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Vínculo
versão impressa ISSN 1806-2490
Vínculo vol.13 no.2 São Paulo 2016
EDITORIAL
Vínculo - Revista do NESME, número 13 vol. 2 apresenta um leque diferenciado de publicações. Da teoria à pratica, contempla desde a teoria da Matriz Grupal, passando pelos grupos, família, até as instituições de atendimento publico.
Paulo M. Marques nos brinda com um interessante artigo sobre o modelo da Escola Portuguesa de Grupanálise, trazendo um pouco da teoria da Grupanálise, assim como da Psicanálise das Configurações Vinculares. Entende que o desenvolvimento de uma relação mais dialética, próxima e ativa do grupanalista constitui um aspeto promissor da evolução da grupanálise.
De Curitiba, Regina Célia C. Lourenço nos traz um artigo sobre grupos de idosos, população crescente em todo o nosso país. O grupo da Oficina da Linguagem, que se reúne semanalmente para narrar oralmente, ler e escrever histórias de vida, desponta neste cenário, como uma iniciativa de promover mudanças na relação de idosos com os seus processos de envelhecimento e com a linguagem. Analisa os efeitos que as atividades dialógicas, desenvolvidas, exerceram na relação de idosos com a linguagem e com a velhice.
Elizangela Fernandes e colegas refletem sobre as manifestações da ilusão em um grupo de adolescentes, a partir de uma reflexão crítica sobre seus desdobramentos no processo grupal. Discutem sobre aspectos a serem considerados na utilização do grupo como instrumento de pesquisa e intervenção na adolescência. A discussão é baseada em autores como Anzieu, Pichon-Rivière e Kaës.
Caroline Berque estuda o processo terapêutico familiar de um caso de obesidade infantil. Caminha pela relação da indiferenciação mãe-filha e a falha de continência familiar. A tônica do estudo versa sobre uma elaboração grupal dos elementos percebidos (como o caos e a confusão) no aqui e agora de cada sessão, o que possibilita aos membros da família instaurar o movimento de separação e de individuação.
Passando para o setor público, Thiago B. Paiva traz contribuições da Psicanálise para uma instituição de saúde mental. Refere-se a um CAPs do Sul de Minas, com atuação pautada nos princípios de Basaglia. Busca compreender a especificidade do discurso da inclusão. Começa pelo surgimento da equipe e suas ações caminhando pelas interrogações sobre os procedimentos e sua implantação, interrogando-se sobre intervenções que incluam o indivíduo e a sua singularidade.
Ainda no setor público focando agora os agentes comunitários de saúde no setor de saúde mental, na Atenção Básica em Saúde, Mariana P. da Silva objetiva compreender o imaginário coletivo de um grupo de agentes. A pesquisa foi realizada através de um grupo psicanalítico de discussão. Constatou-se que o imaginário coletivo das participantes em relação aos usuários de saúde mental era marcado por ambivalências definidas pela coexistência de sentimentos de receio e de comiseração.
Pablo Castanho contribui com um artigo sobre coordenação de grupos com populações oprimidas e reflete sobre modos de pensar e operar com as teorias psicanalíticas de grupo. Para isso dialoga com autores diversos e principalmente com a contribuição brasileira de Paulo Freire. Traz a visão deste autor sobre nosso passado colonial nas estruturas de opressão e suas ramificações, caminhando para a formulação da hipótese de um vínculo de libertação, em termos psicanalíticos de grupo, discutindo seu potencial.
Enfim um tour por vários vértices do atendimento grupal e de saúde mental que nos dá uma ideia dos diferentes trabalhos que são desenvolvidos e as diferentes técnicas utilizadas. Desfrutem da leitura e que ela seja incentivo para seu trabalho e para a futura publicação sobre ele.
Waldemar José Fernandes
Beatriz Silverio Fernandes