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Revista Brasileira de Psicanálise
versão impressa ISSN 0486-641X
Rev. bras. psicanál vol.55 no.2 São Paulo abr./jun. 2021
TEMAS LIVRES
Rearranjos sensoriais: possibilidades e entraves no processo de subjetivação1
Sensory rearrangements: possibilities and obstacles in the subjectivation process
Reordenamientos sensoriales: posibilidades y obstáculos en el proceso de subjetivación
Réarrangements sensoriels : possibilités et obstacles dans le processus de subjectivation
Gisele Milman CervoI; Silvia Abu-Jamra ZornigII
IPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Porto Alegre / giselecervo@gmail.com
IIPontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Rio de Janeiro / silvia.zornig@gmail.com
RESUMO
Este artigo discorre sobre a sensorialidade e sobre como seus rearranjos interferem no processo de subjetivação. A sensorialidade, tal como entendida por Alberto Konicheckis, compreende a multiplicidade de experiências psíquicas que decorrem dos órgãos dos sentidos e comporta uma hibridez entre o interno e o externo, pois é despertada no encontro do corpo do bebê com os objetos. Essa oscilação entre o íntimo e o compartilhado, o familiar e o estranho, acompanha o sujeito durante a vida, mas é sentida com mais intensidade em alguns processos, como a adolescência, o envelhecimento e o adoecimento. Nesses casos, o reagenciamento sensorial é convocado com mais força, e o indivíduo pode sentir-se desalojado do seu corpo. O sentimento pessoal não está assegurado, e os rearranjos sensoriais precisam passar por reapropriações subjetivas para que o sujeito assimile um senso de identidade e de alteridade.
Palavras-chave: sensorialidade, corpo, subjetivação, continuidade do ser, arcaico
ABSTRACT
The present work discusses the sensoriality and how its rearrangements interfere in the subjectivation process. Sensoriality, as understood by Alberto Konicheckis (2018), comprises the multiplicity of psychic experiences that result from the sense organs and contains a hybridity between the internal and the external, as it is awakened in the encounter of the baby's body with the objects. This oscillation between the private and the collective, accompanies the subject throughout life, but is felt more intensely in some processes, such as adolescence, aging and illness. In such cases, sensory re-enactment is called upon with greater force, and the individual may feel dislodged from his body. Personal feeling is not assured, and sensory rearrangements need to undergo subjective reappropriations in order for the subject to assimilate a sense of identity and otherness.
Keywords: sensoriality, body, subjectivation process, continuity of being, archaic
RESUMEN
El presente trabajo trata de explorar la sensorialidad y cómo sus reordenamientos intervienen en el proceso de subjetivación. La sensorialidad, sostenida por Alberto Konicheckis (2018), comprende la multiplicidad de experiencias psíquicas que surgen de los órganos de los sentidos e incluye una hibridación entre el interno y el externo, ya que despierta el encuentro del cuerpo del bebé con los otros objetos. Dicha oscilación entre lo íntimo y lo compartido, lo familiar y lo extraño, acompaña al sujeto durante toda su vida, aunque sea sentida con más intensidad en algunos procesos, como en la adolescencia, en la vejez y en la situación de enfermedad. En esos casos, el sistema sensorial se pone en juego con más fuerza, y el individuo puede sentirse desplazado de su cuerpo. El sentimiento personal no está seguro y se requiere que los reordenamientos sensoriales pasen por reapropiaciones subjetivas con el objetivo de que el sujeto pueda asimilar una noción de identidad y de alteridad.
Palabras clave: sensorialidad, cuerpo, subjetivación, continuidad del ser, arcaico
RÉSUMÉ
Cet article traite de la sensorialité et de la façon dont ses réarrangements interfèrent dans le processus de subjectivation. La sensorialité, telle qu'elle est comprise par Alberto Konicheckis (2 018), comprend la multiplicité des expériences psychiques qui résultent des organes sensoriels, ainsi qu'un hybride entre l'intérieur et l'extérieur, dans la mesure où elle est éveillée dans la rencontre du corps du bébé avec les objets. Cette oscillation entre l'intime et ce qui est partagé, le familier et l'étranger, accompagne le sujet tout au long de la vie, mais se fait sentir plus intensément dans certains processus, tels que l'adolescence, le vieillissement et la maladie. Dans tels cas, le réaménagement sensoriel est sollicité avec plus de force et l'individu peut se sentir délogé de son corps. Le sentiment de continuité de l'être n'est pas assuré et les réarrangements sensoriels doivent être réappropriés subjectivement pour que le sujet assimile un sens d'identité et d'altérité.
Mots-clés: sensorialité, corps, subjectivation, continuité de l'être, l'archaïque
Introdução
Este artigo aborda a sensorialidade ao longo do percurso subjetivo, propondo uma reflexão sobre como ela acompanha o sujeito desde os seus primórdios e sobre como o convoca a um trabalho permanente de apropriação subjetiva. A sensorialidade, tal como entendida pelo psicanalista Alberto Konicheckis, seria "o conjunto de experiências psíquicas que se desenvolvem em torno dos órgãos dos sentidos" (2018, p. 78), a face afetiva da percepção. Essa noção se refere a como o sujeito capta as sensações que marcam o seu corpo, tanto as que são disparadas pelos processos internos quanto as que resultam dos encontros com os objetos externos, estando em uma zona de cruzamento entre o psíquico e o somático, o eu e o outro.
O sensório ajuda a construir uma espécie de cartografia do eu (Konicheckis, 2018), pois as sensações que o bebê sente delimitam e organizam um senso identitário. Para compor um sentimento pessoal, o bebê procura reencontrar experiências sensoriais compartilhadas com os objetos primordiais. Tal repetição ocorre para resgatar o laço com os outros e consigo, mas também porque as sensações impactam e comportam uma dimensão enigmática para o bebê. A primeira parte do artigo irá dialogar especialmente com as ideias de Jean Laplanche (2001/2015) sobre como os primeiros encontros marcam o corpo do bebê e exigem um intenso trabalho psíquico. Entende-se que a relação com o outro se inscreve de forma inescapável no sujeito e que este precisa assimilar e conviver com certa alteridade no ego. Apontaremos algumas contribuições de Konicheckis que estão alinhadas com as de Laplanche. Segundo o autor, a sensorialidade é plástica e passa por inúmeros desdobramentos para que o indivíduo consiga tornar pessoal o que foi originalmente compartido e para que tente dar "sentido aos sentidos".
A sensorialidade também é dinâmica, porque não se refere apenas a significar vivências passadas; ela engloba todas as sensações inéditas que atravessam a corporeidade. Desse modo, a segunda parte do trabalho abarcará situações que podem desestabilizar o sentimento pessoal, pois vêm carregadas de intensas mudanças corporais e pulsionais. Entre os diversos processos que ilustram momentos de reorganização sensorial, nos deteremos na adolescência, no envelhecimento e no adoecimento por colocarem em jogo as possibilidades e os entraves do percurso da subjetivação. Discutiremos como tais processos afetam a maneira de o sujeito se relacionar com o seu corpo e com o entorno, exigindo uma composição entre o novo e o arcaico, o conhecido e o desconhecido, a identidade e a alteridade. Isso pode fazer com que o indivíduo vivencie sentimentos de estrangeiridade em alguns momentos, o que será relacionado com a noção de estranho proposta por Freud (1919/1996b).
Ainda que esteja muito proeminente na primeira infância, a sensorialidade nos acompanha de forma pulsante e extrapola a cronologia, persistindo enquanto estrato arcaico do psiquismo. É importante frisar que o sentimento pessoal se assenta sobre diferentes modalidades da experiência, desde a dimensão corporal até a do pensamento abstrato e da palavra. Somos habitados por uma mescla de infantil, linguagem analógica e digital, e diferentes níveis de simbolização, e tais registros seguem em intersecção ao longo da vida. A sensorialidade subsiste, mesmo que encoberta por outras camadas do psiquismo, e passa por atualizações, permanecendo em processo de transcrição. Apropriar-se do sensorial e do que se vive é uma tarefa para a vida toda.
Sensorialidade: entre o íntimo e o compartilhado
A origem do sentimento pessoal é múltipla e variada. Ela deriva da composição de inúmeras tramas, das histórias transgeracionais que antecedem o bebê, dos primeiros encontros com os cuidadores, das sensações que vão sendo suscitadas no seu corpo - de uma mescla de fatores intrínsecos e ambientais. Donald Winnicott (1960/1983) entende que, quando o ambiente consegue prover cuidados suficientemente bons ao bebê, permite que aquilo que existe nele em estado potencial possa vir a se desenvolver e que ele estabeleça uma continuidade do ser. Essa noção se relaciona à construção de um sentimento de existência pessoal e à possibilidade de o bebê experimentar uma realidade psíquica. A continuidade do ser aponta para a construção de contornos do ego e para a força de coesão egoica, mas apresenta uma abertura para transformações, visto que o que acontece na vida do sujeito interfere no desenvolvimento ou não das suas potencialidades.
Podemos pensar que a continuidade do ser engloba a manutenção do ritmo de vida e o reencontro com sensações familiares, o que permite ao sujeito estabelecer traços de identidade. De acordo com Konicheckis (2018), para sentir que segue sendo ele mesmo, o sujeito busca sentir em si o que já foi vivido na relação com o outro e tende a revisitar suas experiências sensoriais. Esse segundo tempo da sensorialidade possibilita um reencontro consigo e com os primeiros laços, pois o sujeito pode ir se individualizando ao estar em contato com esses traços que o remetem às cenas originárias e às primeiras sensações subjetivas.
Entretanto, a reprodução sensorial ainda ocorre porque muitas das sensações que invadem o bebê seguem enigmáticas para ele, e repeti-las também é uma forma de tentar dar sentido ao que foi inicialmente vivido como um impacto sem tradução. Sobre esse impacto, é importante fazer menção a Jean Laplanche (2001/2015), que propõe a noção de situação antropológica fundamental para defender que em toda relação adulto-criança há um confronto entre o pulsional do bebê e o inconsciente sexual dos adultos que cuidam dele. Para Laplanche, a criança não nasce com uma sexualidade endógena, de modo que o inconsciente sexual dela é fundado na relação assimétrica com o inconsciente do cuidador.
O adulto é atravessado tanto pelo sexual - no sentido utilizado por Freud nos Três ensaios (1905/1996e): um sexual perverso-polimorfo, poliforme, desarticulado e parcial - quanto pela sexualidade adulta genital. Esses elementos permeiam a relação com o bebê e comprometem as mensagens transmitidas a ele. Por isso, há algo de inapreensível na comunicação adulto-infante, que fica como um enigma a ser decifrado. São mensagens enigmáticas que o adulto implanta no bebê e que exigem um trabalho de tradução para poderem ser significadas.
Paulo Ribeiro (2017) complementa as ideias de Laplanche e explica que, por conta da dependência proeminente no início da vida, o bebê ocupa uma posição originária de passividade e está exposto à intromissão do outro. Segundo o autor, devido a essa passividade primária, todos já fomos penetrados pela presença do outro, seja em relação ao manuseio do nosso corpo nos cuidados vitais, seja em relação às mensagens inoculadas pelo sexual do adulto. Caetano Veloso (1975) ilustra bem o impacto insuperável do outro quando canta:
A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença.
Quando se trata do bebê, essa presença que transborda e se derrama sem pedir licença marca primeiro seu corpo e desperta sua sensorialidade. É possível que algumas dessas mensagens sejam traduzidas e virem fantasias, enquanto outras permaneçam como resíduos não traduzíveis, aguardando para serem desvelados. Assim, a sensorialidade comporta um estado potencial, que Konicheckis (2018) chama de embrião de sentido, pois engloba a potencialidade de infinitos desdobramentos. O autor associa a sensorialidade à imagem de "uma placa giratória que contém em germe diferenciações tão elementares para a vida psíquica como aquelas entre sujeito e objeto, passividade e atividade, corpo e psique" (p. 79).
Podemos pensar a sensorialidade como uma espécie de célula-tronco da vida emocional. As células-tronco podem tanto se autorrenovar em novas células com características equivalentes quanto se transformar em células especializadas de diferentes tecidos e órgãos. A sensorialidade também funciona como uma matriz geradora, capaz de se replicar em sensações em estado potencial e de ser fonte para a criação de novos sentidos, o que consistiria em sua transmutação especializada, como a produção de uma vida psíquica fantasmática e de simbolizações secundárias.
É justamente a possibilidade de criar sentidos para as potencialidades sensoriais que impede que a sensorialidade se esvazie, pois sem nenhuma significação seria difícil suportar todas as sensações que atravessam o corpo. Para Konicheckis (2018, 2019), a patologia advém quando a sensorialidade é pervertida em um fim em si mesma e perde seu caráter permeável e mutável. Nesses casos, é como se a sensorialidade ficasse impedida de circular entre o sujeito e o objeto, restrita a um circuito fechado em que seu efeito subjetivante estivesse atrofiado. Konicheckis (2018) denomina de autossensorialidade as situações em que há uma interrupção das ligações e dos laços associativos, em que a sensorialidade fica como uma promessa abortada, tornando-se ela própria o objeto.
Nos casos não patológicos, inúmeros desdobramentos sensoriais estão em jogo, e um traço pode, a posteriori, ser significado de muitas formas e ganhar diferentes representações. Sobre o a posteriori, Laplanche diz que usualmente este é entendido como uma "atribuição retroativa de sentido" (2001/2015, p. 9), como no caso de um adolescente que ressignifica uma situação que viveu na sua infância porque agora tem outras capacidades psíquicas e sexuais. Entretanto, o autor afirma que já há um a posteriori entre a mensagem que o adulto transmite e a maneira de a criança registrá-la, visto que a interpretação não corresponde ao fato puro. Assim, o a posteriori não se restringe à passagem do tempo cronológico; ele pode acontecer na quase simultaneidade do que ocorre nas trocas com o adulto, pois o que importa nessa concepção é a possibilidade de construção de sentidos a partir das mensagens do outro.
Em sintonia com o defendido por Laplanche, Konicheckis observa que o a posteriori sensorial pode ocorrer por uma nova experiência que reavive os rastros, signos e projeções das primeiras vivências compartilhadas.
Ao refazer os traços da memória anterior, a psique tenta encontrar uma identidade de percepção. ... Por um jogo sutil de desligamentos, alianças e religações, a criança busca fazer encontrar o antigo e o novo, a repetição e a diferença. Cada experiência sensorial, inclusive a mais precoce, prova então ser ao mesmo tempo presente e passado, única e recorrente, prazerosa e perturbadora. Com esses elementos heterogêneos, o psiquismo compõe sua melodia pessoal. (Konicheckis, 2018, p. 87)
Nesse fragmento, o autor salienta a posição paradoxal da sensorialidade: ela é uma forma de estar consigo e com o outro, de encontrar o mesmo e o diferente; traduz uma identidade de percepção do mundo, ao mesmo tempo que se presta para os fenômenos alucinatórios do bebê; pode servir para costuras subjetivas, mas também pode ser ameaçadora ou perturbadora. É por conta desse conjunto heterogêneo de elementos e possibilidades que o a posteriori sensorial e suas múltiplas transcrições estão sempre em jogo.
O a posteriori sensorial não só tenta dar sentido às sensações experimentadas como também comunica sobre os restos vindos da relação com o objeto que seguem ressoando no sujeito, tal qual uma alteridade que se inscreve e se internaliza a partir desses contatos significativos. A presença do outro se imiscui no que o sujeito sente e no que ele é, havendo um cruzamento entre a esfera intra e intersubjetiva. Portanto, o objeto não consegue ser subtraído do que há de mais pessoal do sujeito e deixa uma espécie de sombra neste.
A ideia de "sombra do objeto que recai no ego" é bastante conhecida e foi trabalhada por Freud no texto "Luto e melancolia" (1917/1996c). Nesse artigo, ele diz que a melancolia é uma condição patológica que deriva da perda do objeto de amor sem que o sujeito saiba o que perdeu. Para não ter de abandonar o objeto, o sujeito o instala dentro do ego, através de uma identificação maciça com este. Dessa forma, há uma alteração do ego, que fica ocupado por esse outro enquistado nele.
Posteriormente, no texto O ego e o id (1923/1996a), Freud retoma o conceito de identificação, pontuando o caráter universal dos processos identificatórios, que já não estariam ligados apenas a situações psicopatológicas. Passa-se a entender que o psiquismo é composto por uma precipitação de vestígios das relações iniciais. A identificação seria uma forma de conseguir abandonar a catexia objetal, internalizando traços do objeto. Assim, é possível compreender a melancolia para além de um quadro clínico, como um paradigma que aponta para a universalidade da experiência de reunir no ego traços do objeto. Há gradações da sombra do objeto no eu: se ela for maciça, o sujeito poderá ficar sufocado por uma presença que o domina e o impede de ser livre; todavia, se essa presença for assimilada no território narcísico do sujeito, esses restos poderão ter uma função estruturante, bem como possibilitar uma "alteridade interna" constitutiva.
Konicheckis ressalta que as origens do sujeito são sempre externas a ele, pois o "sujeito começa sua existência a partir de lá onde ele ainda não é sujeito" (2018, p. 75). Para começar a se subjetivar, seria necessário então se apropriar das experiências compartilhadas que despertam suas sensações corporais. Por mais que haja um trabalho de subjetivação, essas marcas deixadas pelo outro seguem habitando o sujeito, colocando em jogo a questão de tornar pessoal o que foi vivido com o objeto e de abrigar as sensorialidades experimentadas.
Descontinuidades sensoriais: como (re)habitar o corpo na adolescência, no envelhecimento e no adoecimento?
A sensorialidade segue aberta a novas transcrições ao longo de todo o percurso da subjetivação. Contudo, não é possível negar que há marcos transformacionais no decorrer da vida que afetam de modo especial o corpo e a psique. São situações que perturbam mais significativamente a sensorialidade, pois convocam o sujeito a "re-habitar" seu corpo, além de ressituarem seu lugar social. Entendemos que a adolescência, o envelhecimento e o adoecimento seriam bons exemplos dessas situações, visto que conjugam transições importantes. Dessa forma, refletiremos sobre como tais processos podem afetar o sentimento de continuidade do ser e como exigem do sujeito um trabalho de reapropriação subjetiva.
Recorremos a Rodolfo Urribarri (2004) para iniciar as reflexões acerca do processo adolescente. O autor salienta que na adolescência há uma combinação de mudanças corporais, com um incremento pulsional, que leva a uma repulsionalização do sujeito, desestabilizando o equilíbrio conquistado na latência e pressionando para um trabalho de reestruturação das instâncias psíquicas. Novas sensações impõem-se e deixam o jovem desorientado, sentindo que perdeu o controle sobre seu corpo. O ego pode se conciliar com esse novo corpo e aprender a habitá-lo e investi-lo, ou pode ficar conflituado, sentindo-se confinado no que Urribarri chamou de corpo-gaiola, um corpo que aprisiona.
Essa nova corporeidade não se transforma de modo gradual e harmônico. O autor propõe que as crianças vão ficando maiores, mas não drasticamente diferentes, como se estivéssemos olhando para uma mesma foto que é ampliada sucessivamente. Em contrapartida, nos adolescentes o crescimento é brusco e desarmônico: o nariz e as orelhas crescem mais rápido que os ossos do rosto, os membros e as extremidades desenvolvem-se antes que o tronco, havendo um desequilíbrio no crescimento das partes, o que faz com que o adolescente muitas vezes não se reconheça ou se sinta desengonçado, como uma caricatura de si. A recorrente prática de ver sua imagem no espelho pode ser uma forma de tentar catexizar seu corpo em mutação e lidar com os flutuantes estados afetivos decorrentes desse estranhamento de si.
Assim como o nascimento psíquico na primeira infância ocorre depois do nascimento biológico, também no adolescente há um descompasso entre as mudanças corporais e a psique, de modo que ele precisa equipar seu psiquismo para acomodar uma nova gama de sensações que emergem. O corpo ainda passa a ter reações inesperadas, que traem o jovem, pois muitas vezes ele enfrenta transpiração excessiva, face ruborizada, ereções e movimentos involuntários, que escancaram ao público vivências íntimas. Esse corpo indomável deixa de ter a função de casca protetora e causa vergonha, aflição e sentimentos de impotência, que Urribarri compara à falta de controle esfincteriano da primeira infância.
Golse (2004) também faz aproximações entre o funcionamento psíquico dos bebês e o dos adolescentes e defende que em ambos o corpo assume um lugar central, com a comunicação analógica ganhando destaque e com prevalência do eixo narcísico. Enquanto o bebê instaura seu narcisismo primário por meio das identificações primárias, o adolescente examina sua integridade e sua invulnerabilidade narcísica através de uma série de condutas e busca reencontrar uma imagem de si, já que as estruturas narcísicas prévias podem ficar instáveis.
Em consonância com essa ideia, Konicheckis (2000) destaca três dimensões comuns na sensorialidade do bebê e do adolescente: a intensificação do aspecto econômico da experiência, as identificações por imitação e a importância dos processos de ligação e de integração da atividade psíquica. Contudo, ele dedica mais atenção a pensar as diferenças entre as experiências sensoriais desses dois momentos de vida. O autor diz que o bebê é passivo frente aos cuidados que recebe; seu corpo é oferecido ao outro e é objeto do investimento do entorno. Além disso, o infante é incapaz de sentir certos afetos com sua sexualidade infantil, de modo que sua sensorialidade pode ser encarada como uma "promessa em negativo", pois há sensações que ele só poderá experimentar com o ingresso na adolescência.
Já o adolescente tem como tarefa aceitar essa nova força pulsional e o ingresso na sexualidade genital, ao mesmo tempo que precisa lidar com seu infantil mais arcaico para que este não impeça a assunção de suas novas potencialidades ativas (Konicheckis, 2000). Trata-se de acomodar esse entrelaçamento de diferentes registros do infantil e distintas temporalidades (o que já é familiar, o novo e o porvir), e acoplar sensações e fantasmatizações nessa trama. Estamos diante de um novo trabalho de apropriação subjetiva. De acordo com Urribarri (2004), esse trabalho pode ser dificultado quando a puberdade chega cedo e é repentina, comportando um potencial traumático. Se as emoções e a pulsionalidade irrompem violentamente, o ego pode acabar encharcado com esse excesso e, desse modo, o sentimento de identidade fica minado.
Konicheckis (2000) concorda com Urribarri no que diz respeito à violência das novas sensações, e alerta para o risco de o sujeito não as reconhecer como parte de si, o que pode gerar impressões de despersonalização e de não existência. Impõe-se ao jovem a questão de como manter um sentimento identitário se suas experiências sensoriais são inéditas, diferentes do que já foi sentido e fantasmatizado. A capacidade de um trabalho egoico depende da qualidade das aquisições anteriores do sujeito, da solidez das suas fundações narcísicas, do desfecho edípico, da sua latência, de como desenvolveu suas relações até o momento (Urribarri, 2004). Ademais, de o jovem aceitar que tudo o que ainda não viveu faz parte de si:
De fato, no bebê é importante preservar uma continuidade. É a partir de certa estabilidade que ele pode manter o sentimento de existir. No adolescente, ao contrário, trata-se de assumir uma ruptura, uma disrupção, uma desregulamentação. É importante que ele aceite aquilo que nunca viveu antes como parte de si. Sua continuidade de existir só é assegurada pela assunção de uma diferença experimentada no mais profundo de si mesmo. (Konicheckis, 2000, pp. 146-147)
Essa disrupção que o adolescente experimenta também demanda um jogo de representações-coisa e de representações-palavra diferente do seu repertório infantil. O jovem precisa realizar um trabalho da adolescência (Flémal & Lefebvre, 2010) e forjar novas representações para si. Esse trabalho envolve um conjunto de remanejamentos psíquicos, o que implica buscar um novo modelo identificatório, com desidentificações e novas identificações que permitam construir uma narrativa própria para a sua história. Quando não é possível se apropriar das suas experiências sensoriais atuais nem fabricar novas simbolizações, pode haver um movimento projetivo maciço.
Konicheckis (2000) observa que alguns adolescentes vivem as sensações do seu corpo como estranhas e têm um sentimento de estrangeiridade em si. Isso faz com que não consigam abrigar tais sensações no seu interior, lançando-as para fora, à espera de que o outro possa cumprir a função de continente desse impacto da experiência sensorial. Nesses casos, as descargas emocionais são diretas e rápidas, mostrando a desconexão dos atos com a vida psíquica. A projeção impede que o adolescente faça a introjeção dessas sensações, o que provoca perdas no seu sentimento pessoal. A aproximação com o objeto pode ter um duplo viés: tanto pode desencadear a tempestade sensorial quanto o outro pode ser tela de contenção da intensidade ex-corporada, ex-posta.
O sentimento de estrangeiridade é capaz de provocar uma quebra da continuidade do ser e também pode ser encontrado em outros processos, como ao longo do envelhecimento. A estranheza que o idoso experimenta com seu corpo pode ocorrer a partir de situações cotidianas, como a dificuldade de subir uma escada para trocar uma lâmpada ou de abrir a tampa de uma lata bem fechada. Pode surgir com a chegada da menopausa ou quando o indivíduo se olha no espelho e identifica as rugas e os cabelos brancos marcando a passagem do tempo. Além disso, esse confronto com a nova realidade corporal pode se dar de forma mais abrupta, quando o sujeito passa por uma experiência intensa, como uma enfermidade ou uma lesão física (Caleca, 2014; Cherix, 2015; Goldfarb, 1997).
A perda de funcionalidade na velhice pode provocar certo arrebatamento e surpresa, porque o corpo, até então familiar, passa a ser experimentado como um outro (Cherix, 2015). A noção de inquietante estranheza é proposta por Freud no texto "O estranho" (1919/1996b). Ele lança a ideia de que o sinistro se apresenta quando há um deslizamento entre o estranho e o familiar, como se algo estrangeiro retornasse ao sujeito e lhe fizesse experimentar um sentimento de duplo, de um outro em si.
A noção de duplo foi delineada por Freud após a escrita dos artigos "Sobre o narcisismo: uma introdução" (1914/1996d) e "Luto e melancolia" (1917/1996c), que abrem caminho para a discussão da presença do objeto no eu. Tais artigos contribuem com as formulações de que parte do narcisismo dos pais fica depositada na criança - de modo que esse tempo primitivo do sujeito é banhado pelo que vem do outro - e de que a sombra do objeto se infiltra no ego. Assim, estava preparado o terreno para pensar esse outro do sujeito, o sentimento de estrangeiridade no eu. Freud não circunscreve o fenômeno do estranho a nenhuma patologia específica; ele pode ser encontrado em diversas situações da vida. Alguns autores o tomam emprestado para pensar o envelhecimento (Cherix, 2015) ou mesmo o adoecimento (Brun, 2007).
Danièle Brun (2007) assinala que há um sentimento de desorganização íntima que as desordens somáticas criam, fazendo com que a pessoa se sinta desalojada do seu corpo. Ela sugere o termo a inquietante estranheza do corpo para pensar como este está localizado a meio caminho entre o conhecido e o estrangeiro, o animado e o inanimado, o que se dá a ver e o oculto. A autora chama a atenção para o que há de inapreensível no corpo, algo que sempre nos escapa e teima em fugir do conhecimento.
Assim, nas situações de adoecimento, o sujeito é confrontado com a alteridade do corpo, que passa a ser sentido como um objeto que sai do seu controle. A autorrecriminação encontrada em alguns casos é entendida por Brun como uma tentativa de estabelecer uma espécie de autoria sobre o que está acontecendo, saindo de uma posição passiva diante dessa "sombra do corpo" para uma posição ativa de tentar retomar algum controle sobre a situação.
Quanto ao idoso, ele precisa lidar com um corpo que já não é mais potente e promissor como o era na infância e na juventude, e que não mantém a estabilidade do corpo adulto. Tal alteração é permanente, diferente de algumas situações de adoecimento, que são temporárias ou provisórias. Esses limites atingem com força o narcisismo do idoso, que se depara com um corpo que falha, o que pode ser sentido como um ataque. O envelhecimento mobiliza e altera a imagem narcísica, podendo provocar o que Messy (2007, citado por Cherix, 2015) chama de espelho quebrado, que é quando o reflexo no espelho não está mais imbuído de esperança e, em vez de montar o sujeito, desperta um sentimento de não reconhecimento de si ou de estranhamento e desencontro com sua imagem narcísica.
É importante esclarecer que o envelhecimento é um processo marcado por diferentes momentos: desde aqueles em que ocorre a entrada dos filhos na adolescência, que demarcam uma mudança geracional e que estariam situados mais próximos do começo do envelhecer, até os momentos em que o sujeito se encontra em uma idade muito avançada e as questões ligadas à morte e à finitude ficam mais proeminentes. Vamos nos deter nesse momento de velhice avançada.
Segundo Caleca (2014), as vivências de um corpo que falha podem disparar o medo do colapso, descrito por Winnicott (1963/1994), em que a angústia gerada pela nova situação já foi experimentada no passado como agonia impensável e o sujeito teme não ter recursos para suportar esse novo evento. Na velhice somos novamente confrontados com situações de separação, que também podem carregar angústias muito primitivas, e é a possibilidade de suportar a ausência o que permite tolerar a separação como não sendo uma catástrofe (Verdon, 2012). Tais ponderações sobre o medo do colapso mostram como no envelhecimento volta à cena um fundo arcaico, ligado a um desamparo originário. Reacende-se a dimensão da dependência ao outro, o que reaviva a questão do domínio e do poder do outro sobre o ego, se o sujeito pôde apropriar-se de si ou se foi ocupado pelo objeto de modo traumatizante quando precisou de cuidados.
Ainda que haja esse remonte de angústias primitivas, o idoso também vive algo inédito, que é a dialética entre um corpo que se aproxima da morte e a imortalidade da libido. Isso porque, mesmo que o corpo seja o portador de dores crônicas e limitações, ele ainda é a sede dos investimentos libidinais (Verdon, 2009, citado por Caleca, 2014). Essa situação pode gerar ambivalências entre o investimento libidinal e a retirada narcísica, entre se vincular e se isolar, entre viver e morrer.
Caleca lança luz sobre o trabalho do psicólogo que atende pessoas muito idosas, e alerta sobre o quanto este é "solicitado sensorialmente pela realidade do corpo do sujeito" (2014, p. 44). A autora pontua que o idoso pode solicitar auxílio no manejo do seu corpo ou exibi-lo ao terapeuta para que este seja testemunha das suas limitações. Essa experiência pode ser muito forte, pois o sujeito pode viver suas perdas como horríveis e fazer dessa exposição um ataque ao terapeuta, o que traz a dimensão do corpo traumatizado e traumatizante. Cabe ao terapeuta elaborar esse excesso de presença do corpo, sem rejeitá-lo, possibilitando um trabalho de reintegração de si mesmo. Assim, tenta-se restabelecer a composição de uma imagem narcísica em que o corpo não fique fragmentado nem seja sentido como um outro ameaçador.
Não são apenas as limitações corporais que podem provocar essa sensação de desvalia e essa interpelação para que o terapeuta olhe para o corpo e ajude o idoso a religá-lo libidinalmente. A dificuldade de se identificar a uma imagem de velho também pode estar associada ao lugar marginalizado que o idoso ocupa no social, sendo seu corpo pouco valorizado e investido. Usualmente ele é ignorado e só é tocado nos cuidados de higiene ou quando a pessoa adoece. Cherix defende que "os discursos e tratamentos dados à velhice em cada época e cultura têm efeitos sobre o corpo" (2015, p. 44).
As dimensões do encontro e da separação perpassam tanto a adolescência quanto o envelhecimento e o adoecimento. Em todos esses processos, há o desafio de fazer uma composição do novo (ou do ainda não conhecido) que irrompe sensorialmente com o que já é familiar e com o olhar do outro - o outro externo e social, mas também a outridade interna. É a partir de uma conciliação entre essas múltiplas variáveis que o trabalho de apropriação subjetiva pode ter continuidade.
Considerações finais
Entendemos que a sensorialidade passa por transformações ao longo da vida, buscando sentidos potenciais para o que pulsa no sujeito. A adolescência, o envelhecimento e o adoecimento são alguns dos processos em que tais irrupções sensoriais se fazem notar com força especial, desestabilizando a continuidade do ser. Nesses processos, entra em cena um trabalho de reagenciamento sensorial, em que o arcaico e o atual, o pessoal e o compartilhado se rearranjam.
As alterações sensoriais e corporais tanto podem carregar um potencial traumatizante, com despersonalização ou perda da integração egoica, quanto podem ser absorvidas pelo ego e possibilitar uma reorganização psíquica, gerando uma ampliação subjetiva. Esse novo encontro consigo tem a potencialidade de significar tanto experiências novas quanto alguns traços sensoriais anteriores que permaneceram em estado bruto. Para que o sujeito siga caminhando rumo à subjetivação, esse "velho-novo" corpo precisa ser apropriado, com um reposicionamento subjetivo.
Sendo o corpo a casa do ego, na adolescência, na velhice ou no adoecimento a sensação de "estar em casa" é abalada e o sujeito pode se sentir traído por seu corpo. Nesse sentido, a identificação com o corpo nunca é completa, e faz com que o sujeito conviva com o paradoxo de que o ego é e não é o corpo simultaneamente. A relação com o corpo e com o sensorial, portanto, não está garantida. Ainda que perpasse toda a vida do sujeito, é passível de instabilidades.
Essas experiências que provocam estranhamento, ou por serem inéditas ou por tocarem em vivências muito arcaicas ainda não simbolizadas, quebram o sentimento pessoal do sujeito e podem lhe parecer exteriores - exteriores como as primeiras experiências eram sentidas no início da vida, quando o ego ainda estava em um estágio rudimentar. Diante dessas novas situações, há o reaparecimento da vivência de exterioridade, do corpo como um duplo. Esse jogo de dentro e fora, de eu e não eu, que funda a sensorialidade, segue nos acompanhando e denota a ambiguidade do sensorial e o quanto as fronteiras do sujeito mantêm certa oscilação entre identidade e alteridade.
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Recebido em 15/12/2020
Aceito em 04/4/2021
1 Este artigo é parte da dissertação de mestrado Sensorialidade no percurso da subjetivação e na clínica psicanalítica, defendida em fevereiro de 2021 no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). A pesquisa foi realizada com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).