EDITORIAL

Perseguindo nossa intenção de transformar a RBCDH contudo, sem perder a autonomia e a brasilidade, características que tornam nossa revista cenário de pesquisas originais e acolhedora das mais variadas vertentes da pesquisa científica, concentramo-nos, a partir desta edição, no processo de negociação com as autoridades regionais para incluí-la nas bases da Scielo - Scientífic Eletronic Library On Line. Esta intenção imprime novos desafios ao leitor e aos conselheiros da revista.

Ao leitor, porque não o entendemos como consumidores passivos, hipnotizados pelo mundo teórico das informações científicas. Entendemos esse leitor como ativo e reflexivo no contexto de sua esfera de trabalho, da qual emergem e continuarão emergindo, muitos dos trabalhos relevantes da revista. Compreendemos que a partir do dia a dia de trabalho, dispare em realidades, refletido e revisto pelos leitores, a vida pode ser reconstruída numa base social diferente na quais nossas crianças e adolescentes, objetos primeiros da RBCDH, possam se apropriar do significado da Equidade, em toda sua amplitude conceitual e responsiva.

Quanto aos conselheiros, editores e pareceristas, "seus" desafios estarão cada vez mais pautados na análise de relevância dos artigos submetidos à luz das perspectivas contributivas da revista à sociedade. Assegurando que não a vemos como veículo de massa no sentido quantitativo, voltada a um grupo específico ou a uma realidade inerte e indiferenciada, mas sim no sentido da pluralidade, reconhecendo que nosso público tem graus e focos diferentes de concentração, relacionando-os a outros aspectos importantes de suas vidas.

De qualquer forma, a revista, em pleno vigor da adolescência, contempla-nos com um número particularmente interessante. Por um destes alinhamentos celestes, que só marinheiros observam, pudemos agrupar neste exemplar vários resultados de pesquisas originais, centradas no bebê institucionalizado (creches, UTI neonatal e criança hospitalizada), todos com abordagens diferenciadas, situações bastante comuns na contemporaneidade, assim como um atual artigo sobre violência em histórias gráficas de Leconte Lisle Coelho Junior. Entre as atualizações, os artigos de Alfaya e Lopes e Pereira e Almeida instrumentalizam-nos quanto às repercussões da depressão materna no desenvolvimento do bebê e quanto à relação entre saúde e poder. Ao lado desta reflexão no cenário da saúde da mulher, alinha-se uma reflexão sobre o papel feminino e sua representação social, neste caso, na cadeia de transmissão da AIDS, protagonizada pelos Drs. Dafne Suit e Antonio Marcos Chaves.

Relatamos duas experiências, uma focando no processo de adoção e outra realçando a importância do envolvimento dos professores do ensino básico na promoção e educação da saúde. Completamos com uma resenha de um texto de grande importância, de autoria de Giorgio Agamben, finalmente oferecido ao público brasileiro.

Finalmente, ao escrever este editorial, soubemos do afastamento de nosso meio, da grande colega e colaboradora da RBCDH, a professora doutora Márcia Regina Maria Pedromônico, da UNIFESP. Não poderíamos deixar de registrar e agradecer de público mais uma vez, agora com o coração constricto de saudades, todo seu empenho em defesa das nossas crianças e adolescentes. Neste caso, lembrando o Grande Poeta: ".... Navegar é preciso viver, não é preciso....". Deixamos agora o leitor, à vontade, com a Revista.

Paulo Rogério Gallo
Editor Assistente