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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641Xversão On-line ISSN 2175-3601

Rev. bras. psicanál v.42 n.3 São Paulo set. 2008

 

CONSTRUÇÕES

 

Construções em análise hoje: a concepção freudiana ainda é válida?1

 

Construcciones en análisis de hoy en día: la construcción freudiana mantiene su valor?

 

Constructions in analysis: is the Freudian conception still valid?

 

 

Luciane Falcão2

Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora apresenta uma revisão do conceito de construção em análise, talhado por Freud em 1937, articulando-o com questões metapsicológicas e com questões da psicanálise contemporânea. Para isso, bebe na fonte da psicanálise francesa, através de Viderman, A. Green, J. L. Donnet, R. Roussillon, C. e S. Botella e outros. Coloca em debate a possibilidade de pensarmos construções primeiras em análise; à diferença da construção proposta por Freud feita a partir de material da pré-história do paciente , elas existiriam e se constituiriam a partir da relação com o analista, a qual, através do processo e do vínculo proporcionado por este, permitiria novas construções, novas tessituras psíquicas que poderiam ocupar o que antes era o vazio.

Palavras-chave: Construção em análise; Primeiras construções; Vínculo psicanalítico; Realidade psíquica.


RESUMEN

El autor presenta una revisión del concepto de construcción en análisis, tallado por Freud en 1937, articulándolo con cuestiones metapsicológicas y con cuestiones del psicoanálisis contemporáneo. Para eso, se nutre del psicoanálisis francés, a través de Viderman, A. Green, J. L. Donnet, R. Roussillon, C. e S. Botella y otros. Propone debatir la posibilidad de pensar en primeras construcciones en análisis, que, diferentemente de la construcción propuesta por Freud hecha a partir del material de la pre-historia del paciente , existirían y se construirían a partir de la relación con el analista; a través del proceso y del vínculo proporcionado por este, la relación permitiría nuevas construcciones, nuevas tesituras psíquicas que podrían ocupar lo que antes era vacío.

Palabras clave: Construcción en análisis; Primeras construcciones; Vínculo psicoanalítico; Realidad psíquica.


ABSTRACT

The author presents a revision of the concept constructions in analysis, created by Freud in 1937, connecting it to metapsychological issues and with contemporary psychonalysis issues. For this reason she goes straight to the French psychoanalysis spring, through Viderman, A. Green, J. L. Donnet, R. Roussillon, C. and S. Botella, and others. She proposes the debate on the possibility of thinking about primary constructions in analysis, that differently from the one proposed by Freud made through the patient’s pre-history , would exist and be constituted by the relation with the analyst; through the process and bond given by him/her, this relation would allow for new constructions, new psychic weaving that could occupy the previous void.

Keywords: Constructions in analysis; First construction; Analytical bond; Psychic reality.


 

 

Proponho-me a uma reflexão sobre o conceito de construção, considerando esta um dos aspectos da cura na psicanálise contemporânea. Para que um processo analítico possa ocorrer, para que construções possam ocorrer, precisamos de um espaço constituído subjetivamente pelo paciente e pelo analista. Precisamos do espaço intrapsíquico criado entre estes. Precisamos pensar que a psicanálise evoluiu, que estamos no século xxi, que muitos conceitos têm seus limites históricos e culturais e que, para poder escutar nossos pacientes, precisaremos seguir nos escutando e acompanhando a evolução dos conceitos, como o próprio Freud fez com a sua invenção. Sabemos que qualquer reflexão psicanalítica implica um trabalho reflexivo em direção à amplitude de conceitos que evoluíram e se transformaram graças ao desenvolvimento da técnica e do conhecimento da mente.

Pretendo considerar a questão da construção em análise abarcando dois aspectos. O primeiro, introduzido por Freud, no qual refere que há construção “quando se põe perante o sujeito da análise um fragmento de sua história primitiva, que ele esqueceu” (Freud, 1937b, p. 295, grifos meus). Um segundo aspecto, uma conjetura ligada à psicanálise contemporânea, na qual pensaríamos a questão da construção como algo psíquico criado pela primeira vez através da relação analista/paciente, em que este passaria a compor novas tessituras psíquicas, primevas.

 

Freud: “Construções em análise”, 1937

Freud já havia começado a pensar na questão da construção em 1918, com o Homem dos lobos, em que revela que alguns eventos psíquicos não podiam ser elaborados através da rememoração; isso parecia impossível para certas estruturas psíquicas. Surgia a necessidade de construir, ou reconstruir, uma noção ligada à questão de construção psíquica. A construção diz respeito, então, a todo um período esquecido da pré-história do paciente. Traz a idéia de que a construção é uma necessidade técnica. Apesar de já ter apresentado algumas reflexões sobre o tema, principalmente no Homem dos lobos (1918) e, de forma não menos importante, em Dora, será em 1937 que ele se dedicará a uma reflexão mais profunda, atribuindo à construção um status metapsicológico. Certamente, para chegar aqui, precisou da sua segunda tópica e, a partir de 1920, da compulsão à repetição e da pulsão de morte. Mas em que momento traz esse conceito de forma mais estruturada? Já no final da sua vida, quando ele próprio já havia construído muitos conceitos, fazendo da psicanálise uma obra em permanente construção. Publica esse artigo três meses depois de ter escrito “Análise terminável, análise interminável”(Freud, 1937a).

Ao mesmo tempo, Freud parecia preocupado em responder às críticas que os analistas vinham recebendo pelas interpretações dadas a seus pacientes. Na época, o objetivo da análise seria o de suprimir o mundo recalcado do paciente para que este pudesse restaurar um equilíbrio psíquico. O analista teria por tarefa a partir do material já fornecido pelo paciente (sonhos, associações livres, atos falhos etc.) construir o que foi esquecido e, no momento oportuno, comunicaria ao paciente. É o trabalho que Freud (1937b, p. 293) comparou com o do arqueólogo, no qual não haveria destruição total de uma formação psíquica.

Há, para ele, a idéia de que as vivências psíquicas buscadas pela análise teriam tido um tipo de registro e vivido um recalcamento, ou seja, há uma busca de algo, um fragmento de sua história primitiva, que ele esqueceu. Press (2007) acompanhado de Freud refere que o passado não se esconde no presente, ele se infiltra e lhe dá modos de funcionamento particulares.

Como sempre na sua obra, Freud não fecha questão com relação às suas concepções e, nesse artigo, diz que as estruturas têm “tanta coisa misteriosa” (Freud, 1937b, p. 294). Freud nos deixa aberta a possibilidade de seguirmos suas investigações, e poderíamos incluir a questão das dificuldades de grande parte de nossos pacientes atuais com relação às representações e simbolizações, ou, melhor dito, àquilo que é da ordem do irrepresentável ou do não-simbolizado. Isso permite uma abertura para pensarmos que construção em análise poderia também ser algo novo, criado a partir da relação analista/paciente e que não necessariamente venha por fragmentos da história. Penso que há, sim, no processo momentos de construção primeira. Voltarei a esse tema mais adiante. Obviamente essas questões podem levar a uma ampliação do debate –  por exemplo, o que Freud quer dizer aqui quando fala em estrutura? Existiria algo de estrutura nessas construções primeiras? De qualquer forma, quero deixar claro que minha proposta de reflexão estará sempre considerando que tudo o que se referir ao inédito ou ao nunca vivido será sempre uma questão especulativa.

 

Verdade histórica, verdade material, realidade psíquica

A questão da verdade histórica e da verdade material trazida por Freud (principalmente em Moisés e o monoteísmo, 1934-1938/1939) merece algumas reflexões. Green (1990) pensa que Freud não nos dá uma definição precisa das duas noções, mas nos faz compreender que a verdade histórica é o que é considerado como verdadeiro pelo indivíduo num período de sua história, durante sua infância, e é precisamente o que o analista deverá reconstruir através de seu trabalho. Já a verdade material se refere a uma verdade objetiva. Para Green (1990), a verdade histórica é uma interpretação subjetiva que constitui um sistema de crenças que se fixa no indivíduo, no inconsciente e sobre o qual a evolução ulterior não toma conhecimento. Um grande número de fenômenos psíquicos sai desse sistema: as teorias sexuais infantis são testemunhas. Quanto à verdade material, ela é desconhecida e a encontramos sobre formas hipotéticas que deverão ser sempre questionadas e verificadas novamente. A questão então é:

Qual a diferença entre verdade histórica e realidade psíquica? A realidade psíquica que governa o mundo interior se constitui quase independentemente do mundo exterior. A verdade histórica comporta sempre um núcleo de verdade ao redor do qual se elabora um imenso trabalho psíquico que, na medida em que ele progride, deforma esse núcleo primitivo. […] A verdade histórica é uma construção pessoal, mas não é inteiramente arbitrária. Mesmo o delírio tem no seu fundo qualquer coisa de verdadeiro (Green, 1990, p. 69).

Já em 1911, Freud buscava entender os delírios e a paranóia de Schreber também com este foco: “Compete ao futuro decidir se existe mais delírio em minha teoria do que eu gostaria de admitir, ou se há mais verdade no delírio de Schreber do que outras pessoas estão, por enquanto, preparadas para acreditar” (Freud, 1911a, p. 85). Tanto no artigo “Construções em análise” (1937) como em Moisés e o monoteísmo (1939), Freud refere que o delírio, assim como a religião, contém uma parcela de verdade histórica. Ainda em dois artigos fundamentais “Neurose e psicose” (1923a) e “A perda da realidade na neurose e na psicose” (1923b) discute a importância da realidade na formação dessas duas estruturas e reforça que também na neurose não faltam tentativas de substituir uma realidade desagradável por outra que esteja mais de acordo com os desejos do indivíduo. Diz que isso é possibilitado pela existência de “‘um mundo de fantasia’ […] É deste mundo da fantasia que a neurose haure o material para suas novas construções de desejo…” (p. 233).

Cabe aqui deixarmos algumas questões: qual o valor da criação da fantasia? Qual o compromisso entre o primário e o secundário? Qual a origem do material que usamos para criar um conto, um devaneio, um mito (Moisés é um exemplo em Freud)?

Mesmo com essas criações, com o primário e o secundário tendendo a se misturar, penso que com o artigo de 1937, por mais que Freud esteja de acordo que o original é inacessível, ele acredita, ao mesmo tempo, que a análise o encontrará…

Acreditamos que o psiquismo se constitui pelo soma e pelo real (Green, 1993) e não podemos negar que uma verdade, histórica ou material, não pode ser excluída de seu contexto sem se referir a um aspecto da sua história. A realidade psíquica sempre conterá algo da verdade material. Os pais sempre serão os pais da infância, os das fantasias e os do real. O incesto, por exemplo, poderá ocorrer se houver a perda da realidade psíquica é o enlace entre o real, o imaginário e o simbólico. Será que, num psiquismo, podemos localizar um ou outro? O que sabemos, no entanto, é que todo e qualquer traço poderá, mais cedo ou mais tarde, se manifestar, mesmo que silenciosamente.

O que realmente se passou, o que Freud nomeou como a verdade material do passado, nós jamais conheceremos a concepção kantiana de que a coisa em si não existe. Ao mesmo tempo, tocar nesse núcleo de verdade material nos permite uma aproximação do que constitui o coração de nossa identidade e permitirá transmitir um sentimento de verdade às construções (oriundas da relação analisando/analista) que comunicamos aos nossos analisandos, ou, dito de outra forma, ganhar sua convicção (Freud, 1937b; Botella & Botella, 2001). O que ocorre na cena da análise constrói uma versão única a cada dupla analítica uma verdade histórica da dupla. Em outras palavras, a verdade histórica tal qual aparece nas análises não é um dado; é no sentido mais nobre do termo que aparece no artigo de 1937 uma construção resultante de um trabalho comum. Esse caminho passa por uma prova do analista e de suas falhas, inevitáveis, nas quais virão se alojar as que fazem parte da história do paciente com seu peso de verdade histórica (Press, 2007). E eu acrescentaria: nas quais virão se alojar as que fazem parte da história do analista com seu peso de verdade histórica.

 

O debate a partir de Viderman

Para melhor compreendermos algumas discussões psicanalíticas sobre a questão da construção, retomarei resumidamente um debate lançado por Serge Viderman (1982) na década de 70, na França, onde este propõe uma retomada e uma guinada na conceitualização de construção. A noção de construção, para ele, seria um elemento da metapsicologia. Distingue, por um lado, as certezas possíveis em relação à reconstrução do passado perdido pelo efeito do recalcamento e, por outro lado, as incertezas de que toda a construção do núcleo originário será afetada e lembra que a recuperação da história é sempre apenas parcialmente possível, pelo próprio fato de o recalque primário ter desde a origem proibido sua inscrição memorial.

Viderman (1982) considera ainda as defesas situacionais ligadas às atrações transferências, sendo estas diferentes (pelo menos, de um sentido não necessariamente semelhante aos afetos originais), sentido refratado pelas emoções transferenciais vividas no momento em que a evocação do passado está no primeiro plano do material apresentado. Para ele, é evidente que não é o passado que o paciente irá evocar através de todos os meios de distorção que as defesas lhe impõem, mas o seu passado. Essa passagem do definido para o possessivo marca a própria passagem da história para a construção mítica; de uma história objetiva irrecuperável para a história imaginária.

A tese central de Viderman é de que construção em análise não seria a do passado do analisando. Ela seria criada, imaginada, inventada pelo analista, que faz literalmente existir a realidade psíquica do analisando pela palavra ou, mais, pela nominação no processo analítico. Para ele a questão da verdade histórica perderia toda a sua importância, e o que realmente importa é o aqui e agora da sessão.

O debate proposto por Viderman se apóia na análise da contratransferência, que estabelece a abordagem de cura analítica, centrada na capacidade do analista de construir, isto é, de inventar a partir do que ouve, do que sabe da análise em função da sua própria experiência analítica e de seu saber teórico. O trabalho da análise consiste em tentar juntar o incognoscível da pulsão com a representação que a diz, a qual, por sua vez, sofrerá o efeito da interpretação, do que o analista diz dela (Viderman, 1982; Mijolla, 2002). Esses aspectos nos remetem ao aprendendo com a experiência de Bion (1962).

Obviamente essa posição gerou um debate que mobilizou a psicanálise. Francis Pasche, num artigo intitulado “Le passé recomposé”, critica as teses de Viderman e diz que ao longo de um tratamento “o que procuramos é o quadro dos anos esquecidos” (p. 171).

A idéia de Pasche (1974) nesse artigo é fundamental porque ele vê que esse quadro dos anos esquecidos, podemos dizer, recalcados, é apenas um fragmento da nossa realidade psíquica e, nesse sentido, estou totalmente de acordo. É então conveniente nos perguntarmos quais os elementos que constituem esse quadro e se existem nele elementos que poderão ser reconstruídos. Penso aqui no trabalho de artistas-restauradores de obras de arte que recebem verdadeiras jóias e precisam reconstituí-las para dar o seu aval de verdadeiras ou falsas. Quantos precisarão olhar, analisar, remover resíduos, às vezes camadas e camadas de tintas para afirmarem que aquele é, por exemplo, um verdadeiro Caravaggio? Quantos desses restauradores, técnicos especialistas, poderiam afirmar com absoluta segurança a origem do quadro, seu autor, sua data etc.? Acho esse um trabalho fantástico porque exige uma análise minuciosa, uma busca infindável de elementos que precisarão ser reconstituídos para se chegar ao veredicto final: verdadeiro ou falso! Mas que jamais será o verdadeiro, o original. O original foi se modificando com as intempéries do tempo, e no momento em que qualquer artista-restaurador colocar seus instrumentos investigativos naquela obra, a obra estará recebendo a interferência de um outro que, querendo ou não, alterou o original…

Poderíamos hoje, mais de três décadas depois da afirmação de Pasche freudiana, certamente , mantê-la como objetivo nos trabalhos analíticos que realizamos com nossos pacientes? Temos instrumentos de análises, de busca do passado que nos permitiriam afirmar o passado dos nossos pacientes e reconstruir sua história?

Penso que não temos essa capacidade, essa precisão, porque, por mais camadas e camadas que possamos acessar nos pacientes, jamais chegaremos à coisa em si, essa não existe (Kant)…

Freud, em Pulsões e destino das pulsões (1915), refere:

O “eu da realidade” original que distinguiu o interno e o externo por meio de um sólido critério objetivo se transforma num “eu prazer” purificado, que coloca a característica do prazer acima de todas as outras. Para o eu do prazer o mundo externo está dividido numa parte que é agradável que ele incorporou a si mesmo e num remanescente que lhe é estranho. Isolou uma parte do próprio eu que projeta no mundo externo e que é hostil (p. 157-158).

Esse pensamento de Freud nos conduz a uma reflexão que inclui um eu que constrói camadas, introjeta, expulsa etc. Essas camadas se misturam e, como já questionamos, teríamos acesso a elas? Mesmo reconhecendo a inacessibilidade do original, do primevo, devemos manter o conhecimento de que isto existiu e de que faz parte do humano: isso é o que nos move não adiante, mas em direção ao passado. Default de passividade no analista? Certamente. Mas também necessidade de uma origem fundadora ancorada no real real da história individual, real da filogênese, real da ancoragem somática se não quisermos cair numa especulação delirante (Press, 2007).

Viderman também foi criticado por Janine Chasseguet Smirgel (1974), que diz que suas idéias fazem da psicanálise um idealismo, em que tudo estaria no espírito do sujeito o analista criador da realidade do objeto, e sendo este quem confere um sentido ao material trazido pelo paciente. Smirgel questiona onde estaria, no pensamento de Viderman, a questão do conceito de espaço psíquico, presente na primeira tópica, e como compreender o recalque, a resistência, as defesas se o sentido não estivesse já no inconsciente do paciente. Ela lembra ainda que o texto de Viderman remete a outra questão importante: a questão do poder do analista,3 e esta posição de Viderman abriria uma brecha para isso ocorrer nas análises.

 

O trabalho analítico e a construção

Mas o que temos para o nosso trabalho analítico como o técnico restaurador de quadros, que por sua vez também fará um trabalho pessoal em cima da tela que está avaliando ou restaurando?

Penso que temos nossas mentes, com nossas histórias pessoais, com nosso desenvolvimento primitivo, sexual, que foram submetidas às nossas análises ou reanálises pessoais, e temos nossos defaults, que não puderem ser analisados e que também estarão presentes nos encontros analíticos que propomos realizar com nossos pacientes.

E como pensarmos a ação dos jogos posteriores de introjeção e projeção para estabelecer e preservar o eu-prazer que altera as representações das duas realidades invertendo-as, em parte, mas depois que elas foram apreendidas em seu justo lugar, porque projeção e introjeção se fazem a partir da situação real do sujeito e do objeto, o qual deve ter sido, primeiramente, percebido num certo nível de consciência? (Pasche, 1974).

Podemos recorrer às fórmulas conhecidas e afirmar que as vivências primitivas, recalcadas, poderão retornar através da compulsão à repetição que se esforça para se fazer persistir o idêntico ao original e de lhe revelar seu estado anterior, de perpetuar desejos e afetos fixados às experiências primitivas que poderão ser vivenciados na transferência/contratransferência. Mas sabemos das dificuldades que temos nas análises atuais, nas quais nossos pacientes se apresentam com o vazio, com os buracos, com o vago das tessituras psíquicas que não ocorreram… Aqui, nosso trabalho se dificulta e exigirá mais de nosso psiquismo. O espaço analítico existirá a partir das condições que o analista lhe impõe condições que obrigatoriamente passam pelo seu mundo interno, conhecido ou desconhecido acrescido pelo funcionamento mental do paciente.

O discurso do analisando resultado de um duplo compromisso: por um lado, expressão do compromisso entre inconsciente e consciente; por outro, expressão do compromisso entre desejo de contato e desejo de não contato com o analista e a escuta do analista serão os instrumentos que esse último utilizará no processo. Essa escuta também estará conectada com o que o analista ouve, entende com a ajuda do seu consciente e do que ele é capaz de entender do seu inconsciente (Green, 1990).

Mas voltemos ao texto de 1937 e vamos lembrar que nele Freud diz que:

O caminho que parte da construção do analista deveria culminar em uma lembrança do analisando […]. Com certa freqüência, não conseguimos levar o paciente até a lembrança recalcada. Em lugar disto […] se alcança nela uma convicção certa sobre a verdade da construção que, terapeuticamente, seria o mesmo que uma lembrança recuperada (Freud, 1937b, p. 300).

Freud levanta o problema de como conhecer as circunstâncias em que isso ocorre, e acredito que os estudos dos Botella entre outros sobre o irrepresentável (Botella & Botella, 2001, 2006) nos auxiliaram nessa compreensão.

Conhecemos as dificuldades de se realizar o trabalho de cura analítica com pacientes que sofrem, por exemplo, de transtornos narcísico-identitários, nos quais são confrontados a formas de intricações que são dominadas pela confusão e pelos paradoxos, impasses e não chegam a interiorizar psiquicamente os conflitos, dificultando as vivências transferências clássicas, uma vez que essas confusões e paradoxos invadem a cena transferencial. Muitas vezes, ficamos anos e anos esperando que o paciente venha para a sessão com uma representação para que pudéssemos então, interpretar o conflito. A questão é que com esses pacientes raramente teremos esse trabalho da utilização das representações na transferência. Voltamos então à idéia central do artigo de Freud (1937b), que coloca as bases para o trabalho de construção quando volta a se perguntar sobre a questão do retorno quase alucinatório de certas impressões ou de certas lembranças. René Roussillon (1999), a partir desse artigo de Freud, lembra que:

[…] nos estados narcísicos, mais que realizações de desejos, trata-se do modo de retorno alucinatório dos acontecimentos ou de modos relacionais traumáticos anteriormente percebidos que se misturam com o presente, apoiando-se sobre ele e assim se disfarçando. Fornecidos pela alucinação como presente e habitando a realidade atual, oriundos de um período precoce do desenvolvimento psíquico que precede a organização da linguagem, esses acontecimentos anteriores não podem ser significados como lembranças nem mesmo como passado. Conservados em estado de traço mnésico perceptivo, eles não foram jamais simbolizados, não viveram o après-coup da evolução psíquica anterior (p. 54).

O dilema seria: ou renunciar a uma parte da realidade atual, delirar, mas buscar significação da parte essencial de si e de sua história, ou renunciar a significar esse história desconhecida no centro de sua identidade essencial, negando sua existência, mas permanecendo presente à realidade perceptiva atual que, de repente, perde sua animação e seu sentido. Roussillon (1999) refere que Freud, nesse artigo de 1937(b), propõe uma saída para esse dilema graças a um trabalho de reconstrução da realidade/verdade histórica que se apresenta assim alucinatoriamente ao sujeito. Assim Freud completa uma de suas proposições de 1896, no manuscrito G, a propósito do que ele nomeia delírios de assimilação, no qual o sujeito, confrontado a uma realidade objetiva insustentável e que contém uma negação dele mesmo, não deixa de fazer como se fosse o sujeito dele mesmo.

Cabe ao analista a iniciativa de construir em qual(is) momento(s) da história do paciente ou da pré-história do sujeito e/ou a qual(is) modo(s) relacional(is) a reminiscência refere, sem esperar que uma rememoração efetiva venha caucionar esse trabalho:

No trabalho de reconstrução de que se trata aqui experiências precoces, refutadas, não simbolizadas, anteriores à linguagem, de natureza traumática etc. , não se pode jamais esperar confirmações diretas da veracidade da construção, ainda mais na medida onde de fato a construção lembra ao sujeito sua dependência primeira, seu sofrimento, suas agonias primitivas, seus sofrimentos enclausurados (Roussillon, 1999, p. 56)

Penso que numa análise não há absolutamente nada que seja puro, original, primevo. Há criações e transformações desde o início desde o útero, desde o parto, desde as mamadas, desde as trocas afetivas ou as não-trocas… O que se passa na sessão é o resultado do encontro de duas mentes, cada qual com sua história psíquica, que podem estar num momento fecundo e em condições de criar (ou recriar) relações ou, ao contrário, em função de suas limitações não puderem proporcionar algo criativo. Essas construções são o resultado desse trabalho a dois. Não existe análise se não houver esse trabalho.

Freud referia que o trabalho analítico consiste em duas peças inteiramente distintas que se desenrolam em dois palcos e dois cenários separados, envolvendo dois personagens, cada um dos quais encarregados de desempenhar um papel diferente (Freud, 1937b, p. 292). Penso que a história é uma construção realizada num trabalho a dois e que necessitará de todo um aparato da linguagem a colocação em palavras para poder ser vivenciada. Podemos pensar que o trabalho da análise seria dar ao paciente a possibilidade de criar novas formas de relações para estabelecer novas simbolizações para que, na continuidade de sua vida, a verdade construída possa lhe permitir uma continuidade coerente.

Em Para introduzir o narcismo (1914), Freud utiliza os versos de Heine: “Criando, pude recuperar-me; criando, tornei-me saudável” (Freud, 1915, p. 102). O nosso trabalho nos leva a criar novas simbolizações através da reconstrução feita no campo vincular, transferencial e contratransferencialmente. Isso, implícito nessa bela citação de Heine, nos leva a pensar que o analista criando (com o paciente) cura-se a si próprio. “Portanto, a análise criativa não o é apenas para o paciente, também o é para o analista” (Machado, 2007).

Se Freud se referia à construção, em 1937, como vimos, baseada na possibilidade de que questões psíquicas vividas pelo paciente, mesmo primitivamente mas que nunca tinham sido constituídas por eles, viessem à análise pelo trabalho de construção, hoje pensamos na ampliação desse conceito e vamos considerá-lo como havendo uma outra forma de construção: aquela vivência que ocorrerá pela primeira vez durante o processo analítico. Arriscaria a chamá-la de construção primeira em análise. E deixaria os termos construção/reconstrução para aquelas vivências oriundas de experiências infantis já vividas e que a análise permite reconstruí-las a partir de uma outra relação a analítica. Por isso penso que a construção analítica não descobre a história, mas a inventa numa relação analista/paciente, num setting, num timming. Essa história é criada e vivida pela primeira vez nesse processo. A metáfora que me ocorre vem da construção de casas: algumas são feitas com tijolos de demolição, ou seja, tijolos que faziam parte de alguma construção que fora demolida, mas cujos tijolos são reaproveitados e passarão a fazer parte de uma nova construção o material usado era o antigo, o cimento que permite as ligaduras é novo… E teremos casas construídas com tijolos novos, que serão usados pela primeira vez na casa e que também necessitarão de cimento para as ligaduras. Obviamente, esses tijolos foram, antes de tudo, areia e água (o primário?).

Para mim, a construção primeira ocorrerá na análise, em presença do analista, num trabalho em duplo (Botella & Botella, 2001) e existirá quando o paciente não tem tijolos de demolição, onde houve uma falta radical. Aqui, será preciso construir, pela primeira vez, algo que nunca foi construído. O espaço criado (ou recriado) é o resultado do trabalho de duas mentes que estão tendo uma vivência originária que permitirá a emissão e a criação de outras cadeias que percorrerão o caminho progrediente até a simbolização. Quando digo construir pela primeira vez, quero me referir a uma construção psíquica. Com isso, não nego nem poderia! , a hipótese de que, em toda a vivência, o primário e o secundário estão contidos. Para que se chegue a uma representação, há necessidade de uma potencialização para isso a areia, a água, a forma do tijolo, o cimento. No entanto, a areia e a água, sós, isolados e sem uma ligadura, não se transformarão num novo tijolo.

Penso também na idéia de que o sonho é uma criação, é um trabalho que exige construção a partir de diferentes elementos. O trabalho do sonho sendo o “modelo de um processo de transformação de uma coerência de elementos heterogêneos e heterocronos presentes simultaneamente no psiquismo num dado momento” (Botella, 2007, p. 27 Prefácio)

 

A mente do analista: um processo em construção4

O que se passa durante a sessão na mente do analista? Em que estado mental ele se encontra quando recebe seu paciente? O que ele escolhe para interpretar? O que ele descobre no paciente vem de dentro deste ou de si próprio? Como ocorre este processo que implica o inconsciente do analista? O que lhe é objetivo ou subjetivo? André Green, referindo-se ao que se passa na sessão, diz:

Não é dele, não é meu, é nosso, é alguma coisa que tem uma força e uma realidade própria no espaço e no tempo da sessão e que, no momento em que o analisando sai do consultório, torna-se outra coisa. Mas o momento da ligação, o momento quando isto se une, é um momento muito forte. É a visão moderna da transferência (Green, 2004, p. 116-117).

Sugiro ampliarmos essa idéia e vê-la como um conceito moderno de construção assim como pensei que poderia servir para pensarmos a questão da neutralidade (Falcão, 2007),que vê a transferência também como algo que ocorre a partir da dupla e do estado de sessão implicando a mente do analista. De qualquer forma, hoje sabemos que uma relação entre dois (no caso, analista e paciente) é algo mais que a soma dos atributos de cada um dos objetos na composição da relação e caracterizará a sessão de análise quando ocorre o processo (Green, 2002). Incluo aqui a necessidade de uma reflexão que implica pensar que o que se passa na sessão passa pela mente do analista e que, quando falamos em construção,também corremos o risco de nos depararmos com situações nas quais os analistas vão necessitar construir suas histórias a partir de suas relações com seus pacientes…, corremos sérios riscos… Ao mesmo tempo, o risco é próprio da organização fálico-genital e uretral e faz parte da criação, da gestação de algo novo.

 

A ligação o vínculo: a situação analisante

O momento da ligação necessariamente forte é imprescindível para a evolução da relação o cimento necessário para a construção da casa. O mundo inconsciente, o mundo dos afetos do analista, deverá estar disponível para apreender e vivenciar aquele momento. Há a necessidade de um jogodinâmico entre os dois parceiros. Na minha opinião, não há relação que leve a crescimento e a transformações, se nela o afeto5 não se fizer presente. Ao mesmo tempo, insisto, penso que o analista deve perceber como olha para seu paciente. A partir de que posição ele o faz? Estará ele neutro em relação aos conceitos, às concepções de mente? Sua posição favorece o crescimento do paciente, permite a expansão da sua mente? Permite uma nova gestação?

Jean Luc Donnet, em seu livro La situation analysante (Donnet, 2005), utiliza intencionalmente o particípio presente na palavra analisante para sublinhar a primazia do ponto de vista dinâmico, servindo-se da referência winnicottiana paradoxal entre a dependência da transferência e a autonomia que sustenta as verdadeiras introjeções pulsionais do eu. Ora, nessa situação, não temos como não levar em consideração que aquilo pelo qual optamos na hora de interpretar ou construir é algo amplo e incerto e que a equação pessoal e as teorias do analista estão inseridas no contexto do setting. Donnet refere que a profundeza da regressão e a intensidade da dependência fazem com que as interpretações ganhem um peso mais e mais considerável, carregando a carga da contratransferência. Penso que esse é o momento de paixão durante a análise e que a expressão disso será uma nova construção-compreensão que se presentifica.

O que Donnet denomina como a situação analisante implica, pois, permanentemente, a idéia de um conjunto para marcar a unidade funcional específica constituída pelo conjunto analisando/analista/situação: unidade de ligação entre os processos intrapsíquicos do paciente e sua exteriorização na cena da transferência, mas também entre os processos psíquicos dos dois protagonistas, a ponto de tornar o jogo da transferência e da contratransferência uma atividade de co-pensamento (Daniel Widlocher, 1996), um campo (M. & W. Baranger, 1966), uma fusão parcial que vem através dos processos identificatórios primitivos; uma quimera (M. de M’Uzan, 1983); um ar de jogo compartilhado (Donnet, 2005).

Quando penso no trabalho da construção em análise e principalmente na construção primeira , vejo o trabalho da figurabilidade do analista, produto da regressão formal do seu pensamento na sessão, como um meio de acesso ao além do traço mnésico que é a memória sem lembranças. A regrediência da mente do analista abre a sessão a uma inteligibilidade da relação de dois psiquismos que funcionam em estado regressivo. É o que os Botella denominam o trabalho em duplo (Botella & Botella, 2001), cuja realização será o revelador do que, existindo já no paciente em estado não-representável, em negativo do trauma, pode enfim aceder à qualidade de representação. Seguindo a minha metáfora com os tijolos, pensaria que seria um estado de pó, água, ingredientes de um futuro tijolo, mas ainda sem ser um tijolo, ainda não constituído como tal. Devido à regressão a que o setting analítico induz o analisando (posição deitada, analista investido, porém fora da visão, ausência de toda ação com exceção da palavra, livre associação etc.) e o analista, e devido a outras restrições, produz-se um estado psíquico da sessão analítica, meio diurno, meio noturno, um estado psíquico de uma natureza singular, única, híbrida, constituído tanto pelo funcionamento diurno como pelo noturno. Sem ser nem um nem outro, beneficia-se das qualidades dos dois e possui capacidades especí ficas de outro modo inalcançáveis. Esse estado de sessão é o palco para o trabalho de figurabilidade entrar em ação e acessar o irrepresentável (Botella & Botella, 2001, 2006).

Diante de situações limites, de uma forma inesperada, totalmente involuntária, na qual o pensamento do analista regride além da atenção flutuante e suas representações palavras tendem a ser desinvestidas, pode surgir um acidente do pensamento, uma ruptura com o mundo das representações em favor de uma expressão perceptivo-alucinatória derivada (Botella & Botella, 2001).

Freud (1937b) referiu que algumas construções apropriadas evocavam “recordações vivas” que os pacientes descreviam como “ultraclaras”: o “‘impulso ascendente’ do recalcado, colocado em atividade pela apresentação da construção, se esforçou por conduzir os importantes traços de memória para a consciência” (p. 300-301).

O “ultraclaro” (überdeutlich) referido por Freud pode ser pensado, hoje, como a “figurabilidade”. Freud estaria se referindo aos efeitos da intensidade da figurabilidade, e podemos dizer que, quando há uma figurabilidade, há um certo grau de alucinação, e esta suscita e se faz acompanhar de uma convicção. Na vivência do paciente, “figurabilidade alucinatória” (überdeutlich), “convicção” (überzeugung) e “transferência” (übertragung) se interpenetram num ponto em que sentimentos transferências (amor e ódio) se tornam suficientes (C. & S. Botella, 2001).

O trabalho analítico pode ser pensado como algo que não revelaria uma estrutura existente ou, como pensa Press (2007), um trabalho feito em diferentes níveis de discurso que encontra ou não um pedido, tendo sua economia e sua dinâmica com uma resposta ou não resposta que traz o risco a todo o momento de cair na recusa pelo objeto da pulsionalidade do sujeito. Esse trabalho poderia, quem sabe, propor novas formas de trocas. Trocas nas quais há uma presença da pulsionalidade que até então não tinha encontrado seu lugar.

Há uma “fórmula” dos Botella que nos mostra o caminho para refletirmos o quanto da percepção do analista em sessão irá conduzir o trabalho em duplo: “o objeto está ‘somente dentro-também fora’” (Botella & Botella, 2001, p. 122). Essa fórmula nos ajuda a pensar o quanto os objetos internos do analista vão influenciar a sua forma de perceber os objetos do paciente. Ou seja, se o analista percebe algo do paciente (e devemos sempre questionar nossa percepção, uma vez que, se a realizamos com nossos órgãos dos sentidos, estes, por sua vez, estão também submetidos à fórmula somente dentro também fora), não poderá esquecer que uma representação a sua representação contém o real (realität) de um lado (a percepção) e a fantasia e o recalcado de outro. E como sabemos, o que existe e se impõe inicialmente é o fantasmático: no momento em que há a perda do objeto que estava na realização alucinatória, o indivíduo terá que reencontrá-lo na realidade. E que objeto será este que ele deverá reencontrar também fora?

As coisas existem no meu universo interior da forma como eu as fantasio, sonho, construo, fabrico […] O “também fora” quer dizer que eu busco encontrar o objeto que estava no meu universo interior, na minha realidade psíquica, para saber se eu posso reencontrá-lo no mundo exterior (Green, 2004, p. 82-83).

 

Referências

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Endereço para correspondência
Luciane Falcão
Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre - SPPA
Rua Mostardeiro, 333/813
90430-001 Porto Alegre - RS - Brasil
Tel. 51 3222-6001
E-mail: lufalcao@terra.com.br

Recebido em 19.6.2008
Aceito em 9.9.2008

 

 

1 Algumas das reflexões contidas neste artigo foram apresentadas no Congresso Luso-Brasileiro de Psicanálise realizado em Salvador, Brasil, em novembro de 2007, na mesa-redonda “O significado de cura na psicanálise hoje: transformações e construções no processo analítico”.
2 Membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre SPPA.
3 Para mais detalhes do debate atual sobre esse tema, ver Revista Brasileira de Psicanálise, 39(2/3), 2005.
4 Algumas dessas questões são uma continuidade de reflexões apresentadas no artigo “Neutralidade e abstinência ontem e hoje” (Revista de Psicanálise da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, vol. 3, 2007).
5 Não me refiro aqui a sentimentalismos e sim ao afeto como portador de um trabalho psíquico que leva à ligação, à tessitura psíquica. Vamos lembrar que o pulsional obriga a incluir o afeto, e a interpretação do analista deve ter passado pelo psíquico, portanto, ligando-se ao afeto. Para aprofundamento do tema, ver A. Green (1998), “Sobre a discriminação e a indiscriminação afeto-representação”, Revista Brasileira de Psicanálise, 32(3):407-456.

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