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Temas em Psicologia

versão impressa ISSN 1413-389X

Temas psicol. vol.18 no.1 Ribeirão Preto  2010

 

Ponto de vista: violência e escola

 

Point of view: violence and school

 

 

Geraldina Porto Witter

Professora Emérita da Universidade Federal do Pará, Centro Universitário de João Pessoa, Universidade Camilo Castelo Branco, Membro da Academia Paulista de Psicologia

 

 

Possivelmente uma das características mais marcantes da atualidade seja a violência que alcança todos os ambientes, está presente em toda a sociedade e marca as relações entre as pessoas, as instituições e os países. A violência prejudica a saúde biopsicossocial das pessoas, afeta a saúde da sociedade e pode ter consequências trágicas. Na generalização da violência, a escola também foi profundamente envolvida.

A relação entre a violência e a escola pode ser considerada sob diferentes prismas: o da violência que acontece na escola, aquela feita à escola e a violência da escola (Charlot, 2002). Em cada caso, múltiplos enfoques e ciências podem contribuir para se conhecer mais o problema e suas raízes, que podem estar na família, na escola e na sociedade. A violência pode se manifestar na forma de vários tipos de agressão, de incivilidade e de desrespeito, mas resulta de conceitos, preconceitos, práticas cotidianas, representações sociais inadequadas, problemas psicológicos e mesmo da própria ignorância.

A violência na escola cresceu de tal forma que passou a ser, muitas vezes, cabeçalho de jornais, matéria de revistas de grande circulação, notícia com ampla exploração no noticiário radiofônico e televisivo. Nesses casos extremos, causa indignação, consternação e medo, mas pouco se faz de concreto em termos de estudar as variáveis que a geram e a controlam, no sentido de se rever o que se está sendo feito em termos de educação para sanar essa realidade, ou de se preparar educadores e pais para uma melhor formação do cidadão.

Embora seja inegável o contexto da violência em que vivem crianças de rua, que inclusive envolve sexo, drogas, apanhar e até matar e morrer, neste trabalho só será enfocada a violência na escola e no seu entorno. Alguns aspectos são de tal natureza e intensidade que, mesmo que sejam de curta duração, suas consequências passam até mesmo a ser fonte para noticiários internacionais. É o caso de assassinatos em massa nas escolas, depredações e roubos. Outros são mais sutis, mas sua constância e forma acabam marcando tanto o agressor como o agredido, geram outras formas de agressão e, ocasionalmente, podem explodir e até virar manchete de jornais. Em tais circunstâncias, não é de se estranhar que o medo se instale na escola.

É importante lembrar que embora esteja presente em todos os níveis de escolaridade, a violência assume formas, tipos e níveis diferenciados em cada um deles. Nesse sentido, quando há violência, dois personagens são caracterizáveis: o agressor e o agredido (ou vítima). O primeiro é a fonte ou a origem da ação que atinge o segundo, mas por vezes estes trocam de posição. Em algumas ocasiões a troca de violência é de tal ordem que fica difícil identificar quem está sendo emissor ou receptor da ação agressiva.

Agressores e agredidos na escola

No meio educacional é possível detectar vários agressores. Alguns lá estão desde a origem da vida acadêmica, outros são mais recentes, uns agem com violência diariamente, outros apenas ocasionalmente. A escola e seus integrantes são, hoje, também vítimas de agressores externos, dos poderes constituídos, da família e da comunidade em que ela se insere.

Os próprios prédios em que funcionam algumas escolas são uma violência ao meio ambiente e a alguns de seus alunos e professores. Por exemplo, escolas que cortaram ou podaram as árvores de seu pátio (pois "dão trabalho para varrer") agridem a paisagem, a natureza e negam aos usuários da escola a beleza, a qualidade do ar, a sombra amiga. Isso é agressão. Prédios sem rampas e elevadores, com vários andares, acabam sendo uma tortura para os que aí trabalham e estudam e são portadores de alguma limitação física, temporária ou permanente. É uma violência e há leis que apresentam exigências para que isso não ocorra, entretanto, os responsáveis por alvarás, autorizações e avaliações fazem de conta que nada viram. Isso também é uma forma de violência social, nem sempre evidenciada. O que se pode dizer então da saúde, da luminosidade e de outras variáveis da construção de prédios que afetam o bem estar e mesmo a aprendizagem?

O tipo de móveis usados no interior das escolas também pode ser uma forma de agressão diária, embora devessem ser adequados aos seus usuários. Por exemplo, espera-se que alunos canhotos encontrem nas classes carteiras de braço compatíveis. A legislação também prevê isso, entretanto, se nem as escolas oficiais respeitam a exigência, acaba sendo um castigo para o aluno ser canhoto e ter de usar carteira para destros. Ser adolescente ou adulto e utilizar carteiras produzidas para crianças, ou vice-versa, é também uma violência contra a saúde dos alunos. Quadros de giz gastos, que já não proporcionam o contraste necessário, também ofendem a percepção visual de seus usuários.

Adicionalmente, o material didático pode ser de suma violência para o aluno. Muitos livros são estímulo a discriminações de vários tipos: de gênero, de desenvolvimento cognitivo, de etnia e de nível socioeconômico. Alguns estimulam mesmo a discriminação, ainda que veladamente. Outra forma pela qual esses materiais agridem os alunos é por não serem compatíveis com as características destes quanto à motivação, à cognição e à linguagem ou, o que talvez seja pior, negam qualquer possibilidade real de desenvolvimento para o aluno. Muitas vezes até mesmo o professor, sua motivação e competência, bem como a sua personalidade, não é respeitada na escolha do material. Aliás, muitas vezes, o docente sequer tem oportunidade para decidir sobre os materiais e métodos de ensino. Não se pode negar que tais imposições constituem violência em relação ao professor e mesmo ao aluno.

O professor também pode ser alvo de outros tipos de violência por parte de diretores, assistentes e da equipe técnica da escola, quando esses agentes negam apoio, ajuda técnica, condições para melhoria de seu desempenho, a possibilidade de dar continuidade a seus estudos, cuidar de sua educação continuada, ou mesmo cobrando desempenho para o qual não foi formado ou para o qual não encontra condições favoráveis na escola.

Muitas variáveis influenciaram na perda da autoridade dos docentes na sala de aula, o que pode ter ocorrido por compreender como autoritarismo a postura tradicional desses profissionais ou mesmo por já não representarem a herança histórica que outrora estava associada ao corpo docente, pelo fato de sua representação social estar desprovida de representatividade na sociedade. Em consequência das múltiplas violências das quais sofre o docente, a profissão do professor passou a ser desvalorizada e pouco atraente, sendo grande o déficit no país.

O professor pode ser um dos principais agentes de violência na escola. A falta de competência para administrar a sala de aula, controlar com estratégias didáticas o comportamento e a produtividade dos alunos pode levá-lo a gritar, esbravejar, até mesmo a agredir verbal ou, ocasionalmente, fisicamente um aluno, sua família e seus valores. Porém, há outras agressões que ocorrem, muitas vezes, de forma repetitiva, por exemplo, dizendo-se que o aluno é incapaz e que nunca irá aprender ou "ser alguém".

Tudo isso acaba por reduzir a autoestima do aluno. Forma-se, assim, um círculo vicioso do qual o aluno-vítima não consegue escapar. Os colegas somam esforços com a professora, o fundo do poço fica sem fim. Pobre criança! Esses são apenas arquétipos do cotidiano da escola. Pior é o ato de violência no qual a criança é abandonada, dentro de sua própria sala, sem qualquer empenho para que não fique para trás. Tratam-se de exemplos do que ocorre nas salas de aula, que não chegam às manchetes de jornais e raramente a direção está atenta a tais aspectos.

Entretanto, é preciso lembrar que o professor é fruto de uma formação inadequada e insuficiente, o que é em si uma violência mascarada em relação a ele, a seus alunos, à comunidade e ao país. O docente atua, muitas vezes, em situações adversas em termos do número de alunos em classe, dos recursos materiais, da imposição de um padrão único de ensino nem sempre compatível com ele e seus alunos, com salas, carteiras, iluminação e outros aspectos deficientes. O ambiente pode, por si mesmo, ser uma violência em relação aos que aí estão vivendo.

Pela educação recebida no lar e pelo contexto da própria escola, o aluno, mesmo o da pré-escola, pode apresentar comportamento violento em relação a colegas, professores, atendentes e outros funcionários. A violência que tem por fonte da agressão o aluno vai da pré-escola aos mais altos níveis de escolarização. Na préescola, este arranca o brinquedo ou bate no colega, no doutorado, por exemplo, assina como coautor um trabalho para o qual em nada contribuiu, agredindo tanto ao explorar quem trabalhou efetivamente como ao enganar o professor. Nesse caso, ele estará cometendo uma violência em relação ao mestre. Ao colar em uma prova, o aluno comete um ato de violência contra si mesmo, contra os colegas, contra o professor e todo o sistema educacional. Mas, certamente, é a agressão física que mais chama a atenção, quer pelos assassinatos de dirigentes, professores e colegas ou pelas brigas e agressões que, muitas vezes, tornam-se tragédias.

Em relação à escola, muitas violências que os alunos fazem passam aparentemente despercebidas por parte dos responsáveis. É o que se registra em todos os níveis de ensino, por exemplo, pela mera observação do que os alunos escrevem nas carteiras, nos banheiros e nas paredes. Mas há vandalismo no que diz respeito a outros móveis, equipamentos e áreas físicas das escolas, isto sem falar em roubo.

No entanto, a violência também é, muitas vezes, desencadeada por pessoas estranhas ao ambiente acadêmico, que agridem a parte física e as pessoas na própria escola ou no seu entorno. As agressões implicam até mesmo em morte, mas há agressões físicas de vários tipos, como assaltos, destruição e pichação.

As constantes lutas entre polícia e traficantes nas favelas do Rio de Janeiro já fizeram muitas vítimas nas escolas, impediram que os alunos tivessem aulas e outras mazelas, tais como prédios destruídos e escolas transformadas em depósitos de armas e drogas e pelos traficantes. A escola acaba ficando, por vezes, no meio da linha de fogo. Pouco se pode fazer em tais circunstâncias a partir da própria escola, além de reclamar junto às autoridades e aos detentores do poder.

Muitas vezes, famílias de alunos e escolas entram em conflito evidente ou envolto em mesuras que procuram ocultar ou mesmo dissimular a violência presente ou subjacente na relação. Há pais que só reclamam, menosprezam e desconsideram a escola, ao passo que dirigentes, professores e outros alunos, muitas vezes, desenvolvem nos filhos atitudes negativas em relação a essas pessoas. Essas atitudes podem emergir sob a forma de comportamentos violentos, ou em dificuldades para aprender.

Os alunos que trabalham podem sofrer violência por parte de seus chefes quando estes não os liberam, conforme a lei, para que tenham condições de estudar e frequentar as aulas. Em programas feitos junto aos empregadores, a escola pode conseguir anular essa situação e dar a seus alunos melhor qualidade de vida no trabalho. Considerando que muitos alunos que trabalham podem apresentar estresse, espera-se que possam contar com um psicólogo escolar que os oriente na prevenção e na eliminação do problema, o que ainda é raro no Brasil.

Escola e diagnóstico

A escola, por ser um microcosmo que reproduz características da vida da comunidade fora dela, também constitui um espaço para se diagnosticar vários problemas psicossociais que ocorrem também fora de seus muros. Entre esses problemas, estão o estímulo à violência, a aceitação desta como uma forma adequada de luta por direitos, lícitos ou ilícitos, as agressões sofridas fora dela por crianças e adolescentes mesmo em seus lares, além de violências sociais já crônicas, tais como desnutrição e promiscuidade sexual.

Mesmo sem formação específica, os professores desenvolvem conceitos e estratégias, porém nem sempre as melhores, para detectar e trabalhar com a violência. Certamente, a presença de um bom psicólogo escolar, capaz inclusive de orientar os professores quanto aos indícios dessas violências, poderá desencadear ações preventivas e desenvolver programas de alerta para os pais e para a comunidade, podendo aplicar instrumentos especiais para detectar se os alunos estão sendo vítimas de violência.

Não se pode esquecer jamais a importância da família no desenvolvimento da criança. Por isso, a escola deve estar atenta às famílias de seus alunos. Não se pode ignorar que é na família que, muitas vezes, são encontradas as causas dos vários problemas de comportamento da criança, quer sejam de ordem acadêmica ou sociais, como agressão aos colegas e atos de violência contra professores. Muitas vezes detectam-se problemas que se relacionam diretamente com Psicologia e Direito. É o caso de pais que agridem fisicamente seus filhos e que a professora adequadamente preparada pode detectar em sala de aula e fazer o devido encaminhamento.

Vale lembrar que os docentes não estão bem preparados e não contam com uma boa orientação psicoeducacional. Certamente é preciso cuidar melhor da formação docente e assegurar-lhe uma assessoria compatível com suas necessidades.

Cuidando da violência na escola

Pelo exposto até o presente, hoje a violência faz parte da escola em níveis e tipos diversos de manifestações. Esse fato requer que medidas sejam tomadas para que ela não extrapole limites mínimos aceitáveis e não ponha em risco biopsicossocial as pessoas que convivem no referido espaço. Cuidar para que se reduza o quadro de risco hoje vivenciado requer um conjunto de medidas, tais como melhor preparo dos profissionais responsáveis pela escola; pesquisas que descrevam a realidade, mas, principalmente, pesquisas experimentais que tragam evidências de causa e efeito; planejamento, teste e avaliação de projetos que visem a redução da violência; melhoria do espaço físico, etc.

Vale lembrar que ter condições para planejar, executar e avaliar a eficiência de ações que tenham por objetivo reduzir a violência na escola é uma demanda básica. Entretanto, essa produção é baixa. Assim, é evidente que não se pode contar com informações suficientes para excelentes planejamentos na área, o que pede pesquisas preliminares. Apesar da carência de evidências para o planejamento e para avaliações, há trabalhos sendo realizados na área.

Para ações eficientes é preciso conhecer bem a formação, as crenças e as percepções da equipe da escola quanto a aspectos relativos à violência nesse ambiente. O Projeto Escola que Protege, por exemplo, é uma proposta de dar aos profissionais de educação uma formação sobre os direitos da criança e do adolescente, criando recursos humanos para o enfrentamento da violência, por meio do envolvimento de atores sociais, entre eles, a comunidade escolar. Em se concretizando o trabalho, este precisa ser objeto de uma pesquisa de avaliação em um delineamento de pré-teste, treino, pós-teste, avaliação antes e após a intervenção.

Como a violência na escola tem sido relacionada também com o tráfico de drogas é necessário verificar a extensão e a profundidade dessa realidade, além de propor e testar estratégias para impedir que isso ocorra. Essa é uma violência que prejudica a saúde física e psicológica das crianças e dos jovens. Consequentemente, requer uma legislação mais rigorosa e efetivamente cumprida, bem como preparo adequado dos docentes e administradores.

Uma forma de reduzir a violência no contexto escolar é abrir espaço para a educação e a vivência de paz no seu ambiente.

É evidente que para mudar a ocorrência de violência na e da escola é necessário que ocorra aquisição e fortalecimento de novos comportamentos e a mudança daqueles de cunho agressivo. Implica também em mudar a violência no lar, pois ela repercute no comportamento dos alunos na escola.

Nos últimos anos do ensino fundamental e no ensino médio é comum o namoro entre colegas de escola. A equipe técnica deve ficar atenta a problemas de violência que podem ocorrer na disputa pelo(a) parceiro(a), nas relações de namoro e de rompimento da relação. Trata-se de uma área de relações interpessoais em que não apenas tem ocorrido aumento de atos comorecorrência do comportamento agressivo. É uma área de riscos, que requer programas de intervenção. Um clima positivo na escola, especialmente em sala de aula, é essencial para o que se tenha uma escola eficaz e com bons resultados. Entretanto, para que isso ocorra, é importante que o aluno perceba o clima como favorável.

A prevenção no entorno da escola também pode ter efeito na instituição educacional. Uma variável que está associada com a raiz da violência na escola é a denominada indisciplina, que facilmente cresce, tornando-se cada vez mais forte e inviável alcançar os objetivos educacionais. Para tanto, é preciso recorrer a programas que impliquem em estabelecer e por em prática códigos de ética e moral, em que se cuide não apenas do bem estar individual, mas também do coletivo. Vale dizer que é de grande valia dar mais atenção à educação ética dos alunos, especialmente na adolescência.

Perspectivas futuras

Para reverter o quadro de violência que assola as escolas é necessário investir muito em pesquisas para melhor conhecer as variáveis subjacentes e determinantes do comportamento violento que se registra nesse ambiente. Entretanto, não basta pesquisar apenas as possíveis causas do comportamento agressivo evidente de violência contra os vários aspectos aqui relacionados. É preciso enfocar também a violência silenciosa, diária, contra os vários personagens da escola e seus aspectos materiais, como aqui também foi considerado, já que seu efeito cumulativo traz sérios prejuízos psicossociais, podendo explodir em violência aparentemente sem sentido.

Uma boa programação de pesquisa no Brasil ainda requer pesquisas descritivas, mas há uma necessidade premente de já se investir em áreas para as quais já se pode contar com informações descritivas, com trabalhos de delineamento mais sofisticados, experimentais ou quase-experimentais e que testem a eficiência de programas para a resolução da violência na escola. A importância de oferecer apoio constante ao professor e garantir sua atualização permanente deve ser enfatizada.

É preciso planejar, pesquisar e avaliar programas de prevenção e de intervenção na violência nas escolas. Os delineamentos e análises devem ser de tal ordem que se possa ir além da descrição e se possa ter condições de generalização e uso seguro em outras instituições educacionais. Certamente será necessário reeducar todos os envolvidos, apenas coibir a violência com punição, presença de polícia e estratégias similares pode apenas acobertar uma violência que acabará explodindo em proporções maiores, mais adiante.

É necessário substituir a cultura da violência pela cultura da não violência. Ir em busca da ética e da moral, do bem estar coletivo. Certamente é um dos grandes desafios para a educação na atualidade. Mas qualquer ação deve ter sustentação e avaliação científicas constantes ao longo de seu evoluir, para que possa ser eficaz e ser cada vez melhor e mais eficiente.

Para que haja adequado enfrentamento de tais situações, há necessidade de formar melhor os professores e toda a equipe técnica que atua na escola, instrumentando-os com procedimentos, estratégias e técnicas que viabilizem a resolução dos problemas de violência na escola e em seu entorno.

 

Referências

Charlot, B. (2002). A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, 8, 432-443.         [ Links ]

 

 

Enviado em Fevereiro de 2009
Aceite final em Maio de 2009
Publicado em Dezembro de 2010

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