trabalho, mas é sabido que esses cuidados não representam uma tarefa fácil. É difícil porque a sociedade vive uma crise de valores, responsável por desencadeamento de estresse, mais do que do oferecimento de recursos de enfrentamento e de desenvolvimento de um pensar mais abrangente, com vistas para o futuro, não apenas para a situação imediata, que, frequentemente, dita normas incoerentes com as necessidades pessoais de saúde. É preciso desenvolver espaço para o relacionamento interpessoal que prioriza o respeito, a compreensão das dificuldades, a cooperação de cada um e o esforço conjunto de solidariedade. Portanto, o psicopedagogo precisa orientar o melhor dos esforços, sempre por meio de ações integradas, para conscientizar a ação social, inclusive os organismos públicos de ação social e instituições educacionais sobre a importância de lidar com o estresse e com os distúrbios do sono. A criação de programas que valorizem relações sociais de respeito e ética, em todos os momentos, especialmente fazendo reconhecer a figura do professor em seu papel inestimável, poderia valorizar seu papel na sociedade, que se busca construir pela educação.

Para Malvezzi18, a criação de novos instrumentos que problematizem as questões referentes ao trabalho é essencial e isso depende de pesquisas sobre as organizações no trabalho. Assim, compreender a situação dos transtornos do estresse e do sono do professor, em Poços de Caldas, para discutir os fatores envolvidos, além de possibilitar a reflexão sobre fatores que interferem na saúde e na atuação do professor em seu trabalho, também poderá colaborar com a construção do conhecimento na área.

Há muito que ser feito! Novas pesquisas sobre o tema, mudando ações no sentido do que se busca desenvolver, poderão mostrar novas realidades e colorir com cores de afetividade e humanismo, um mundo que se obscurece na tristeza do estresse e nas noites sem qualidade de sono. A aprendizagem se faz no movimento diário, nas entrelinhas dos relacionamentos, mas o psicopedagogo pode ajudar a escolher como foco para nossa sociedade o prazer de viver bem.

 

REFERÊNCIAS

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Correspondência:
Luiza Elena Ribeiro do Valle
Rua Goiás, 77
Poços de Caldas, MG, Brasil - CEP: 35701-005
E-mail: luevalle@usp.br

Artigo recebido: 30/7/2011
Aprovado: 21/10/2011

 

 

Trabalho integra Tese de Doutorado, aprovada pelo Departamento de Psicologia Social de do Trabalho do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

 

 


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