EDITORIAL

Em pauta: A contemporaneidade e os seus desafios

On the agenda: The contemporary and its challenges

A Revista Mal-estar e Subjetividade tem a honra de apresentar aos seus leitores o seu primeiro e segundo números do ano de 2012. Trata-se de um número que contém 14 artigos, além de uma Resenha sobre o Filme "Clube da Luta".

Entre os artigos aqui apresentados é comum o debate de temáticas relacionadas à contemporaneidade, sendo esta descrita como uma época marcada por contradições, pelo hiperconsumo, violência, mercantilização de necessidades humanas, apressamento social e por uma cultura fortemente hedonista, na qual se valoriza a estética e a cultura da imagem em detrimento da interioridade e das trocas inter-humanas.

Assim sendo, a contemporaneidade é posta em pauta e descrita como o pano de fundo, o macro-contexto no qual se inscreve a discussão dos temas propostos em cada artigo, a saber: abuso sexual; tempo livre; mídia e o discurso do "sujeito cerebral"; emergência do discurso solidário em meio à cultura individualista; adolescente infrator privado de liberdade; estabelecimento de vínculos interpessoais na atualidade; divórcio; acolhimento institucional; juventude e mercado informal de drogas ilegais; mobilidade cotidiana e, por fim, a inserção dos psicólogos na saúde mental. Além disso, verifica-se a preocupação dos autores em atualizar e avançar discussões clássicas, tal como a que é feita nos artigos sobre o estranhamento enquanto método para a escuta clínica; sobre a (re)leitura da noção psicanalítica de diferença sexual à luz de autores contemporâneos; e acerca da relação transferencial a partir da sua dimensão ética.

Para além da convergência dos artigos em problematizar os desafios da contemporaneidade, vale salientar que os artigos se distinguem no caminho escolhido para abordarem seus temas. Sete deles partem de caminhos essencialmente teóricos e outros sete utilizam-se de pesquisas de campo, majoritariamente qualitativas.

Seguindo nessa linha, a Revista Mal-estar e Subjetividade quer (re)afirmar o seu propósito de contemplar em seu escopo trabalhos de qualidade, independente do método empregado ou da abordagem teórica na qual se baseiam. Sendo a nossa disciplina um mosaico ainda em construção, reputamos como importante essa abertura para que as diversas vozes de nosso saber e fazer possam ser ouvidas. Essencial é que tais trabalhos sejam "consequentes", ou seja, impliquem - efetivamente - em contribuições ao campo do estudo das subjetividades, em sua interface com a sociedade e a cultura.

Agradecemos profundamente a cada autor(a) que submeteu o seu manuscrito, confiando sua relevante produção à Revista Mal-Estar e Subjetividade. Aos pareceristas que gentilmente e heroicamente (diante do volume infindável de tarefas cotidianas que temos) atenderam aos nossos "clamores" pelo envio do parecer, também a nossa inestimável gratidão. À comunidade acadêmica e aos leitores em geral da Revista Mal-estar e Subjetividade, desejamos uma ótima leitura!

Normanda Araújo de Morais
Co-editora e Organizadora