Serviços Personalizados
Journal
artigo
Indicadores
Compartilhar
Revista Subjetividades
versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777
Resumo
HALFELD, Lívia Grijó e MATTAR, Cristine Monteiro. O cuidado com a criança na clínica fenomenológico-existencial. Rev. Subj. [online]. 2021, vol.21, n.spe, pp.1-13. ISSN 2359-0769. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v21iesp1.e9909.
Neste artigo buscamos refletir sobre o cuidado clínico com crianças baseado na analítica do Da-sein de Martin Heidegger e na psicologia fenomenológico-existencial. Iniciamos com uma breve retomada histórica do surgimento da noção de infância. Em seguida, analisamos existencialmente o sercriança do ponto de vista filosófico, tomando como referência a fenomenologia hermenêutica empreendida em Ser e Tempo. A criança, tal como todo ente humano, possui o modo de ser do Da-sein, ser-aí. Sendo-no-mundo, está desde sempre e de início na disposição e compreensão das orientações e interpretações já dadas e sedimentadas pela tradição. Em nosso tempo, a doação de sentido que já nos dispõe como ente utilizável é desvelada como a técnica moderna. No horizonte da técnica, a criança, assim como todos nós, é convocada desde sempre a render, a produzir resultados que já estão definidos a priori. Ao corresponder ou não a este apelo, podem surgir os chamados problemas de adaptação ou desenvolvimento, considerados falhas neste horizonte epocal. Frente a esses problemas, o psicólogo clínico é chamado a ajustar o que "não vai bem", ocupando um lugar que poderá ser o de adaptador ao modo técnico calculante ou o da meditação serena sobre ele. Nossa aposta é nessa segunda opção, em uma prática de cuidado antepositivo-libertador que, com a criança e sua família, busque ampliar as compreensões ali em jogo, permitindo que novos sentidos e possibilidades de lida com o existente nessa fase da vida possam vir à luz sem a rigidez dos enquadres identitários que vigoram em nosso tempo. Iniciamos o artigo com uma seção que procura ir além do registro historiográfico do fenômeno infância; introduzimos uma análise ontológico-fundamental do fenômeno; propomos modos possíveis de cuidado com a criança, destacando-se a lida na clínica psicológica, que não estejam cegamente entregues ao uso técnico; e, por fim, narramos uma situação clínica.
Palavras-chave : cuidado; criança; clínica; fenomenologia; Heidegger.