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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.21 no.1 Campinas jan./mar. 2022

https://doi.org/10.15689/ap.2022.2101.ed 

EDITORIAL

 

Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP): quem somos e o que fazemos

 

 

Ana Paula Porto NoronhaI; Caroline Tozzi ReppoldII; Makilim Nunes BaptistaIII; Monalisa MunizIV

IUniversidade São Francisco, Campinas-SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6821-0299
IIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alere-RS, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-0236-2553
IIIUniversidade São Francisco, Campinas-SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6519-254X
IVUniversidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-1628-6296

 

 

O que são institutos/Associações Científicas e para que servem?

Em 2007, Geraldina Porto Witter, escreveu um artigo intitulado 'Importância das sociedades/associações científicas: desenvolvimento da ciência e formação do profissional-pesquisador'. A autora relata que as associações surgiram, em parte, como forma de comunicação entre os cientistas, necessidade de compartilhamento e disseminação do conhecimento e reconhecimento entre os pares. Contemporaneamente, as sociedades/associações são mais diversificadas, com papel mais delineado e representações na organização da sociedade em geral, e, mais especificamente, em suas áreas de atuação, podendo, até mesmo, desempenhar um papel normativo.

Sobre as funções a serem desempenhadas pelas associações científicas, a principal refere-se ao estímulo à produção científica, por exemplo, constituindo grupos de pesquisas, facilitando comunicação com e entre os associados e contribuindo com informações técnicas e gerais sobre a área. Em consequência à produção, a disseminação do conhecimento pode ser realizada de diversas maneiras, entre elas congressos, cursos e palestras; contudo, a mais relevante para divulgação da ciência seriam os periódicos ou revistas científicas (Witter, 2007).

As Sociedades/Associações Científicas são atuantes e fazem a história da ciência e das profissões a elas relacionadas, mas para se construir e preservar essa história é necessário que se criem ações para a promoção, o desenvolvimento e a interação entre a ciência e a profissão. Não menos importante do que as ações, é o registro imprescindível da evolução da Sociedade/Associação, pois é o que permitirá existir, resgatar e continuar uma história (Witter, 2007).

O Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica-IBAP é um exemplo harmonioso e de excelência da importância do papel de uma Sociedade/Associação Científica. Ao longo dos seus 25 anos (a serem completados em 2022), o IBAP vem desenvolvendo uma história de promoção da ciência e profissão que está registrada de diferentes formas e em diversos meios de comunicação. O presente editorial se soma aos demais registros históricos, mas, desta vez, por meio de um veículo de comunicação da ciência, ou seja, um periódico científico. Mais especialmente, ele se faz presente na própria revista editada há 20 anos pelo IBAP, cuja missão é disseminar o conhecimento da e para a área da Avaliação Psicológica.

O IBAP é regido por um Estatuto Social atualizado em 2018 e aprovado na Assembleia Geral Ordinária realizada em 17 de julho do mesmo ano. Conforme exposto no Art. 1º, o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica - IBAP é uma pessoa jurídica de direito privado, criada sob a forma de associação, de natureza científica e sem fins lucrativos, constituída em Assembleia de Fundação, realizada em 25 de outubro de 1997 (IBAP, 2018).

Quanto à finalidade, no Art. 4º do Estatuto são elencadas: promover o desenvolvimento da área de Avaliação Psicológica; defender e propor medidas de apoio e de incentivo à Avaliação Psicológica e às atividades relacionadas; incentivar e realizar pesquisas no campo da avaliação em psicologia, visando à melhoria da qualidade e à excelência nos serviços psicológicos, bem como outros benefícios consequentes destas pesquisas para a comunidade e para a cidadania no Brasil; propor critérios e projetos de padronização para procedimentos, instrumentos, testes e provas psicológicas; divulgar conhecimentos na área de Avaliação Psicológica por meio do incentivo e da realização de eventos técnicos e científicos, de cursos e de publicações entre outros; orientar os psicólogos e os membros da comunidade com interesses nos procedimentos de Avaliação Psicológica; prestar consultorias, assessorias e serviços em Avaliação Psicológica, sendo que os eventuais frutos advindos desses serviços serão revertidos em benefício do IBAP e aplicados para os seus fins; incentivar e promover a formação de especialistas e pesquisadores nos diversos níveis, nas diferentes áreas e nos vários procedimentos da Avaliação Psicológica, e certificar profissionais e prestar subsídios para o credenciamento de profissionais para as diferentes áreas e procedimentos em Avaliação Psicológica (IBAP, 2018).

Nesses 25 anos de história, o IBAP promoveu ações que são consonantes com as finalidades descritas em seu Estatuto. Bienalmente, há mudança de gestão do instituto, mas sempre permanece o objetivo de implementar ações condizentes com suas finalidades e que honram o compromisso do IBAP com a ciência, a profissão e a sociedade.

 

Sobre a criação do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica

Como em outros países, no Brasil, o uso de testes para avaliação de fenômenos psicológicos precedeu a regulamentação da profissão. Os primeiros instrumentos publicados nacionalmente datam da década de 1930 e eram destinados, sobretudo, a avaliações no campo da aprendizagem e da seleção e orientação profissional. As décadas de 1950 e 1960 foram pródigas para o surgimento de novos testes psicológicos no país.

A partir dos anos seguintes, a área da Avaliação Psicológica (AP) sofreu diversas críticas, direcionadas, especialmente, ao fato de os instrumentos disponíveis resumirem-se a traduções de testes internacionais, sem que houvesse estudos de adaptação, de busca de evidências de validade ou de normas desenvolvidas com amostras brasileiras para interpretação dos resultados. Frente a essas críticas, na década de 1980, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) reuniu pesquisadores, a fim de promover discussões sobre a área. Em 1975, já havia sido fundado o Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico (CPP), no campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sob a responsabilidade do Prof. Dr. André Jacquemin. Esse movimento de 1980 do CFP com os pesquisadores para discutir a área da Avaliação Psicológica foi um estímulo para a criação de novos laboratórios. Nessa perspectiva, laboratórios acadêmicos de pesquisa foram criados em diferentes instituições de ensino superior, com foco na investigação de técnicas e medidas psicológicas. Dentre eles, o Laboratório de Pesquisa em Avaliação e Medida (LABPAM), na Universidade de Brasília, fundado em 1988 pelo Prof. Dr. Luiz Pasquali; o Laboratório de Mensuração (LM), na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, constituído em 1988 pelo Prof. Dr. Claudio Hutz, e, já na década de 1990, o Laboratório de Avaliação e Medidas Psicológicas (LAMP) da Pontifícia Universidade Católica, na cidade de Campinas, que foi fundado em 1994, e é coordenado pela Profª Drª Solange Wechsler (Bueno & Peixoto, 2018).

A congregação dos pesquisadores da área se dava com alguma frequência em eventos científicos, como o II Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia (ANPEPP), ocorrido no Rio Grande do Sul, em 1989, sob organização de Claudio Hutz. O grupo de trabalho focado no tema das 'Perspectivas de avaliação e diagnóstico em Psicologia' reunia pesquisadores que desenvolviam investigações sobre avaliações psicométricas e projetivas. Um dos desdobramentos dessa aproximação foi a criação de associações científicas que representassem a área da AP. Assim, em 1993, ocorreu a fundação da Sociedade Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (SBRo), desde 2004 denominada Associação Brasileira de Rorchach e Métodos Projetivos (ASBRo).

De acordo com Wechsler et al. (2019), um episódio propulsor para o nascimento do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) ocorreu em 1996, quando:

"o Conselho Regional de Psicologia 6ª região, em São Paulo, organizou uma reunião para discutir a necessidade de fomentar pesquisas na área da Avaliação Psicológica, com a presença de André Jacquemin, Luiz Pasquali, Claudio Hutz e Solange Wechsler. Neste encontro surgiu a proposta de um grupo de trabalho, coordenado por Oswaldo de Barros Santos com colaboração de Arrigo Angelini para elaborar um anteprojeto de estatutos para fundar um instituto dedicado às pesquisas em Avaliação Psicológica, inicialmente denominado Instituto Nacional de Avaliação e Pesquisa em Psicologia (INAP). Posteriormente, o INAP foi denominado de Instituto Brasileiro de Avaliação e Pesquisa em Psicologia (IBAPP)" (pág. 123).

De fato, o evento que instituiu oficialmente o IBAPP ocorreu durante a 28º Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Psicologia, em 25 de outubro de 1997. Na data, se instalou uma assembleia permanente de fundação que foi concluída no ano seguinte, em 1998, durante o VII Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico da Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) em 20 de maio na cidade de Gramado, Rio Grande do Sul. Os participantes da primeira assembleia, em 1997, elegeram Luiz Pasquali para presidi-la e Marcelo Tavares para secretariá-la. Um dos pontos discutidos foi a eleição da primeira diretoria, a qual ficou constituída por Luiz Pasquali (presidente), Solange Wechsler (vice-presidente), Marcelo Tavares (secretário) e Balsem Pinelli Junior (tesoureiro).

No segundo momento da assembleia, ocorrido em 1998, foram eleitos os Conselheiros Deliberativos, nomeadamente, André Jacquemin, Claudio Hutz, Iraí Cristina Bocatto Alves, Raquel S. L. Guzzo, Cícero Emídio Vaz, Antônio Roazzi e Mardônio Rique Dias e os Conselheiros Fiscais, a saber, Ingo Bernd Güntert, Nelson D´Angelo Ribeiro e José Augusto Dela Coleta. Ao final dessa Assembleia permanente de Fundação, em 20 de maio de 1998, fora constituída inteiramente a primeira gestão do IBAPP, que permaneceu até 2001, e fora aprovada a versão final do primeiro Estatuto Social do instituto.

Mais tarde, em 2001, por decisão da Assembleia Geral, o nome da instituição foi mudado para Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica. No decorrer destes 25 anos de existência do IBAP, várias iniciativas foram preconizadas pelas diversas diretorias que o compuseram. Obviamente as iniciativas foram permeadas por momentos específicos e históricos da Avaliação Psicológica destas últimas décadas no Brasil. No tópico a seguir você encontrará algumas das principais realizações do IBAP.

 

IBAP: 25 anos de existência, atividades e conquistas

Neste ano, 2021, o IBAP terá sua décima edição do principal evento científico da área no país - o 10º Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica - e, em outubro de 2022, completará 25 anos. Em razão disso, muitas atividades, desafios e realizações seguem sendo implementados e serão continuadas em futuro próximo e longínquo. Esta seção tem como objetivo compartilhar a trajetória de conquistas e participações do IBAP no cenário acadêmico, científico e político na área da Avaliação Psicológica.

Como mencionado anteriormente, do ano de sua fundação (1997) até 2001, as principais ações se organizaram com o objetivo de construir e aprovar o estatuto social, criar estratégias nacionais para discussão das questões da área e promoção da pesquisa científica; em específico a criação e validação de instrumentos psicológicos. Nesse período, contribuindo para fomentar o aprimoramento dos testes psicológicos, foi lançado o primeiro livro com selo do IBAP e intitulado "Instrumentos psicológicos: Manual prático de elaboração" de autoria do professor Luiz Pasquali (1999). Ao final da gestão, seis laboratórios já estavam consolidados e cinco em fase de implementação. A fundação do instituto foi um movimento pioneiro, organizado por pesquisadores e profissionais da área que mudaram positivamente o rumo da Avaliação Psicológica em nosso país.

Na gestão de 2001 a 2003 houve o compromisso de criar uma comunicação efetiva com os membros associados e investir em publicações científicas. Durante os dois anos de gestão, muitos esforços foram envidados e ações importantes foram realizadas, sendo que as duas principais foram as organizações de um congresso e de uma revista científica da área.

A Revista Avaliação Psicológica teve seu primeiro número em 2002, com periodicidade semestral, totalizando 6 volumes e doze números até 2007, quando passou a ser quadrimestral, até 2015, logo, a revista possui 20 anos de existência e sucesso. Desde então, tornou-se trimestral. Atualmente, a Revista Avaliação Psicológica está em seu 21º volume, tendo publicado 57 números. Esse periódico é totalmente gerido pelo IBAP e está indexado nas melhores bases de dados internacionais e nacionais, tais como Scopus, Lilacs, Latindex, Journal for Free, Periódicos CAPES, DIADORIM e Dialnet. Isto posto, 556 artigos foram compartilhados ao longo destes anos (até a data de hoje, ou seja, 24/06/2021).

Já em relação aos congressos organizados pelo IBAP, sua primeira edição foi em julho de 2003, na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP). O evento foi intitulado I Congresso Nacional de Avaliação Psicológica e IX Conferência Internacional de Avaliação Psicológica: Formas e Contextos - Ciência e Responsabilidade Social. A associação com um evento internacional de grande trajetória, organizado àquela época pela Universidade do Minho (Portugal), reforçou a relevância do evento. Como pode ser observado, desde o início, o IBAP se preocupa em congregar instituições, pesquisadores e conhecimentos nacionais e internacionais.

Adicionalmente, no biênio 2001-2003, o IBAP se associou ao International Test Commission (ITC) e teve seus primeiros diálogos com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), a fim de desenvolver parcerias de estudos. Iniciou também sua participação no Fórum das Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB). Vale destacar que foi nessa gestão que o nome mudou para Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP), retirando a palavra pesquisa, pois, entre suas missões e finalidades estão ações que não se restringem somente a pesquisas científicas.

Nos anos de 2003 a 2005, os dois principais objetivos foram: a) ampliar a Revista Avaliação Psicológica, e b) realizar o II Congresso Brasileiro. Especialmente, no que se refere à Revista, nesse período ela integrou o portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), o que contribuiu, sobremaneira, para expandir sua visibilidade e possibilitar um acesso rápido e gratuito dos artigos publicados. Por sua vez, o II Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica foi sediado na cidade de Gramado, no mês de maio de 2005, sob o tema 'Desafios para a Formação, Prática e Pesquisa'.

Em continuidade, o IBAP se manteve como membro do FENPB, sempre contribuindo com as demais áreas da Psicologia (afiliado até os dias atuais). Ressalta-se que o Instituto foi uma das primeiras sociedades cientificas a compor o grupo. Por fim, foi nesse período que se fez necessário a alteração do nome, sob orientação do setor jurídico do FENPB, para Associação em substituição ao Instituto. No entanto, o nome fantasia se manteve com Instituto.

Nesse sentido, faz-se relevante mencionar que às associações científicas juntam-se deveres jurídicos e contábeis. Manter uma associação não pode ser resumido à reunião de pessoas em prol de criar diversas ações; para além disso, deve-se manter uma identidade jurídica e contábil, sob a égide de leis que a regem. Adicionalmente, deve-se mencionar que há altos custos para a manutenção da associação, e, por isso, é importante ter os recebimentos dos associados, e a inclusão constante de novos membros, pois é o valor da anuidade que possibilita a saúde financeira da associação, com vistas ao seu desenvolvimento.

No biênio seguinte, quando o IBAP completou uma década, na gestão 2005-2007, foram promovidas ações para o desenvolvimento da Avaliação Psicológica no Brasil. Nesses dois anos, o IBAP tecnicamente assessorou e realizou uma série de pareceres de importantes conquistas para a Psicologia brasileira. Cite-se, por exemplo, que, em 2007, o IBAP, a pedido do Conselho Federal de Psicologia elaborou uma minuta para a Resolução referente à especialidade de Avaliação Psicológica. No entanto, a Avaliação Psicológica não foi incluída entre as especialidades do CFP naquela época. Contudo, esse movimento em prol do reconhecimento da AP como especialidade se manteve nos anos seguintes e teve um desfecho vitorioso em 2019, quando a Avaliação Psicológica foi considerada a 13ª especialidade do CFP, por meio da Resolução CFP 18/2019. Por fim, não podemos deixar de mencionar a realização do III Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica e XII Conferência Internacional de Avaliação Psicológica: Formas e Contextos - Avaliação Psicológica no Século XXI: Ética e Ciência, ocorrido no mês de julho de 2007 na cidade de João Pessoa-PB.

A primeira especialização em Avaliação Psicológica no Brasil foi criada pelo IBAP por meio da gestão 2007 a 2009. O curso foi lançado inicialmente em Salvador - BA e, logo em seguida, foi aberta outra turma em Goiânia - GO. Para tanto, os docentes das primeiras edições dos cursos eram pessoas com trajetória reconhecida na área de Avaliação Psicológica brasileira, associados ao IBAP, garantindo formação de altíssima qualidade à época. Ainda que a parceria com a instituição responsável pela logística tenha sido finalizada, a iniciativa pioneira permitiu que outras empresas e instituições de ensino adotassem a ideia e expandissem os cursos para outras regiões. Desta feita, o instituto tinha cumprido, mais uma vez, seu papel de fomentar a educação continuada. Ações de gestões anteriores, como o investimento na revista, participação no FENPB e a condução do IV Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica junto ao V Congresso da Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos e XIV Conferência Internacional de Avaliação Psicológica: Formas e Contextos - Avaliação Psicológica com a temática Formação, Atuação e Interfaces reforçaram o fortalecimento do IBAP.

No biênio 2009-2011, o IBAP colaborou ativamente na organização do Ano Temático de Avaliação Psicológica, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia. No que se refere ao evento, a diretoria contribuiu com a definição de temas a serem debatidos, com a sugestão de autores para a elaboração de capítulos referentes aos textos geradores, bem como teve assento, com direito à fala, na mesa de abertura.

O site do IBAP foi remodelado neste mesmo biênio. O aprimoramento do sistema online de associação de pesquisadores foi avaliado como positivo. Neste mesmo ensejo, foram confeccionados os primeiros boletins eletrônicos, cujo objetivo era trazer informação atualizada, escrita de modo simples para atingir um número maior de estudantes. Ainda mantendo seu compromisso com o ensino e a pesquisa, promovendo-os e divulgando-os, a Revista Avaliação Psicológica continuou se expandindo, os cursos de especialização abriram novas turmas e se planejava o oferecimento em novos locais, e por fim foi realizado o V Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, intitulado Avaliação Psicológica: avanços e desafios, dessa vez em Bento Gonçalves - RS, no mês de maio de 2011.

De 2011 a 2013, o instituto elaborou as diretrizes para o ensino da Avaliação Psicológica (Nunes et al., 2012), importante documento, inovador, que trouxe de maneira sistematizada conteúdos, estratégias de ensino e referências para a docência da área. Foi neste mesmo período que foi realizada nova proposição do título de especialista de Avaliação Psicológica, protocolado junto ao Conselho Federal de Psicologia. Esse documento solicitando reconhecimento do título, que deu continuidade aos investimentos para tornar a Avaliação Psicológica uma especialidade, foi produzido pelo IBAP com a participação conjunta da Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo) e dos três GTs de Avaliação Psicológica (GT-8 - Métodos Projetivos nos Contextos da Avaliação Psicológica; GT-9 - Avaliação Psicológica e Neuropsicológica de Crianças e Adolescentes; GT-32 - Pesquisa em Avaliação Psicológica) da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação (ANPEPP, 2021), demonstrando a congregação dos pesquisadores da área em prol da qualificação da formação continuada na área de AP. A partir de então, a defesa da criação do título de especialidade em Avaliação Psicológica por parte do CFP foi uma das principais bandeiras do IBAP em diferentes frentes e espaços.

Nesse mesmo biênio, consolidando os planos da gestão anterior, expandiu-se as ofertas dos cursos de especialização para mais três Estados (Distrito Federal, Mato Grosso, Ceará e Salvador, além de Goiânia); a inserção no FENPB assumiu mais protagonismo; a Revista Avaliação Psicológica continuou quadrimestral; foram publicados diversos newsletters em uma séria intitulada "Avaliação em Foco", que apresentavam entrevistas e orientações sobre a área aos profissionais. Nessa gestão aconteceu o VI Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, intitulado "Avaliação Psicológica - Direito de Todos, Dever do Psicólogo". O evento ocorreu na cidade de Maceió - AL, em junho de 2013. Tratava-se de um congresso realizado em conjunto com o evento da Associação Ibero-americana de Diagnóstico e Avaliação Psicológica AIDEP), assumindo, portanto, dimensão internacional.

De 2013 a 2015, a gestão trabalhou no primeiro Catálogo de Laboratórios de Avaliação Psicológica no Brasil, com o intuito de detectar laboratórios filiados a diversas universidades e programas de pós-graduação stricto-sensu e independentes no mapeamento de pesquisadores e laboratórios que trabalham com a temática da AP. Importante destacar que o pesquisador José Humberto da Silva Filho foi quem coordenou a produção em 2015, que possibilitou identificar, 46 laboratórios e centros de pesquisa ligados à Avaliação Psicológica. No novo catálogo, lançado em 2021 pelo mesmo grupo - que pode ser baixado no site do IBAP (www.ibapnet.org.br), esse número sobe para 69 laboratórios em diversas regiões do Brasil, demonstrando o quanto a pesquisa na área vem crescendo e se diversificado, mesmo assim, provavelmente nem todos os laboratórios de AP puderam ser detectados e catalogados. As ações ordinárias, como a participação no FENPB, a revista científica e a realização do congresso se mantiveram. O VII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica - "Avaliação Psicológica e seus Desafios nas Diferentes Regiões do Brasil" foi sediado na cidade de São Paulo - SP, em julho daquele ano.

Durante a gestão 2015-2017, o IBAP iniciou uma parceria com a Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) que se mantém até os dias atuais para a participação nos Congressos, divulgações das ações e congregação da Psicologia no Brasil. Destaca-se que demais parcerias foram realizadas nas gestões posteriores e que se mantém até hoje (Sociedade Brasileira de Neuropsicologia-SBNp, Sociedade de Avaliação Psicológica de Minas Gerais-SAPSI-MG, Associação Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho-ABPOT, Associação Brasileira de Psicologia Positiva-ABP+ e a Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego-ABRAPSIT). Sobre parcerias, é fundamental mencionar a Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos-ASBRo, chamada de entidade irmã. Quando o IBAP se constitui a ASBRo já estava nessa caminhada para o desenvolvimento da avaliação e sempre esteve ao junto ao IBAP na luta pela área. Ainda, a gestão do IBAP de 2015-2017 se fez presente no FENPB, honrou com o investimento à Revista Avaliação Psicológica e finalizou mantendo a tradição do evento nacional, desta vez realizado na cidade de Florianópolis - SC, no mês de maio. O VIII Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica teve como título "A Formação em Avaliação Psicológica e a Avaliação Psicológica na Formação".

A gestão de 2017 a 2019 foi marcada em especial pelas modificações e atualizações no Estatuto Social para cumprir com novas regras da legislação que passou a ser vigente. Para esse tipo de documento, foi exigido um trabalho intenso junto a advogados e empresa de contabilidade. A aprovação do novo Estatuto ocorreu em julho de 2018. Outra mudança bastante significativa foi a mudança no site do IBAP, propiciando maior interação com o público, inclusive gerando a interface para aparelhos móveis, além de novas abas, atualização de conteúdo e dinamismo na troca e disseminação de informações.

Também nesse período, ocorreu a profissionalização da secretaria do IBAP, o que possibilitou um contato mais rápido e com maior eficiência para os associados e público em geral. Outros quatro acontecimentos, dois relacionados à formação e dois à prática profissional, merecem ser considerados. Referente à formação, o IBAP participou da elaboração das novas Diretrizes Nacionais Curriculares do Curso de Psicologia (CNE, 2019) e da construção e lançamento do primeiro Compêndio de Avaliação Psicológica (Baptista et al., 2019), cuja organização contou com a participação de todos os ex-presidentes do IBAP. A obra foi a primeira do seu gênero na América Latina, sendo composta por 59 capítulos escritos por profissionais e pesquisadores da AP no Brasil. No que se refere à prática, o primeiro momento e que foi mencionado anteriormente, é a conquista do reconhecimento do Título de Especialista pelo CFP, bandeira pleiteada pelo IBAP desde 2007 O segundo momento foi a importante participação do IBAP na confecção da Resolução CFP 009/2018 que "Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos - SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003, nº 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017" (CFP, 2018). Por fim, manteve-se a participação no FENPB, assim como manteve-se o investimento na Revista Avaliação Psicológica. A gestão foi encerrada com a realização do IX Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica: Desafio na Pesquisa e na Prática em Avaliação Psicológica sediado em Salvador - BA no mês de junho de 2019.

Na sequência, a gestão 2019 a 2021 lançou a coleção IBAP de livros (selo IBAP) especializados em AP. Até os dias de hoje, além do Compêndio de Avaliação Psicológica, já mencionado, contamos com mais 4 obras, a saber: Avaliação Psicológica: guia para a prática profissional (Oliveira et al., 2020); Avaliação Psicológica na Infância e Adolescência (Mansur-Alves et al., 2021); Formação e Estratégias de Ensino em Avaliação Psicológica (Oliveira et al., 2021) e, Tutoriais em Análise de Dados aplicados à Psicometria (Faiad et al., 2021).

Lembrando que, em 2019, quando a pandemia de SARS-CoV-2 passou a assolar o mundo, o IBAP lançou uma série de documentos a respeito das novas adaptações da área para o ensino a distância. Além disso, o Instituto coordenou, junto aos Gts da ANPEPP, ASBRO e CFP, diversas ações de enfrentamento à ADI-3481, que liberou a comercialização de uso dos testes psicológicos, as quais seguem em andamento. O Boletim de Associados ganhou um novo formato e houve o lançamento da atualização do Catálogo de laboratórios de AP. Ainda, nesta gestão ocorreu a primeira Jornada on-line do IBAP no ano de 2020. Também foi lançada a "Linha do tempo IBAP" (disponível em: www.ibapnet.org.br), documento com informações sobre as diretorias e iniciativas do IBAP desde sua fundação, bem como o IBAP-entrevista, uma ação baseada em entrevistas digitais com alguns dos maiores nomes da AP de nosso país. Por último, ocorre o lançamento do repositório de Instrumentos do IBAP, nomeado de RIT-IBAP (IBAP, 2021). Esse repositório tem como objetivo disponibilizar aos associados um conjunto de instrumentos de avaliação, com o intuito de democratizar e difundir instrumentos que não são comercializados pelas editoras, fazendo com que mais pessoas tenham acesso a matérias de qualidade e aproximando pesquisadores da área.

 

A história continua...

Nessas poucas páginas que um editorial permite, é impossível contar toda a trajetória do IBAP nesses 25 anos de existência. É uma história construída por centenas de personagens, que vão além das pessoas que fizeram parte das gestões do IBAP. Por exemplo, a Revista que nos é tão primorosa, sempre foi muito bem cuidada por editores-chefes, editores associados, equipe da secretaria e profissionais terceirizados que garantem a alta qualidade científica do periódico. Além da revista, muitas outras pessoas se dedicaram às diversas ações desenvolvidas pelo IBAP e, somos eternamente gratos a todas elas. As ações construídas ou participadas pelo IBAP são centenas, elencamos apenas algumas para demonstrar um pouco a riqueza da nossa história.

Nessa caminhada do IBAP, o rigor científico, a preocupação com a formação, o compromisso social e a conduta ética sempre foram prioridades. No entanto, a construção dessa história igualmente sempre foi pautada no afeto positivo que temos com a Avaliação Psicológica e nas amizades que foram sendo também construídas ao longo desses anos. Amizades unidas por um objetivo comum, o desenvolvimento da Avaliação Psicológica, o que permite a continuação dessa jornada iniciada com um movimento de pesquisadores e profissionais preocupados com a área. Esse movimento se mantém hoje com novos personagens na luta e amanhã com tantos outros que se unirão para continuar e registrar a história em prol da Avaliação Psicológica e do IBAP.

 

Referências

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ANEXO

 


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