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Revista Brasileira de Psicanálise

versão impressa ISSN 0486-641X

Rev. bras. psicanál vol.47 no.2 São Paulo abr./jun. 2013

 

ARTIGOS TEMÁTICOS: O PENSAMENTO CLÍNICO E O CONTEMPORÂNEO

 

O pensamento clínico contemporâneo. Algumas ideias de René Roussillon1

 

Contemporary clinical thought. Some of René Roussillon's ideas

 

El pensamiento clínico contemporáneo. Algunas ideas de René Roussillon

 

 

Marion Minerbo

Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP

Correspondência

 

 


RESUMO

A autora apresenta algumas ideias de René Roussillon sobre o pensamento clínico contemporâneo. Partindo de duas sessões consecutivas de uma análise, deixa que o próprio caso "convoque" a teoria necessária para sua compreensão. O caso clínico permite acompanhar duas faces do "negativo da própria história emocional em ato", que deverão ser subjetivadas no/pelo processo analítico: o Isso e o Supereu severo e cruel.

Palavras-chave: René Roussillon; compulsão à simbolização; negativo em ato; retorno do clivado; função reflexiva do objeto.


ABSTRACT

The author presents some of René Roussillon's ideas on contemporary clinical thought. Taking two consecutive sessions of an analysis as a starting point, she allows the case to "call upon" the theoretic elements needed for its comprehension. The clinical case allows us to understand two faces of the "negative of one's emotional history in action" which must be subjectified through the analytic process: the Id and the severe and cruel Superego.

Keywords: René Roussillon; compulsion to symbolization; the negative in action; the return of the split; reflective function of the object.


RESUMEN

En este trabajo son expuestas algunas ideas de René Roussillon sobre el pensamiento clínico contemporáneo. Basándose en dos sesiones consecutivas de un análisis, deja que el propio caso "convoque" la teoría necesaria para su comprensión. El caso clínico permite que se vean dos caras del "negativo de la propia historia emocional en acto", que deberán ser subjetivados en/por el proceso analítico: el Que y el Súper yo severo y cruel.

Palabras-clave: René Roussillon; compulsion a la simbolización; negativo en acto; retorno de la escisión; función reflexiva del objeto.


 

 

1. Introdução

A Revista Brasileira de Psicanálise nos convida a pensar sobre o lugar do analista hoje, e sobre o pensamento clínico contemporâneo. Como ponto de partida, menciona a "virada de 1920" - a introdução do conceito de pulsão de morte e as consequências teóricas e clínicas da segunda concepção do aparelho psíquico proposta por Freud. A carta-convite explicita também a contribuição de André Green, particularmente a questão da adequação do enquadre ao atendimento analítico dos pacientes que apresentam novas formas de ser e de sofrer. Com estes elementos, a Revista abre um debate absolutamente essencial para todos nós: será que certos pacientes nao sao analisáveis, ou serão as condiçoes que as vezes oferecemos inadequadas, ou não suportáveis, para suas configurações subjetivas?". Contemporâneo de Green, e igualmente autor de uma obra caudalosa e significativa sobre o tema proposto pela RBP, René Roussillon (RR) começa a se tornar mais conhecido entre nós, embora ainda pouco traduzido para o português.

Movido por questões surgidas em seu trabalho com o sofrimento ligado aos aspectos não constituídos do Eu (sofrimento narcísico-identitário), RR propõe ao longo de sua obra uma interpretação do que ele chama "segunda metapsicologia" - o conjunto da obra de Freud depois de 1920. "Sem ser uma teoria totalitária, a metapsicologia deve poder acolher novos enunciados e articulá-los de maneira coerente" (Roussillon, 2001, p. 2). Nesse caminho, ele desenvolve uma metapsicologia da presença e da intersubjetividade, uma metapsicologia dos processos de transformação psíquica e uma metapsicologia da simbolização. Escreveu também muitos textos que abordam diretamente variados aspectos da clínica do sofrimento narcísico-identitário. Em um livro recente, organiza e sintetiza, em uma linguagem acessível, mais de trinta anos de produção nesse campo: o Manuel de pratique clinique (2012). Este livro me parece fundamental para o clínico que trabalha nos limites do analisável, dentro e fora do consultório psicanalítico.

A abrangência de sua obra torna difícil destacar em poucas páginas suas principais contribuições, até porque suas ideias constituem um todo solidário em que uma parte remete à outra: sua metapsicologia dos processos de simbolização articula uma concepção de inconsciente, de desenvolvimento psíquico, de psicopatologia e de teoria do processo analítico. Em lugar de fazer qualquer recorte a priori, o que configuraria um trabalho mais acadêmico, pareceu-me mais viável e produtivo apresentar duas sessões consecutivas de uma análise, deixando que o próprio caso "convoque" a teoria necessária, e apenas a necessária, para sua compreensão. Nesse movimento, teoria e clínica se iluminam reciprocamente.

 

Uma situação clínica2

Em análise há pouco mais de um ano, Marcia relata cenas e mais cenas nas quais sente ódio e atormenta o marido. Acha suas próprias reações descabidas e exageradas, não entende de onde vêm, não consegue se controlar. Ama e admira o marido, mas não consegue usufruir de seu casamento.

Sessão I

Conta que no fim de semana teve duas experiências muito parecidas: na primeira, ela teve uma reação normal com ele, mas na segunda teve um "piti", chegando a arremessar um prato na pia.

Primeira situação: o marido estava em Paris a trabalho. Já avisara que só chegaria segunda de manhã, pois pegaria o avião domingo à noite. Às seis horas da manhã do domingo ele a acorda com um telefonema. Diz que fez uma burrada tão grande que precisava contar para ela, única pessoa a quem poderia confessar isso. O horário do voo era à meia noite e vinte do sábado, e não do domingo. A companhia não ia pagar nova passagem, ele teria de comprar outra e voltar de classe econômica, além de ter que ir trabalhar logo depois de uma noite mal dormida. Ela achou graça na confusão, disse que coisas assim acontecem, bola para frente etc. Poderia ter se irritado com a burrice e com o desperdício de dinheiro, mas isso não aconteceu. Pelo contrário, quando ele chegou, segunda-feira de manhã, ela foi amorosa e sugeriu que dormisse um pouco antes de ir trabalhar.

Segunda situação: na noite da mesma segunda estão analisando o projeto de reforma do apartamento que acabaram de comprar. A casa em que moram foi assaltada, e eles resolveram se mudar. É a planta elétrica, estão verificando as tomadas e os interruptores. Percorrem todos os cômodos até que chegam à futura copa. Uma tomada está em um lugar que ele não entende bem. Ela explica que fica atrás do banco que haverá na copa. "Que banco?", ele pergunta. Ela diz que não quer levar aquela mesa e cadeiras, e que o marceneiro vai fazer uma nova com bancos. Então ele começa a berrar, como na cena que me contara na semana passada. Ela havia doado uma cômoda (sem qualquer valor particular) e ele "surtou", gritando que ela fica distribuindo as coisas deles para os outros, para ele ninguém nunca deu nada etc.

Na ocasião, pudemos pensar que o problema talvez não fosse a cômoda, e sim - nas palavras dela - um "pânico irracional de ficar pobre" Mas quando a cena se repetiu, ela foi tomada de fúria e começou a berrar ainda mais do que ele, dizendo coisas terríveis e atirando um prato na pia. "Parecia um hospício" Ela gritava: "suma da minha frente, não aguento olhar para você, você é igualzinho à sua mãe" Ela olhava para ele e não conseguia acreditar que aquele homem "desprezível e irracional" que berrava por causa de uma mesa era o mesmo com quem ia dormir naquela noite.

A - Diante das duas situações que ela me propõe, digo que na primeira o marido "segura a onda dele" (liga para dizer que fez uma burrada), mas na segunda não, e despeja tudo em cima dela. E aí é a vez dela de surtar.

A - Em algum outro momento sugiro que quando o marido surtou, ela "viu" ali outra pessoa em surto.

Como resposta, ela associa imediatamente com a sogra e com seu pai. Pergunto-lhe sobre o pai. Ela diz que "ele vivia dando piti, a casa parecia um hospício" Tentava se contrapor aos "argumentos irracionais dele, o que só piorava" Ela preferia não sair com ele a passar vergonha nos lugares.

Sessão II

Conta que teve um novo surto com o marido. Estavam jantando e conversando agradavelmente sobre vários assuntos. Em algum momento ela diz que as caçambas já haviam sido retiradas, e que o marceneiro tinha enviado um novo orçamento. Ele pergunta se ela tinha acrescentado alguma coisa ao orçamento anterior. Nisso, diz ela, o tom de voz do marido já não era o mesmo, mas ainda era só uma pergunta. Mesmo assim, ela surtou, berrando que não se pode falar de nada com ele, e saiu batendo a porta. Ele vai atrás dela dizendo que ela parece Dr. Jekill e Mr. Hide (um psiquiatra não hesitaria em fazer o diagnóstico de bipolaridade).

Ela comenta: "Estamos no começo de uma reforma, se eu tiver um surto por dia, não vai dar".

A - Eu digo que bastou a mudança de tom de voz do marido para ela perceber que o Dr. Jekill dele estava começando a virar Mr. Hide. Ficou tão aterrorizada que surtou antes mesmo de isso acontecer.

Ela concorda, e continua dizendo que naquele dia a sogra ligou. Quem atendeu foi sua filha, ela estava do lado. Assim que percebeu que era a sogra, sentiu um embrulho na boca do estômago. Conforme a filha ia respondendo (não, meu pai não está... sim, ela está), sua boca foi ficando seca e suas mãos, frias, porque ia ter que falar com ela.

A - Digo que ela fica realmente aterrorizada com a sogra. E que deve ter bons motivos para isso.

Ela relembra uma briga terrível que tiveram quando estava grávida da primeira filha. A cena, que aconteceu há quase vinte anos, continua tão presente e tão nítida como se fosse ontem. Ela e o marido foram visitá-la num domingo. Sempre foi tímida, não é de chegar fazendo festa para os outros, mas é claro que ia cumprimentar a sogra. Só que não deu tempo: ela diz em voz alta, com ódio, "que não tolera gente que vem na casa dela e não a cumprimenta". Não estava esperando esse ataque, foi pega totalmente de surpresa. Ela grita: "nem meu pai grita mais comigo, não vai ser a senhora". Virou-se e foi embora. Ficaram três anos sem se falar.

A - Digo que, diferente do surto do marido, que não é diretamente com ela, mas com o orçamento, e tem a ver com o medo dele de ficar pobre, o surto da sogra foi diretamente com ela.

Ela acrescenta: "eu senti que ela queria me matar, e foi totalmente injusto, pois é claro que eu ia cumprimentá-la. É só o meu jeito"

A - É assustador sentir que o outro tem ódio de nós sem motivo.

Continua:

quando dei à luz, quatro meses depois, ela foi à maternidade, mas não falou comigo. Em certa hora, todos tinham saído do quarto, e só ela ficou. Sentou no sofá e ficou folheando uma revista, fazendo aquele barulho estrondoso de folhas sendo viradas com raiva. (Ela mimetiza o gesto e faz o barulho). Estou te contando e escutando o barulho como se tivesse sido ontem. Fazia seis horas que eu tinha dado à luz, eu estava tentando digerir a novidade, morrendo de dor por causa da cesárea, não podia sair de lá porque os médicos ainda não tinham liberado, e ela estava no meu quarto me odiando daquele jeito. Não aparecia ninguém para me salvar.

A - Uma verdadeira agonia. E sem ninguém para te salvar.

E não era justo eu ter de aguentar aquilo. Era o meu quarto, eu tinha dado à luz, eu precisava e tinha direito de descansar. Naquela situação, era ela que tinha que ir embora, mas ela ficou lá virando as folhas sem me olhar e sem falar comigo.

Quando a expressão "não é justo" se repetiu nessa sessão, pude imaginar a natureza da violência percebida por ela, mas ainda não simbolizada. A questão não é apenas o piti em si, mas principalmente o conteúdo: ser acusada injustamente e ser odiada por isto.

A - (Retomo o início da sessão). Quando o seu marido pergunta se você incluiu novos itens no orçamento, já com a voz alterada, você supõe que vai ser acusada - injustamente - de estar gastando demais. Como você disse, nenhuma reforma termina dentro do prazo, nem dentro do orçamento. Não porque você quer, mas porque é assim que acontece.

Ela se distende, aliviada, sobre o divã, e diz numa voz agora tranquila: "é isso mesmo, tenho medo que ele me acuse de não estar cuidando do nosso dinheiro. Nunca fui uma esposa perdulária, e ele sabe disso".

Ela introduziu a palavra "medo". A partir disso, é possível retomar a situação com a sogra.

A - Digo que quando a sogra liga, ela fica aterrorizada com a possibilidade de ser acusada de mais alguma coisa. Como na situação em que foi acusada de não cumprimentar.

Ela emenda imediatamente:

Por isso, quando ela liga, eu ligo para meu marido e imploro para ele ligar de volta logo (ele também não tem paciência com a mãe), porque tenho horror que ela pense que fui eu que não dei o recado, ou que não quero que ele vá lá.

 

3. O sofrimento narcísico-identitário: considerações teórico-clínicas de René Roussillon

Segundo RR (2001), muitas das consequências da "virada de 1920" ainda hoje não foram plenamente reconhecidas, limitando consideravelmente o alcance do trabalho analítico. É nesse contexto que ele desenvolve grande parte de seu pensamento clínico e metapsi-cológico. Sua interpretação da compulsão à repetição me pareceu um bom ponto de partida, uma vez que o material clínico não deixa dúvidas de que a vida de Marcia está severamente limitada pela repetição.

Como entender, atualmente, a compulsão à repetição? O que leva o sujeito a repetir partes de sua história? Para RR (1999b), "o ser humano está submetido a um imperativo categórico: tornar-se sujeito daquilo em que ele foi assujeitado" (p. 106, grifos meus). É desta forma que ele interpreta a máxima freudiana formulada em 1932, e que vetoriza o trabalho analítico após 1920: "onde era Isso, advenha o eu" (Freud, 1920/2010). E acrescenta, citando Donnet: "onde era Isso e Supereu, é preciso que o Eu-sujeito advenha" (Roussillon, 2008a, p. 865). Como veremos no item b, este acréscimo é fundamental.

À escuta analítica, a compulsão à repetição ganha, então, o estatuto de uma "compulsão à simbolização" (Roussillon, 2001). O sujeito repete partes de sua história emocional que, em função da desproporção entre a intensidade do estímulo e as condições de metabolização psíquica na época, foram subtraídas ao processo de subjetivação. A compulsão à repetição nos dá notícias de algum aspecto do Eu que está em sofrimento representacional, por analogia a sofrimento fetal - situação em que o feto sofre porque não consegue nascer, não consegue "vir à luz". Especificando: sofre-se do não pensado, não dito, não sentido, não visto, não transformado, não metabolizado e não apropriado da própria história - dos aspectos do Eu que não conseguem ad-vir à luz e se subjetivar.

Percebe-se que a dimensão histórica é fundamental no pensamento de RR: o sujeito continuará repetindo o negativo de sua história até que esses elementos consigam uma "sepultura histórica adequada" (2001, p. 12). É clara a referência ao "trabalho do negativo" proposto por Green, mesmo se RR o toma como ponto de partida para suas próprias ideias. Para ele, a repetição é o "negativo em ato" (Roussillon, 2012, p. 36), retomando de forma mais precisa a formulação de Lacan, segundo a qual a transferência é o inconsciente em ato.

Na primeira tópica, o negativo da própria história corresponde ao recalcado. A repetição, nesse contexto, diz respeito a partes da história que não puderam ser simbolizadas em nível secundário (Roussillon, 1999b, 2001, 2008b), isto é, de representações-coisa que não puderam ser transformadas em representação-palavra, ou mais amplamente, em linguagem verbal. Classicamente, o analista que trabalha com os aspectos neuróticos do psiquismo procura favorecer a perlaboração das resistências do Eu a tornar consciente o inconsciente (2008a). Não é o caso do material apresentado, no qual, em função da leitura que Marcia faz da situação intersubjetiva, o pulsional não ligado irrompe na forma de um ódio extremo que a leva a atuar.

Na segunda tópica o negativo da própria história apresenta duas faces distintas (Roussillon, 2002, 2012): a) o clivado, que constitui o Isso; b) as identificações narcísicas com a sombra do objeto, que constituem o Supereu. Essas duas formas de negativo podem ser pensadas a partir de modelos psicopatológicos distintos (RR, 2012): o modelo do autismo e o modelo da melancolia. O material apresentado ilustra e pode ser compreendido à luz dessas ideias.

Quando se atualizam na situação analítica, a análise dos elementos do Isso e a análise dos elementos do Supereu exigem dois modelos diferentes de trabalho clínico e de perlaboração (RR, 2008a, 2002). RR reconhece e destaca na obra de Freud três paradigmas para o trabalho clínico: o modelo do sonho (a partir da Interpretação dos sonhos, 1900); o modelo do brincar simbolizante (a partir de Além do princípio do prazer, 1920); e o modelo da apropriação subjetiva (a partir de Construções em análise, 1937). O desenvolvimento desses modelos, e mais especificamente o processo de simbolização primária a partir do modelo do jeu (play; brincar simbolizante), representam, do meu ponto de vista, uma de suas contribuições mais importantes e originais. Por questões de espaço, não serão abordadas neste texto. Remeto o leitor ao livro Le jeu et l'entre je(u) (2008b), inteiramente dedicado ao tema.

a. Isso: a clivagem e o modelo do autismo

RR (2012) não confunde a clivagem das experiências de agonia com o autismo: apenas usa o modelo do autismo para compreender o mecanismo de clivagem. Confrontado com experiências de agonia, o sujeito se retira, se corta, se amputa de parte da própria história para sobreviver (como o autista), o que impede sua retomada e as necessárias transformações psíquicas a posteriori. Por isso, as experiências emocionais ficam inscritas no psiquismo tal como foram percebidas na época.

A angústia é um desses elementos. Ao descrever a primeira cena com a sogra, Marcia enfatiza que foi pega de surpresa pela violência da acusação. Esta representação da situação traumática revela a impossibilidade de antecipar, e de se organizar, para enfrentar o ataque, de modo a impedir a efração da para-excitação e a irrupção automática da angústia. RR (2008b) sugere que a organização da angústia em sinal de alarme depende de um trabalho psíquico posterior, junto com o objeto primário, de retomada e de elaboração da angústia automática. Aqui isso não ocorreu, tanto que um mero telefonema é suficiente para deixá-la com a boca seca e as mãos geladas. É quase uma crise de pânico, ou seja, há uma nova invasão desorganizadora da angústia automática.

Enfim, todos os elementos ligados à cena se inscrevem como traços mnésicos afetivo-perceptivo-sensório-motores, que continuam formalmente muito próximos da experiência histórica porque não acederam a um primeiro nível de subjetivação, que RR chama de simbolização primária (1999b, 2001). Permanecem clivados e tendem a ser reativadas por experiências análogas do cotidiano.

Quando esta forma do negativo (o clivado) se atualiza, quando o "negativo se coloca em ato" (RR, 2012), os traços clivados são reinvestidos - eles infiltram e assombram o presente. É o que RR (2001) chama, com Freud, de retorno alucinatório dos traços mnésicos afetivo-perceptivo-sensório-motores da experiência histórica - traços que não foram transformados a posteriori pela simbolização primária. Eles serão vividos como percepções atuais, reeditando afetos extremos de colorido passional, como ciúme, paixão amorosa, ódio, vergonha, pânico e desespero ligados à situação histórica. Tais alucinações podem levar a atuações, como o prato jogado na pia. São as diversas formas do que RR (1999b, 2001) chama de "retorno do clivado", por analogia à conhecida expressão "retorno do recalcado". É então que esse material pode ser trabalhado em análise.

O retorno alucinatório do clivado acontece quando a situação atual é análoga à traumática e entra em "ressonância" com ela. Na primeira sessão, Marcia distingue perfeitamente situações atuais que não produzem este efeito (quando o marido liga para dizer que fez uma burrada), de outras que o produzem (quando o marido surta por causa da mesa). Mas não reconhece o quê, na situação atual, faz com que ela surte.

O trabalho analítico deverá ajudá-la a reconhecer qual é o "gatilho", dando alguma inteligibilidade ao seu sofrimento. Pois além do sofrimento ligado à atualização alucinatória da cena traumática, há o sofrimento por se sentir louca - como mostram as referências ao hospício. Ao longo das sessões apresentadas, fui fazendo para mim mesma uma construção de qual poderia ser a cena traumática que está na origem da repetição - e que neste momento é minha teoria implícita. Trabalho a partir dela quando digo que ela surta ao imaginar que o marido irá acusá-la injustamente de estar gastando demais.

O material não simbolizado - ou insuficientemente simbolizado - vai comparecer em análise tantas vezes quantas necessárias, até ser metabolizado. Quando some, não é porque o paciente não aguenta mais falar daquilo, mas porque foi integrado. Aqui o modelo para o trabalho analítico não é o "trabalho do sonho" proposto por Freud na primeira tópica, mas o brincar simbolizante - interpretação que Freud dá ao jogo do carretel em "Além do princípio do prazer" (1920/2010) e retomado por RR (2008b): a situação traumática é transferida para o carretel que some e volta, e será repetida até poder ser inscrita, por meio do play, na lógica do princípio do prazer.

Assim, na sessão seguinte o assunto volta. O tom de voz do marido (quando pergunta por que o marceneiro mandou um novo orçamento) é suficiente para produzir o "retorno do clivado", isto é, o reinvestimento desses traços: a cena atual é vivida alucinatoriamente. Ela mesma "sabe" que está alucinando quando grita, com um misto de ódio e terror, para o marido sair de sua frente, pois não estava aguentando olhar para ele; aquele homem desprezível e irracional que ela estava vendo não podia ser o mesmo com quem ia dormir naquela noite. E tem toda razão: ele não é a mesma pessoa, já que está sendo distorcido pela transferência psicótica. Nem ela é a mesma pessoa: é a criança-aterrorizada-nela que está se manifestando, e não a adulta perfeitamente capaz de acolher "a burrada" do marido.

Em outros termos, durante a experiência do retorno do clivado é perturbador olhar para o marido porque no lugar do companheiro ponderado e confiável ela está vendo um "alien", uma espécie de objeto não identificado, ou melhor, identificado e confundido com outro objeto - o objeto primário traumatizante. Marcia faz a melhor descrição possível de uma experiência alucinatória ligada à atualização de um núcleo psicótico; ela surta (e joga o prato na pia) porque revive, com toda a carga de atualidade, uma cena traumática.

E qual seria esta cena? Aquela que vai sendo construída graças à repetição que aparece no material clínico - a cena com o marido, a cena com a sogra. Nas duas cenas com o marido, e também quando a sogra quer falar com ela ao telefone, a criança-nela antecipa, com um misto de ódio e terror, o adulto paranoico violento que, em seu surto, irá acusá-la injustamente, e que, na lógica infantil, irá matá-la. Essa é a cena terrorífica da qual se retirou, que permaneceu clivada, e que retorna em análise demandando simbolização. (Veremos no item b que ela também está identificada com este objeto quando atormenta diariamente o marido em função de suas "falhas intoleráveis").

No material apresentado, uma primeira forma de representação da experiência de agonia sem fim que estava clivada é produzida no campo transferencial durante a segunda sessão. É quando Marcia retoma, descrevendo-a para a analista com todos os detalhes, a cena com a sogra na maternidade. Não é que ela a tivesse esquecido, ao contrário, as impressões permaneciam tal qual. Ela se lembrava de tudo como se fosse ontem: o clivado é justamente aquilo que se subtrai à ação transformadora ao longo do tempo.

O que a análise torna possível é a elaboração da experiência na presença do objeto, sua simbolização primária. O ponto de partida, nas duas sessões, é a cena atual, enigmática, com o marido, cujo sofrimento lhe impõe o "imperativo categórico de tornar-se sujeito", do qual falamos acima. A analista entra no jogo ("Fica realmente aterrorizada com a sogra, deve ter bons motivos"), o que a leva, primeiramente à cena vivida quinze anos atrás, e depois, à cena da maternidade. Naturalmente, essa é a representação possível do trauma precoce, este irrecuperável.

RR (1999b, 2001, 2002) insiste na questão da reconstrução da realidade histórica porque na França ela foi ideologicamente condenada com o argumento de que tudo o que o sujeito conta já foi transformado pelo après-coup; que quando o sujeito se lembra de alguma coisa relevante é uma lembrança encobridora; que tudo a que temos acesso em uma análise é a narrativa do paciente, e narrativa é sempre uma fantasia; enfim, que não se pode afirmar nada sobre a realidade histórica. Mas, justamente, o clivado - o Isso - é aquilo que se subtraiu à possibilidade de transformação psíquica. E irá se repetir enquanto não receber sepultura histórica, de modo a poder situá-lo no passado. Muitas vezes é só em análise que o clivado receberá um après-coup representativo genuíno (Roussillon, 2001).

Entre nós, em uma tradição mais kleino-bioniana, a realidade histórica também foi desconsiderada, porém em favor de um trabalho com a fantasia inconsciente e seus efeitos no "aqui e agora". Este, no entanto, remete apenas a ele mesmo - o que pode custar ao analisando a possibilidade de integrar os aspectos não subjetivados de sua história emocional, isto é, de sua relação com os objetos históricos junto aos quais ele se constituiu, e que se repetem em busca de simbolização.

RR (2001) entende que a desvalorização da realidade histórica se deve ao fato de que, embora a clínica (masoquismo, melancolia, paranoia e outras formas de sofrimento narcísico-identitário) indique um funcionamento psíquico em segunda tópica, o estatuto da realidade psíquica continua a ser pensado a partir da primeira metapsicologia freudiana. Desde que Freud descobriu os efeitos de realidade da fantasia de sedução e a sexualidade infantil, entende-se que a realidade é criada pelo trabalho psíquico. A análise visa, então, reintegrar o que pertence ao próprio sujeito: a interpretação revela como o psíquico produz aquela realidade, ou o que aquela realidade contém de "psíquico" (RR, 2001).

Tudo isso continua válido quando se trata do sofrimento neurótico. Mas na segunda metapsicologia - e no caso do sofrimento ligado aos aspectos não advindos do Eu - a realidade psíquica tem um estatuto oposto: é a realidade histórica vivida, mas não metabolizada pelo psíquico. A realidade, aqui, longe de ser uma construção do sujeito, exprime o impacto dos acontecimentos históricos que não puderam ser ligados ao resto da evolução subjetiva, e que não são subjetivamente vividos como representações. São aspectos da realidade histórica traumática que retornam de forma automática, na forma de alucinação afetivo-perceptivo-motora, e não de fantasia. O trabalho do analista já não visa fazer com que o sujeito perceba como seu psiquismo produz a realidade, mas ao contrário, tornar psíquica aquela realidade ainda em estado bruto, transformando traços mnésicos perceptivos em representação.

RR, que deve muito de seu pensamento a Winnicott, gosta de lembrar que o sujeito não se fez sozinho, mas no seio de relações com um objeto dotado, ele mesmo, de um psiquismo (que RR chama de objeto outro-sujeito). Isso nos leva de volta à segunda forma do "negativo" na segunda tópica, as identificações narcísicas alienantes que constituem o supereu cruel e severo.

b. O supereu: a sombra do objeto e o modelo da melancolia (Roussillon, 2002, 2008a, 2012)

A metapsicologia da melancolia fornece a RR um modelo fértil para pensar a segunda forma do "negativo da própria história" que subjaz ao sofrimento narcísico-identitário. Citando Luto e melancolia, RR entende que as identificações narcísicas constitutivas do Supereu severo e cruel são aspectos da "sombra do objeto que caiu sobre o Eu". Quando esta forma do "negativo se coloca em ato", teremos relações cotidianas alienadas e alienantes, assombradas pelo Supereu.

É importante notar que o Supereu do qual RR está falando não se confunde com o "bom" supereu, herdeiro do Édipo, que organiza e é estruturante (Freud, 1923/2011). Nem com o superego primitivo kleiniano, cujo sadismo e persecutoriedade se devem à projeção do ódio primitivo ligado à pulsão de morte inata da criança, e à não integração entre amor e ódio. Trata-se do Supereu herdeiro do Isso, pura cultura da pulsão de morte (Freud, 1923/2011).

Mas, afinal: o que significa dizer que a "sombra do objeto" constitui o Supereu severo e cruel?

Na interpretação de RR, a "sombra" tem a ver com as falhas da função reflexiva do objeto (2008b). Para que o sujeito consiga se perceber, se escutar, se sentir, se ver, é preciso que o objeto receba, interprete, compartilhe e reflita de modo suficiente sua (do sujeito) experiência emocional. Lá onde o objeto - sempre entendido como um objeto que tem uma subjetividade própria - funcionou como um espelho "baço", ou como um espelho que distorceu a imagem em lugar de refleti-la, há uma "sombra" que coloniza o sujeito. Essa sombra cai sobre o Eu, é internalizada, mas por não ter sido simbolizada em nível primário, não pode ser integrada.

O outro fica implantado no Eu como um corpo-estranho. O supereu "severo e cruel" corresponde, então, ao incorporado que coloniza, aliena e desorganiza o sujeito: este passa a sentir, pensar e agir a partir do outro-em-si. O Eu se confunde com a sombra do objeto e toma como próprios modos de ser que pertencem ao objeto, e não ao sujeito. É nesse sentido que o Supereu representa um aspecto ainda não advindo do Eu. Percebe-se que Supereu e Isso estão imbricados, pois a sombra do objeto e os traços mnésicos clivados referem-se à mesma experiência emocional não subjetivada.

No material clínico, a sombra do objeto, isto é, a falha na função reflexiva do objeto aparece em dois momentos. Primeiro, quando a sogra, não podendo reconhecê-la como tímida, acusa-a de ser malcriada e de não cumprimentá-la. E quando o marido, a partir de seu "medo irracional de ficar pobre", a vê como perdulária e fica com ódio dela.

Na segunda sessão, quando o marido quer saber por que o marceneiro mandou um novo orçamento, Marcia percebe, pelo tom de voz, que o marido-Jekill está se transformando em um marido-Hide. Ou seja, pressente que a paranoia dele está aflorando. Mas "quem" nela ataca antes de ser atacada? A situação é complexa porque Isso e Supereu se interpenetram e se dialetizam.

♦ Como vimos no item a, o ataque parte da criança-nela aterrorizada pela alucinação da cena traumática: ela "vê" o marido atacando-a injustamente e ataca, digamos, em "legítima defesa do Eu". A Marcia-adulta que poderia acolher (como acolheu a "burrada" de confundir os voos) o medo que o marido tem do novo orçamento do marceneiro não está mais lá.

♦ Mas o ataque parte também do objeto-paranoico-incorporado-nela, que odeia o medo (de ficar pobre) do marido, e o massacra justamente porque tem medo - antes mesmo que ele chegue a verbalizar algo nesse sentido. Com mais rigor, o objeto-incorporado-paranoico tem medo do medo porque interpreta o sofrimento do outro como acusação contra si. Em minha construção, Marcia não aguenta o sofrimento do marido e seu ataque visa calar a boca dele.

Em uma sessão posterior ela reclamava das reclamações da filha. A partir desta construção, pergunto: será que não é o jeito torto dela dizer que estava com saudades? (Marcia tinha passado o dia todo fora de casa). Ela então se lembra de que quando era criança não podia chorar, "meu pai logo gritava comigo: engole este choro!". Nesse sentido, quando o marido pergunta por que o marceneiro mandou um segundo orçamento, ela pressente que ele vai começar a "chorar" e, com medo do medo dele, grita: "engole este medo!"

Neste momento a reação dela é completamente paranoica, e ela sabe disso ("se eu continuar assim, nós não chegaremos ao fim desta reforma"). A sombra do objeto produziu uma zona de confusão eu-não eu (Roussillon, 2001, 2002, 2013). Identificada com a falha na função reflexiva do objeto (RR, 2008b), tende a interpretar todos os atos do marido - especialmente qualquer expressão de sofrimento - como falhas inadmissíveis, atormentando-o impiedosamente assim que ele entra em casa.

Ao mesmo tempo, sabe que é uma interpretação completamente injusta e enviesada, tem pena do marido e sofre por não conseguir ter prazer com seu casamento. Nas sessões que se seguiram foi possível falar, a partir das situações concretas descritas, de como "o espírito da sogra/pai toma conta dela", de tal forma que ela faz com o marido exatamente o que teme que este objeto faça com ela.

Mas as identificações com a sombra do objeto também se voltam contra ela. As duas sessões não chegam a ilustrar os incontáveis momentos em que ela mesma é vítima desse Supereu severo e cruel. Por exemplo, se a filha adolescente se esquece de levar um livro à escola, ela só consegue ler isso como sendo culpa dela: "onde eu falhei para ter uma filha tão relapsa?". (Naturalmente, a filha também tem de "engolir" sua distração adolescente). Em suas palavras, falhar é "simplesmente inconcebível". Quando era criança, levou um gol em um jogo de handball. Bastou isso para concluir que não dava para aquilo e nunca mais praticou qualquer esporte. Continuamente atormentada por faltas mínimas, inevitáveis ou simplesmente imaginárias, viver se torna um verdadeiro suplício. Tanto que essa mulher tão capaz desistiu de sua vida profissional devido à sua "exigência de perfeição".

Ela só não se melancoliza gravemente em consequência da crueldade do Supereu graças à paranoia, que lhe permite atuar sua ferocidade "para fora", sobre os objetos, e não "para dentro", sobre o Eu. O caso ilustra a ideia de que paranoia e melancolia são duas faces da ação do Supereu (Roussillon, 2008b).

Do ponto de vista da condução do processo analítico, é importante reconhecer que tanto a criança-em-Marcia, quanto o objeto-paranoico-incorporado-nela, são aspectos de um eu-sujeito que ainda não adveio - e que estão em "sofrimento representacional". E não adveio justamente porque foi usado pelo psiquismo parental como objeto continente para suas evacuações: ele foi obrigado a acolher, e a se organizar/desorganizar, em torno dos elementos-beta tanáticos evacuados com violência pela figura parental no psiquismo imaturo da criança (Minerbo, 2012). No modelo autista apresentado no item a, a criança se corta de uma parte de si para sobreviver. No modelo melancólico apresentado no item b, ela se identifica ao agressor para sobreviver.

A questão da passividade do Eu é importante no pensamento de RR (1999b, 2001). Ele faz uma leitura interessante de Análise terminável e interminável (Freud, 1937/1980). Como sabemos, deparando-se em muitos casos com resistências inamovíveis, Freud faz a hipótese de que o limite da análise é o "rochedo do feminino". Na interpretação de RR, o feminino aqui não é uma questão de gênero, mas representa a condição de passividade inelutável, também denominada passivação, da criança diante da situação traumática; o clivado e o incorporado têm a ver com situações cotidianas vividas nessa "posição passiva feminina".

O material ilustra a condição de passivação de Marcia diante da violência de seu objeto primário através do relato da cena na maternidade. Nesta representação da cena traumática, ela tinha acabado de dar à luz e não podia se levantar. A sogra se plantou ali, e não ia embora. Ela não tinha alternativa a não ser ficar e ouvir, uma por uma, as páginas da revista sendo viradas com ódio.

RR (1999b, 2002) desenvolve a ideia de que, diante de situações de agonia, o sujeito defende seu narcisismo transformando a passividade inelutável em atividade, ou em simulacro de "escolha". Uma "solução" é buscar ativamente situações de sofrimento, como no masoquismo. Outra é se identificar com o agressor - muitas brincadeiras de criança mostram o processo de constituição do Supereu severo e cruel em curso. A análise do Supereu severo e cruel (RR, 2001, 2008a) envolverá o caminho inverso: analisar sua origem, o que inclui o Supereu das próprias figuras parentais, de modo a desconstruir seus aspectos alienantes e "rebaixar suas pretensões", como diz Freud na conhecida passagem de Mal-estar na civilização (1930/1980).

Finalizando, o caso clínico nos permitiu acompanhar algumas ideias de RR, em especial as duas faces mutuamente imbricadas do "negativo da própria história", que deverão ser subjetivadas no/pelo processo analítico.

O que se manifesta na transferência diz respeito ao trauma primário... e não retorna de forma representativa, na forma de fantasia, mas de forma sensório-perceptivo-motora de natureza alucinatória [ver item a deste texto], ou infiltrado em comportamentos, ou passagens pelo ato [ver item b deste texto] (Roussillon, 1999a, p. 110).

O paciente vai relatar como atuais elementos que nos dão um testemunho do trauma, e a partir dos quais a zona traumática poderá ser reconstruída para poder ser integrada.

 

Referências

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Freud, S. (1980). Análise terminável e interminável. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 23). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1937).         [ Links ]

Freud, S. (2010). Além do princípio do prazer. In Sigmund Freud, Obras completas. (P. C. Souza, trad., Vol. 14, pp. 161-239). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1920).         [ Links ]

Freud, S. (2011). O eu e o id. In Sigmund Freud, Obras completas. (P. C. Souza, trad., Vol. 16, pp. 13-74). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1923).         [ Links ]

Minerbo, M. (2012). Transferência e contratransferência. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

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Correspondência:
Marion Minerbo
Rua Alcides Pertiga, 78
05413-100 São Paulo, SP
Tel.: (11) 3898-0074
marion.minerbo@terra.com.br

Recebido em 15.2.2013
Aceito em 15.3.2013

 

1 Uma primeira versão deste artigo contou com a leitura atenta e comentários preciosos de Liana Pinto Chaves, Luis Claudio Figueiredo, Nelson Coelho Júnior e Patrícia Getlinger.
2 Agradeço à analisanda, que gentilmente autorizou a publicação deste material.

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