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Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641Xversão On-line ISSN 2175-3601
Resumo
MATTOS, José Américo Junqueira de e BRAGA, João Carlos. Consciência moral primitiva: um vislumbre da mente primordial. Rev. bras. psicanál [online]. 2009, vol.43, n.3, pp.141-158. ISSN 0486-641X.
Estudando mais de uma centena de supervisões dadas por Bion no Brasil, um dos presentes autores (JAJM) identificou referências, nas supervisões de 1978, a uma configuração psíquica, coloquialmente nomeada por Bion de consciência moral primitiva (primitive conscience). Em um rastreamento, foi possível identificar esta ideia também em outros artigos e seminários dessa época, como parte do modelo de mente utilizado por Bion em seus últimos anos de vida (1976-1979). São ideias sobre uma mente primordial, desenvolvida antes do nascimento, que parece se manter inalterada e ativa após este. Com esta hipótese sobre os primórdios do psíquico, Bion chama a atenção para registros associados a órgãos atuantes precocemente no funcionamento somático (tálamo e adrenais), antes da disponibilidade do córtex cerebral para registros com potencialidade para representações. Neste contexto, Bion conjectura que sentimentos de culpa muito primitivos, capazes de desencadear sanções cruéis, a ponto de serem mortais, apontariam a existência de uma moralidade primordial, que se manifesta impondo proibições, sem considerar a experiência para indicar escolhas. Desta maneira, impede experiências emocionais potencialmente criativas. Termos como terror sem nome e medo subtalâmico foram utilizados tentativamente por Bion, em outros momentos, para aproximar esta condição.
Palavras-chave : Consciência; Superego; Superego arcaico; Mente primordial; Bion.