SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.11 número3Narrativas da vivência contemporânes com interdisciplinarCartografia de meio fio: uma história nas ruas em Brasília (DF) índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

artigo

Indicadores

Compartilhar


Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.11 no.3 Belém set./dez. 2019

https://doi.org/10.26823/RevistadoNUFEN.vol11.nº03artigo55 

Artigo

DOI: 10.26823/RevistadoNUFEN.vol11.nº03artigo55

 

Experiência religiosa lésbica: da exclusão à inclusão

 

Experiencia religiosa lesbica: de la exclusión a la inclusión

 

Lesbian religious experience: from exclusion to inclusion

 

 

Jayane Santos Guimarães; João Paulo Zerbinati; Maria Alves de Toledo Bruns

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

 

 

 


RESUMO

Este estudo teve o objetivo de compreender e elucidar uma experiência lésbica na interface com a prática religiosa tradicional e inclusiva. O projeto de pesquisa deste estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa - CEP da Faculdade de Ciências e Letras - Campus Araraquara/SP. A metodologia qualitativa fenomenológica foi eleita para acessar e compreender a vivência da colaboradora, colhida por meio de uma entrevista aberta mediada por uma pergunta disparadora. A partir da análise de sua história de vida, emergiram as seguintes categorias de análise: (1) Vivência na infância: Igreja Evangélica tradicional na interface com a família; (2) Vivência na adolescência: entre o desejo homoafetivo e o ensinamento religioso; (3) Vivência adulta: igreja evangélica tradicional e vivência homoafetiva e (4) Vivência inclusiva: Igreja Inclusiva e vivência homoafetiva. Este trabalho possibilitou compreender a experiência religiosa homoafetiva de uma mulher lésbica, do sofrimento emocional ao viver autêntico, suas potencialidades e limitações à vivência humana

Palavras-chave: Experiência Religiosa; Teologia Inclusiva; Homoafetividade; Lésbica; Fenomenologia.


ABSTRACT

This study aimed to understand and elucidate a lesbian experience in the interface with traditional and inclusive religious practice. The research project of this study was submitted and approved by the Ethics and Research Committee - CEP of the Faculty of Sciences and Letters - Campus Araraquara / SP. The phenomenological qualitative methodology was chosen to access and understand the experience of the collaborator gathered through an open interview mediated by a triggering question. From the analysis of her life story, the following categories of analysis emerged: (1) Childhood experience: Traditional Evangelical Church at the interface with the family; (2) Experience in adolescence: between homosexual desire and religious teaching; (3) Adult experience: traditional evangelical church and homoaffective experience; and (4) Inclusive experience: Inclusive Church and homoaffective experience. This work made it possible to understand a lesbian woman homoaffective religious experience, the emotional suffering of authentic living, its potentialities and limitations to human experience.

Keywords: Religious Experience; Inclusive Theology; Homosexuality; Lesbian; Phenomenology.


RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo comprender y dilucidar una experiencia lésbica en la interfaz con la práctica religiosa tradicional e inclusiva. El proyecto de investigación de este estudio fue presentado y aprobado por el Comité de Ética en Investigación- - CEP de la Facultad de Ciencias y Letras - Campus Araraquara / SP. Se eligió la metodología cualitativa fenomenológica para acceder y comprender la experiencia del colaborador reunido a través de una entrevista abierta mediada por una pregunta desencadenante. Del análisis de la historia de su vida, surgieron las siguientes categorías de análisis: (1) Experiencia infantil: Iglesia Evangélica Tradicional en la interfaz con la familia; (2) Experiencia en la adolescencia: entre el deseo homosexual y la enseñanza religiosa; (3) Experiencia adulta: iglesia evangélica tradicional y experiencia homoaffective, y (4) Experiencia inclusiva: Iglesia inclusiva y experiencia homoaffective. Este trabajo permitió comprender la experiencia religiosa efectiva de una mujer lesbiana, el sufrimiento emocional mientras vive auténticamente, sus potencialidades y limitaciones a la experiencia humana.

Palabras-clave: Experiencia Religiosa; Teología Inclusiva; Homoafetividade; Lesbianas; Fenomenología.


 

 

INTRODUÇÃO

A experiência religiosa é uma experiência espiritual pessoal que gera uma simbolização diferente da cotidiana, numa linguagem de outra ordem, transportando a pessoa que vive essa experiência "para um tempo e um espaço totalmente outros que o ordinário, um tempo e um espaço mitológicos" (Amatuzzi, 1998, p.55).

O conceito 'experiência', de modo geral, se refere a um conhecimento que foi adquirido com a prática. Apesar do termo 'experiência religiosa' ter inúmeras possibilidades de compreensão, pode ser analisado enquanto uma vivência que influencia o modo como o indivíduo atribui significado ao seu próprio mundo-vida e à sociedade de modo geral, abarcada pela cultura (Amatuzzi, 2007).

Refletir acerca deste tema é experienciar a complexidade do mesmo pelo seu caráter subjetivo, simbólico e cheio de significados para quem a vivencia. Já que a experiência religiosa é tudo aquilo que a pessoa pode contar sobre sua história pessoal na relação com o campo religioso. Tal experiência pode ser entendida também como um processo em que a sua própria compreensão evolui e se torna mais adequada aos olhos do sujeito que a vivencia (Amatuzzi, 1998; 2000).

Há, na religião, um caráter fundamentalmente individual e afetivo, além do racional e coletivo. Como já mencionado, o fenômeno religioso acontece efetivamente enquanto uma experiência íntima e subjetiva (James, 1986).

A característica plural e subjetiva da experiência transcendental despertou a necessidade de organizar os elementos que compunham o fenômeno do sagrado, instituindo-os (Alves, 2005). Nesse sentido, Valle (1998, p.21) destaca a religião enquanto um "sistema de crenças, práticas, símbolos e estruturas sociais por meio das quais as sociedades humanas e as pessoas, nas diferentes épocas e culturas, vivem sua relação com um mundo específico: o mundo do sagrado".

A religião de maior representação na cultura ocidental é o cristianismo, possuindo mais de dois bilhões de adeptos (Hellern, Notaker & Gaarder, 2000; Pew Research Center, 2011). O cristianismo representa um campo discursivo importante para se pensar a civilização moderna e contemporânea. Através de seus dogmas, sacramentos, elementos sagrados e ritos, o cristianismo explicita um modelo de interpretação acerca do mundo (Veyne, 2011).

Assim como destaca Gebara (2008), não há, porém, um cristianismo, mas diversos cristianismos. Na contemporaneidade a religião cristã é marcada por múltiplos discursos teológicos e desdobramentos do estudo da religião, assim como diferentes posturas e entendimentos frente a temas relacionados à vivência humana.

 


IGREJAS INCLUSIVAS: UMA PROPOSTA CRISTÃ À DIVERSIDADE

No horizonte das vivências afetivos-sexuais e de identidade de gênero fora dos padrões hegemônicos, muitas pessoas LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e trans) foram discriminadas por discursos e posturas preconceituosas de instituições religiosas tradicionais. A interpretação bíblica pautada em discursos heteronormativos mobilizou práticas violentas como as 'terapias de conversão', utilizadas inclusive contra lésbicas, provocando sofrimento emocional (Morrow, 2008).

Nesse contexto hostil e intolerante, na década de 60, nos Estados Unidos, a Igreja da Comunidade Metropolitana foi fundada após seu precursor, Troy Perry, ter sido expulso da igreja que frequentava por sua condição homoafetiva. Sentindo a necessidade de um local para expressar e viver sua religiosidade ele criou uma nova igreja, pautada em um discurso inclusivo (Ferreira, 2014).

Essa nova 'teologia inclusiva' preserva um estudo histórico-crítico da bíblia, na pretensão de apresentar uma visão acolhedora, indo ao encontro da diversidade humana, na qual a pluralidade afetiva e sexual é parte. No Brasil, houve um avanço significativo da teologia inclusiva a partir da década de 90, quando o movimento LGBT intensificou a luta pela igualdade relacionada aos direitos civis e combate às posturas LGBT fóbicas (Natividade, 2010).

Diante dessa trajetória de diferentes possibilidades para a experiência religiosa, de exclusão ou inclusão, este estudo tem o objetivo de elucidar, compreender e socializar a experiência religiosa vivida por uma mulher lésbica, Cíntia1, com experiências religiosas que perpassam por instituições religiosas tradicionais e inclusivas.

 

MÉTODO

Buscando compreender os significados e sentidos atribuídos pela colaboradora Cíntia acerca da sua experiência religiosa na interface com sua vivência homoafetiva, elegemos a metodologia qualitativa fenomenológica para conduzir-nos ao desvelamento dessa experiência vivida.

A Fenomenologia surgiu no final do século XIX e tem como pioneiro o filósofo Edmund Husserl. O surgimento da fenomenologia aconteceu a partir da necessidade de Husserl elucidar "uma reflexão que resgatasse a experiência comum, que dissesse de quê a ciência está falando e como é essa realidade que se nos apresenta" (Amatuzzi, 2009, p.94).

A fenomenologia é um campo de conhecimento cujo paradigma oferece ao pesquisador a possibilidade de, ao indagar um fenômeno, compreendê-lo em suas especificidades/subjetividades. Enquanto método, viabiliza a elucidação da trajetória de vida de pessoas com vista a compreender os significados e sentidos atribuídos às suas vivências. Ao considerar a subjetividade do sujeito, a investigação fenomenológica "não pretende verificar, mas construir compreensão de algo" (Amatuzzi, 2011, p.20).

A fenomenologia possibilitou à psicologia uma nova postura frente aos fenômenos psicológicos ao não se ater apenas aos comportamentos observáveis e controláveis, mas desvelar a experiência vivida e seus significados atribuídos pelo próprio sujeito que vive. Essa conquista epistemológica centra-se na relação sujeito-objeto-mundo. Nesse sentido, o homem é um ser dialético, de infinitas possibilidades para ser, existir e viver no mundo (Bruns, 2011).

A fenomenologia enquanto campo do conhecimento pode ser considerado como uma forma privilegiada de análise e compreensão: uma apreensão da essência dos fenômenos. O conhecimento das essências obtém uma relação íntima com a experiência concreta, pois todo fato concreto contém uma essência. Para se chegar à essência é preciso fazer uma redução transcendental e buscar o significado não empírico dos elementos empíricos (Mendonça, 1999).

O significado é o enfoque principal da modalidade fenomenológica. Ou seja, "na pesquisa fenomenológica, o relato é tomado em sua intencionalidade própria e constitutiva, isto é, (...) não é tomado pelo que revela, mas pelo o que é. O que o pesquisador busca no relato é a experiência intencional, vivida" (Amatuzzi, 2011, p.21).

A análise fenomenológica nos possibilita revelar os significados atribuídos ao fenômeno indagado. Porém, é necessário que o pesquisador tenha a capacidade de não considerar como verdade absoluta os conceitos já existentes acerca do fenômeno a ser investigado. É preciso ter a capacidade de acolher e pensar sobre possíveis mudanças e novos desdobramentos a partir dos fenômenos. Ao serem desvelados, os conceitos pré-existentes podem funcionar como filtros no momento da análise do fenômeno investigado (Holanda, 2011).

Essa atitude é chamada de redução fenomenológica ou epoché:

A redução é a maneira de se acessar o fenômeno tal qual ele é, não é uma 'abstração' em relação ao mundo ou ao sujeito, mas - fundamentalmente - uma mudança de atitude (da natural à fenomenológica), que permite a visualização dos fenômenos como constituinte de uma totalidade (Holanda, 2011, p,48).

É por intermédio da redução fenomenológica que podemos retornar ao mundo da experiência original, ao mundo-vivido do colaborador e então atribuir à vivência uma teoria do mundo (Bruns, 2011). Essa postura metodológica possibilitou o acesso ao mundo-vida da colaboradora Cíntia e a compreensão de sua experiência afetivos sexual na interface com a instituição religiosa tradicional e inclusiva.

A escolha por um estudo de caso único se deu a partir do objetivo de compor uma compreensão singular, profunda e qualitativa do fenômeno estudado. A pouca visibilidade e interesse da literatura científica por esse fenômeno é também uma justificativa para um estudo de caso único (Yin, 2015). O intuito foi incitar a discussão, compreender, atribuir significados ao fenômeno da vivência lésbica na interface com a religiosidade.

 

PROCEDIMENTOS

Para a pesquisa com o objetivo de compreender o mundo vivido a partir da dimensão vivida, é importante que o pesquisador facilite o acesso à vivência do colaborador, visto que, em muitos casos, o fenômeno que está sendo pesquisado não foi acessado anteriormente. Na maioria das vezes, "as pessoas nunca tiveram oportunidade de efetivamente relatar sua experiência. Fazem-no pela primeira vez e, frequentemente, surpreendem-se com o que dizem" (Amatuzzi, 2011 p.21).

Dessa maneira, foi possível acessar o mundo-vida da colaboradora Cíntia a partir de uma entrevista aberta mediada pela seguinte pergunta disparadora: "Fale para mim como tem sido sua vivência homoafetiva e a sua prática religiosa desde sua infância, adolescência, adultez, ou seja, até o momento em que passou a conhecer e a frequentar a Igreja Inclusiva".

O acesso à Cíntia se deu por intermédio de uma das igrejas inclusivas em que entramos em contato, sua participação foi voluntária a partir de um convite aberto. A entrevista ocorreu na residência de Cíntia e durou aproximadamente 55 minutos. Foram realizadas as leituras e releituras da entrevista, submetendo-a aos passos da análise fenomenológica tal como proposta por Bruns (2011), ou seja, primeiramente foi realizada a transcrição e leitura do depoimento da colaboradora. O segundo passo foi realizar releituras desse material, evidenciando as unidades de significado. O terceiro passo foi agrupar as unidades de significados em categorias de análise, buscando compreender o fenômeno estudado.

Esta pesquisa seguiu todas as orientações do Conselho Nacional de Saúde (Ministério da Saúde – Brasília/DF) para pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução nº 466/2012). O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa - CEP da Faculdade de Ciências e Letras - Campus Araraquara/SP. A submissão do projeto ocorreu em 31 de outubro de 2016 e foi aceito em 7 de novembro de 2016, nº CAAE: 61516216.6.0000.5400.

Para a realização desta pesquisa, foi assegurado o sigilo da identidade da colaboradora. Todos os nomes citados neste trabalho são fictícios, assim como os nomes das Igrejas citadas pela colaboradora.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A EXPERIÊNCIA VIVIDA DE CÍNTIA

Cíntia é uma mulher de 24 anos, ensino superior completo, lésbica, se denomina evangélica, filha de pais heterossexuais e possui um irmão também heterossexual de 21 anos. O pai de Cíntia é católico e a mãe evangélica, porém, ela e o irmão foram educados conforme a prática religiosa materna. Reside na cidade de São Paulo e no momento da entrevista mantinha relacionamento estável com a parceira Noêmia, com quem compartilha sua prática religiosa em uma Igreja Evangélica Inclusiva.

A partir da análise do conteúdo da história de vida de Cíntia, foi possível estruturar as seguintes categorias para a compreensão do fenômeno: (1) Vivência na infância: Igreja Evangélica tradicional na interface com a família; (2) Vivência na adolescência: entre o desejo homoafetivo e o ensinamento religioso; (3) Vivência adulta: igreja evangélica tradicional e vivência homoafetiva e (4) Vivência inclusiva: Igreja Inclusiva e vivência homoafetiva.

Categoria 1 - Vivência Na Infância: Igreja Evangélica Tradicional Na Interface Com A Família

Apresentamos a seguir a fala de Cintia na qual expressa, sobretudo, sua vivência religiosa no íntimo da família.

Bom, desde criança frequento Igreja Evangélica. Minha mãe veio de uma família evangélica muito tradicional, a família do meu pai é católica, mas ele não é praticante. Minha mãe nunca me levou em outra Igreja a não ser a que ela foi criada. Tenho várias lembranças de minha mãe levando eu e meu irmão aos domingos de manhã para o culto de jovens. Achava muito bonito as pessoas estarem ali, cantando e tocando. A nossa educação foi um pouco rígida, até porque a família da minha mãe era. Tinham muitas coisas que não podíamos fazer, porque era 'pecado', como por exemplo, usar brinco, cortar o cabelo, usar maquiagem, usar calça comprida, roupa de alça, enfim, mas minha mãe com o passar dos anos, ficou menos rígida com essas normas, e deixava-me usar calça comprida, roupinha de alça, inclusive, hoje ela usa calça, brinco e maquiagem.

A religiosidade é uma prática que passa a ser importante para vivência de Cíntia a partir das crenças e valores religiosos que lhes foram ensinados pela perspectiva da mãe. Amatuzzi (2000) propõe etapas do desenvolvimento religioso, nas etapas iniciais, relacionadas à infância, há um destaque aos valores morais e tabus que são transmitidos pela figura de referência (pai, mãe, avó etc.) aos filhos/as. Esses aspectos são fundamentais para o desenvolvimento da prática religiosa de todo o grupo familiar e constituem o início da crença religiosa dos filhos.

É percebido na fala de Cíntia, que a doutrina da instituição religiosa a qual ela e a família frequentavam lhe impossibilitava de utilizar alguns tipos de roupas, acessórios e maquiagem. De acordo com Pires (2006), o indivíduo, desde a fase da infância é ensinado a exercer algumas práticas religiosas. Assim, para a criança, essa realidade é corriqueira, natural, "para as crianças pequenas, não existe um reino em separado da vida cotidiana que se definiria como religioso em contraponto ao profano ou ordinário" (p.5).

Como a criança pequena não desassocia sua vida cotidiana do que é religioso, ela não problematiza essa prática. Não há necessidade de criar algo novo uma vez que está constituindo tais vivências e valores que aos poucos vai sendo acomodado internamente e posteriormente poderá ser compreendido como algo de fora. Isso também aconteceu com a colaboradora Cíntia em sua infância.

O berço familiar foi o motivador principal que aproximou Cíntia de suas primeiras experiências religiosas, significativas em termos de constituição de valores e abertura para a religiosidade. Afetando sua compreensão acerca de sua própria vivência, inclusive afetiva e sexual, sobretudo a partir da adolescência, como será relatado na categoria a seguir.

Categoria 2 - vivência na adolescência: entre o desejo homoafetiva e o ensinamento religioso.

A partir dos 13 anos comecei a ir pra reunião de jovens da Igreja e viajava bastante. Comecei a ver muito o dia a dia às pessoas evangélicas que não eram da minha família. Com minhas amigas, falávamos muito de casamento, de filhos. Eu achava que casar e ter filhos eram o auge da vida pra servir a Deus, ficava observando aquelas meninas casada, com filhos e ficava me perguntando quando seria minha vez, até porque o foco da igreja é o casamento. Ficava pensando 'que bonito, as pessoas abrirem mão da vaidade pra servir a Deus.

Nota-se que Cintia, aos 13 anos, sentia-se inserida no contexto da 'Igreja Pentecostal' da qual sua mãe era seguidora. Estava imersa nos valores da instituição religiosa que orientava os/as adolescentes a constituírem seus projetos de vida alicerçados na transmissão dos valores morais e sexuais religiosos, ou seja, construir uma família a partir do casamento, obtendo na virgindade um valor moral importante para a consagração da família nuclear.

Ao observar suas amigas, Cíntia começou a projetar a ideia de se casar, seguindo um mesmo modelo religioso e heteronormativo. Segundo Amatuzzi (2000), a etapa da adolescência pode ser um momento em que surgem os questionamentos do que foi incorporado na infância dos grupos de referência. A fé que o indivíduo possui começa a organizar-se em crenças pessoais. Há uma relação entre o que o adolescente vivencia e o que, aos poucos, internaliza dessa vivência. Assim, o modelo de comportamento e entendimento de mundo no contexto vivido por Cíntia era o modelo de seus amigos e membros da igreja. Conforme, na adolescência, ela se aproximava dessa realidade, de modo relacional, constituía seu próprio entendimento sobre a religiosidade e sobre a vida.

Aos 14 anos fui batizada. Lá, nessa Igreja não tem preparação que nem muitas Igrejas têm, sabe? Não tem estudo bíblico, muitas pessoas não sabem nem porque as mulheres usam o véu. Alguém pede batismo, aí durante o culto se Deus chamar a pessoa vai. E eu fui.
Meu pai se revoltou, porque não queria que eu me batizasse cedo, achava que eu ia perder minha vida, porque nessa Igreja não podia fazer nada. Minha mãe também não curtiu muito a ideia, mas eu tava feliz, porque sabia que agora eu estava no caminho de Deus. Então parei de usar calça comprida, brinco, maquiagem etc.

Ser batizada significou a entrada legítima de Cíntia na igreja e com isso, a obediências às doutrinas religiosas. Isso era algo que o pai de Cíntia não concordava. Cíntia relata que ele não aceitava o enquadre rigoroso da igreja, que fazia com que a filha deixasse de passar por vivências que ele considerava importante. Para Cíntia, mesmo que fosse preciso se afastar do que gostava, seria para em prol de algo maior: sua experiência transcendental.

Eu deixei de fazer muita coisa com meus amigos da escola, por causa da Igreja. Sempre me perguntavam por que não participava das atividades da escola que envolvia esportes ou porque sempre ia de saia assistir as aulas. E a resposta sempre era a mesma 'minha religião não permite'. Lembro-me de uma vez que o professor de espanhol pediu para que traduzíssemos alguma música que ouvíamos sempre. Bom, todas as músicas que não era da Igreja, eram consideradas 'músicas do mundo' e não podíamos ouvir. Eu falei isso ao professor, ele achou estranho, mas permitiu que eu levasse um hino que era cantado na Igreja. Senti-me um pouco constrangida e deslocada, pois eu via que outros colegas eram evangélicos, mas não possuía tantas restrições como eu tinha.

Os questionamentos de colegas na escola e as atividades escolares fizeram com que Cíntia começasse a refletir sobre sua religião e seu próprio comportamento. Segundo Paiva, Nunes e Deus (2010), "a escola (...) aparece, então, como um espaço diferenciado de cultura e de relações sociais que tem como objetivo contribuir com a formação integral desses sujeitos, considerando-os em seus aspectos cognitivos, afetivos, motores e sociais" (p.89).

Por um tempo fui feliz, chegava a ir três vezes ao dia na Igreja e a vontade de casar era muita. Sempre tinha alguma paquerinha que eu gostava, mas nunca deu certo. Uma vez, quando eu tinha 16 anos, um menino da Igreja se interessou por mim, e aí queria namorar comigo e fomos então buscar a resposta de Deus. Ele me disse que queria casar com dois anos de namoro, morar num sitio, pra eu cuidar de galinhas e de plantações! Nada contra viver na roça, mas nesse momento eu percebi que estava no caminho errado.

Cíntia enfatiza a institucionalização do vínculo afetivo, sexual e erótico como uma norma de extrema importância para quem frequentava a Igreja. Diante disso, o casamento era visto por eles como uma regra intransigível. Além de uma regra religiosa, casar era um desejo de Cíntia, pois acreditava que o casamento acentuaria sua experiência religiosa, tal como observava ter acontecido com sua mãe.

Entretanto, para Cíntia, casar obtinha um significado maior, há um ponto de angústia ao perceber que a partir do casamento seu desejo afetivo-sexual nunca teria espaço para ser vivido. A ideia de se casar fez com que a colaboradora, pela primeira vez, percebesse que talvez existisse nesta caminhada algo que não condizia com seus desejos, algo não fazia sentido para ela. Foi então que Cíntia começou a questionar-se sobre a sua prática religiosa.

E assim, fui saindo aos poucos da Igreja. Comecei a não ficar mais feliz, me achava errada em não querer abrir mão de tudo que gostava que me fizesse bem. Não queria mais ser que nem aquelas mulheres que tinham faces de tristezas e comecei a perceber que muitas eram infelizes, e abriam mão de sonhos de viver outras oportunidades pelos valores que elas apreenderam pelas práticas religiosas por obrigação.


Cíntia percebeu que suas práticas religiosas não estavam mais satisfazendo suas necessidades, nem mesmo espirituais, tampouco em relação aos pensamentos e desejos.

Comecei a namorar aos 18 anos, fiquei 3 anos e meio com um rapaz, mas, no primeiro mês, já me perguntava se era isso mesmo que eu queria. Acho que na minha cabeça, o casamento ainda era um meio de encontrar o caminho pra servir a Deus, sabe? E aí juntou o fato do meu pai sempre dizer que o primeiro namorado tinha que casar. Brigávamos muito, eu não tinha paz.

A presença de uma figura paterna pode ser marcante na vida de uma pessoa, influenciando sua constituição subjetiva e seu entendimento acerca do mundo-vida, assim como suas escolhas. Segundo Garcia (2007):

O pai e seus representantes servem como auxiliares para a mulher no seu desenvolvimento psíquico. Observamos que os vínculos estabelecidos com o pai podem contribuir positiva ou negativamente para a maneira como a mulher vai atuar na vida. O que irá promover a diferença é a forma como ela estabelece sua relação com o pai pessoal (Garcia, 2017, p.129).

A influência paterna se revela em diversas situações na vivência de Cíntia. Podemos perceber a partir de sua fala, que a ideia do matrimônio ainda estava enraizada, não só pelos ensinamentos religiosos, mas pelos ensinamentos que lhes foram passados pelos pais. Entretanto, o pai também foi um dos primeiros a ser contra o batismo de Cíntia. A mensagem, apesar de ambígua, foi significativa e pôde auxiliar o despertar do desejo represado.

Até que um dia, decidi que não queria mais ir à Igreja, e a partir daí eu posso dizer que comecei a viver de verdade. Vivi tudo que eu queria viver, ia a festas, bebia muito, tentava me divertir, mas sabe aquele vazio dentro de você, parece que você se divertiu, mas algo não te completa? Era assim que eu me sentia.

A colaboradora nos revela que tentou vários meios para encontrar a 'felicidade', preencher o vazio formado com a retirada da religiosidade em sua vida, algo muito importante para ela e que fez parte de sua constituição enquanto pessoa. Cíntia percebe então que se distanciar totalmente da vivência religiosa também não era seu caminho nesse momento, mas foi uma tentativa para encontrá-lo.

Segundo Amatuzzi (2000), na adolescência:

A religião (ou qualquer ideologia referente ao sentido último das coisas), como parte da identidade recebida, tende a ser questionada. Deficiências na experiência de escolha bloqueiam esse questionamento e a possível reconstrução posterior de formas mais pessoais dessa atitude básica. Poderá haver um abandono da prática religiosa (ou quase religiosa) dos pais, justamente porque é dos pais, e não ligada a uma escolha (frequentemente mediada pelo grupo). Esse abandono será provisório ou definitivo, dependendo em parte da autenticidade dos pais, e de seu apoio às experiências dos filhos (Amatuzzi, 2000, p.45).

Ainda segundo o autor, a experiência religiosa, a vida pessoal e as escolhas do indivíduo, são esferas que vão sendo separadas na adolescência, mas, podem unir-se em um determinado momento dessa fase, caso ocorra alguma experiência religiosa significativa que venha a amparar um caminho subjetivo, autêntico.

Em questão a minha sexualidade, eu nunca tive a oportunidade de conversar com ninguém a respeito. Na Igreja também, não se falava muito, o que eu sabia é que relacionamento homoafetivo era pecado, porque tinha na bíblia. Quando adolescente, me lembro de que sentia coisas estranhas em relação a algumas meninas. E ficava me perguntando "será que sou lésbica? ". No mesmo momento parava de pensar, reprimia essa pergunta e meus desejos, pois pra mim, isso era um pecado mortal. Nunca me senti completa com homem nenhum. Tanto que durante meu namoro, tínhamos uma intimidade, mas nunca conseguia chegar à relação sexual. Achava nojento.

Cíntia fala que houve um momento de dúvida em relação a sua orientação afetivo-sexual heterossexual, porém, sua educação em uma Igreja Evangélica tradicional dificultou que ela se permitisse transgredir as regras e poder perceber a integridade de seu desejo. A religião tradicional cristã, enquanto um campo discursivo de controle sexual (Chaui, 1984; Brown, 1990; Costa, 1998) institui como natural a organização heterossexual do desejo. Esse rígido enquadramento levou Cíntia, uma fiel fora da heteronormatividade, a dispor de mecanismos defensivos que foram desde encobrir o desejo até o afastamento, parcial ou total, da instituição religiosa.

Categoria 3 - Vivência Adulta: Vivência Na Igreja Evangélica Tradicional Na Interface Com A Orientação Homoafetiva

Decidi não ir mais para a Igreja que eu frequentava, queria uma Igreja que eu pudesse ser livre, não presa, porque penso que servir a Deus é se sentir liberta, e eu não estava me sentindo livre, me sentia um passarinho na gaiola proibido de cantar e voar. Como não tinha coragem de ir conhecer outras igrejas sozinha, em minhas orações pedia sempre a Deus que eu conhecesse uma pessoa que me levasse a conhecer a palavra de Deus como ela realmente é. Cheguei a ir em uma Igreja pequena, porque fui convidada pra cantar, e na católica também, mas não gostei sabe?

Diante do desejo, pensamentos e angústia frente às normas religiosas, Cíntia se desliga definitivamente da Igreja em que foi criada. Para Amatuzzi (2000), é na fase adulta que o indivíduo pode se conscientizar das incongruências de seu meio e se mobilizar para comportamentos a partir de seu próprio modo de compreender o mundo e a vida. Essa poderia ser mais uma oportunidade para que Cíntia pudesse valorizar sua fala autêntica, se organizar como sujeito pensante a partir de sua experiência de vida e não apenas reproduzir a fala de outras pessoas, no conjunto das produções culturais, sem espaço para criação pessoal.

No caso da Cíntia, viver de acordo com os princípios religiosos tradicionais lhe causava sofrimento e foi essa angústia que lhe impulsionou a refletir e legitimar sua autenticidade afetivo-sexual-religiosa. O momento adulto, para Amatuzzi (2000), a experiência pessoal pode auxiliar na construção da experiência religiosa, em um movimento de tornar as posições religiosas ao nível subjetivo e reflexivo.

Decidi ficar sozinha. Achava que eu tinha nascido pra viver só, pois nunca me senti completa com homem nenhum. Em 2014, (..) conheci uma menina no grupo de Whatsapp. Isso é muito louco, porque nunca havia ficado com nenhuma mulher e me vi encantada por ela, mesmo só conhecendo pela internet, e depois de um mês que a gente se conhecia ela me pediu em namoro. Só que não aceitei logo, fiquei com medo, achava isso um pecado e ficava pensando "como eu vou servir a Deus um dia, namorando uma mulher?

É notável que a exclusão dentro de instituições religiosas foi um dos principais agravantes que contribuíram para o sofrimento e conflito subjetivo presente em sua história. Vendo-se envolvida de modo afetivo-sexual com outra mulher, a angústia era não poder vivenciar sua religiosidade por conta desse sentimento. A instituição religiosa, para Cíntia, legitimava sua experiência religiosa. Ser excluída da Igreja era entendido como um rompimento de vínculo com seu próprio deus. Cíntia vivia a angústia do embate entre o desejo e a norma religiosa, relacionando norma à fé e experiência religiosa, não podendo compreendê-las como aspectos independentes.

Categoria 4 - Vivência Inclusiva: Igreja Inclusiva E Vivência Homoafetiva

Foi então que uma madrugada, conversamos sobre experiências espirituais, e ela me disse que ela também tinha sido evangélica, e tinha se afastado por ser lésbica. Então compartilhamos experiências. Fiquei emocionada com tudo que ela me disse, chorei, senti que algo tava renascendo em mim. A pessoa que eu pedi tanto a Deus, enfim, chegou. E foi aí que decidi aceitar o pedido de namoro. Namoramos dois meses sem nunca ter nos vistos até que nos encontramos. Ela me falou de uma Igreja Inclusiva, que uma amiga dela frequentava, mas ela nunca tinha tido oportunidade de conhecer. Hoje, estamos casadas a mais de um ano. Decidimos buscar juntas a Deus todas as respostas de todas as dúvidas que tínhamos, pois, o desejo de servir a Deus é de nós duas. Quando começamos a frequentar, ficávamos nos perguntando 'será que é o diabo que quer nos enganar? ' e ela sempre me dizia... 'Você e eu temos que estar cientes de que, se tudo isso for um engano, vamos ter que abrir mão do nosso amor para viver nos caminhos de Deus'. E eu ficava me perguntando 'Meu Deus, amar é pecado? Esse amor sincero que tenho dentro de mim é pecado? Só porque ela é uma mulher? '

Ao descobrir novos horizontes de um viver integrativo na interface da sexualidade com a religiosidade, a partir da teologia inclusiva, a partir de uma nova lógica não-heteronormativa, Cíntia consegue amadurecer sua religiosidade ao mesmo tempo em que pode se aproximar de seu desejo e de sua autenticidade. Apesar das dúvidas em relação à Igreja Inclusiva, Cintia e a companheira, após uma experiência religiosa significativa, decidem firmar-se na doutrina inclusiva. Cintia permite conhecer seu desejo e, com autenticidade, se religar ao seu deus sem culpa.

Para Amatuzzi (2000):

Os conceitos religiosos, quando agora mediados por experiência e reflexão, tendem a aproximar religião e vida. Começa a haver uma integração que, se o desenvolvimento estiver sendo satisfatório, estará sendo trabalhada durante toda a vida adulta (p.27).

A partir desse novo encontro, novas perspectivas foram possíveis para Cíntia:

Passamos muito tempo com essa dúvida angustiante e ficamos um tempo sem ir à Igreja. Até que em um final de semana (...), Deus falou tão grandiosamente, que não restava dúvidas que era Deus que estava conosco, (...) e passamos a frequentar a Igreja Inclusiva. Senti que ali é meu lugar. Não é pelo espaço, entende? É que agora nós podemos adorar a Deus sem máscaras!

Existem inúmeras religiões, regidas por diversos livros considerados sagrados, com múltiplas normas e paradigmas. Porém, a experiência religiosa de concepção atrelada à construção individual, não está relacionada a nenhuma práxis religiosa, não é conduzida por regras vindas de fora e se aproxima de um conceito de espiritualidade. A espiritualidade implica em um mergulho da pessoa ao seu próprio mundo-vivido, na experiência de realidade subjetiva, acessível apenas pela pessoa que vive (Paiva, 2018).

Essa experiência com o divino, e com o divino desejo subjetivo, promove reflexão, estabelece diálogos potentes e transformadores para o amadurecimento pessoal e coletivo. Traz oportunidade para o questionamento e a busca de significados amparados pela experiência, subsidiados em conceitos transcendentais (Chardin, 1988).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por intermédio da trajetória vivida por Cíntia, foi possível compreender que a lógica heteronormativa incorporada pelas instituições religiosas tradicionais pode ser danosa aos sujeitos que não se enquadram no modelo tradicional afetivo-sexual. Tais modelos normativos podem impossibilitar, ou dificultar, a experiência religiosa concomitante ao desejo homoafetivo.

De modo contrário à exclusão, as Igrejas Inclusivas, ao oferecerem um discurso acolhedor, podem trazes significados positivos na vida das pessoas que obtém na experiência religiosa um aspecto importante para sua vida. O discurso perpetrado pela teologia inclusiva pode apresentar a possibilidade de uma experiência religiosa que integre todos os aspectos da vida humana, inclusive de cunho afetivo-sexual.

Este estudo possibilitou investigar e compreender qualitativamente os significados e sentidos atribuídos à experiência religiosa por uma mulher lésbica, expondo horizontes de vivências de sofrimento emocional pela exclusão religiosa devido à orientação homoafetiva. Como perspectivas de inclusão, nota-se a importância da criação de novos espaços teológicos inclusivos, potentes à desconstrução de discursos heteronormativos, LGBT fóbicos, sexistas, machistas, entre outras atitudes e entendimentos negativos à diversidade humana.

Na interface com a religião, a família e a escola também representam importantes instituições para o cuidado, reflexão e acolhimento da diversidade humana. A máxima da ética e afetividade humana precisa ser energeticamente nutrida para que a violência contra a vida seja banida dos espaços de convívio humano, inclusive religiosos. Propor e manter espaços de diálogo, acolhimento e emancipação da diversidade humana é revolucionário e potente para religar a pessoa com todas as dimensões de seu mundo-vivido, seja da ordem emocional, psíquica, sociocultural, afetiva, sexual, religiosa ou espiritual.

Os resultados deste estudo demonstram que a interface entre a experiência religiosa e as diversidades afetivas e sexuais é um campo amplo que merece uma maior atenção científica. É importante que mais pesquisas sejam desenvolvidas a fim de identificar e compreender o fenômeno da experiência religiosa na interface com a sexualidade, do sofrimento emocional ao viver autêntico, sua relação com os processos subjetivos, de qualidade de vida, educacionais, de saúde mental, enfim, suas potencialidades e limitações à vivência humana.

 

Referências

Alves, R. (2005). O que é religião. São Paulo-SP: Brasiliense.         [ Links ]

Amatuzzi, M. M. (1998). Experiência Religiosa: Busca de uma definição. Estudos de psicologia. 15(1), 49-65.         [ Links ]

Amatuzzi, M. M. (2000). O desenvolvimento religioso: Análise de depoimentos. Revista Estudos de psicologia, 17(3), 43-66.         [ Links ]

Amatuzzi, M. M. (2007). Experiência: um termo chave para a Psicologia. Memorandum. 13, 08-15.         [ Links ]

Amatuzzi, M. M. (2009). Psicologia fenomenológica: uma aproximação teórica humanista. Revista Estudos de psicologia. 26(1), 93-100.         [ Links ]

Amatuzzi, M. M. (2011). "Pesquisa fenomenológica em psicologia" In Bruns, M. A. T., & Holanda, A. F. (orgs.) Psicologia e Fenomenologia: Reflexões e perspectivas. (pp.15-22). Campinas-SP: Alínea.         [ Links ]

Amatuzzi, M. M. (2016). O resgate da fala autêntica na psicoterapia e na educação. Campinas-SP: Alínea.         [ Links ]

Bruns, M. A. T. (2011). A redução fenomenológica em Husserl e a Possibilidade de Superar Impasses da Dicotomia Subjetividade-Objetividade. In Bruns, M. A. T., & Holanda, A. F. (2011). Psicologia e fenomenologia: reflexões e perspectivas (2ª ed.). (pp.65-76). Campinas-SP: Editora Alínea.         [ Links ]

Brown, P. (1990). Corpo e Sociedade: o homem, a mulher e a renúncia sexual no início do cristianismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.         [ Links ]

Chardin, P. T. (1988). O fenômeno humano. São Paulo: Cultrix.         [ Links ]

Chaui, M. (1984). Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida. São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]
Costa, J. F. (1998). Sexo e Amor em Santo Agostinho. In Loyola, M. A. (org.) A sexualidade nas ciências humanas. (pp.133-158). Rio de Janeiro: EdUERJ.         [ Links ]

Ferreira, M. L. C. (2014). Homossexualidade e a teologia inclusiva: Um estudo de caso da igreja Athos & Vida. In Anais Eletrônicos do IV Congresso Internacional de História: Cultura, sociedade e poder, Jataí: Universidade Federal de Goiás. Recuperado em 05 de junho de 2019, de pdfhttp://www.congressohistoriajatai.org/anais2014/Link%20(199).pdf         [ Links ]

Garcia, A. C. F. (2007). De pai para filha: as contribuições do pai na construção da identidade da mulher. Psicologia Revista, 16(1-2), 119-131.         [ Links ]

Gebara, I. (2008) O que é Cristianismo? São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]

Hellern, V., Notaker, H., & Gaarder, J. (2000). O livro das Religiões. São Paulo: Companhia das Letras.         [ Links ]

Holanda, A. F. (2011). "Pesquisa Fenomenológica e Psicologia Eidética: elementos para um entendimento metodológico". In: Bruns, M. A. T., & Holanda, A. F. (orgs.). Psicologia e Fenomenologia: Reflexões e perspectivas. (pp.41-64). Campinas-SP: Alínea.         [ Links ]

James, W. (1986). As variedades da experiência religiosa: Um estudo sobre a natureza humana. São Paulo: Cutrix, 1986.         [ Links ]

Mendonça, A. G. (1999). Fenomenologia da Experiência Religiosa. Numen: revista de estudos e pesquisa da religião. 2(2), 65-89.         [ Links ]

Morrow, D. F. (2003) Cast into the Wilderness: The Impact of Institutionalized Religion on Lesbians. Journal of Lesbian Studies, 7, (4), 109-123.         [ Links ]

Natividade, M. (2010). Uma homossexualidade santificada? Etnografia de uma comunidade Inclusiva Pentecostal. Revista Religião e Sociedade, 30(2), 90-121.         [ Links ]

Paiva, N. S. G., Nunes, L. G. A., & Deus, M. F. de (2010). A construção da identidade da criança na educação infantil numa perspectiva histórico-cultural. Revista Olhares e Trilhas, 11(11), 85-96.         [ Links ]

Paiva, R. P. de (2018). Espiritualidade, Religiosidade e Subjetividade no Contexto do Sofrimento Psíquico Grave. Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 8(2), 278-290.         [ Links ]

Pew Research Center (2011). Global Christianity A Report on the Size and Distribution of the World's Christian Population. Recuperado em 05 de junho de 2019, de http://assets.pewresearch.org/wp-content/uploads/sites/11/2011/12/Christianity-fullreport-web.pdf         [ Links ]

Pires, F. (2006). O que as crianças pensam sobre religião? In 25ª Reunião da Antropologia Brasileira. Recuperado em 05 de junho de 2019, de http://www.ce.ufpb.br/ppgcr/arquivos/producoes/producao_6.pdf         [ Links ]

Valle, E. (1998). Psicologia e experiência religiosa. São Paulo: Edições Loyola.         [ Links ]

Veyne, P. (2011). Quando nosso mundo se tornou cristão: [312-394]. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.         [ Links ]

Yin, R. K. (2015). Estudo de caso: planejamento e métodos (5ª ed.). Porto Alegre: Boookman.         [ Links ]

 

 

Notas sobre as autoras e o autor:

Jayane Santos Guimarães – Bióloga. Mestrado em Educação Sexual pela Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP/Araraquara). Grupo de Pesquisa Sexualidadevida-USP/CNPq. E-mail: jayguimaraes@yahoo.com.br

João Paulo Zerbinati – Psicólogo. Mestrado em Educação Sexual pela Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP/Araraquara). Vice-líder do Grupo de Pesquisa Sexualidadevida-USP/CNPq. E-mail: joaopaulozerbinati@hotmail.com

Maria Alves de Toledo Bruns – Pós-doutorado em Linguística pala Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Doutorado e Mestrado em Psicologia Educacional pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente e Pesquisadora no programa de pós-graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras (USP/Ribeirão Preto) e no programa de pós-graduação em Educação Sexual da Faculdade de Ciências e Letras (UNESP/Araraquara). Líder do Grupo de Pesquisa Sexualidadevida-USP/CNPq. E-mail: toledobruns@uol.com.br | Site: www.sexualidadevida.com.br

 

Recebido em: 05/06/2019
Aprovado em: 28/10/2019

 

 

1 O perfil da colaboradora será mais bem apresentado posteriormente.

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons