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Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641Xversão On-line ISSN 2175-3601
Rev. bras. psicanál v.43 n.3 São Paulo set. 2009
ARTIGOS
Especificidade no processo de elaboração do luto na adolescência
Especificidad em el proceso de elaboración del luto em la adolescencia
The specific characteristics of working through mourning during adolescence
Bernardo Tanis1
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo - São Paulo
RESUMO
Propomos neste trabalho, a partir da nossa experiência clínica, a hipótese da existência de certas particularidades na elaboração das perdas na adolescência; especificamente abordamos o penoso processo de luto pela morte do pai. Os processos identificatórios, as questões inerentes à sexualidade e identidade de gênero, assim como os conflitos inerentes à constelação edípica adquirem singular intensidade nesse período da vida.
Consideramos importante abordar essas questões pelo esclarecimento que podem trazer para a tarefa clínica com esses analisandos e pelo enriquecimento da nossa compreensão metapsicológica da constituição do psiquismo do adolescente.
Ampliamos a compreensão do lugar psíquico dos processos temporais, identificatórios e de simbolização, assim como o impacto dos mesmos na vida adulta.
Palavras-chave: Adolescência; Morte do pai; Elaboração do luto; Identificação.
RESUMEN
Proponemos en este trabajo la hipótesis de la presencia de ciertas particularidades en la elaboración del luto en la adolescencia, especificamente en lo referente al penoso luto por la muerte del padre.
En la adolescencia el proceso de identificación, y los temas relacionados con la sexualidad e identidad de género, así como el conflicto edípico, adquieren una intensidad singular.
Estas cuestiones esclarecen sobre la tarea clínica con estos analisantes y amplian nuestra comprensión metapsicológica de la constitución del psiquismo adolescente.
Ampliamos la comprensión del lugar psíquico de los procesos temporales, la identificación y la simbolización, asi como su impacto en la vida adulta.
Palabras clave: Adolescencia; Muerte del padre; Elaboración del luto; Identificación.
ABSTRACT
We suggest based on our clinical experience the hypothesis that the processes of working through mourning during adolescence has particular characteristics, specially the painful grief of the father’s death. Identification, gender identity, sexuality and Oedipus conflict’s anxiety attain an overwhelming intensity during this period of life.
This issue is both important for clinical purposes as for the methapsicological understanding of the youngster’s mind.
We expand the mind space given to temporal, indemnificatory and symbolization processes and we explore its impacts on their upcoming adult life.
Keywords: Adolescence; Father’s death; Mourning process; Identification.
Este artigo tem origem na minha experiência clínica com crianças, adolescentes e jovens adultos que tiveram a infelicidade de perder algum dos seus progenitores precocemente.Especificamente trataremos aqui da elaboração do luto referente à morte do pai na adolescência.
A dor e o sofrimento psíquicos inerentes a estas perdas são incomensuráveis. Constatei que as modalidades de experimentá-lo e elaborá-lo na adolescência possuem certa especificidade. Considero de suma importância abordar os fundamentos desta especificidade pelo esclarecimento que possa trazer em torno da tarefa clínica com estes analisandos e pelo enriquecimento da nossa compreensão metapsicológica da constituição de certos aspectos do psiquismo adolescente e seu impacto na vida adulta.
Apresentação da questão: adolescência e luto
Nos últimos anos, na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo - SBPSP, vários colegas têm escrito sobre a especificidade do trabalho analítico com adolescentes: Levisky (1995), Fontes (2001), Casseb (2002), Orsini (2002), Vanucchi (2004), Favilli (2005), entre outros. Abordam o agir que pode colocar em risco a própria vida ou sua contrapartida, o retraimento melancólico, paradoxos em relação ao manejo da temporalidade: aceleração maníaca versus movimentos que visam uma dilatação do tempo da infância, um desejo de brecar a passagem do tempo como defesa frente às transformações corporais. Também se destacam as reflexões sobre as identificações sexuais, a bissexualidade psíquica e as questões de gênero. Estará em jogo, para o analista, um manejo clínico que contemple as singularidades deste momento de vida e que, ao mesmo tempo, mantenha uma escuta analítica voltada para os conflitos psíquicos e desenvolvimento da capacidade de simbolização.
A adolescência sempre despertou atenção e interesse testemunhado pelos clássicos e pioneiros trabalhos de P. Bloss, A. Aberastury, M. Knobel, P. Gutton, F. Dolto. Ferrari (1996) propôs uma abordagem original de temas consagrados deste período da vida. Considera a adolescência um novo momento na história da estruturação mental. Somado a isto, penso que os impactos dos novos modos de subjetivação na nossa cultura (Tanis, 2007), são conduzidos ao paroxismo na adolescência, momento de intenso impacto da cultura na subjetividade.
Ferrari (1996) considera a adolescência o tempo de um “segundo desafio” caracterizado por ser um período no qual a mente precisa: a) dar conta de um corpo pulsional em transformação, b) há uma aguda sensibilidade em relação ao mundo interior, c) enfrenta permanentes demandas do mundo exterior e d) enfrenta extrema complexidade de emoções e sentimentos para os quais o jovem ainda não desenvolveu um repertório mental que lhe permita sua gestão.
Como consequência desta configuração subjetiva o adolescente desenvolve defesas específicas para aliviar seu peso emocional. Estas modalidades defensivas não são necessariamente patológicas quando intrínsecas ao próprio período de crescimento, mas podem adquirir este caráter quando o adolescente se vê impedido de elaborar angústias e fantasias inerentes a esse momento ou por ocasião de experiências de natureza traumática.
As bases para a compreensão psicanalítica dos processos de luto, sua possível elaboração ou fracasso, foram estabelecidos por Freud (1917/1986) em “Luto e melancolia”. Sua aproximação teórica elucida não só o processo de luto, mas a natureza da identificação, assim como a origem dos processos de cisão no Eu e a formação das instâncias ideais.
Freud afirma que no caso da melancolia, a identificação narcisista dificulta o abandono dos investimentos no objeto perdido. Essa identificação narcisista teria sua origem numa escolha narcisista de objeto. Assim, assinala como corolário, que o comportamento melancólico sugere uma perda no ego. Um segundo aspecto destacado por Freud é que o conflito entre o eu e a pessoa amada (também destacará ambivalência, principalmente na neurose obsessiva) se transforma em conflito entre o eu crítico (futuro supereu) e o eu afetado pela identificação. Deste modo, atribui o rebaixamento da autoestima à culpa e a regressão a uma dimensão sádica inerente à ambivalência.
Percebemos em várias análises de adolescentes e jovens adultos que o polo narcisista- melancólico é dominante, dificultando não só a elaboração do luto pelo pai morto, mas também a possibilidade da instauração de uma estrutura egoica funcional e uma estabilidade maior das identificações, inclusive de gênero. Coincidimos a partir da nossa experiência com Ferrari (1996) quando aponta a cisão adolescente apresentando duas estruturas psíquicas de certo modo autônomas: uma alojando a onipotência e, a outra, a impotência. Isto parece ter sua origem no próprio período adolescencial no qual o aparelho psíquico encontra-se ainda em estruturação.
A ideia de um aparelho psíquico em estruturação não implica uma linearidade ou cronologia, mas um movimento de organização lógica que, como destaca Silvia Bleichmar (1993), virá ressignificar as primeiras identificações. Somado a isto, na adolescência, temos um incremento das tensões e ambivalência de natureza edípica, assim como a necessidade de um reasseguramento das identificações. Como estes elementos também são solicitados pela dinâmica psíquica envolvida no processo do luto, podemos propor a hipótese de que em certas circunstâncias as necessidades adolescentes impõem um deslocamento ao processo de luto normal como descrito por Freud. Essa vetorização na direção do polo narcísico-melancólico recorre a defesas que envolvem mecanismos de clivagem visando neutralizar sentimentos de dor e sofrimento psíquico, buscando preservar aspectos idealizados do eu e do objeto colocando desafios complexos para esses jovens e para o processo de análise.2
O objetivo deste trabalho é discutir aspectos dessa complexa dinâmica em torno do luto, que possam trazer algum esclarecimento sobre os processos psíquicos envolvidos no trabalho clínico com esses analisandos.
Relatos clínicos
Apresentarei a seguir breves narrativas clínicas (peço que sejam encaradas como relatos ficcionais), das várias que deram origem às minhas reflexões. Acredito que nesses percursos não se fazia presente apenas o que Freud chamou de trabalho por via de levare. A análise da contratransferência desempenhou uma função primordial em relação ao vazio do não constituído, do que estava para nascer, do que fora abortado pela morte, da criação de um espaço potencial para a continuidade criativa de processos identificatórios truncados pelas perdas precoces.
Como diz Favilli (2005) lidar com adolescentes implica conter um momento turbulento, de características tão específicas que tentar interpretá-lo apenas com nova forma dos conflitos infantis forjado em seus objetos parentais (primários) parece não dar conta de toda carga posta em movimento na época adolescente. Se, nestes casos, acrescentamos a esta carga além de toda a problemática e especificidade adolescente, a perda do pai e todos os sentimentos ambivalentes de dor e raiva inerentes a essa situação, percebemos que se configura um cenário altamente complexo e sujeito a inúmeras tempestades.
Podemos dizer que, se bem a interpretação tenha tido lugar em muitos momentos, assim como em toda análise, o trabalho paciente de contenção, de referência, algo que poderíamos chamar de “holding paterno” como elemento de sustentação do desamparo provocado pelas perdas, quase se impôs como recurso de manejo clínico. Transitamos por aquilo que conhecemos como função paterna, e que engloba e, ao mesmo tempo, está para além da função de agente da castração simbólica. Lugar do pai, lugar do analista, somos convocados a um exercício discriminatório que, embora claro na teoria, convoca-nos a um exercício ético constante com nossos analisandos.
Pedro
O primeiro encontro com Pedro foi difícil para ambos. Tomado por um intenso sentimento depressivo não acreditava em qualquer possibilidade de ajuda. Ele apresentava um profundo sentimento de desesperança e desilusão. Relata que está sem vontade de sair de casa e de encontrar seus amigos, ir à faculdade. Acha que sua vida acabou desde que fora invadido por fantasias homossexuais. Eu tinha visto sua mãe antes de nosso primeiro encontro; ela insistira muito em conversar e o encontro foi dominado por um sentimento de tristeza, com o relato da depressão do pai de Pedro e sua trágica morte, coincidente com a puberdade do filho. A emoção embarga sua fala.
Nos primeiro período de sua análise raramente fala do seu pai, não surgindo no discurso manifesto nem lembranças nem saudades. Relata uma infância feliz. N ão sabe o que aconteceu, mas a partir de certo momento começou a ficar mais inibido, retraído. Alguns amigos começaram a ficar mais expansivos, a crescer e ficar fortes; ele sentia-se inferior, passa a ficar menos integrado com o grupo. Admira a força física e os corpos dos amigos, queria ser como eles, solto e descontraído.
Em nenhuma oportunidade faz associação desse momento com a perda do pai, que acontece no início da sua puberdade. Pareceu-me, depois de um longo período de trabalho, que Pedro identificara-se com os aspectos depressivos do seu universo familiar e os estendia para uma desvalorização da sua autoestima e um controle obsessivo de suas ações e pensamento. Buscava avaliar permanentemente seu desempenho. Aspectos narcísicos e identificatórios teciam um clima depressivo que se perpetuava no presente das sessões.
Sempre teve habilidades artísticas. Assim, também parece que estas foram um refúgio para o ambiente depressivo que habitava e, ao mesmo tempo, pela habilidade real que possuía algo que eleva sua autoestima.
Há uma intensificação das fantasias homossexuais quando sua autoestima vê-se ameaçada, quando percebe que certos colegas se destacam, quando não obtém o sucesso esperado. Há uma forte vinculação entre os aspectos ideais, a frustração e as fantasias homossexuais. Recordo seus receios e medos quando estava em jogo assumir novas tarefas às quais era convocado. Situações novas face às quais muitos jovens ficam apreensivos, mas que o remitiam de imediato a um sentimento de insuficiência, uma desvalorização da autoestima e a sentir-se pouco homem.
A dimensão traumática da morte do pai fazia-se presente nestas manifestações, ecoava um sentimento de desamparo e de falta de recursos para enfrentar as demandas internas e externas para as quais era solicitado. Pedro afasta-se progressivamente da família paterna.Inicia-se um processo de desvalorização narcísica, um sentimento de inferioridade em relação aos outros meninos de sua idade. Enxerga os outros como viris, fortes, arrojados; em contraste, vê-se fraco e indefeso. Sua identidade de gênero vê-se comprometida
Perguntava-me o porquê da intensificação das fantasias homossexuais, sua relação com os aspectos depressivos. Pensava que Pedro confundia homossexualidade com admiração idealizada de certas características de seus colegas que ele não sentia possuir. Esta confusão entre o ser e o ter, que se intensificava em face de alguma experiência frustrante, desequilibrava seu frágil sentimento de confiança em si mesmo.
McDougall (1998) propõe a hipótese de que frente a um trauma ou uma perda desta natureza há uma tentativa de investimento num objeto externo à procura de pontos de identificação que visa bloquear um sentimento de pânico resultante de qualquer ameaça ao sentimento de identidade subjetiva. Destaca que o indivíduo poderá ser levado a buscar sua própria imagem no espelho fornecida por outro do mesmo sexo. O conto de Machado de Assis, “O espelho”, coloca em evidência a intensa relação entre aspectos narcísicos da personalidade e o lugar necessário do outro para sustentar esta imagem idealizada de si. A ausência deste outro cria um vazio que leva a uma desorganização desta precária estruturação do eu, ver Tanis (2005). Em face deste desmantelamento das representações do eu, desencadeadas por certa solidão, surgem alterações dos estados de consciência, desorganização espaço-temporal, vivências alucinatórias.
A necessidade real ou imaginária do pai na adolescência coloca o jovem enlutado perante uma ausência que visa mitigar através de identificações narcísico-homossexuais ou, como veremos, uma exacerbação idealizada quase delirante de suas habilidades criativas. O lugar do analista diante desta problemática é crucial. Foi importante conversar com Pedro a partir de suas tímidas demandas sobre coisas “de menino e de homem”, um universo ao qual receava não pertencer. Mas para ele não surgia qualquer outro universo possível (algum tipo de identificação de gênero feminino, por exemplo); a única alternativa era o sentimento depressivo de insuficiência.
Após alguns anos de análise Pedro começa a namorar. Esse relacionamento, de vários meses e que o deixa muito feliz, é rompido pela namorada. Percebe-se, ao longo do processo de elaboração do fim do namoro, que prevalece a preocupação com aspectos narcísicos; mais do que uma preocupação com a perda da namorada, está em jogo não suportar que ela possa namorar ou preferir outros rapazes, isto indicava de forma conclusiva, para ele, sua insuficiência. Há um entrelaçamento entre os aspectos depressivos ligados ao seu sentimento de menos-valia e o mergulho depressivo após essa separação. Surge também um novo movimento. Embora pouco tivesse falado do assunto, procura familiares paternos, parece reconstruir o caminho de sua filiação. O caminho de refazer, recriar, reinvestir o pai e sua história por meio de conversas, objetos e memórias.
Assistimos o movimento de Pedro no caminho de reconstruir uma filiação para nela se inscrever. Processo que parece ter-se interrompido e congelado com a morte do pai. Este movimento de abertura é pleno de consequências. Pode reconhecer e tomar contato com o sentimento de tristeza pela perda, imaginar o que seria ter o pai por perto, o que gostaria de compartilhar com ele. Parte das identificações que tamponavam o pensamento cedem espaço para uma apropriação de sua história. Os modos alucinatórios de defesa frente à perda, que o levavam a “ter que ser o tal” ou senão cair numa desesperança melancólica, transformam-se na direção de um maior reconhecimento das reais potencialidades, nada desprezíveis, pois se trata de um jovem muito criativo e talentoso.
Jorge
Novamente é uma mãe preocupada que me telefona. Retorno o telefonema; trata-se de uma mulher muito ansiosa ao telefone e preocupada com seu filho. Você precisa me ajudar, diz, e sua voz transmite preocupação. Meu filho - sabe - acho que está bebendo, fumando maconha, meu marido faleceu quando ele estava no início da adolescência, acho que tem a ver com isso. Vejo Jorge, um rapaz simpático, apresenta-se bastante seguro e autoconfiante. Para ele sua mãe exagera, ela fica preocupada com todos nós. Parece que para ela tudo que acontece na minha vida e na dos meus irmãos tem a ver com o fato de que meu pai morreu. Tive a impressão de que Jorge precisava de um espaço que o ajudasse a fazer frente à ansiedade da mãe para talvez, em algum momento, ser capaz de elaborar, no seu tempo e ritmo, uma ausência tamponada pelas próprias defesas e pelo excesso de zelo dos outros.
Jorge é um jovem com muitos amigos, namorada, gosta de esportes até alguns bastante arriscados. Ele é bastante sério, parece medir o seu envolvimento afetivo. Muito racional no modo de falar, parece que está segurando, prendendo seus afetos. Parece funcionar no mundo como um jovem executivo administrando sua vida como se fosse uma empresa. Nos primeiros anos de faculdade experimenta uma pressão interna por obter destaque, chamar atenção dos seus chefes nos estágios. Busca uma espécie de parceria com eles como se fossem seus pares. Penso que esta excessiva pressão tem origem nas dificuldades em elaborar a morte do seu pai, na necessidade imperiosa de se tornar adulto; ainda mais, diria que ele acredita que já é adulto. Esse modelo de funcionamento provoca intensa ansiedade, perde muitas vezes o sono, fica impaciente, busca às vezes na bebida, nas festas e nos esportes radicais um modo de aliviar a pressão que ciclicamente é retomada na segunda-feira.
O recurso a defesas de cisão e fantasias delirantes são formas às quais o adolescente pode recorrer para minimizar um sentimento de impotência e de ausência de controle frente à realidade. O pai de Jorge morreu como consequência de uma doença incontrolável.
A manutenção do desempenho no cotidiano sem deixar-se invadir pelos afetos é uma forma de tentar governar o ingovernável, à medida que a fantasia de ser tomado pelos sentimentos e emoções é vivida como desastrosa. Por outro lado, isto gera uma pressão muito intensa face aos objetivos que coloca para si.
As referências ao pai são indiretas (embora sempre elogiosas quando surgem) e há um receio muito grande de admitir a falta que pode sentir ou dor pela perda. Vive capturado no sonho de um self made man. No entanto, valoriza muito o espaço da análise, conta comigo como um dos seus interlocutores privilegiados. É um espaço no qual pode revelar suas ansiedades e medos, algo assim como os bastidores. Às vezes parecia que me percebia como um personal coach, personagem que começa a estar na moda no mundo corporativo.
Ao longo de nosso trabalho pude perceber uma corrente transferencial que buscava descobrir, por meio do contato analítico, o que poderia ser algo do sentir masculino. Se as mulheres mergulham na ansiedade e medos e os homens se defendem dos seus afetos, Jorge não sabia como sair dessa polaridade caricata. Como poder sentir sem de desfazer, sem desmoronar? Os filmes e a literatura foram objetos mediadores sobre os quais falava para externalizar emoções e situações conflitivas. Parecia-me que era algo que compartilhava apenas na análise. Gostava de me contar o que tinha assistido ou lido, comentar e assim exercitar-se não apenas nos esportes radicais ou no mundo dos negócios, mas no universo dos conflitos humanos.
À medida que se sente menos ameaçado pelo mundo das emoções, situações reais, com namorada, amigos, familiares e colegas de trabalho passam a ser cenas que permitem uma aproximação e questionamento de seu universo de ideais bastante rígidos e exigentes, geradores de extrema ansiedade e pressão.
Após vários anos de análise, por ocasião da morte de uma pessoa idosa relativamente próxima, relata um sonho no qual aparece uma cena nunca antes mencionada e que, como depois constatamos, tinha sido excluída da consciência. Seu pai internado no hospital, já muito doente. Familiares e amigos da família presentes. Ecoa a frase na sua cabeça: “Não há mais nada a fazer”. O potencial evocativo desse sonho é surpreendente, assim como os anos que tinham se passado até Jorge poder falar dos sentimentos envolvidos por ocasião da morte do pai. A sequência da análise nos permite falar do guerreiro que ele tem sido nos últimos anos, no papel que certas pessoas ocuparam na sua vida, assim como discretamente algo do lugar que a análise ocupou. Construção, reconstrução de uma história porosa o suficiente para não saturá-la de significados. Fui parceiro presente, e ao mesmo tempo silencioso na maioria das vezes, mas muito envolvido a partir de meu silêncio, o que talvez tenha permitido que este vir a ser não tivesse sido ofuscado por uma presença invasiva.
Jorge já está formado, trabalhando, numa situação mais estável. Namorando há vários anos, consciente de sua ansiedade e suas urgências, embora seja um jovem ambicioso, seu modo de estar no mundo é hoje menos cindido.
Algumas considerações teóricas
Trataremos brevemente de certos temas relacionados com as narrativas clínicas apresentadas, com o objetivo de circunscrever um campo conceitual no qual certas temáticas podem ser pensadas. Destaco apenas três campos, embora outros também pudessem ser abordados: a) temporalidade psíquica, b) a continuidade da elaboração dos desejos edípicos na adolescência e certos aspectos ligados à identificação, identidade de gênero e, como corolário, os tempos de constituição das instâncias ideais, c) a atividade de simbolização e pensamento.
Temporalidade psíquica e história
Embora ao analisar determinados mecanismos psíquicos nos situemos no aqui-eagora transferencial, analisando o funcionamento mental e os recursos psíquicos do nosso analisando numa dimensão sincrônica, opera concomitantemente uma dimensão diacrônica, histórica, que se faz presente. N ão apenas como atualização ou rememoração, mas temporalidade que se faz ouvir nas condições de estruturação do aparelho psíquico e das identificações e que irá determinar as possibilidades e formas de tramitar acontecimentos, fantasias, desejos e angústias.
A concepção freudiana da temporalidade psíquica apresenta-se mais complexa que apenas um desenvolvimento linear. Sua elucidação metapsicológica oferece uma chave para a compreensão de certos processos da nossa clínica. Embora o inconsciente seja caracterizado pela atemporalidade, a constituição do psíquico e suas instâncias obedecem a processos que ocorrem no tempo.
Em Tanis (1995) constatamos que o papel do objeto ganhava cada vez mais relevância na apreensão transferencial de uma memória que, superando o clássico modelo: percepção - registro - evocação, se estende num amplo espectro que vai do evocável ao irrepresentável, como bem caracterizou Green. Esta complexidade da memória implica uma complexidade correlata da dimensão temporal do psiquismo, seja na sua constituição, seja no processo analítico.
Freud propõe não apenas um aparelho psíquico tópica e dinamicamente heterogêneo, mas também, valendo-me de uma expressão de André Green, uma heterocronia do psíquico. Assim, se em A interpretação dos sonhos, nos fala do processo primário, da busca de uma descarga psíquica, por outro lado o secundário instaura a possibilidade de estabelecer uma ligação e um adiamento, uma espera. Como assinala Green, o primeiro sentido expressa a consequência do insuportável, o segundo aquilo que deve ser tolerado. Será então, como postulado pela psicanálise contemporânea (Winnicott, Bion e outros), o objeto que possibilitará ou não, pela qualidade de sua presença, a transformação da situação insuportável, permitindo a emergência do secundário e a elaboração. Aqui, o lugar do analista é crítico, sua presença real incontestável como assinalam Marucco et al. (1995).
Acredito que estes elementos oferecem uma sustentação metapsicológica para as hipóteses clínicas apresentadas sobre a elaboração do luto na adolescência. Dada a urgência das demandas às quais o adolescente é submetido, ele procura, no tempo curto (Green) onírico-alucinatório, fazer face às pressões de ordem pulsional e externas. O trabalho do luto pela morte do pai demandava nesses jovens um tempo longo, inerente ao recolhimento dos investimentos objetais e percepção da ausência, um árduo percurso de ressignificação das identificações. Ainda mais que estas identificações encontravam-se em processo de constituição.
Para André Green (ancorado nas concepções de Freud e Winnicott), o par pulsãoobjeto está no fundamento da concepção psicanalítica do tempo. A resposta do objeto, constata Green, forma parte da organização psíquica. “Neste sentido o par pulsão-objeto já não se apresenta como par, mas como substrato fundamental único do qual nasceram sucessivamente o Eu e os demais produtos da estruturação psíquica” Green (2001, p. 154). Nos exemplos citados, a instauração de uma temporalidade que emancipasse os analisandos de uma captura (sombra do objeto) que pudesse dar conta das perda, dependia da possibilidade de lidar, no contexto das sessões, com este par pulsão-objeto no qual o campo da representação podia ganhar terreno no ritmo tolerado pela dupla, respeitando a necessidade do agir adolescente.
Esta brevíssima incursão pela temporalidade, focando apenas a perspectiva do objeto, nos oferece dois elementos preciosos para a compreensão de algumas modalidades defensivas para lidar com o luto na adolescência: a criação de um objeto fetiche como representante da não separação e um funcionamento psíquico num regime alucinatório.
Adolescência e instâncias ideais
Diz Kristeva (1994) que: “quaisquer que sejam as variantes da identificação, o termo genérico identificação supõe a tendência própria ao ser falante de assimilar simbólica e realmente outra entidade separada dele” (p. 48). O sepultamento do complexo de Édipo, nos termos formulados por Freud, envolve uma transformação nos destinos da sexualidade infantil e no lugar dos objetos aos quais ela se destinava. Este processo sempre imperfeito encontra na adolescência novas possibilidades de concretização por meio da busca exogâmica e não incestuosa do objeto sexual. Vale dizer que, embora as instâncias ideais, supereu e ideal do eu iniciem sua construção na tramitação edípica infantil, o seu processo de estruturação, os destinos das identificações continuam ao longo da adolescência, colocando restrições à tirania do eu ideal e a um exercício pulsional sem mediação.
Consideramos, em consonância com a maioria dos autores, que a pré-adolescência e a adolescência são um período de insegurança ontológica, de intensa turbulência emocional e desarmonia psíquica, à medida que as identificações e os lugares estabelecidos na infância se vêm sob constante ameaça, seja pelas transformações corporais, seja pelo confronto em torno dos lugares na família. O indissociável entrelaçamento entre luto e identificação, iniciado desde a cesura do nascimento terá continuidade e efeitos na constituição do aparelho psíquico, a partir do trânsito pela vivência adolescente.
A adolescência atualiza a temática da bissexualidade psíquica, levando o adolescente muitas vezes ao exercício de uma bissexualidade concreta ou, em outros casos, a uma inibição da sexualidade, polos extremos que testemunham a angústia frente à renúncia edípica e uma espécie de suspensão em face de um estado confusional decorrente de fantasias inconscientes, cuja elaboração poderá conduzir ao estabelecimento de uma identificação sexual mais estável.
Foi o trabalho com Pedro que me estimulou a adentrar na compreensão desta complexa estrutura. Suas fantasias homossexuais exteriorizavam um alto grau de confusão em torno da natureza da potência masculina. Os rapazes fortes, atirados, extrovertidos, encarnavam na sua fantasia um pênis paterno potente; em contrapartida, sentia-se identificado com um pai depressivo que, em função de sua impotência perante os desafios que a vida lhe impusera, comete suicídio. Como tornar-se homem neste contexto? Uma equação simplista o conduzia a fantasiar e trocar o ser pelo ter. Recorro mais uma vez a uma consideração de S. Bleichmar (2006) quando assinala a importância da fantasia de penetração pelo pênis paterno como constitutiva da masculinidade. Aqui estaríamos no contexto de um tempo homossexual estruturante. N o entanto, minha impressão era de que, em Pedro, instalara-se uma confusão que, por um lado, o remetia a uma dificuldade neste tempo de estruturação edípico, por outro, bloqueara a continuidade da elaboração de suas fantasias agressivas e de rivalidade, optando por uma identificação depressiva e culposa. O consequente desvalimento narcísico fazia com que se sentisse inadequado e pouco à vontade em rodas de amigos nas quais se trocavam piadas e brincadeiras mais agressivas.
Esta crise de natureza identificatória, como observamos, pode conduzir o adolescente a estados depressivos como consequência de uma intensificação de angústias persecutórias como classicamente descrito por Klein (depressão culposa), mas também por um desequilíbrio no que Hugo Bleichmar (1997) denomina de balanço narcisista3 e que sustenta o complexo sistema das representações e ideais. Esse “balanço narcisista” estaria constituído pelo interjogo da representação do self, ambições e ideais e severidade da consciência crítica.
Este último aspecto era marcante tanto em Pedro quanto em Jorge, embora de modos diferentes. Pedro, marcado pela sensação de insuficiência, desenvolvera um supereu extremamente severo, estava permanentemente medindo sua capacidade e realizações, estabelecendo comparações, em todos os campos, com seus colegas. Jorge, por sua vez, impulsionado por defesas de caráter maníaco estava submetido a um eu ideal que exigia impiedosamente realizações para além do seu momento de vida; seu nível de aspiração excessivo gerava um estado de permanente ansiedade.
Adolescência e pensamento
Neste momento da vida os adolescentes transitam permanentemente por fronteiras arriscadas. Da atuação à passividade, da infância ao mundo adulto, da idealização à menosvalia, de uma identidade de gênero exacerbada a uma indefinição sexual. Este universo de extremos revela uma incompletude da estruturação subjetiva, uma insuficiência do mental, um prevalecer da experiência como fonte primordial e necessária de aprendizagem.
Coincidimos com Favilli (2005) quando assinala que a mente adolescente vai estar diante do fato de ter que elaborar estas vivências agudas sem ter, ainda, uma função de pensamento capaz de resolver, simbolicamente, as equações vitais (passagem para o adulto); postula-se que, para o adolescente, o saber e o conhecer vão passar, necessariamente, pela experiência do fazer.
O lugar do analista de adolescentes como suporte e referência estável para o movimento necessário do adolescente é crucial. Os processos de simbolização e, no caso, elaboração das perdas, serão lenta e gradualmente estabelecidos; no entanto, uma atenção fina é demandada na discriminação daquilo que possa possuir um caráter de atuação defensiva frente a aspectos insuportáveis inerentes à perda da dimensão performativa anteriormente citada.
Guignard (1997) considera impossível abordar os remanejamentos identificatórios na adolescência, sem se ocupar do seu suporte e ancoragem nos processos de simbolização implicados na imagem do corpo, na organização relacional identificatória, na relação de incerteza e na tentação regressiva e no papel econômico das atuações e somatizações. Também para Jean Piaget as dimensões mais abstratas do pensamento, somente são alcançadas a partir da adolescência.
Isto reforça a ideia de que, face às perdas precoces anteriores à instauração de uma dimensão simbólica plena do psiquismo, o adolescente solicitará o analista na sua condição de objeto real, como objeto substituto do objeto perdido. Desde os primeiros trabalhos sobre técnica analítica somos alertados por Freud em relação a este fenômeno e sabemos da ênfase na abstinência como condição necessária para operar no campo transferencial e resgatar, pela dimensão metafórica da linguagem, a possibilidade de circulação dos afetos. Sabemos da importância de uma ambiguidade em relação à temporalidade que, como bem nos lembra Fédida (1988), “o que chamamos de não resposta, é precisamente a recusa de dar o atual como resposta ao inatual” (p. 49). N o entanto, esta situação é paradoxal para o analista e não difere de muitas outras com as quais ele se defronta no exercício da sua clínica nos dias de hoje, a clínica do vazio e do irrepresentável, assim como a do traumático, tem sido amplamente tratada.
Assim se interroga Marucco (2005): “O que acontece quando a patologia não depende de uma história perdida nos tempos da amnésia infantil? Eis aqui um paradoxo que convém enfatizar. Quando essa história não existe, quando não há palavras que possam contá-la, é condição fundamental a instalação de um processo analítico capaz de construir ‘história’” (p. 66).
Penso que nestes casos de luto temos uma dupla condição: uma história que pode ser contada, algo que foi vivido e investido, um processo identificatório em andamento que imprimiu suas marcas, mas ao mesmo tempo uma história não vivida, um processo de simbolização e um psiquismo em estruturação. Neste sentido considero que a história destas análises ocupa um lugar singular. São aspectos simbolizantes de uma trama psíquica aberta, de um tecido inacabado que o analisando tece com ajuda do analista.
Considerações finais
Optei, neste trabalho, por acompanhar as dificuldades na elaboração do luto na adolescência em função das particularidades nesse momento da vida. O foco clínico enfatizou as condições que o analista pode oferecer em termos de continência, estabilidade, paciência e permanente análise da sua contratransferência para seguir e acompanhar o ritmo possível de aproximação com os conflitos e ambivalência em relação ao objeto perdido. A partir de uma perspectiva teórica, a temporalidade, a simbolização e os processos identificatórios foram os temas privilegiados.
Este trabalho representa uma tentativa inicial de tornar públicas minhas ideias neste campo delicado, e espero retornar ao assunto com maiores aprofundamentos.
Referências
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Endereço para correspondência
Bernardo Tanis
[Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP]
Rua Capote Valente 432, conj. 142
05409-001 São Paulo, SP
Tel: 11 3062-185
E-mail: tanis@uol.com.br
Recebido em 24.10.2008
Aceito em 13.5.2009
1 Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP. Doutor em Psicologia Clínica PUC-SP.
2 Por ocasião da redação deste trabalho depara-nos com o texto de Urribari (1991), que aborda questões bastante próximas às discutidas aqui.
3 Hugo Bleichmar (1997, p. 243) desenvolve um modelo inspirado em O Ego e o Id, de Freud (1923), no qual indica as variantes que intervém no decréscimo da autoestima.