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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.54 no.3 São Paulo jul./set. 2020

 

EDITORIAL

 

Pandemia e a clínica virtual

 

 

Marina Massi

Editora / marinamassieditora@rbp.org.br

 

 

A pandemia que assolou o planeta e afetou a sociabilidade de milhões de pessoas atingiu profundamente o atendimento psicanalítico praticado em nossos consultórios, e ainda não sabemos quando nem como voltaremos a nossa usual prática clínica.

Há anos analistas vêm pensando e teorizando o atendimento virtual, devido à aceleração do fluxo migratório estimulado pelo processo de globalização. Pacientes mudam de cidade ou de país por questões de trabalho ou estudo, e para não interromper o processo analítico a dupla analista-analisando opta por continuar de modo virtual. Isso é conhecido pela comunidade psicanalítica. A novidade consiste no fato de que nunca tivemos o atendimento virtual realizado em escala mundial. Esse experimento nos permite avançar numa pesquisa qualitativa contando com a observação de um número significativo de colegas, o que torna possível uma reflexão crítica nunca realizada. A crise emergencial imposta aos psicanalistas e aos pacientes nos empurrou para esse experimento em larga escala.

Assim, neste número sobre a pandemia e a clínica psicanalítica virtual, procuramos agrupar os trabalhos que focalizaram as mudanças advindas de uma ingerência radical na dupla analista-analisando, forçando uma passagem repentina do atendimento presencial para o atendimento à distância, remoto, virtual ou online.

O número se dedica a trabalhar mais especificamente com algumas das principais indagações ao campo psicanalítico: quais as possibilidades e consequências desse novo enquadre? Quais as mudanças observadas no campo analítico e na técnica psicanalítica?

Determinados aspectos foram rapidamente identificados e apontados por vários psicanalistas:

• um maior cansaço no atendimento virtual;

• a questão da privacidade;

• a não corporeidade e suas limitações;

• a maior intrusão do ambiente no campo analítico;

• a importância de descobrir um novo lugar para o encontro analítico na sessão virtual;

• os significados do silêncio e a demanda mais acelerada da fala;

• o estado transferencial e contratransferencial no vínculo analítico.

O editorial não é um artigo sobre o tema, mas um estímulo aos leitores a lerem os trabalhos dos colegas a respeito do tema. Os aspectos antes elencados servem para dar um gosto do que contém este número.

Gostaria de agradecer ao designer Daniel Kondo, que elaborou a capa especial para os números sobre a pandemia. Ele captou a nossa preocupação em registrar o fato de que a pandemia teve um impacto imenso no planeta e que a rbp não poderia deixar de marcar para nós mesmos e para as gerações futuras que o ano de 2020 representou um corte no "normal".

Apesar das notícias tristes deste ano, gostaríamos de compartilhar uma notícia boa: a revista passou a ser classificada como B1 na avaliação Qualis (Capes). A nota B1 é fruto de um trabalho em equipe, de várias parcerias e diálogos que permitiram esse importante resultado para a rbp.

Peço atenção especial para a seção "Projetos e pesquisas", que nos conta sobre os trabalhos solidários realizados pelas federadas e que tanto nos orgulham enquanto membros da Febrapsi. São notícias sobre a psicanálise solidária.

Para finalizar, desejamos a todos os leitores e colegas boas festas e um ano de 2021 renovado de esperanças, com os avanços da ciência nos trazendo vacinas capazes de nos resgatar a liberdade de sociabilidade e de vida.

Boa leitura! Boas festas!

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