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Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento

versão impressa ISSN 1519-0307versão On-line ISSN 1809-4139

Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv. vol.20 no.1 São Paulo jan./jun. 2020

https://doi.org/10.5935/cadernosdisturbios.v20n1p132-157 

10.5935/cadernosdisturbios.v20n1p132-157

 

Dieta vegetariana na gestação e o impacto sobre o organismo materno e fetal: uma revisão da literatura

 

Vegetarian diet in pregnancy and impact on the maternal and fetal organism: a literature review

 

Dieta vegetariana en el embarazo y el impacto en el organismo materno y fetal: una revisión de la literatura

 

 

André Chaves CalabriaI; Claudia SpaniolII; Mirna Grubert GomesIII

IUniversidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Lages, SC, Brasil / E-mail: andre.calabria@hotmail.com
IIUniversidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Lages, SC, Brasil / E-mail: claudiaspaniol@uniplaclages.edu.br
IIIUniversidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Lages, SC, Brasil / E-mail: mirnagrubert@gmail.com

 

 


RESUMO

Durante a gravidez, as necessidades nutricionais estão aumentadas por causa do desenvolvimento fetal. Portanto, é interessante questionar se restrições dietéticas, como no vegetarianismo, são seguras para gestante e feto. Como objetivo, procurou-se discutir possíveis impactos das dietas vegetarianas na gestação e investigar se existem deficiências nutricionais causadas por essas dietas na gravidez. O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica em periódicos nacionais e internacionais indexados nas bases de dados PubMed, Medline, ScienceDirect, Bireme e Lilacs, no período de 2009 a 2019. Utilizaram-se os descritores em ciência e saúde: dieta vegetariana, deficiências nutricionais, vitaminas e gravidez. Os critérios de inclusão para a seleção foram artigos gratuitos que exploram dietas vegetarianas e veganas durante a gravidez ou as complicações dessas dietas na gestante, no feto e no recém-nascido. Os critérios de exclusão foram artigos que não abordam as consequências dessas dietas na gravidez, mas em mulheres não grávidas e/ou homens adultos; estudos que tratam das consequências em longo prazo das dietas vegetarianas e veganas adotadas durante a gravidez, em crianças e adolescentes. Encontraram-se 14.006 artigos com os descritores. Após critérios de inclusão e exclusão, analisaram-se 12 artigos selecionados. Os artigos mostram que gestantes vegetarianas estão mais suscetíveis à deficiência de nutrientes - principalmente vitamina B12, ferro, zinco e iodo. Essas carências nutricionais predispõem a gestante e o recém-nascido à anemia, podendo prejudicar o desenvolvimento fetal. Além disso, estão associados ao parto prematuro e a uma falha no desenvolvimento neuropsicomotor. A alimentação balanceada e adaptada às novas necessidades fisiológicas da gestante é imprescindível para o bom estado geral da gestante e o adequado desenvolvimento fetal. Frequentemente a suplementação oral se faz necessária, bem como o acompanhamento da dieta por profissionais de saúde e a realização de um pré-natal adequado, com atenção especial às possíveis carências nutricionais que a gestante possa apresentar.

Palavras-chave: Vegetarianismo. Gestação. Gravidez. Nutrição. Período gestacional.


ABSTRACT

During pregnancy, nutritional needs are increased due to fetal development. Therefore, it is interesting to question whether dietary restrictions, as in vegetarianism, are safe for pregnant women and fetuses. As an objective, we sought to discuss possible impacts of vegetarian diets on pregnancy and investigate whether there are nutritional deficiencies caused by these diets in pregnancy. The study was carried out through bibliographic research in national and international journals indexed in the databases PubMed, Medline, ScienceDirect, Bireme, Lilacs from 2009 to 2019. The descriptors in science and health used were: vegetarian diet; nutritional deficiencies; vitamins and pregnancy. The inclusion criteria for the selection were free articles that explore vegetarian and vegan diets during pregnancy or the complications of these diets in the pregnant woman, the fetus and the newborn. The exclusion criteria were articles that do not address the consequences of these diets on pregnancy, but on non-pregnant women and/or adult men; studies addressing the long-term consequences of vegetarian and vegan diets adopted during pregnancy in children and adolescents. 14,006 articles were found with the keywords. After inclusion and exclusion criteria, 12 selected articles were analyzed. The articles show that pregnant vegetarians are more susceptible to nutrient deficiency - mainly vitamin B12, iron, zinc and iodine. These nutritional deficiencies predispose the pregnant woman and the newborn to anemia, which can harm fetal development. In addition, they are associated with premature birth and problems in neuropsychomotor development. A balanced diet adapted to the new physiological needs of the pregnant woman is essential for the general health of the pregnant woman and adequate fetal development. Often oral supplementation is necessary, as well as monitoring the diet by health professionals and carrying out an adequate prenatal care, with special attention to the possible nutritional deficiencies that the pregnant woman may have.

Keywords: Vegetarianism. Gestation. Pregnancy. Nutrition. Gestational period.


RESUMEN

Durante el embarazo, las necesidades nutricionales aumentan debido al desarrollo fetal. Por lo tanto, es interesante preguntarse si las restricciones dietéticas, como en el vegetarianismo, son seguras para las mujeres embarazadas y los fetos. Como objetivo, buscamos discutir los posibles impactos de las dietas vegetarianas en el embarazo e investigar si hay deficiencias nutricionales causadas por estas dietas en el embarazo. El estudio se realizó a través de la investigación bibliográfica en revistas nacionales e internacionales indexadas en las bases de datos PubMed, Medline, ScienceDirect, Bireme, Lilacs de 2009 a 2019. Se utilizaron los descriptores en ciencia y salud: dieta vegetariana; deficiencias nutricionales; vitaminas y embarazo. Los criterios de inclusión para la selección fueron artículos gratuitos que exploran las dietas vegetarianas y veganas durante el embarazo o las complicaciones de estas dietas en la mujer embarazada, el feto y el recién nacido. Los criterios de exclusión fueron artículos que no abordan las consecuencias de estas dietas en el embarazo, sino en mujeres no embarazadas y / o hombres adultos; Estudios que abordan las consecuencias a largo plazo de las dietas vegetarianas y veganas adoptadas durante el embarazo en niños y adolescentes. Se encontraron 14,006 artículos con las palabras clave. Después de los criterios de inclusión y exclusión, se analizaron 12 artículos seleccionados. Los artículos muestran que las vegetarianas embarazadas son más susceptibles a la deficiencia de nutrientes, principalmente vitamina B12, hierro, zinc y yodo. Estas deficiencias nutricionales predisponen a la mujer embarazada y al recién nacido a la anemia, que puede dañar el desarrollo fetal. Además, están asociados con el parto prematuro y una falla en el desarrollo neuropsicomotor. Una dieta equilibrada adaptada a las nuevas necesidades fisiológicas de la mujer embarazada es esencial para el buen estado general de la mujer embarazada y el desarrollo fetal adecuado. A menudo es necesaria la suplementación oral, así como el control de la dieta por parte de profesionales de la salud y la realización de una atención prenatal adecuada, con especial atención a las posibles deficiencias nutricionales que pueda tener la mujer embarazada.

Palabras clave: Vegetarianismo. Gestación. Embarazo. Nutrición. Período de gestación.


 

 

INTRODUÇÃO

O indivíduo que segue a dieta vegetariana pode ser classificado, de acordo com o consumo de subprodutos animais, em: 1. ovolactovegetariano, que utiliza em sua alimentação ovos, leite e laticínios; 2. lactovegetariano, que não utiliza ovos, mas consome leite e laticínios; 3. ovovegetariano, que não utiliza laticínios, mas consome ovos; 4. vegetariano estrito, que não utiliza nenhum derivado animal na sua alimentação; e 4. vegano, que é o indivíduo vegetariano estrito que ainda recusa o uso de componentes animais não alimentícios, como vestimentas de couro, lã, seda, assim como produtos testados em animais (DINU et al., 2017).

Por diversos motivos, o estilo de vida vegetariano vem crescendo nos últimos anos. A maior parte das pessoas que adotam esse regime alimentar baseia sua escolha em um estilo de vida que julga ser mais saudável (ROLA, 2015). Existem ainda outros aspectos que impulsionam o crescimento do número de pessoas adeptas à alimentação vegetariana, como a preocupação crescente da população com os impactos de seus hábitos de consumo (ABONIZIO, 2016; CHAUVEAU et al., 2013).

No Brasil, 14% da população se declara vegetariana, de acordo com pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), em 142 municípios. A estatística representa um crescimento de 75% em relação ao ano de 2012, quando a mesma pesquisa indicou que a proporção da população brasileira nas regiões metropolitanas que se declarava vegetariana era de apenas 8%. Assim, atualmente, quase 30 milhões de brasileiros se declaram adeptos dessa opção alimentar (SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA, 2017).

Do ponto de vista científico, o vegetarianismo e o veganismo são conhecidos por causarem muitas deficiências nutricionais, principalmente de vitamina B12, ferro, zinco e iodo (AGNOLI et al., 2017). Contudo, vários estudos tendem a mostrar que uma dieta vegetariana ou vegana equilibrada fora da gravidez pode ter um efeito benéfico na saúde, manifestada em particular por uma diminuição na concentração de colesterol plasmático, uma redução no risco de doenças cardiovasculares (diminuição do risco de doença cardíaca, hipertensão arterial), menor risco de desenvolver diabetes (especialmente do tipo 2), redução do índice de massa corporal, diminuição da probabilidade de desenvolver câncer, bem como um aumento da expectativa de vida (WINSTON; ANN, 2009).

A gravidez é um período específico durante o qual as necessidades nutricionais maternas são aumentadas por causa do desenvolvimento fetal (HYDE et al., 2017). Portanto, é interessante investigar se essas restrições dietéticas são realmente seguras para a gestante, o feto, o recém-nascido e o bebê (TEIXEIRA et al., 2015; APPLEBY; KEY, 2015; ARMELAGOS, 2014).

Nesta revisão de literatura, a seguinte questão de pesquisa foi investigada:

• Quais são as consequências das dietas vegetarianas e veganas durante a gravidez para a gestante, o feto e o recém-nascido?

Portanto, o principal objetivo deste estudo é identificar as possíveis consequências das dietas vegetarianas sobre a gestante, o feto e o recém-nascido. O objetivo secundário é identificar as possíveis deficiências nutricionais causadas por essas dietas no ciclo gravídico-puerperal, considerando o organismo da gestante e do recém-nascido e o desenvolvimento fetal.

 

MÉTODO

Para atender aos objetivos de pesquisa, realizou-se uma pesquisa bibliográfica por meio de uma revisão integrativa da literatura científica. Foram consultados artigos publicados no período de 2009 a 2019. As bases de dados consultadas foram PubMed, Medline, ScienceDirect, Bireme e Lilacs. Utilizaram-se os seguintes descritores em ciência da saúde: dieta vegetariana, dieta vegana, deficiências nutricionais, vitaminas e gravidez.

Para a inclusão de material na pesquisa, selecionaram-se artigos que:

• tratam de dietas vegetarianas e veganas durante a gravidez;

• lidam com as complicações de dietas vegetarianas e veganas na gestante, no feto e no recém-nascido, e durante o período da gestação;

• tratam das deficiências causadas por essas dietas;

• tratam da prevalência das deficiências nutricionais em vegetarianas e veganas grávidas;

• sejam disponíveis gratuitamente em português, espanhol, inglês ou francês;

• foram publicados no período entre 2009 e 2019.

Os critérios para a exclusão foram os seguintes:

• Artigos escritos em um idioma que não o português, espanhol, inglês ou francês.

• Artigos que tratam de regimes terapêuticos e pós-cirúrgicos.

• Artigos que não sejam disponibilizados gratuitamente.

• Artigos com resumo em português, espanhol, inglês ou francês, mas com texto integral escrito em outro idioma.

• Artigos que não tratam das consequências dessas dietas na gravidez, mas em mulheres não grávidas e/ou homens adultos.

• Artigos que tratam das consequências em longo prazo das dietas vegetarianas e veganas, adotadas durante a gravidez, em crianças e adolescentes.

O período de coleta de dados foi de março de 2019 a agosto de 2019, totalizando aproximadamente seis meses de pesquisa e produção bibliográfica.

Por fim, com a referida busca nas bases de dados, empregando os diferentes descritores de ciência da saúde, encontraram-se 14.006 artigos nas bases de dados consultadas e selecionaram-se 12 artigos pertinentes referentes ao tema, que vão ao encontro dos critérios de inclusão e exclusão: quatro revisões bibliográficas, três estudos de coorte, um estudo transversal, um estudo comparativo prospectivo, um ensaio clínico randomizado, duas meta-análises com revisões sistemáticas, além de outros estudos utilizados para a elaboração completa do presente artigo (introdução e discussão). O artigo mais antigo foi publicado em 2009 e o mais recente, em 2019.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Quadro 1 apresenta os 12 artigos selecionados. Revisaram-se os artigos, e dividiram-se os principais achados em tópicos.

 

VEGETARIANISMO NA GESTAÇÃO: BENEFÍCIOS VERSUS RISCOS

Nesta seção, apresentam-se os benefícios e os riscos que a gestante assume ao aderir a uma dieta vegetariana.

A literatura afirma que gestantes podem ser veganas ou vegetarianas sem oferecer riscos à própria saúde ou à saúde do feto/recém-nascido, desde que sejam corretamente suplementadas com os principais nutrientes que, por conta da gestação, encontram-se em níveis fisiologicamente reduzidos. Além disso, a gestante vegetariana pode evidenciar o benefício de evitar o aumento de peso excessivo durante a gravidez (STUEBE; OKEN; GILLMAN, 2009).

Entretanto, a literatura também alerta que dietas vegetarianas desequilibradas podem ocasionar muitas deficiências nutricionais, como a hipovitaminose de B12, uma das principais carências nutricionais presentes no organismo da gestante, do feto e do recém-nascido (PICCOLI et al., 2015).

Deficiência nutricional de vitamina B12 em indivíduos adeptos do vegetarianismo

A vitamina B12 não é sintetizada pelos seres humanos. Portanto, sua disponibilidade no corpo depende exclusivamente da dieta. Ela é encontrada em produtos de origem animal, como carne, fígado, aves, peixes, crustáceos, laticínios e ovos, bem como em produtos enriquecidos com essa vitamina (SEBASTIANI et al., 2019).

A ingestão recomendada de vitamina B12 é de aproximadamente 0,5 a 1 micrograma por dia em lactentes, 2,4 microgramas por dia em uma pessoa adulta, 2,6 microgramas por dia em mulheres grávidas, 2,8 microgramas por dia em mulheres lactantes e 3 microgramas por dia em idosos (VANNUCCHI; MONTEIRO; TAKEUCHI, 2017).

No organismo humano, as reservas de vitamina B12 estão presentes principalmente no fígado, e seu uso é suficiente para evitar um déficit em caso de ocorrência episódica de uma patologia que potencialmente provoque uma diminuição desse nutriente (DINU et al., 2017).

Em relação à biodisponibilidade de micronutrientes, a American Dietetic Association aponta que os níveis de vitamina B12 são significativamente menores em vegetarianos quando comparados aos onívoros e, além disso, frequentemente são associados a níveis mais altos de homocisteína, um aminoácido sulfidrílico (WINSTON; ANN, 2009).

Pessoas que assumem dietas vegetarianas comumente apresentam déficit de vitamina B12. Além disso, essa carência nutricional também pode ser evidenciada nos seguintes casos: idade avançada, alcoolismo e pacientes com doenças autoimunes ou distúrbios gastrointestinais.

Nesse sentido, a literatura aponta que o principal determinante no desenvolvimento de hipovitaminose de vitamina B12 é a duração da prática desse regime, independentemente das características sociodemográficas do adepto do vegetarianismo ou do subtipo de dieta adotada (PAWLAK et al., 2013).

O consumo de algas por indivíduos adeptos de dietas vegetarianas pode elevar a concentração de vitamina B12 no organismo a níveis até duas vezes superiores em relação a vegetarianos que não as consumam. Assim, um consumo significativamente elevado de algas poderia fornecer vitamina B12 em quantidade suficiente ao organismo do indivíduo que não consome produtos de origem animal. Entretanto, o consumo médio de algas pelos vegetarianos geralmente não é ideal para manter uma concentração corporal adequada de vitamina B12 (CROWE et al., 2010).

Porém, alguns autores refutam a ideia de que a ingestão de algas possa suprir as necessidades de vitamina B12, afirmando que, apesar da alta concentração da vitamina em algumas variedades de algas, a biodisponibilidade em humanos é baixa (WATANABE; YABUTA; BITO; TENG, 2014).

A deficiência de vitamina B12 pode levar a danos hematológicos (anemia macrocítica e pancitopenia); envolvimento mucocutâneo, como glossite, úlceras, vaginite e icterícia (por hematopoiese ineficiente); e distúrbios neurológicos, como parestesia, ataxia, sensibilidade profunda, polineurite e possivelmente distúrbios cognitivos (PICCOLI et al., 2015).

Destaca-se também a relação entre a baixa concentração de vitamina B12 e o aumento da concentração total de homocisteína no plasma em mulheres ovolactovegetarianas. A homocisteína é de fato um enxofre de aminoácido não proteinogênico resultante do catabolismo da metionina ou da cistationina. A hiper-homocisteinemia pode ser identificada em certas doenças cardiovasculares e neuropsiquiátricas (doença de Alzheimer, falta de fechamento do tubo neural, distúrbios depressivos, esquizofrenia) e levar a fraturas ósseas (ELMADFA; SINGER, 2009).

A gestação e a hipovitaminose fisiológica de vitamina B12

Durante a gravidez, os níveis séricos de vitamina B12 diminuem fisiologicamente (MOLLOY et al., 2008). De fato, um estudo prospectivo realizado no Canadá mostra que a proporção de mulheres com uma deficiência de vitamina B12 é maior durante a gravidez e aumenta progressivamente durante a gestação (WU et al., 2013). No entanto, se a mulher grávida estiver bem nutrida e suplementada, a sua taxa não diferirá das mulheres não grávidas que não fizeram suplementação (MOLLOY et al., 2008).

O risco de carência de vitamina B12 é aumentado entre as mulheres grávidas veganas ou vegetarianas, porque suas reservas dessa vitamina, já muito menores do que as das mulheres grávidas onívoras, diminuem gradualmente ao longo da gestação (SEBASTIANI et al., 2019).

A literatura aponta que, para os vegetarianos, a deficiência de vitamina B12 afeta cerca de 62% das mulheres grávidas e de 25% a 86% de seus recém-nascidos (PAWLAK et al., 2013).

 

IMPACTOS DA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 NO ORGANISMO DA GESTANTE

Nesta seção, busca-se evidenciar o que a literatura relata a respeito das principais consequências da hipovitaminose de B12 no organismo da gestante.

Estudos apontam que a deficiência de vitamina B12 leva a complicações maternas e fetais. Quanto às manifestações maternas dessa hipovitaminose, incluem-se declínio da concentração plasmática materna de vitamina B12 e anemia materna. O declínio na concentração plasmática materna de vitamina B12 é uma causa potencial de anemia perniciosa, que pode ocasionar infertilidade, abortos espontâneos precoces, pré-eclâmpsia, entre outros (MOLLOY et al., 2008).

Um estudo clínico randomizado envolvendo 366 mulheres grávidas confirma que a deficiência de vitamina B12 na gravidez é responsável pela anemia materna (em 30% das mulheres no estudo), o que provavelmente acarreta a hipertensão gestacional e o trabalho de parto prematuro (risco aumentado em cerca de 60%) (DUGGAN et al., 2014).

Existe ainda uma correlação entre o estado materno de vitamina B12 e a concentração plasmática de colina no final da gravidez. Um estudo comparativo de alto potencial envolvendo 572 mulheres encontrou níveis plasmáticos de colina mais baixos em mulheres grávidas que tinham níveis plasmáticos de vitamina B12 insuficientes em comparação com aquelas que tinham concentração normal (WU et al., 2013).

 

IMPACTOS DA DEFICIÊNCIA DE VITAMINA B12 NO DESENVOLVIMENTO FETAL E CONSEQUÊNCIAS PARA O RECÉM-NASCIDO

Nesta seção, busca-se evidenciar o que a literatura relata a respeito das principais consequências da hipovitaminose de B12 no desenvolvimento fetal e no organismo do recém-nascido. A deficiência de vitamina B12 afeta o desenvolvimento fetal. Além disso, interfere no crescimento neonatal e no estado neurológico de recém-nascidos e lactentes. A escassez da vitamina B12 no organismo materno pode acarretar a hipovitaminose fetal, que, por sua vez, pode levar a uma série de falhas no desenvolvimento embriológico, incluindo falha no fechamento do tubo neural, anencefalia e nanismo intrauterino (MOLLOY et al., 2008).

Em recém-nascidos e lactentes, as manifestações clínicas da deficiência dessa vitamina, causada por uma dieta materna vegetariana ou vegana, não são muito específicas. Porém, pode ocorrer o nascimento de recém-nascido pequeno para a idade gestacional (em cerca de 30% dos casos), funcionamento prejudicado de processos neuronais no período neonatal, ausência de mielinização e atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (MOLLOY et al., 2008).

O estudo clínico de Duggan et al. (2014) reafirma que a baixa concentração no plasma materno de vitamina B12 é a causa mais comum de anemia fetal e neonatal, baixo peso para a idade gestacional, retardo de crescimento intrauterino e defeitos do tubo neural.

Do mesmo modo, de acordo com Dror e Allen (2008), uma deficiência de vitamina B12 pode causar, de dois a dez meses após o nascimento, irritabilidade, atraso do crescimento, ruptura da curva de crescimento, apatia, anorexia, recusa de comer alimentos sólidos, anemia megaloblástica e um retrocesso do desenvolvimento em bebês (INSTITUT NATIONAL DE PRÉVENTION ET D'EDUCATION POUR LA SANTÉ, 2015).

As dietas vegetarianas e veganas praticadas por mulheres grávidas não aumentam o risco de defeitos congênitos principais, com exceção de um maior risco de hipospádia, sugerido em um estudo de identificação de mais de oito mil recém-nascidos (PICCOLI et al., 2015).

Deficiência nutricional de ferro

Embora a deficiência de vitamina B12 seja a complicação mais frequentemente identificada em gestantes vegetarianas e veganas, bem como em seus recém-nascidos, existem outras deficiências bastante significativas (PICOLLI, 2015; WINSTON; ANN 2009). A exemplo, a deficiência de ferro afeta particularmente mulheres em idade reprodutiva e durante a gestação (ROSSI, 2006).

As quantidades recomendadas de ingesta de ferro são baseadas nas perdas fisiológicas. Na gestação, as necessidades dietéticas de ferro aumentam por causa da necessidade de repor as perdas basais usuais, permitir a expansão das células vermelhas, prover ferro à placenta e ao feto e repor as perdas de sangue durante o parto (ROSSI, 2006).

Assim, durante a gravidez, as necessidades de ferro materno aumentam drasticamente: uma mulher com idade entre 19 e 50 anos precisa de cerca de 18 miligramas por dia de ferro, enquanto uma mulher grávida da mesma idade requer cerca de 27 miligramas por dia. Consequentemente, gestantes que não realizam adaptações em sua dieta têm maior chance de desenvolver deficiência de ferro.

Para gestantes vegetarianas e veganas que não adaptam suas dietas à nova necessidade diária de ferro, esse risco é ainda maior. São importantes fontes vegetais de ferro que podem ser utilizadas na dieta da gestante: algas, lentilhas, grão-de-bico, feijão-vermelho e cereais.

A principal consequência da deficiência de ferro durante a gravidez é a anemia ferropriva materna e possivelmente fetal, a qual ocasiona astenia, taquicardia materna e fetal, dispneia e palidez cutâneo-mucosa (SEBASTIANI et al., 2019).

A suplementação oral rotineira com ferro permanece como assunto controverso na literatura médica. Entretanto, existe uma maior tendência em indicá-la por conta da alta prevalência de carência de ferro durante a gestação, principalmente em gestantes vegetarianas ou veganas, nas quais se observa uma depleção sérica desse nutriente com diversas funções sistêmicas (BRANDÃO; CABRAL; CABRAL, 2011).

Deficiência nutricional de zinco

O zinco é essencial à reprodução, diferenciação celular, crescimento, desenvolvimento e imunidade, e está presente em uma grande variedade de alimentos. No entanto, alguns fatores interferem na sua biodisponibilidade: a suplementação elevada de ferro (30mg/dia), o fumo e o abuso do álcool podem diminuir a concentração plasmática materna de zinco, reduzindo também sua disponibilidade para o feto (SILVA et al., 2007).

Ainda, a deficiência de zinco pode estar associada a hábitos alimentares quase exclusivo de produtos à base de plantas e pobre em alimentos ricos em zinco, segundo estudo transversal realizado no Vietnã. Nessa realidade, constatou-se que 30% das mulheres grávidas vietnamitas têm deficiência de zinco. Os parâmetros utilizados nesse estudo sugerem que as concentrações plasmáticas de zinco urinário e capilar são mais afetadas pelo estado de gravidez do que pelas dietas ovolactovegetarianas ou veganas (NGUYENet al., 2013). Portanto, estudos de escala maiores são necessários para determinar se as dietas vegetarianas ou veganas realmente têm impacto sobre a concentração de zinco.

No período gestacional, as principais consequências da carência de zinco estão relacionadas com: aborto espontâneo, retardo do crescimento intrauterino, prematuridade, complicações no trabalho de parto, bem como malformações fetais (MORAN et al., 2012).

No entanto, a suplementação isolada de zinco em gestantes não parece ter um impacto significativo na prevenção dessa deficiência nos países em desenvolvimento (NGUYEN et al., 2013), podendo estar relacionada ao aumento da idade gestacional na ocasião do parto e ao aumento do peso ao nascer (SILVA et al., 2007).

Dessa forma, recomenda-se que os profissionais de saúde orientem as gestantes quanto à necessidade de se adotar uma dieta que contemple o consumo de alimentos ricos em zinco. Assim, a adoção de hábito alimentares equilibrados pode evitar a deficiência nutricional de desse elemento.

No entanto, o profissional de saúde deve estar atento a fatores que interferem na biodisponibilidade do zinco, podendo diminuir a concentração plasmática materna e sua disponibilidade para o feto. São eles: dieta rica em alimentos integrais e fitatos, suplementação elevada de ferro (30 mg/dia), fumo, abuso do álcool e stress causado por infecção ou trauma. Diante destas condições, a gestante se beneficia com a suplementação de zinco (25mg/dia), reduzindo as complicações relacionadas à deficiência deste elemento (SILVA et al., 2007).

Deficiência nutricional de iodo

O iodo é indispensável para a saúde, por ser necessário para a síntese de hormônios da tireoide (T3 e T4). Ele não é produzido pelo corpo, e, dessa forma, sua disponibilidade para o organismo depende do consumo alimentar. A ingesta insuficiente de iodo leva a uma produção inadequada de hormônios da tireoide e a todas as consequências relacionadas ao hipotireoidismo (LOPES et al., 2012).

A deficiência materna de iodo aumenta o risco de aborto, complicações na gravidez e infertilidade. O desenvolvimento fetal e infantil é prejudicado com a deficiência desse elemento. Assim, se o feto e o recém-nascido não forem expostos a quantidades adequadas de hormônios tireoidianos, poderão apresentar déficits cognitivos, por mais que a carência seja mínima (LOPES et al., 2012).

O caderno de atenção básica ao pré-natal de baixo risco do Ministério da Saúde reafirma que a falta do iodo durante a gestação está associada a uma série de riscos, como aborto, baixo peso da criança ao nascer, retardamento mental e físico ou risco de apresentar dificuldades de aprendizado (BRASIL, 2012).

Importantes fontes alimentares de iodo são carne, peixe e produtos lácteos. Assim, dietas vegetarianas ou veganas poderiam resultar em baixa ingestão desse elemento (PISTOLLATO et al., 2015). Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a disponibilização universal de iodo na forma de sal iodado, de maneira a abranger toda a população. Assim, o iodo presente no sal tem a importante função de evitar o risco dessa deficiência (SILVA, 2018).

Orientações nutricionais para gestantes vegetarianas

A fim de evitar a carência nutricional de vitamina B12, recomenda-se que a gestante vegetariana inclua em sua dieta o consumo de algas marinhas, que são ricas nessa vitamina. A ingesta de algas pode elevar a concentração de vitamina B12 no organismo em duas vezes, em relação a dietas vegetarianas que não as considerem (CROWE et al., 2010). Além disso, é importante que ocorra suplementação na forma de droga de vitamina B12, pois, mesmo que as gestantes vegetarianas sejam capazes de diversificar sua dieta, é possível que elas ainda assim desenvolvam a deficiência de vitamina B12.

Para atender às demandas de ferro do organismo, é importante que a gestante consuma alimentos ricos nesse elemento, como feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, folhas verde-escuras, grãos integrais e castanhas. Com esses alimentos, devem-se consumir aqueles que são fontes de vitamina C, como acerola, laranja, caju e limão, para garantir a correta absorção do ferro pelo trato gastrointestinal (BRASIL, 2012).

Além disso, é padrão no procedimento de pré-natal de baixo risco ofertar à gestante suplementação oral de ferro por meio do sulfato ferroso, que também deve ser ingerido com uma fonte de vitamina C, como suco natural de limão ou laranja (BRASIL, 2012).

É importante que a gestante vegetariana utilize em sua alimentação somente o sal iodado, para garantir o aporte nutricional adequado desse elemento. Ressalta-se também que a gestante vegetariana realize o acompanhamento pré-natal em sua Unidade Básica de Saúde (UBS). Assim, é possível identificar a existência de possíveis carências nutricionais e iniciar o tratamento por meio de uma alimentação equilibrada e suplementação oral.

Este trabalho encontrou principalmente três limitações para o seu desenvolvimento:

• Em bancos de dados científicos, alguns artigos não são disponibilizados gratuitamente, o que impossibilitou o estudo exaustivo da literatura disponível sobre o assunto.

• Um pequeno número de artigos se refere especificamente ao impacto das dietas vegetarianas e veganas em gestantes e recém-nascidos.

• Muitos artigos discutem as consequências das dietas vegetarianas e veganas em pessoas não grávidas e as consequências em longo prazo dessas dietas em crianças.

De fato, a realização da presente revisão de literatura permitiu evidenciar a escassez de estudos que tenham como enfoque o impacto de dietas vegetarianas no período gestacional, sendo o estudo do impacto da dieta vegetariana em um indivíduo não grávido bastante discutido. Esse foi um fator limitante para o desenvolvimento da pesquisa.

 

CONCLUSÃO

A alimentação e a nutrição inadequadas podem ser consideradas como um fator de risco para o desenvolvimento de algumas complicações no organismo materno, no desenvolvimento fetal e no organismo do recém-nascido. Nesse sentido, atentar às dietas vegetarianas se faz necessário, especialmente no período gestacional.

A deficiência de vitamina B12 é uma complicação frequente em pessoas que adotam dietas vegetarianas. A deficiência de ferro, zinco e iodo também é significativa. A gestação é uma fase na qual as necessidades dessas vitaminas e nutrientes estão fisiologicamente elevadas. Dessa forma, dietas vegetarianas que não sejam balanceadas podem predispor o organismo materno a deficiências nutricionais e, consequentemente, o desenvolvimento fetal e o organismo do recém-nascido também podem ser afetados.

A deficiência nutricional de vitamina B12 pode levar o organismo materno à anemia perniciosa. Está relacionada ainda com a hipertensão arterial maternal e com a ocorrência de parto prematuro. Além disso, predispõe o feto à hipovitaminose, que, por sua vez, está relacionada a falhas no desenvolvimento embriológico (MOLLOY et al., 2008). Pode ainda resultar em um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do recém-nascido (MOLLOY et al., 2008).

A deficiência nutricional de ferro também é frequentemente associada às dietas vegetarianas. Essa condição se agrava na gestação, período no qual as necessidades do elemento estão elevadas, especialmente por causa da função do organismo materno de prover ferro à placenta e ao feto, e repor as perdas sanguíneas que ocorrem durante o parto. A anemia ferropriva materna e fetal é consequente da deficiência de ferro e pode ocasionar taquicardia materna e fetal, dispneia e palidez cutâneo-mucosa (SEBASTIANI et al., 2019).

A carência nutricional de zinco está relacionada ao aborto espontâneo, retardo do crescimento uterino e prematuridade (MORAN et al., 2012). Para evitar a carência nutricional, é fundamental que a gestante tenha uma dieta diversificada e que inclua alimentos ricos em zinco. O profissional de saúde deve se atentar a fatores que reduzem a biodisponibilidade deste elemento, podendo indicar a suplementação de zinco caso julgue necessário (SILVA et al., 2007).

É fundamental que o iodo esteja presente no organismo materno em quantidades suficientes para a síntese adequada de hormônios tireoidianos. O feto e o recém-nascido necessitam da exposição a quantidades apropriadas desses hormônios. Caso essa exposição não seja adequada, o feto e o recém-nascido terão maiores chances de apresentar déficits cognitivos (LOPES et al., 2012). O iodo é disponibilizado no sal iodado, facilitando assim a ingesta adequada desse elemento por toda a população. Dessa forma, gestantes vegetarianas que consumam sal iodado têm um risco de apresentar carência de iodo diminuído.

Constata-se, portanto, que as dietas vegetarianas tornam a gestante suscetível a diversas deficiências nutricionais, incluindo a insuficiência de vitamina B12, ferro, zinco e iodo. Todos esses elementos são necessários para um bom estado geral da grávida e para o adequado desenvolvimento fetal e neonatal. Dietas vegetarianas e veganas balanceadas podem ser consideradas com segurança durante a gravidez, desde que as mulheres sejam suplementadas para evitar essas deficiências potenciais.

Portanto, é necessário que a gestante que opte por dietas vegetarianas realize adequadamente o acompanhamento pré-natal em sua UBS e que seja acompanhada por profissionais de saúde qualificados, para que possa receber orientações acerca de uma alimentação balanceada e contemplar a ingesta adequada de nutrientes de que, fisiologicamente, o organismo necessita em doses mais elevadas durante a gestação.

Picolli (2015) e a American Dietetic Association demonstram que a prática de uma dieta balanceada vegetariana ou vegana durante a gravidez não apresenta um risco agravado de desenvolver eventos adversos significativos sobre a saúde da paciente e o feto ou malformações graves no recém-nascido, desde que as mulheres grávidas vegetarianas ou veganas sejam rastreadas e suplementadas, se necessário, com vitamina B12, ferro, zinco e iodo (PICOLLI, 2015). Assim poderão ser evitadas as várias deficiências nutricionais e suas consequências.

Dessa forma, dada a responsabilidade dos profissionais da área da saúde com as mães durante a gravidez, com o momento do parto e ao longo de todo o acompanhamento pós-natal, é sensato considerar a expansão do atual conhecimento por meio da criação de rastreio sistemático, prevenção e aconselhamento nutricional a fim de reduzir as várias patologias resultantes das deficiências identificadas neste estudo. Outros trabalhos observacionais em larga escala ajudariam a definir as correlações entre dietas baseadas em vegetais, gestação e saúde, e poderiam ser adequados para a elaboração de estratégias de intervenção nutricional.

 

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Recebido em: 26.3.2020
Aprovado em: 27.5.2020

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