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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.44 no.4 São Paulo  2010

 

ARTIGOS

 

Literacura? Psicanálise como forma literária1

 

"Literacura"? Psicoanálisis como forma literaria

 

"Literacure"? Psychoanalysis as literary form

 

 

Fernanda Sofio2

Endereço para Correspondência

 

 


RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade reunir alguns achados interpretativos que vêm sendo trabalhados na direção da composição de minha tese de doutoramento, em particular referente às ideias de ficção literária e cura psicanalítica. Para tal, o termo "literacura" foi tomado emprestado de Herrmann (2002, p. 112), porque considero que condensa muito precisamente o núcleo da tese. Trata-se da ideia de que Psicanálise, enquanto método psicanalítico, cujo reino análogo é a literatura de ficção, pode ser tomada como forma literária.

Palavras-chave: forma literária; método psicanalítico; Teoria dos Campos; reino análogo.


RESUMEN

El presente trabajo tiene por finalidad reunir algunos hallazgos interpretativos que están siendo estudiados para la composición de mi tesis de doctorado, en particular en lo que refiere a las ideas de ficción literaria y cura psicoanalítica. En ese sentido, el termino "literacura" fue tomado prestado de Herrmann (2002: 112), porque considero que condensa de manera muy adecuada el núcleo de mi tesis. Se trata de la idea de que el Psicoanálisis, en cuanto método psicoanalítico, cuyo reino análogo es la literatura de ficción, puede ser tomado como forma literaria.

Palabras clave: forma literaria; método psicoanalítico; Teoría de los Campos; reino análogo.


ABSTRACT

The purpose of the present article is to communicate some interpretative findings that I have arrived upon, in the direction of the composition of my doctoral thesis, particularly in reference to the ideas of literary fiction and psychoanalytic cure. In such an attempt, the term "literacure"11 was borrowed from Herrmann (2002: 112), as I consider it condenses, very precisely, the main idea of my thesis: that Psychoanalysis, understood as psychoanalytic method, in having literary fiction for its analogous reign, assumes literary form.

Keywords: literary form; psychoanalytic method; Multiple Fields Theory; analogous reign.


 

 

A relação entre Literatura e Psicanálise3 é largamente discutida tanto da perspectiva literária, como da psicanalítica, conforme serão vistos alguns exemplos adiante. Sem embargo, o tema específico aqui tratado é o de pensar-se o imbricamento de ambas. Tal imbricamento permitiu ao psicanalista brasileiro Fabio Herrmann formular, e isto de maneira original, sua "teoria do análogo" (2002, p. 27, 20064 & inédito a), bem como possibilitou elaborar minha ideia de a Psicanálise constituir-se como forma literária.

O termo "literacura" (Herrmann, 2002, p. 112) foi transposto para o título desta pesquisa, porque considero que condensa muito adequadamente o núcleo da questão: nele veem-se mescladas as ideias de interpretação literária, em sentido amplo, e de cura analítica, que concerne o método da Psicanálise. Surge na psicanálise de Adão, que protagoniza o conto "A infância de Adão", e é nesse contexto que o autor introduz o neologismo. Colocar essa expressão na boca da personagem remete à livre associação, do ponto de vista psicanalítico, e ao fluxo de consciência, do literário. Não se trata de um termo explorado na obra de Herrmann, mas de uma dentre tantas construções engenhosas que compõem o léxico de Adão, resultando no que Herrmann (2007) refere por "língua adâmica". Ele explica:

a língua adâmica está ainda a ser criada, tropeça a todo momento em sua origem arcaica etimológica, equivoca-se de idioma, não se consegue fixar na denotação dicionarizada, escorregando em paronomásias, aliterações, neologismos bárbaros, e mais toda sorte de agônicas figuras de linguagem, atos falhos, citações obscuras ou equivocadas, plágios ignóbeis cometidos por antecipação e anacronismo. (p. 21)

O termo, bem como a "língua adâmica", nasce da anteriormente citada "teoria do análogo", cuja proposta é que, ao organizar seus conhecimentos ou descobertas, todo homem de ciência retira-se para um reino outro do pensar, respectivo a seu campo científico. O físico, por exemplo, teoriza a partir do reino da matemática; o cientista social ou humano, a partir do da literatura de ficção. O historiador, por exemplo, recria a história, via literatura de ficção, ao propor uma interpretação do mundo e da História e o físico usa da matemática para formular teorias em física. Segundo esse pensamento o análogo da Psicanálise é o mesmo das ciências sociais e humanas, ou seja, a literatura de ficção.

Isto é, o ponto de inflexão, a partir deste pensamento, é o do parentesco intrínseco entre literatura de ficção e Psicanálise: a literatura de ficção não está para a Psicanálise apenas como simulacro ou ilustração, conforme vêm trabalhando diversos autores que pensam esta interface. Também, mas não só. Tomando-se em consideração esta visada, tornase peculiar o papel da ficção literária no engendramento das construções teórico-clínicas psicanalíticas. A literatura de ficção passa, então, ao lugar de matéria-prima para a clínica e a teoria, sendo esse o sentido em que a Psicanálise constitui-se como forma literária.

Explanando um pouco mais, e explorando as nuances, tomemos um exemplo ilustrativo, entre tantos: a tese de doutoramento de Sampaio (2000) que, em princípio, se opõe à teoria do análogo. Escreve a autora, em referência à Gradiva de Freud:

O que se propõe é uma perspectiva pela qual a psicanálise e o psicanalista aceitem o convite que lhes é feito pelas constelações imaginárias e, deixando-se tocar pela força de fascínio da arte e das produções imaginárias, aceitem esta colaboração no trabalho de interpretação, destinado não a negar, não a varrer, mas a despetrificar a condição destas constelações. Que se aceite que a metáfora poética chega muitas vezes antes e com nobres armas, com luzes de que não dispomos, ao terreno que nós mesmos gostaríamos de explorar. Este é talvez o mais lúcido ensinamento que se poderia tirar dos encontros de Freud com as criações poéticas e artísticas. (p. 51, grifos meus)

Vê-se que o objetivo de Sampaio é tomar a literatura de ficção como instrumento da Psicanálise, a que o psicanalista não se deve negar, por estar frequentemente a serviço da interpretação. No texto "Conjugações entre Psicanálise e Literatura", Sampaio (2005) elucida um pouco mais a forma que a literatura de ficção toma na clínica psicanalítica. Aponta que, nos escritos de Freud, a literatura de ficção tem lugar de: 1. outro (quando Freud recorre a uma atitude similar ao do ficcionista narrando um caso clínico); 2. modelo (ao afirmar que seus historiais clínicos de 1893-1895, particularmente o de Fraulein Elisabeth Von R., de 1895, mais se parecem a romances do que a obras médicas descritivas); 3. objeto [ao tomar a "Gradiva" de Jensen (Freud, 1907/2003b), o "O homem da areia" de Hoffmann (Freud, 1919/2003c) e a personagem Rebeca de Ibsen (Freud, 1916/2003a) por objetos de estudo]; 4. auxiliar (ao evocar obras literárias, como quando, ao longo da obra, refere Goethe ou Dante para falar de um caso clínico); e 5. rival (quando a literatura parece falar mais da natureza humana do que a própria Psicanálise) (p. 166-171).

Não é o que propõe a teoria do análogo. Para esta, a interpretação psicanalítica, construída com e para o paciente, nasce sempre e exclusivamente, como se viu, da literatura de ficção. Vale enfatizar que a literatura de ficção toma, no pensamento de Herrmann, o lugar de matéria-prima da Psicanálise. A teoria do análogo rompe o campo da relação conhecida entre Literatura e Psicanálise, constituindo, nesse sentido, um divisor de águas.

No entanto, é importante revisitar, mais cuidadosamente, o trabalho de Sampaio. Ela especifica claramente qual a função da Literatura na Psicanálise, desde o seu ponto de vista, o qual contraria a teoria do análogo. No entanto, não parece forçado argumentar que seu trabalho analítico ultrapassa o pensamento que ela propõe em favor dessa teoria. Pode-se demonstrar em seu texto que não só a literatura aparece como um auxiliar da Psicanálise, como o trabalho analítico brota de forma literária. Ora, Sampaio inicia a tese dizendo: "Em minha família de origem, somos todos grandes ou pequenos contadores de estórias" (2005, p. 1). Pois bem, não é a obra literária consagrada que se presta como auxiliar da Psicanálise, mas é a psicanalista quem produz interpretação psicanalítica pela via da literatura de ficção. De que serviria evocar Guimarães Rosa numa sessão, como o faz a autora, se ela não estivesse colada ao material clínico e à construção interpretativa? É a construção interpretativa que tem valor numa psicanálise, na relação com o paciente, não a obra literária em si. Mesmo quando a obra literária é o paciente a ser tratado, como é o caso da Gradiva de Jensen tomada por Freud, o que tem relevância é o tratamento dado à obra, o tratamento dado àquele paciente.5 É o invocar do paralelo, não o paralelo evocado, portanto. E isto, construir interpretação, Sampaio faz magistralmente. Parece-me que o trabalho interpretativo de Sampaio ultrapassa sua teorização a respeito, falando em favor da teoria do análogo, não o contrário, e corroborando a minha ideia de que as construções teóricas ou clínicas em Psicanálise constituem-se como forma literária.

Pode-se considerar, inclusive, que a proposta de Herrmann (2002, p. 27, 2006 & inédito a) traz alguma luz ao questionamento freudiano de 1907, quando ele indaga: "Como chegou o poeta ao mesmo saber que o médico ... ?"6 (p. 46). Se o fazer de um e de outro usa da interpretação, isto é, não tomam a verdade como fato, a pergunta deixa de causar espanto. Nem é retórica a pergunta de Freud, porque tem como suposto que ambos chegam ao conhecimento pela interpretação, isto é, pela trilha da literatura.

O papel da literatura de ficção na Psicanálise constituiu-se, portanto, com a interpretação psicanalítica. Os historiais clínicos de Freud têm, por assim dizer, a cara de pacientes, não de teorias científicas vigentes à época, porque perseguem a interpretação, não partem dela. Como o próprio Freud relata, seus atendimentos se desenrolaram como breves novelas. Contam uma história, não defendem uma teoria. E assim caminha o método da Psicanálise, em direção à cura psíquica. Escreve Freud:

resulta-me singular que os historiais por mim escritos sejam lidos como breves novelas, e que deles esteja ausente, por assim dizer, o selo de seriedade que leva estampado o científico. Por isso tenho que me consolar dizendo que a responsável por esse resultado é a natureza do assunto, mais do que alguma predileção minha; é que o diagnóstico local e as reações elétricas não cumprem maior papel no estudo da histeria, enquanto uma exposição em profundidade dos processos anímicos como a que estamos habituados a receber do poeta me permite, mediando a aplicação de umas poucas fórmulas psicológicas, obter uma sorte de intelecção sobre o desenrolar de uma histeria. (Freud, 1895/2003, p. 174)

Ou seja, Freud construiu teorias, sim. Muitas vezes as reencontrou em seus pacientes, também. Mas, quando não as encontrou, como no caso Schreber, não se "acanhou", foi fiel ao método da Psicanálise, e construiu uma teoria nova, pela via da interpretação, habitando o reino análogo da literatura de ficção. Isto demonstra que, no seu trabalho clínico, o método analítico é logicamente anterior à teoria formulada, que a investigação da psique antecede logicamente a hipótese interpretativa (Herrmann, L., 2007, p. 376).

Vendo que, em Schreber, a teoria construída para o histérico não se sustentava, fezse necessário para Freud criar algo novo. Assim, é possível dizer que a experiência freudiana demonstra, já no nascimento da Psicanálise, o casamento inseparável da literatura de ficção com método psicanalítico.

Em "Ficção freudiana" (2002), Herrmann constata que Freud, que escrevia o tempo todo, desenvolveu um "pensamento por escrito, próprio da literatura" (p. 12). Esse pensamento por escrito encontra-se tanto na obra escrita freudiana como há de haver-se encontrado em sua clínica, argumenta Herrmann, pois: "seria impossível para Freud trabalhar de uma maneira e escrever de outra ... . Freud devia tratar seus pacientes como escrevia, como literato" (p. 13). O de Freud, bem como o de Herrmann, é um pensamento que, ao perseguir a interpretação, é interpretativo. O caminho é interpretativo e, nesse sentido, é literário. Freud cria a ciência, a psique, já instalando o que Herrmann considera seu reino análogo. Ao mesmo tempo que inventa, é tomado pelo método psicanalítico, tornando clínica e teoria indistinguíveis em sua escrita, em contraposição ao modelo médico.7

Nessa linha de pensamento, vale ressaltar que desde os primórdios das reflexões sobre ficção literária, bem como em Psicanálise, é na verossimilhança, e não no fato, que a verdade tem lugar. Já em aproximadamente 330 a.C., Aristóteles (citado por Fergusson, 1961) defende em sua Poética que a obra literária cria um mundo ao lado do mundo, visto que o mundo da obra é regido pelas leis que o organizam e não, por exemplo, pelas do leitor. Obra literária e Psicanálise não vão à caça da verdade factual, mas dela se aproximam pelo que se denomina verossimilhança. O analista narra a história de seu paciente, como o faz o literato, interpretando a realidade do paciente e do processo analítico, expressas como verossimilhança.

Por outro lado, tem-se debatido entre acadêmicos e críticos literários se a Poética de Artisóteles oferece elementos para defender-se uma superioridade da ficção em relação à História. Isso porque História, o factual, diz respeito ao particular, àquilo que ocorre em espaço e tempo determinados, enquanto ficção, ao geral, no sentido do que poderia ter acontecido, a potência de realidades múltiplas. Para a ficção interessa, nessa perspectiva, o plausível, mesmo que não seja crível. Ao sustentar-se "estruturalmente", conforme Cândido (1957/2009), um argumento, uma trama, tornam-se plausíveis. Na crítica literária contemporânea, a obra literária sustenta-se por sua estrutura estética, o que altera a importância da verossimilhança.8

A verdade da obra está, nesse sentido, atrelada à sua estrutura, perspectiva que pode ser pensada paralelamente à de "verdade dos possíveis", proposta por Herrmann para a Psicanálise. Ele escreve (inédito b), em relação à verdade dos possíveis: "Este é o caminho da cura analítica, a ruptura de cada campo aprisionador da experiência de ser". A Teoria dos Campos não concebe a verdade psíquica como um fato inconsciente, ou uma representação inconsciente substancializada, mas como as possíveis representações, a que o paciente só pode vir a ter acesso pelo processo interpretativo de ruptura de campo, e é este vir a ser do paciente que carrega, também, uma dimensão de cura.

Explorando esta sua interpretação, Herrmann (2007) levanta uma questão: ser possível tomar Freud como literato significa que é verdade? Responde com um peremptório "não", e explica: "... teríamos de nos deparar com o mesmo gênero de objeção que se faz ... ao autor que decide ver em Freud um filósofo dialético, quando decidimos, nós mesmos, a nele ver um ficcionista, tanto nos casos, quanto nas teorias. Vale (...) a objeção: será verdade? Não, não é verdade, lá como cá ..." (p. 17). A natureza do argumento em Psicanálise é, sempre, interpretativa e, portanto, verossímil, nunca factual.

Ora, defendida a teoria do análogo e as semelhanças entre a forma interpretativa psicanalítica e literária, é cabível que surja a questão: Qual é, então, a diferença entre literatura de ficção e Psicanálise?

A diferença está, conforme acima destacado, no comprometimento da Psicanálise com o método psicanalítico, ou seja, com a cura psíquica. Embora autores como Adélia Bezerra de Meneses (2005) demonstrem que pode haver função terapêutica na literatura de ficção, a literatura de ficção não necessariamente tem como objeto a cura psíquica.9

Ela tende a ser avaliada por seu valor estético, conforme anteriormente referido, a partir de Antônio Cândido (1957/2009). Já a cura psíquica é sempre o objetivo último de uma psicanálise.

Exemplifiquemos retomando a tese de Sampaio (2000). Ela se apropria do método da Psicanálise ao curar psicanaliticamente seus pacientes, no sentido de cuidar de seu desejo, para que eles mesmos possam, futuramente, cuidar de si e de seu desejo. O método psicanalítico age claramente nos pacientes Aquiles e Maianne, citados na tese, sinalizando- se uma transformação. Para isto, o método assume forma literária. Pela interpretação, Augusto Matraga, personagem de Guimarães Rosa, transforma-se em Aquiles, paciente de Sampaio, e Aquiles em Matraga. A forma estética da produção psicanalítica, portanto, é ficcional literária, permitindo que se caminhe em direção à cura psíquica do paciente, independente do recurso à literatura que faz, ou não, a analista.

Vale outra consideração: a Psicanálise opõe-se ao modelo médico. Ela não age sobre o sintoma, mas sim por dentro do desejo e, portanto, transformando a história do paciente. Em certo contexto, perguntado sobre o que a terapia faz que a medicação não faz, Herrmann (2000) argumenta: "a psicanálise cura". A medicação sara (opera sobre o sintoma) e, ele explica, a Psicanálise cura. Segue-se um longo detalhamento das diferentes implicações de sarar (livrar-se dos sintomas) e curar (transformar o destino do paciente). Nesse sentido, em suas palavras: "o que sara sem curar, volta pior..."10 (p. 426). Isso porque quando não há cura, ou seja, quando o paciente não cuida da psique, reinterpretando seu desejo e transformando seu destino, ele repete, persiste no comportamento, garantindo sua forma psíquica atual. Já o caminho da cura implica interpretação psicanalítica, no seu parentesco com a literatura de ficção. Esta é a força do método psicanalítico, embebido de literatura de ficção.

Psicanálise: o casamento da literatura de ficção com a cura analítica, por e na interpretação. Sua forma, tanto clínica como escrita, é literária. Daí nosso enunciado neste artigo a partir do projeto de pesquisa em andamento: Psicanálise, uma literacura.

 

Referências

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Endereço para correspondência

Fernanda Sofio
[Universidade de São Paulo USP]
R. Alcides Ricardini Neves, 12/1015
04575-050 São Paulo, SP
e-mail: fernanda.sofio@usp.br

 

[Recebido em 26.3.2010, aceito em 28.5.2010]

 

 

1 Variações deste artigo foram apresentadas no VI Encontro Psicanalítico da Teoria dos Campos e no XXXVIII Congresso da Federação Psicanalítica da América Latina, ambos em 2010. O projeto de pesquisa conta com apoio FAPESP.
2 Doutoranda em psicologia social pela Universidade de São Paulo e mestre em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP.
3 Ao longo deste artigo seguir-se-á o modelo de Herrmann no que concerne a palavra "Psicanálise". Ela aparecerá com P maiúsculo quando referir a disciplina psicanalítica, a ciência ou o campo de pesquisa e com p minúsculo quando tratar-se de um processo interpretativo específico, no sentido de uma psicanálise em particular, ou na forma do adjetivo "psicanalítico". Quando aparecer em citações de autores, no entanto, deverão ser respeitadas as escolhas de cada escritor.
4 Publicações de 2006 em diante são póstumas.
5 Aqui há uma aproximação a um campo de pesquisa caro a João Frayze-Pereira (2004). Trata-se do que ele considera "o paciente como obra de arte".
6 As traduções do espanhol foram livremente feitas.
7 No modelo médico, aplica-se o método científico clássico. Em Psicanálise, chega-se a uma interpretação pelo caminho interpretativo, literário, em direção à cura psíquica.
8 Houve colaboração oral de Prof. livre-docente Jaime Ginzburg (DLCV-FFLCH-USP) para esta argumentação.
9 Considera-se o termo "psique" no sentido da Teoria dos Campos, abarcando tanto psique individual, como social. Vale ressaltar o uso da palavra "necessariamente" nessa frase. Adélia Bezerra de Meneses (2005), por exemplo, oferece, nesse sentido, um contraponto, visto que ela demonstra o caminho em direção à cura psíquica que é trilhado em alguma literatura de ficção.
10 Nesse artigo, Herrmann refere três acepções de cura: cuidar de, cuidar-se (como no bem vestir-se) e chegar a um ponto de maturação, como a cura do queijo.
11 Freely translated from Portuguese.