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Psicologia USP

versão On-line ISSN 1678-5177

Psicol. USP v.17 n.2 São Paulo jun. 2006

 

EDITORIAL

 

Um amplo espectro de propostas metodológicas subjacentes a pesquisas e práticas no âmbito da Psicologia compõe este número de Psicologia USP.

O primeiro ensaio se inscreve na temática pertinente à política e à ética da pesquisa de campo e tem por objetivo explicitar, a partir das matrizes etnográficas fornecidas pela Antropologia, os nexos entre a alteridade na pesquisa participante e as comunidades interpretativas, inserindo-se, dessa forma, no debate sobre o papel da pesquisa participante no processo de democratização e de reforma da universidade.

O trabalho subseqüente investiga o surgimento, na origem da Psicologia da Arte, do método comparativo nas interpretações psicológicas de produções artísticas, amparadas no modelo psicopatológico proeminente no discurso da Psiquiatria, no início do século XX, e pretende delimitar o alcance desse tipo de leitura no contexto da cultura brasileira.

O pensamento de Vigotski está presente nos dois próximos artigos. O primeiro, delineando a importância do contexto sociopolítico da União Soviética para a produção teórica do autor, percorre o trajeto do conceito de consciência em sua obra, o que permite explicitar não só um dos fundamentos da psicologia geral vigotskiana como a articulação entre neuropsicologia, ética e ontologia em seu trabalho. O próximo estudo examina o processo de aprendizagem no âmbito do ensino superior, inspirando-se nas propostas de Habermas sobre o desenvolvimento moral e nas concepções de Vigotski relativas à formação de conceitos, no sentido de construir alternativas para facilitar a aprendizagem no espaço universitário.

Em seguida, são discutidas questões implicadas na dinâmica e constituição dos pequenos grupos, à luz do Paradigma da Complexidade desenvolvido por Edgar Morin, sendo apresentados os dispositivos teórico-metodológicos que permitem circunscrever o campo de interferências recíprocas que está na base da constituição do sujeito, dos pequenos grupos e do contexto maior no qual estão inseridos.

O próximo artigo se remete ao circuito de pesquisa na área da psicanálise e, recortando como objeto de estudo o Complexo de Édipo, percorre o traçado do conceito na obra freudiana, utiliza a história de Hamlet como estratégia metodológica para abordar as possíveis expressões da dinâmica edipiana e destaca a proximidade entre a Psicanálise e o contexto da tragédia.

Finalmente, o último ensaio investiga a noção de cuidado em termos de uma arqueologia do cuidado, no sentido proposto por Foulcault e, partindo de suas origens animais até às suas formas culturalmente e historicamente definidas, destaca a subversão promovida no campo do cuidado pela emergência e hegemonia do discurso da ciência.

 

Ana Maria Loffredo