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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.18 no.1 Ribeirão Preto  2010

 

Um número especial da revista Temas em Psicologia para enfrentamento da violência

 

 

Com muita satisfação apresentamos esse número especial da Revista Temas em Psicologia, focalizando o Enfrentamento da Violência. O número reúne artigos resultantes de pesquisas e de reflexões teóricas de pesquisadores provenientes de diversas instituições públicas e particulares, compromissados com a prevenção e a erradicação tanto da violência contra a mulher quanto da violência contra a criança e o adolescente. Esses dois fenômenos de violência se entrelaçam e apresentam alta prevalência na sociedade brasileira, constituindo-se num grave problema social, de saúde pública e de violação dos Direitos Humanos. A presteza com que os diversos pesquisadores de orientações teóricas diversas responderam à solicitação desse número especial reflete o compromisso da Psicologia brasileira com o enfrentamento da violência. O panorama atual exige, cada vez mais, a elaboração de políticas públicas efetivas que permitam apoiar programas de intervenção preventiva, visando reduzir ou minimizar o impacto dos efeitos da violência a curto e a longo prazo, de modo que não comprometam negativamente o desenvolvimento das pessoas vitimizadas.

A seção Ponto de Vista inaugurada na Revista Temas em Psicologia nesse número especial traz o artigo de Geraldina Porto Witter acerca da relação entre a violência e a escola, sob diferentes prismas, considerando-se que esta instituição pode ser tanto alvo como produtora da violência que se estabelece em seu próprio âmbito e entorno.

O artigo de Clarissa de Antoni e Silvia Helena Koller apresenta um estudo de caso com o objetivo de compreender o fenômeno da violência física em uma família, sob a perspectiva dos pressupostos da teoria bioecológica do desenvolvimento humano.

Alessandra Turini Bolsoni-Silva e Edna Marturano descrevem resultados de avaliações, a partir de múltiplos instrumentos, de casais que buscaram atendimento em uma clínica escola, tendo em vista que os problemas conjugais podem prejudicar o relacionamento entre pais e filhos, favorecendo o surgimento de problemas comportamentais e psicológicos.

O artigo de Ana Carina Stelko-Pereira e Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams busca refletir sobre o conceito de violência escolar, propondo uma definição mais abrangente que contemple vários critérios, entre os quais, a tipologia das ações de violência e o grau de especificidade dos episódios violência.

O estudo de Luciana Luizzi e Tania Maria Santana de Rose visou delinear metas e habilidades a serem desenvolvidas na formação de professores do Ensino Fundamental, tendo em vista a prevenção de comportamentos agressivos entre os alunos.

A pesquisa de Marina Bazon, Ida Àvila de Mello, Lilian Paula Bérgamo e Juliana Faleiros propõe um estudo comparativo do nível socioeconômico, estresse parental e apoio social no que tange ao fenômeno da negligência infantil.

O artigo de Cátula Pelisoli, Jarbas Pires, Maria Eliete de Almeida e Débora Dell'Aglio descreve o perfil dos atendimentos realizados durante os anos de 2002 a 2006 por um centro de referência em acolhimento a crianças e adolescentes vítimas de violência sexual do Estado do Rio Grande do Sul.

O estudo de Anamaria Neves, Gabriela de Castro, Cynara Hayeck e Daniel Cury pretende resgatar teoricamente o fenômeno do abuso sexual contra crianças e adolescentes por abusadores do espaço doméstico (intrafamiliar) e por estranhos (extrafamiliar), sob uma perspectiva multidisciplinar, apresentando um panorama com dados nacionais e internacionais e apontando as principais diretrizes brasileiras em relação à legislação específica que contempla o referido fenômeno.

A preocupação com a violência e suas várias manifestações atuais, envolvendo a população jovem, desafia Maristhela Bergamim de Oliveira e Edinete Maria Rosa à construção de um artigo histórico e teórico/conceitual que tem por objetivo lançar luz sobre a relação juventude e violência, em nosso país.

O artigo de Dâmaris Borges e Edna Maria Marturano descreve a elaboração e a aplicação de um programa para melhorar a convivência na escola, fundamentado em uma perspectiva de desenvolvimento que considera as bases cognitivas e afetivas do comportamento moral.

Maria Aparecida Penso, Tânia de Almeida, Kátia Brasil, Celso de Barros e Patrícia Brandão partem da pesquisa qualitativa para compreender os impactos nas vidas pessoais de funcionárias públicas que atendem crianças, adolescentes e mulheres adultas em situação de violência, adentrando em seu universo conjugal-familiar.

O estudo de Leonardo de Araújo Mello e Rosângela Francischini propõe uma revisão crítica da literatura acerca do conceito de exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, buscando um paralelo com as diretrizes propostas por documentos internacionais, a fim de possibilitar um olhar contextual acerca do referido fenômeno em nossa realidade.

O artigo de Veleda Dobke, Samara dos Santos e Débora Dell'Aglio apresenta um estudo de caso com o objetivo de investigar o abuso sexual intrafamiliar no contexto da justiça e da notificação ao depoimento no processo penal.

A pesquisa de Alexandre de Paula e Sérgio Kodato versa sobre as representações sociais de violência por professores de uma escola pública do Ensino Fundamental. Por outro lado, Maria de Fátima Santos, Angela Almeida, Vivan Mota e Izabella Medeiros analisam as representações sociais de violência entre adolescentes de diferentes segmentos sociais e as práticas preventivas por eles utilizadas.

O artigo de Paula Gomide relata o tratamento psicoterápico realizado com um adolescente matricida, discutindo a influência das variáveis familiares como determinantes do fenômeno do matricídio.

Marilena Ristum faz uma incursão pelas principais questões conceituais referentes à violência intrafamiliar contra a criança, defendendo a necessidade de construir estratégias eficazes de enfrentamento da violência intrafamiliar.

O artigo de Roberta Chaves e Elaine Rabinovich baseia-se em pesquisa realizada sobre a história de vida de um adolescente em conflito com a lei, que cometeu suicídio em 2006, cuja memória foi suscitada por meio das produções poéticas de tal jovem. As autoras desenvolvem uma análise teórica em conformidade com a análise dos poemas escritos no período em que o referido adolescente cumpria medida sócioeducativa em uma instituição, na cidade de Salvador/Bahia.

O presente número especial ainda traz duas resenhas. Paula Gomide elaborou a resenha do livro intitulado "Empoderamento da família para enfrentar a violência doméstica" que apresenta a experiência do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (LAPREV), sendo resultado de premiação pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS). Por sua vez, Luiz Moreno Guimãres Reino e Vanessa Lopes dos Santos Passarelli elaboraram a resenha do livro "A violência, o corpo e a cidade" que visa compreender e refletir acerca da problemática da violência urbana, especificamente na cidade de São Paulo, a partir do pensamento psicanalítico freudiano.

Espera-se que o conjunto de textos apresentados sirva como reflexão e subsídios para os profissionais comprometidos com a superação do fenômeno da violência, especialmente no tocante à violência contra a mulher e a criança e o adolescente, tendo em vista uma melhor qualidade de vida para todos os cidadãos que se encontrem incluídos em uma sociedade efetivamente igualitária.

 

Lúcia Cavalcanti de Albuquerque Williams
Editora Convidada

Eliane Aparecida Campanha Araújo
Assistente da Comissão Editorial

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