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versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777
Rev. Subj. vol.21 no.2 Fortaleza maio/ago. 2021
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21i2.e10752
RELATOS DE PESQUISA
Modelo Relacional da Antiafeminação em Homens Não-heterossexuais: Estudo Exploratório
A Relational Model of Anti-effeminate in Non-Heterosexual Men: An Exploratory Study
Modelo Relacional de la Antiafeminación en Hombres No-Heterosexuales: Estudio Exploratorio
Modèle Relationnel Anti Efféminé chez les Hommes Non Hétérosexuels : Une Étude Exploratoire
Mozer de Miranda RamosI; Damião Soares de Almeida-SegundoII; Wagner de Lara MachadIII; Elder Cerqueira-SantosIV
IDoutorando e Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), membro do Grupo de Pesquisa em Sexualidade Saúde e Desenvolvimento Humano da UFS (SexUS-UFS)
IIDoutorando em Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e graduado em Direito pela Universidade de Fortaleza (Unifor)
IIIPesquisador 2 CNPq, coordenador do grupo de pesquisa Avaliação em Bem-estar e Saúde Mental (ABES) do PPG Psicologia da PUCRS. Professor permanente do PPG Administração da PUCRS. Doutor em Psicologia (UFRGS) e Psicólogo (ULBRA)
IVPós-Doutorado pela University of Toronto (Canadá), Doutor em Psicologia pela UFRGS / University of Nebraska (USA) e Mestre pela UFRGS. Consultor da Childhood Foundation (WCF). Coordenador do SexUS-UFS
RESUMO
Homens gays e bissexuais afeminados são alvo de dupla estigmatização por conta da antiafeminação e da homofobia da sociedade mesmo entre a comunidade não-heterossexual. O objetivo deste estudo foi investigar, de forma exploratória, a estrutura relacional da antiafeminação por meio de uma análise de rede. Realizou-se um levantamento on-line com 1.123 homens não-heterossexuais brasileiros, maiores de 18 anos e com média de idade de 26,85 anos (DP = 8,51). O modelo relacional da antiafeminação produzido neste estudo encontrou associações com a homofobia internalizada (rp = 0,32) e a predileção por parceiros mais másculos (rp = 0,45). Além disso, foi possível identificar relação indireta com abertura da orientação sexual, que ocorre por meio da homofobia internalizada. Este estudo, além de ser o primeiro a desenvolver uma análise de rede sobre a antiafeminação, contribui para o entendimento do fenômeno no contexto brasileiro, fornecendo perspectivas para o aprofundamento de pesquisas no campo.
Palavras-chave: afeminação; homofobia internalizada; masculinidade; homossexualidade; gênero.
ABSTRACT
Effeminate gay and bisexual men are targets of double stigmatization because of anti-effeminacy and society's homophobia, even among the non-heterosexual community. This study aimed to investigate, in an exploratory way, the relational structure of anti-effeminacy through network analysis. An online survey was carried out with 1,123 non-heterosexual Brazilian men over 18 years old and with a mean age of 26.85 years (SD = 8.51). The relational model of anti-effeminacy produced in this study found associations with internalized homophobia (rp = 0.32) and predilection for more manlike partners (rp = 0.45). In addition, it was possible to identify an indirect relationship with the opening of sexual orientation, which occurs through internalized homophobia. This study, in addition to being the first one to develop a network analysis on anti- effeminacy, contributes to the understanding of the phenomenon in the Brazilian context, providing perspectives for further research in the field.
Keywords: effeminacy; internalized homophobia; masculinity; homosexuality; gender.
RESUMEN
Hombres gays y bisexuales afeminados son blanco de doble estigmatización debido a la antiafeminación y de la homofobia de la sociedad incluso entre la comunidad no-heterosexual. El objetivo de este trabajo fue investigar, de forma exploratoria, la estructura relacional de la antiafeminación por medio de un análisis de red. Fue realizado una búsqueda on-line con 1.123 hombres no-heterosexuales brasileños, mayores de 18 años y con edad média de 26,85 años (DP= 8,51). El modelo relacional de la antiafeminación producido en este trabajo encontró asociaciones con la homofobia internalizada (rp = 0,32) y la predilección por parejas más varoniles (rp = 0,45). Además de esto, fue posible identificar relación indirecta con apertura de la orientación sexual, que ocurre por medio de la homofobia internalizada. Este trabajo, además de ser el primero a desarrollar un análisis de red sobre la antiafeminación, contribuye para el entendimiento del fenómeno en el contexto brasileño, ofreciendo perspectivas para la profundización de investigaciones en el campo.
Palabras clave: afeminación; homofobia internalizada; masculinidad; homosexualidad; género.
RÉSUMÉ
Les hommes gais et bisexuels efféminés sont la cible d'une double stigmatisation en raison de l'anti-effémicité et de l'homophobie dans la société, même au sein de la communauté non hétérosexuelle. Le but de cette étude était d'étudier, de manière exploratoire, la structure relationnelle anti efféminé à travers une analyse de réseau. Une enquête en ligne a été réalisée avec 1 123 hommes brésiliens non hétérosexuels, âgés de plus de 18 ans et d'un âge moyen de 26,85 ans (SD = 8,51). Le modèle relationnel anti-efféminé produit dans cette étude a trouvé des associations avec l'homophobie intériorisée (rp = 0,32) et une prédilection pour des partenaires plus masculins (rp = 0,45). De plus, il a été possible d'identifier une relation indirecte avec l'ouverture de l'orientation sexuelle, qui se produit à travers l'homophobie intériorisée. Cette étude, en plus d'être la première à développer une analyse de réseau sur l'anti efféminé, contribue à la compréhension du phénomène dans le contexte brésilien, en offrant, donc, des perspectives pour de futures recherches dans le domaine.
Mots-clés : efféminé ; homophobie intériorisée ; masculinité ; homosexualité ; genre.
A heterossexualidade, historicamente, tem sido legitimada como única orientação sexual adequada, viável ou "normal" (Antunes, 2017; Marques, & Nardi, 2011; Rich, 2010. Dentro desse padrão normativo, outras orientações sexuais seriam uma espécie de desvio moral ou psicológico. Apesar dessas crenças já terem sido duramente combatidas na ciência (por meio de evidências) e na sociedade (politicamente), a homofobia (entendida aqui como preconceito contra diversidade sexual e de gênero, direcionada, primordialmente, a pessoas LGBT+1) está presente na organização da sociedade e dos sujeitos e corpos, como um produto decorrente da centralização da heterossexualidade (Antunes, 2017; Costa & Nardi, 2015).
Em homens, a heterossexualidade funciona como princípio básico da masculinidade e costuma ser tomada como correlata de outros valores, como virilidade, saúde, força e beleza (Ramos & Cerqueira-Santos, 2020). Uma das consequências desse processo é a internalização da homofobia por um mecanismo de introjeção, visto que o preconceito e a discriminação com os não-heterossexuais é uma norma amplamente estabelecida na sociedade (Antunes, 2017; Cerqueira-Santos et al., 2010; Costa, Peroni, Bandeira, & Nardi, 2013; Costa, Peroni, Camargo, Pasley, & Nardi, 2015). Atitudes negativas intensas sobre um grupo podem fazer com que membros do próprio grupo alvo de preconceito aceitem e incorporem tais atitudes contra si mesmos e seus pares.
Como a masculinidade é estabelecida em oposição - e em desprezo - ao feminino, a afeminação é uma condição associada com alta desvalorização e rejeição (Bento, 2015). Esse desapreço pelo feminino ocorre mesmo entre homossexuais e bissexuais, que também já não possuem o status masculino ideal por não atenderem ao princípio da heterossexualidade. Mais do que isso, essa comunidade tem desenvolvido padrão estético, moral e ideológico baseado na antiafeminação e na valorização do homem macho hipermasculino (Braga, 2015; Ramos & Cerqueira-Santos, 2020). Se tal modelo masculino supremo é abstrato e inatingível para heterossexuais, o mesmo se repete entre os não-heterossexuais (Almeida, 2011; Rezende & Cotta, 2015; Souza & Pereira, 2013).
A afeminação e a antiafeminação estão intimamente relacionadas ao modo como os homens são valorizados ou reconhecidos como homens (Taywaditep, 2001). Trata-se de um dos desdobramentos produzidos no processo de estabelecimento da masculinidade hegemônica (i.e., conjunto de valores que, entre outros aspectos, consideram a feminilidade como inferior); aqueles que não se enquadram nesse modelo restrito são como "homens de segunda classe". Homens gays e bissexuais, por não serem heterossexuais e, portanto, não compartilharem desse signo máximo de masculinidade, são alvos de uma crença de não-masculinidade que é amplificada pela afeminação (Bento, 2015; Kimmel, 1998). Esse processo é também subproduto da rejeição do feminino e das mulheres, que, por sua vez, sofrem os desdobramentos de uma organização e valorização social sexista. Assemelha-se também à internalização da homofobia, pois decorre igualmente da introjeção das normas e estruturas sociais discriminatórias (Taywaditep, 2001).
Então, a antiafeminação pode ser entendida como um desdobramento da heteronormatividade (como sistema de controle dos valores e ações majoritários referentes aos padrões heterossexuais), do sexismo (como sistema de hierarquização do masculino sobre o feminino) e da homofobia (como sistema de rejeição e hierarquização com relação a diversidade sexual), que, muitas vezes, serve como justificativa para o preconceito e a violência, mesmo dentro da comunidade não heterossexual. Esses processos discriminatórios se revelam em diferentes espaços: na escola, no trabalho ou mesmo em ambientes de socialização homossexual nos quais os sujeitos não-afeminados são prediletos, enquanto os afeminados são alvo de retaliações (Braga, 2015; Cornejo, 2015; Ferreira & Ferreira, 2015; Moura, Nascimento, & Barros, 2017; Rezende & Cotta, 2015; Souza & Pereira, 2013).
Nesse cenário, os estudos sobre o tema ganharam maior atenção a partir do desenvolvimento de uma escala nos EUA para avaliar atitudes de antiafeminação em homens gays: a Negative Attitudes Toward Effeminacy Scale (Taywaditep, 2001). Desde então, pesquisas têm alcançado resultados que destacam a presença da antiafeminação em diferentes contextos e sua relação com construtos, como a vivência e internalização de homofobia/heterossexismo/estigma, percepção da masculinidade e abertura da orientação sexual (e.g. Ramos, Costa, & Cerqueira-Santos, 2020). Um dos estudos apontou que a preocupação com a masculinidade e a antiafeminação foram capazes de explicar 30% da variância dos sentimentos negativos sobre ser gay, uma medida que pode ser utilizada para avaliar homofobia/heterossexismo internalizado (Sánchez & Vilain, 2012). Em pesquisa mais recente (Murgo, Huynh, Lee, & Chrisler, 2017), a antiafeminação e a masculinidade previram 21% da variância do heterossexismo internalizado. Além disso, a antiafeminação se configurou como um moderador entre a masculinidade e o heterossexismo internalizado.
Outro estudo indicou que os respondentes com alto nível de antiafeminação teriam maior probabilidade de classificar um usuário com perfil que rejeita afeminados como masculino, inteligente, atraente fisicamente, sexualmente confiante e "pegável/namorável". Isto sugere que níveis maiores de antiafeminação podem estar relacionados com maior expectativa de masculinidade do parceiro. Além disso, os respondentes com níveis baixos de antiefeminação eram significativamente menos propensos a querer conhecer para amizade homens com perfis que usavam linguagem que discriminava afeminados (Miller & Behm-Morawitz, 2016). Em um estudo longitudinal de oito anos, uma maior abertura da orientação sexual esteve ligada a uma redução gradual da percepção da discriminação e da rejeição, bem como ao desenvolvimento de uma maior resiliência para internalização de estigma, principalmente para gays afeminados. Tais mudanças positivas decorrem do desenvolvimento de estratégias de enfrentamento concomitantes a uma abertura gradual da orientação sexual (Pachankis, Sullivan, Feinstein, & Newcomb, 2018).
Esses estudos têm produzido evidências acerca das relações da antiafeminação com a homofobia/heterossexismo internalizado, a masculinidade ou expectativa de masculinidade do parceiro e a abertura da orientação sexual. Apesar disso, mesmo no campo teórico, não existem modelos elaborados. A natureza relacional entre os fenômenos citados ainda está em um estágio exploratório, não havendo uma definição de direcionalidade rígida. Portanto, o presente estudo, também exploratório, teve como objetivo investigar, de forma exploratória, a estrutura relacional da antiafeminação por meio de uma análise de rede, e assim fornecer subsídios para a elaboração de modelos explicativos do fenômeno, dialogando com a literatura existente.
Método
Participantes
Os participantes foram 1.123 homens homossexuais (80,49%), bissexuais (16,82%) ou que fazem sexo com homens (2,67%). A média de idade foi de 26,85 anos (DP = 8,51), variando dos 18 aos 65 anos. Os participantes são majoritariamente negros (48,50%, pretos e pardos) e brancos (47,64%), com nível de escolaridade superior incompleto (34,46%) e completo (43,27%). São das regiões Sudeste (43,36%), Nordeste (34,55%), Sul (11,13%), Norte (5,96%) e Centro-Oeste (4,98%).
Procedimentos
Esta pesquisa consistiu em levantamento realizado em plataforma on-line por meio de formulário eletrônico. A pesquisa foi aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa, o que conferiu garantias como sigilo e anonimato aos respondentes. O questionário foi divulgado nas redes sociais Facebook e WhatsApp. Ao clicar no link, os participantes eram apresentados ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo informados dos procedimentos e objetivos. Responderam ao questionário on-line somente aqueles que concordaram em participar da pesquisa. Foram critérios de inclusão: ser homem, maior de 18 anos, residente no Brasil e se identificar como gay, bissexual ou HSH (homem que faz sexo com homem). Não foram consideradas as respostas dos participantes que não responderam a todos os instrumentos. O tempo médio de resposta foi de 15 minutos e o questionário ficou disponível por 18 dias.
Instrumentos
Utilizou-se a Escala de Atitudes Negativas sobre Afeminação (ANA). Originalmente elaborada por Taywaditep (2001), e adaptada para o Brasil por Ramos e Cerqueira-Santos (2019), mensura as atitudes em relação à afeminação. A versão final da escala foi composta por 12 itens (e.g., "o jeito afeminado de alguns homens gays é prejudicial à imagem pública de pessoas gays em geral"; e "quando conheço um homem gay, eu perco o tesão imediatamente se ele agir de forma afeminada"), respondidos por meio de escala tipo Likert, variando de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente), distribuídos em dois fatores: rejeição pública, com alfa de 0,918, e rejeição íntima, com alfa de 0,866.
Ainda, utilizou-se a Escala de Homofobia Internalizada (EHI) de Ross e Rosser (1996), adaptada ao contexto brasileiro por Lira e Morais (2019), composta por 19 itens organizados em dois fatores: percepção interna do estigma, com alfa de 0,814, e percepção da opressão social, com alfa de 0,622. Os itens são respondidos por meio de escala tipo Likert, variando de 1 a 4, que indica o grau de concordância com afirmações como: "eu preferia ser heterossexual" e "prefiro ter parceiros/as sexuais anônimos/as".
Para avaliar a Abertura (i.e., o quanto a orientação sexual é pública), foram feitas seis questões que abordaram diferentes contextos: núcleo familiar, família estendida, amigos, colegas, autoridades, sociedade em geral. Essas questões foram respondidas com escala tipo Likert, variando de 0 a 4, o que resultou em um índice geral que variou de 0 (nenhuma abertura) a 24 (abertura total).
Utilizou-se a avaliação de Importância dada à Masculinidade do Parceiro (IMP), com duas questões, da forma como foi proposto por Sánchez Blas-Lopez, Martínez-Patiño, e Vilain (2016), nas quais o sujeito declarou o quanto era importante ter uma aparência e um comportamento masculino em uma escala Likert, variando e 1 a 7 (discordo totalmente a concordo totalmente). O índice variou de 2 a 14, cuja pontuação representava o nível de importância dada à masculinidade do parceiro.
Ademais, foi criado um índice de preconceito, discriminação e violência (PDV). Nele, os sujeitos indicaram se já tinham sofrido algum desses três fenômenos por conta de sua orientação sexual. Em seguida, aqueles que afirmaram já ter tido uma experiência dessa natureza, marcaram qual (quais) tipo(s) sofreram dentro das seguintes opções: preconceito (de tipologia geral), discriminação (de tipologia geral), violência sexual, física, psicológica, institucional, financeira, assédio moral, tortura e negligência. A soma desses itens resultou no PDV, variando de 0 a 10, representando desde sujeitos que não sofreram nenhuma das violências até os que sofreram todos os tipos de violência. Por fim, foi feito levantamento de aspectos socioeconômicos (e.g., idade, sexualidade e escolaridade).
Análises de Dados
Realizaram-se procedimentos estatísticos descritivos e bivariados por meio do software SPSS, versão 23. Correlações de Pearson foram conduzidas a fim de compreender como as variáveis investigadas se relacionam e identificar a magnitude dessas relações. Em seguida, para a análise de rede, foi utilizado o software estatístico R, especificamente o pacote qgraph (Epskamp, Cramer, Waldorp, Schmittmann, & Borsboom, 2012). Nessa análise, o grafo (conjunto de elementos visuais organizados em vértices e arestas através de representações geométricas, e. g. Ramos, Pontes, Costa Silva, & Pereira, 2020) produzido indica as correlações parciais, isto é, condicionadas, que são as associações geradas após o controle estatísticos das outras variáveis pertencentes ao modelo. O algoritmo Graphical Least Absolute Shrinkage and Selection Operator (GeLasso; Friedman, Hastie, & Tibshirani, 2008) foi utilizado para fixar em zero as relações (arestas) próximas a zero.
Uma rede é um modelo matemático, exploratório, produzido com dados empíricos e com base na teoria dos grafos. A rede representa graficamente a relação (arestas ou linhas) entre variáveis ou objetos (vértices ou círculos). A magnitude da associação é representada pela espessura da linha. Neste estudo, as associações negativas são representadas por linhas pontilhadas e as positivas por linhas contínuas. Por se tratar de um modelo exploratório, essa análise permite observar relações diretas e mediadas mesmo sem o pesquisador estabelecer um modelo prévio (Machado, Vissoci, & Epskamp, 2015). Desse modo, as medidas escalares selecionadas para este estudo (ANA, EHI, Abertura, PDV e IMP), além da autoidentificação como afeminado, foram organizadas nessa rede de relações.
Resultados
As características relacionadas à sexualidade dos participantes (afeminação, preferência sexual, uso de aplicativos e orientação sexual) estão detalhadas na Tabela 1. Aproximadamente 93% (n = 1.044) da amostra concorda em algum grau (sendo que 67,40% concorda fortemente) que existe preconceito e discriminação para com afeminados dentro da comunidade gay e bissexual. Noventa e cinco por cento (n = 1.070) concorda em algum grau que o preconceito/discriminação com afeminados fora da comunidade é maior do que com os masculinizados (79,79% concorda fortemente).
Com relação à vivência de PDV (preconceito, discriminação e violência), 76,05% (n = 854) alega já ter vivenciado alguma experiência por conta da sua sexualidade; especificamente entre os que se declararam afeminados, essa porcentagem seria de 89%. Na escala de abertura da orientação sexual, em que 24 pontos representava o nível maior de transparência quanto à orientação sexual, a média e a mediana se fixaram em torno dos 14 pontos (DP = 7,02), sendo que apenas 11,66% (n = 131) apresentaram pontuação máxima. Quanto à IMP, a amostra apresentou média de 7,81 (DP = 4,28) e 28,59% (n = 321) pontuaram no quartil superior entre 12 e 14 pontos.
Nos índices da ANA, verificou-se que as atitudes negativas estiveram presentes em algum grau em mais de 90% da amostra. Sendo que, considerando os sujeitos cujas médias estão acima das opções de discordância das atitudes negativas (discordo em parte a discordo fortemente), os que apresentam mais ativamente as atitudes negativas somam 30,36% (n = 342). Na medição da EHI, 67,77% (n = 761) apresentaram concordância de forma a indicar níveis de homofobia internalizada.
Os resultados das correlações de Pearson estão detalhados na Tabela 2. A ANA obteve correlações fortes com seus componentes, moderada com a EHI e com o índice de IMP. A EHI obteve correlação forte apenas com um dos seus fatores, o de Percepção interna do estigma, e esses dois obtiveram correlações negativas moderadas com o inventário de abertura e moderadas positivas com o índice de IMP. O PDV e o fator de Percepção da opressão social da EHI não apresentaram correlações com magnitudes consideráveis com nenhuma das medidas.
A rede de correlações parciais foi representada na Figura 1, que organiza as variáveis a partir da ANA. O valor da correlação parcial é correspondente ao valor de um beta de regressão, isso é, para cada unidade que X aumenta, varia rp em Y. Os resultados demonstram que a ANA possui correlação parcial com a IMP (rp = 0,45), com a EHI (rp = 0,32) e também, um pouco menor, com a autoidentificação como afeminado (rp = 0,21). Essas três variáveis seriam os preditores diretos da ANA. A EHI também apresentou uma correlação parcial com abertura (rp = -0,47). O PDV apresentou duas correlações parciais, com a abertura (rp = 0,22) e com a autoidentificação como afeminado (rp = -0,22).
Há correlações de Pearson moderadas entre os pares: ANA e EHI (r = 0,541); ANA e IMP (r = 0,607); EHI e Abertura (r = -0,573). Outra relação importante, mas limítrofe, foi entre ANA e Abertura (r = -0,307). Esses resultados se modificaram um pouco na rede de correlações parciais que controla o efeito de outras variáveis. A relação direta entre ANA e Abertura não se manteve, enquanto as relações moderadas apresentadas se mantiveram moderadas reforçando a força desses achados (rp = 0,320, rp = 0,450 e rp = -0,470, respectivamente).
Discussão
Os resultados sugerem que mais atitudes negativas sobre afeminação são correlatas de maior importância dada à masculinidade do parceiro e de maior homofobia internalizada. Elas estariam mais conectadas com sujeitos que se identificam como masculinizados. No mesmo raciocínio, uma maior abertura estaria relacionada com maior vivência de eventos de preconceito, discriminação e violência (com maior magnitude para sujeitos afeminados), mas com uma menor homofobia internalizada.
Corroborando o que outros estudos sobre antiafeminação têm encontrado, os participantes que se declararam afeminados se apresentaram como uma minoria dentro de uma minoria (gays e bissexuais; Braga, 2015; Moura et al., 2017; Ramos & Cerqueira-Santos, 2020; Rezende & Cotta, 2015). Cerca de um quarto da amostra se identificou como afeminada, apenas essa proporção numérica não os coloca como minoria, mas ajuda a delinear seu espaço reduzido na comunidade. Além disso, nove em cada dez participantes concordaram com a existência de preconceito e discriminação maior em relação aos afeminados tanto dentro como fora da comunidade LGBT+. Em relação às atitudes negativas acerca da afeminação, aproximadamente um terço apresentou níveis explícitos de rejeição. Desde a década de 1970 a cultura homossexual tem incorporado elementos heteronormativos de forma mais acentuada, principalmente no que concerne à normatização do masculino (Braga, 2015; Lopes, 2017; Parizi, 2006; Pollak, 1984). A idealização do masculino construiu-se em paralelo a uma negação/desvalorização do feminino e em consequência dos afeminados.
Outro dado importante é que cerca de três quartos dos participantes indicaram já ter vivido alguma experiência de preconceito, discriminação e violência em razão da sua sexualidade, condição que se agrava com relação aos que se declararam afeminados, em que esse índice é de quase 90%. Particularmente, em homens gays e bissexuais, a expressão de gênero (e.g. masculinidade, feminilidade) repercute em uma maior ou menor exclusão e violência, sendo um fator relevante para a experiência de estresse entre homossexuais e bissexuais (Skidmore, Linsenmeier, & Bailey, 2006), acesso a um emprego (Moura et al., 2017; Souza & Pereira, 2013) ou sucesso em aplicativos de relacionamento (Braga, 2015; Miller & Behm-Morawitz, 2016). Isto também ajuda a explicar o porquê de 280 indivíduos se identificarem como afeminados e 508 desejarem ser menos afeminados. A afeminação tem atuado como estigma para esses homens, ajudando a consolidar a antiafeminação naqueles que querem fugir dessa condição. O que os dados desta pesquisa sugerem é que isso se relaciona com a homofobia internalizada e a predileção por parceiros mais másculos.
A vivência dessas experiências é um aspecto central relacionado com a saúde mental e com o bem-estar da população LGBT+. A discriminação de que pessoas LGBT+ são alvo, associada ao estigma e ao preconceito, acaba repercutindo na prevalência de doenças mentais associadas a uma menor qualidade de vida e de saúde (e.g. Pachankis et al., 2018; Plöderl, & Tremblay, 2015; Swann, Forscher, Bettin, Newcomb, & Mustanski, 2018). Além disso, esse processo afeta a qualidade do acesso a serviços de saúde, pois é comum encontrar representações sociais moralistas e preconceituosas por parte de trabalhadores da atenção à saúde, indicativo de como a homofobia está entranhada nas estruturas do País (Cerqueira-Santos et al., 2010; Rocha et al., 2009; Silva, Finkle, & Moretti-Pires, 2019).
Assim, aqueles que são os maiores alvos de preconceito, discriminação e violência são os que recebem menor atenção em saúde, o que realimenta o ciclo de desvantagens. É provável que isso ajude a explicar por que quase metade da amostra gostaria de ser menos afeminada. Soma-se a tudo isso o fato de que 90% dos participantes apresentaram algum grau de atitudes negativas sobre afeminação, o que evidencia a presença da antiafeminação entre gays e bissexuais. Esses resultados corroboram, em contexto brasileiro, o que Taywaditep (2001 nomeou de "dupla discriminação". Homens não-heterossexuais afeminados possuem um duplo status minoritário por não serem heterossexuais e expressar afeminação. Dessa forma, tornam-se alvos potenciais de dupla discriminação: por parte de heterossexuais, em razão da orientação sexual, e por parte da comunidade gay/bi2, devido a uma atitude antifeminina (Bento, 2015; Taywaditep, 2001, 2002).
A relação da antiafeminação com a homofobia internalizada demonstra de forma satisfatória como esses fenômenos estão associados. Há indícios de que um sentido único de predição entre essas variáveis pode não ser a única solução adequada em estudos futuros. Em termos teóricos, é pertinente pensar na antiafeminação como um indício de homofobia internalizada, bem como pensar na homofobia internalizada como indício de antiafeminação (Antunes, 2017), mesmo porque a antiafeminação é um dos componentes da homofobia internalizada e a homofobia internalizada é um dos pilares de sustentação da antiafeminação.
A homofobia internalizada contribui para a cristalização das representações do feminino e do masculino na comunidade não-heterossexual. Essas representações, guiadas pela homofobia internalizada, fazem contorno às produções normativas de gênero dominantes na sociedade, visto que confrontar essas representações significaria combater modelos heteronormativos que estão sedimentados na relação desses indivíduos com a sociedade. Assim, a lente da homofobia internalizada aponta para o conservadorismo das expressões e representações de gênero. A antiafeminação pode funcionar como um mecanismo de alimentação e manutenção desse sistema.
A antiafeminação também se relacionou positivamente com a importância dada à masculinidade do parceiro, o que coloca em xeque a crença de que a rejeição amorosa/sexual a afeminados, em muitos casos, é uma questão exclusivamente de "gosto pessoal" (Almeida, 2011; Braga, 2015; Rezende & Cotta, 2015; Zago & Seffner, 2008). Além disso, fortalece as evidências acerca da influência da afeminação nas escolhas amorosas dos homens gays e bissexuais (Almeida, 2011; Braga, 2015; Miller & Behm-Morawitz, 2016).
Com relação à antiafeminação, a abertura da orientação sexual exibiu uma relação indireta na rede de correlações, à medida que uma maior abertura diminui a homofobia internalizada isso também tende a diminuir a antiafeminação. Tais resultados reforçam a importância da abertura na elaboração de modelos que visem a compreender a antiafeminação. Outra importante relação encontrada foi a forte associação inversa entre a abertura da orientação sexual e a homofobia internalizada, em que quanto menor a abertura maior a homofobia internalizada, o que fragiliza argumentos pró-encobrimento da orientação sexual no contexto político-social brasileiro, no sentido de que o encobrimento da orientação diminuiria o sofrimento do indivíduo. Apesar de ser uma escolha pessoal, não é possível sustentar que seja, de fato, um elemento protetivo para a população geral. Certamente, isso não pode ser avaliado no âmbito individual. No cenário individual, outras variáveis precisariam ser consideradas e poderiam modificar a tendência protetiva, como aceitação familiar e aspectos financeiros e geográficos.
Outras pesquisas têm demonstrado o papel da abertura da orientação sexual que, associada a fatores como o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, permite uma maior aceitação da sexualidade, menores níveis de homofobia internalizada, melhoria da qualidade de vida e desfechos positivos em saúde (Herek, Cogan, Gillis, & Glunt, 1997; Mosher, 2001; Puckett, Feinstein, Newcomb, & Mustanski, 2018; Silveira & Cerqueira-Santos, 2019; Tskhay & Rule, 2017; Whitman & Nadal, 2015).
Ter como pública sua orientação sexual não significa necessariamente índices menores de atitudes negativas contra afeminação. Isto não desqualifica, entretanto, a importância da abertura para o modelo: por ser preditor de bem-estar para essa população, por ter relação clara com a homofobia internalizada e por impactar indiretamente (e culturalmente) sua relação com a afeminação (Mosher, 2001; Whitman & Nadal, 2015).
A leitura que pode ser feita do modelo de rede, a partir da antiafeminação, é que o sujeito com maior antiafeminação tende a ter mais homofobia internalizada, dar mais importância para a masculinidade do parceiro e ser masculinizado. Em consequência, sujeitos com maior homofobia internalizada teriam menor abertura. O índice PDV se relaciona de forma mais presente com sujeitos afeminados e com maior abertura. Ser afeminado e ter uma maior abertura aparecem como fatores de risco com relação à vivência de preconceito, discriminação e violência. É provável que isso ocorra porque gays e bissexuais afeminados são mais facilmente identificados publicamente como gays, sendo então alvos mais diretos da homofobia e mais facilmente "empurrados para fora do armário".
Considerações Finais
Este estudo contribuiu para o entendimento da antiafeminação enquanto fenômeno entre homens gays e bissexuais. Além disso, foi possível ampliar as discussões sobre afeminação, masculinidade e homofobia internalizada nesse público. O tema da antiafeminação ainda é negligenciado na literatura científica, em particular na brasileira, apesar de sua importância social, cultural e psicológica.
A visualização da rede de correlações parciais fornece evidências empíricas para estudos preditivos. Além disso, foi possível: (a) aprofundar o entendimento acerca de como alguns construtos (abertura, importância da masculinidade do parceiro, homofobia internalizada) se relacionam com a antiafeminação; (b) evidenciar a existência de preconceito em relação a afeminados, espécie de grupo minoritário dentro de uma minoria, e sua associação com a internalização da homofobia, e; (c) ampliar a discussão acerca das desvantagens reservadas para afeminados, atualizando a leitura da não-heterossexualidade no Brasil.
O ciclo de desvantagens que a antiafeminação promove demonstra como sujeitos gays e bissexuais afeminados estão expostos à dupla discriminação. Sendo um resultado da homofobia, do machismo e da heteronormatividade, a antiafeminação potencializa a vitimização homofóbica, sendo estrutural nos processos de hierarquização intragrupo e na valorização social dos sujeitos. A rejeição ao feminino, certamente, não se limita a homens afeminados. É provavel que o fenômeno da rejeição do feminino seja a base da antiafeminação, o que pode se revelar de modo análogo na rejeição das mulheres marcadas pelo signo/identidade feminina. Se esse for o caso, modular o aspecto da rejeição ao feminino da masculinidade tradicional pode diminuir o sexismo contra as mulheres e, concomitantemente, a rejeição a homens afeminados. As mulheres (a princípio, aquelas que são essencialmente caracterizadas pelo signo do feminino) enfrentam um extenso quadro de exploração, violência e hierarquização nessa sociedade de bases patriarcais.
É recomendado que estudos futuros trabalhem melhor com as limitações deste artigo: utilizar uma medida de PDV com maior acurácia para quantificar as ocorrências, e não só a diversidade de tipos; ampliar as investigações relacionadas à masculinidade; ampliar a investigação com outras medidas de saúde e comportamentos de saúde, para estabelecer com mais propriedade o modelo do estresse de minoria; realizar investigações com diferentes métodos de seleção de participantes. A área da Psicologia precisa estar sempre atenta aos processos de hierarquização e de discriminação, a fim de compreender como se organizam e quais as consequências impostas para a vida dos sujeitos. O conhecimento psicológico deve servir para analisar tais processos ideológicos, possibilitando, assim, esclarecimento e criticidade.
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Endereço para correspondência:
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Recebido em: 13/04/2020
Revisado em: 18/09/2020
Aceito em: 10/03/2021
Publicado online: 15/09/2021
1 Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e outras identidades sexuais e de gênero minoritárias.
2 Entendida aqui como um conjunto de homens gays e bissexuais, que assim se identificam e se relacionam, mesmo quando não possuem total consciência dessa relação comunitária, de modo semelhante ao funcionamento da comunidade LGBT+