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Aletheia

versão impressa ISSN 1413-0394

Aletheia  no.32 Canoas ago. 2010

 

ARTIGOS DE PESQUISA

 

O desenho da figura humana como representação da experiência de maternidade

 

The human figure drawing as the representation of the maternity experience

 

 

Eliana Marcello De Felice

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados da aplicação do Desenho da Figura Humana em mulheres puérperas. Introduziu-se uma modificação sobre a técnica de aplicação de Machover, de modo que todas as mulheres fizeram o desenho de uma criança e de um adulto. Os desenhos foram analisados quanto à ordem, sexo e idade das figuras e foram levantados aspectos individuais relacionados às vivências maternas. Os resultados revelaram a projeção de aspectos psicológicos associados ao período do puerpério, como ambivalência, regressão, identificação com o bebê e com o novo papel de mãe. A projeção, sobre o filho, das expectativas e dos desejos maternos foi observada em desenhos que retrataram crianças e a significação das figuras materna e paterna da puérpera, além do marido, revelou-se em desenhos que representaram pessoas adultas. Detectaram-se, em alguns casos, as características individuais da personalidade materna que influíam na experiência de maternidade e na relação mãe-filho.

Palavras-chave: Maternidade, Desenho de figuras humanas, Relações mãe-criança.


ABSTRACT

This article presents the results of the Human Figure Drawing test applied in women during the puerperium period. It was introduced a modification on the Machover´s technique, in a way that all women drew a child and an adult. The drawings were analyzed regarding order, sex and age of the images, and by individual aspects related to the maternal experience. The results revealed the projection of psychological aspects associated to the puerperium period, as ambivalence, regression, identification with the baby and with the new maternal role. The projection, on the child, of the mother´s expectations and desires was observed by the drawings portraiting a child; and the meaning of the maternal and paternal figures of the mother, beyond the husband, was revealed by the drawings representing adults. It was observed, in some cases, the individual characteristics of the mother´s personality that influenced on the maternal experience and on the mother-child relationship.

Keywords: Maternity, Human figure drawing, Mother-child relationship.


 

 

Introdução

O Desenho da Figura Humana (DFH) consiste em um teste psicológico amplamente utilizado, tanto em pesquisa científica quanto na prática profissional psicológica, em várias áreas (Hutz & Bandeira, 2000). Empregado inicialmente como uma medida de desenvolvimento intelectual de crianças, a partir da elaboração de uma escala criada por Goodenough em 1926, sua aplicação com finalidade de avaliação da personalidade se iniciou em 1949, com a publicação de Karen Machover dos resultados de observações clínicas sobre a representação gráfica de figuras humanas, desenhadas por crianças e adultos com problemas psicológicos diversos. Machover (1949) baseou sua análise das figuras na teoria psicanalítica da dinâmica da personalidade e no conceito de projeção, fornecendo ao DFH o status de uma técnica projetiva.

A técnica de aplicação desenvolvida por Machover é bem conhecida e consiste na solicitação de dois desenhos de figuras humanas, sendo o segundo um desenho do sexo oposto da primeira figura representada pelo sujeito. Após a aplicação, realiza-se um inquérito acerca dos desenhos, que não deve ser muito rígido, mas sim orientado para a investigação dos aspectos latentes da personalidade do indivíduo.

Posteriormente, diversos outros autores contribuíram para os estudos acerca das técnicas projetivas gráficas, de modo geral, e do DFH em particular. No Brasil, destacaram-se os trabalhos de Van Kolck (1984), que desenvolveu estudos sistemáticos sobre esses instrumentos. Segundo essa autora, o desenho "se constitui em condição ótima para a projeção da personalidade" (Van Kolck, 1984, p.2), permitindo a investigação dos aspectos mais profundos e inconscientes do sujeito. Ela complementa afirmando que na elaboração de uma produção gráfica, manifestam-se mecanismos de projeção, introjeção e identificação, resultando em um material pessoal e que carrega significados simbólicos do mundo mental do sujeito.

A linguagem gráfica possui a vantagem de oferecer maior confiabilidade do que a linguagem verbal, por estar menos submetida ao controle consciente do indivíduo, fornecendo informações mais verdadeiras e menos "disfarçadas" do que as obtidas por meio do discurso verbal. (Arzeno, 1995; Hammer, 1991).

Quanto ao Desenho da Figura Humana, especificamente, seu significado psicológico fundamenta-se no conceito de imagem corporal (Hammer, 1991; Van Kolck, 1984). Esta consiste na imagem que cada indivíduo tem de seu próprio corpo, não apenas de forma consciente, e que se constrói como produto da relação com os outros, em especial com a mãe no início da vida. Van Kolck (1984) salienta a importante influência que a imagem corporal exerce sobre o comportamento do indivíduo, incluindo sua agressividade, capacidade para contatos íntimos, atitude para com a gravidez, entre outros.

A autora revela que a imagem corporal equivale ao conceito de si mesmo, o que tem implicações muito significativas sobre a forma de se compreender e avaliar o DFH: "A imagem corporal é projetada no desenho da figura humana e, consequentemente, o conceito de si mesmo" (Van Kolck, 1984, p.16). Mas, segundo a autora, o desenho pode ser também expressão de uma aspiração do eu, a projeção da própria imagem ideal, da atitude para com alguém do ambiente do indivíduo, ou ainda das atitudes e sentimentos para com o examinador ou para com a vida e a sociedade de modo geral.

Portanto, a interpretação do teste requer a habilidade do psicólogo para investigar a expressão individual projetada em cada desenho, relacionando-a com o clima emocional da situação de testagem, com as associações verbais e não verbais do sujeito e com os dados colhidos por meio de outros instrumentos de avaliação psicológica.

É nesse sentido que o DFH, como uma técnica projetiva, converte-se em um instrumento clínico, submetido ao julgamento clínico do profissional que, de posse de outras informações sobre o sujeito, obtidas por meio de entrevistas, observações, respostas a outros testes, reações à avaliação psicológica ou psicoterapia, etc, pode tirar conclusões mais fidedignas sobre a personalidade total do indivíduo (Anastasi, 1977).

Na pesquisa científica, o DFH é amplamente utilizado, principalmente por sua abrangência, simplicidade de aplicação e boa aceitação pelos sujeitos, em especial as crianças (Hutz & Bandeira, 2000). Diversos pesquisadores fizeram uso do teste para avaliação de grupos com determinadas características comuns, como, por exemplo, grupo de crianças com bruxismo (Cariola, 2006), de crianças surdas (Cardoso & Capitão, 2009), de homens que cometeram delitos (Esteves, Alves & Castro, 2008), de mulheres com obesidade mórbida (Almeida, Loureiro & Santos, 2002), de meninas no início da adolescência (Campagna & Faiman, 2002), de crianças hospitalizadas (Freitas, 2008), entre muitos outros.

Com relação ao uso do DFH para investigação de aspectos psicológicos ligados à maternidade, podemos citar os trabalhos de Herzberg (1986, 1993), Barros (2004), Bartilloti, Chiattone e Tedesco (1996) e Tolor e Digrazia (1977).

Herzberg (1986) realizou uma pesquisa com gestantes, utilizando o Desenho da Figura Humana, além de entrevistas e da aplicação de outro teste projetivo, o Teste de Apercepção Temática (TAT). A análise do DFH revelou que a ordem, tema, postura, transparências e tipo da imagem do corpo das figuras desenhadas pareceram diferenciar as gestantes da população em geral. Em um estudo posterior, Herzberg (1993) comparou um grupo de 32 gestantes primíparas com um grupo de 32 mulheres não gestantes, quanto a seu desempenho no Desenho da Figura Humana e no Teste de Apercepção Temática. Os resultados obtidos com o DFH permitiram esboçar algumas características "típicas" dos desenhos de gestantes e que as distinguiam de mulheres não gestantes, como por exemplo, maior inclinação das figuras, quadris maiores e abdomens grandes, maior frequência de representação dos seios e da cintura, entre outros.

Barros (2004) comparou as características psicológicas de um grupo de mulheres grávidas primíparas com um grupo de mulheres grávidas do segundo filho. Para essa pesquisa, a autora utilizou duas técnicas projetivas: O TAT e o DFH. Verificou que as características psicológicas das grávidas de primeiro filho apresentaram-se semelhantes entre si, porém diferentes das características psicológicas das grávidas de segundo filho, as quais também apresentaram similaridades. O DFH permitiu constatar que as ansiedades da primípara pareceram mais ligadas às modificações biopsicossociais resultantes da gravidez, o que pôde ser observado especialmente em figuras desarmônicas, principalmente na região da cintura. As grávidas de segundo filho pareceram mais abertas e tranquilas frente ao processo de gravidez.

Com o objetivo de analisar os fatores psicológicos associados ao parto pré-termo, Bartilloti e cols. (1996) aplicaram o DFH em um grupo de 20 mulheres assistidas em uma maternidade da cidade de São Paulo, nas quais não foi possível a identificação de fator causal do parto pré-termo realizado. Os pesquisadores verificaram dificuldade em identificar-se com o papel de mãe, adaptação insuficiente à maternidade, dificuldade em lidar com situações de estresse, entre outros fatores.

Tolor e Digrazia (1977) utilizaram o Desenho de Figuras Femininas com mulheres no primeiro, segundo e terceiro trimestres da gravidez, e também no período pós-parto. Eles compararam os desenhos entre si e com outros realizados por um grupo controle, composto de pacientes atendidas em consultas ginecológicas. Os autores verificaram que não houve diferenças significativas entre os desenhos das mulheres durante os três trimestres da gestação, nem entre as gestantes e as mães de bebês recém-nascidos. No entanto, os desenhos das gestantes diferiram significantemente daqueles realizados pelo grupo controle, já que os primeiros apresentaram maior número de figuras nuas, com ênfase nos genitais, além de figuras distorcidas e menores do que as realizadas pelo grupo controle. Os autores concluíram que as mudanças somáticas e psicológicas associadas à gravidez são refletidas nos desenhos de figuras humanas.

Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados da aplicação do Desenho da Figura Humana em um grupo de mulheres puérperas, mães do primeiro filho, a fim de demonstrar a utilidade do teste para a detecção de aspectos psicológicos associados ao período do puerpério. Vale destacar que, na pesquisa bibliográfica efetuada, não foram encontradas outras pesquisas que também fizessem uso do DFH durante o período pós-parto, com exceção da pesquisa citada acima (Tolor & Digrazia, 1977).

 

Método

Participaram do estudo dezesseis (16) mulheres primíparas, casadas, com idades variando entre 22 e 33 anos, com nível de instrução médio completo ou superior completo, e nível socioeconômico médio. Este último fator foi estimado pela renda familiar mensal, que variou entre 10 e 30 salários mínimos.

O recrutamento das participantes da pesquisa foi feito no "Curso de Apoio à Gravidez", realizado em uma Maternidade da Cidade de São Paulo, no qual as gestantes assistem palestras ministradas por especialistas com relação a diversos assuntos, como puericultura, parto, ginástica para gestantes, odontopediatria, etc. As gestantes foram informadas acerca dos objetivos da pesquisa e convidadas a participar voluntariamente. A pesquisa foi realizada na residência das participantes.

As entrevistas ocorreram aos sete meses de gestação e 15 dias após o parto. Neste último período, foram também aplicados dois testes projetivos: o Desenho da Figura Humana (DFH) e o Teste das Relações Objetais de Phillipson (TRO).

A aplicação do DFH seguiu, inicialmente, a técnica de Machover (1949), solicitando-se que a puérpera desenhasse uma pessoa. Na aplicação do segundo desenho, entretanto, foi introduzida uma modificação sobre a técnica de Machover: pediu-se que o segundo desenho fosse de uma criança. Quando a puérpera desenhou espontaneamente uma criança como primeira figura, foi solicitado que o segundo desenho representasse uma pessoa adulta. Optou-se por introduzir esta variação no DFH com o intuito de facilitar, no desenho da criança, as projeções das expectativas e sentimentos presentes na relação mãe-bebê. Obteve-se, assim, um total de 32 desenhos, sendo 16 de crianças e 16 de pessoas adultas. Finalizada a tarefa, pediu-se que a puérpera associasse livremente sobre os desenhos realizados, contando o que quisesse sobre as figuras desenhadas e procurando dizer quem eram, o que estavam fazendo, pensando e sentindo.

Essa pesquisa teve uma continuidade posteriormente, da qual participaram doze das dezesseis mulheres, que foram entrevistadas novamente um ano e meio e três anos após o parto. Para o presente artigo, serão abordados exclusivamente os resultados obtidos com a aplicação do DFH no puerpério. Vale salientar que o DFH, como uma técnica projetiva, ainda não recebeu aprovação do Conselho Federal de Psicologia.

Da mesma forma que sucedeu com a técnica de aplicação, a análise dos dados obtidos nesta pesquisa apresentou modificações em relação às formas convencionais de interpretação do DFH. Criou-se uma nova forma de levantamento dos dados, que foi feito de acordo com os seguintes critérios: 1) ordem de elaboração dos desenhos: comparação entre o número de primeiros desenhos de crianças e de figuras adultas; 2) comparação entre o número de desenhos de crianças do mesmo sexo do bebê da puérpera e do sexo oposto; 3) Comparação entre o número de desenhos de crianças recém-nascidas e de crianças mais crescidas do que o bebê da puérpera; 4) comparação entre o número de figuras adultas masculinas e femininas; 5) comparação entre o número de figuras adultas femininas jovens e idosas; 6) comparação entre o número de figuras adultas masculinas que retratavam o pai da puérpera e que retratavam o marido da puérpera.

Após o levantamento dos dados, estes foram analisados com base no referencial teórico psicanalítico. Ao final, apresenta-se o caso de uma puérpera para ilustrar a projeção, sobre os desenhos, de significados individuais da experiência de maternidade.

Os nomes que serão atribuídos às participantes são fictícios, garantindo-se assim o sigilo de suas identidades. Todas as participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando com a participação na pesquisa e com a publicação científica dos dados obtidos.

 

Resultados e discussão

Para a avaliação dos Desenhos das Figuras Humanas procurou-se inicialmente verificar a existência de características comuns nas figuras desenhadas, quanto aos aspectos gerais (posição da folha, localização na página, tamanho relativo, etc), estruturais (transparências, simetria, perspectiva, ação ou movimento, etc) e de conteúdo (tamanho das partes do corpo, detalhes, presença de seios, de roupas e acessórios, etc), seguindo-se o esquema de avaliação de Van Kolck (1984). Porém, não foram observadas semelhanças importantes entre os desenhos quanto a esses aspectos. Os desenhos realizados por cada puérpera apresentaram características individuais, sem que se pudesse observar um padrão relativamente uniforme quanto aos aspectos descritos por Van Kolck.

Procurou-se então analisar os desenhos em uma perspectiva de maior liberdade, sem o uso de um esquema interpretativo como referência. Essa forma de análise permitiu a verificação de diversos aspectos significativos nos desenhos realizados pelo grupo de puérperas, que são enumerados a seguir:

1) Quanto à ordem dos desenhos, oito (8) mulheres fizeram o primeiro desenho de uma criança e depois de uma pessoa adulta. Quatro (4) mulheres desenharam inicialmente uma pessoa adulta do sexo feminino e outras quatro (4) desenharam em primeiro lugar uma pessoa adulta do sexo masculino.

O fato da metade do grupo de puérperas ter desenhado em primeiro lugar uma criança é bastante significativo. Levando-se em conta que as instruções iniciais seguiram a técnica de Machover e Van Kolch: "faça o desenho de uma pessoa", esse não é um resultado comum encontrado com uma frequência tão elevada. Ele parece relacionar-se com o momento em que as mulheres se encontravam, isto é, com o envolvimento com a maternidade, com o novo papel desempenhado e com o bebê. Esse resultado parece indicar o estado de "Preocupação Materna Primária", descrito por Winnicott (1982), em que a mulher, nesse período, se volta quase que exclusivamente para seu bebê e se distancia emocionalmente do mundo externo. Esse estado pressupõe uma regressão temporária e uma identificação com o bebê (Winnicott, 1982), o que pareceu revelar-se pelo elevado número de desenhos espontâneos de crianças, em primeiro lugar.

A regressão psicológica em que a mulher se encontra nesse período favorece sua identificação com o filho e com seu estado de dependência absoluta (Winnicott, 1982). É por meio desse estado regredido que a mãe entra em contato com aspectos mais primitivos do psiquismo, capacitando-a a compreender intuitivamente as necessidades de seu bebê.

Apresentamos abaixo, a título de ilustração, alguns dos desenhos de crianças que foram realizados em primeiro lugar, juntamente com as associações aos mesmos:

 

 

Beatriz: "Essa é uma criança de 12 anos, feliz, que tem família, tem um lar e vive bem. Ela está indo para a escola".

Andréa: "Essa é minha filha. Ela tem os olhos grandes, a boca bem feita. Está sempre de luvinha e macacão. Começando a ficar bochechuda, o cabelo e a sobrancelha ainda não estão completos. É boazinha, sempre faz caretinha. Acho que vai ter personalidade forte, quando não quer mamar, trava a boca. Acho que vamos bater de frente".

Bruna: "Uma menina de 6 anos que nasceu em um ambiente alegre, é como eu sempre sonhei que seria minha filha, nascida em uma família alegre, e cheia de sonhos e de objetivos. Pensa em estudar, crescer, ter uma profissão, ser responsável. O que mais quero é apoiá-la para ela estudar".

2) Dos dezesseis (16) desenhos de crianças, quatorze (14) foram de crianças do mesmo sexo do bebê da mulher, e apenas dois (2) foram de crianças do sexo oposto do bebê.

A elevada predominância de desenhos de crianças do mesmo sexo do bebê da puérpera sugere que as mulheres projetaram, no desenho, a figura do próprio filho. Nos inquéritos sobre os desenhos, foram comuns as descrições das crianças como saudáveis, felizes, carinhosas, espertas, "brincalhonas", comunicativas, meigas, inteligentes, entre outras características positivas, indicando as projeções, sobre os filhos, dos desejos e expectativas da mãe acerca dos mesmos.

O fato de apenas duas (2) mulheres terem desenhado crianças do sexo oposto de seus bebês revelou-se um dado muito significativo, ao se levar em conta as condições emocionais dessas puérperas. Desde a gravidez, essas duas mulheres viveram intensos conflitos com a maternidade e encontravam-se muito ambivalentes em relação à gestação. Não se sentiam felizes com a perspectiva de ser mãe e imaginavam que teriam muitas dificuldades e sofrimentos depois que o filho nascesse. Após o parto, elas se encontravam muito deprimidas e inseguras, sentindo-se incapazes de dar conta adequadamente das tarefas maternas e excessivamente dependentes das pessoas à sua volta. A ambivalência preponderava na relação com o filho, de modo que o amor a ele coexistia com intensa rejeição e insatisfação com a maternidade.

Uma hipótese que pode ser levantada é a de que os desenhos das crianças, efetuados por essas duas mulheres, relacionaram-se com as dificuldades que estavam encontrando em suas experiências de maternidade. Ao desenharem uma criança do sexo oposto de seus bebês, talvez expressassem, inconscientemente, o desejo de transformar a situação real em que encontravam e seus sentimentos de rejeição ao filho. Ambas as mães tiveram um filho menino e uma delas afirmou diversas vezes o desejo de ter uma menina, imaginando que assim não teria que enfrentar as dificuldades, os medos e as angústias que estava vivenciando. Os desenhos de crianças efetuados por esses duas mulheres são expostos abaixo, juntamente com as associações a eles. Ambos consistiram no segundo desenho realizado:

 

 

Silvia: "É a filha da sobrinha da minha sogra. Ela está no jardim, brincando com os patinhos. Ela é muito esperta, capta fácil as coisas. Não vejo a hora que meu filho entre nessa fase, fica mais engraçadinho".

Miriam: "Desenhei menina porque é mais cheia de coisinhas. Ela tem 6 ou 7 anos, é uma menina delicadinha, que gosta de brincar de balão. Gosta de passear, é alegrinha, vai para a escola, brinca, é uma menina comum".

Pode-se afirmar, portanto, que esse resultado obtido no DFH mostrou-se significativo pela correlação que pode haver entre esse dado e as características patológicas presentes na experiência de maternidade dessas duas mulheres. Estas fizeram parte do grupo de participantes da continuidade da pesquisa, que se estendeu até os 3 anos após o parto. Suas dificuldades com a maternidade as acompanharam ao longo do crescimento do filho, indicando um modo de relação com a experiência de ser mãe que foi denominado pela pesquisadora de "maternidade masoquista". Essa nomeação se deu em decorrência da maternidade ter representado para elas, de modo imutável ao longo do tempo, uma experiência muito difícil, um suplício e um peso, envolvendo muito sofrimento e pouca satisfação ou gratificação. O psiquismo dessas duas mães parecia dominado por objetos muito sádicos e persecutórios, que lhes impunham dores e tristezas.

É importante salientar que não se pretende generalizar esses resultados, afirmando-se que todas as puérperas que representarem no desenho de uma criança, uma do sexo oposto do próprio filho, se encontram na mesma condição que estas duas mães. Mas o resultado obtido revelou-se instigante e convida a outras pesquisas semelhantes com maior número de sujeitos.

3) Dos dezesseis (16) desenhos de crianças, quatorze (14) foram de crianças com mais idade do que o bebê da puérpera, e apenas dois (2) foram de bebês recém-nascidos.

Quanto às idades das crianças desenhadas, houve uma predominância acentuada de desenhos de crianças com mais idade do que a dos bebês das puérperas. Porém, com relação a este dado, não foram observadas diferenças consistentes entre as vivências emocionais das duas mulheres que desenharam bebês recém-nascidos e o restante das participantes, ao contrário do que se observou no item anterior.

As idades das crianças desenhadas pelas 14 mulheres que representaram crianças mais crescidas do que seus bebês variaram de 6 meses a 12 anos. Frente ao inquérito sobre os desenhos, essas mulheres relataram que eram crianças que estavam em uma fase diferente da que se encontravam seus filhos: já não tinham mais cólicas, já faziam "gracinhas", ou já falavam, iam à escola, brincavam de bola, corriam em um parque...

Parece que as mulheres projetaram, em seus desenhos das crianças, seus desejos e expectativas quanto ao futuro dos filhos. Estes eram imaginados como muito felizes e tendo uma vida muito satisfatória. As características atribuídas às crianças relacionavam-se, em alguns casos, com as características da própria mãe. Por exemplo, uma mãe que descreveu a si mesma como "batalhadora e perseverante", mencionou essas mesmas características em relação à figura de criança desenhada.

Estes dados parecem relacionados com a posição "narcísica" do filho no mundo imaginário da mãe (Ferrari, Piccinini & Lopes, 2006; Freud, 1914/1976), isto é, de alguém que não é ainda totalmente diferenciado do próprio eu. Sobre o "filho do futuro", ainda desconhecido, as mães projetaram seus próprios desejos e seus ideais. Este aspecto pode ser claramente observado pelas seguintes associações de uma mãe sobre o desenho que fez de uma criança:

 

 

Regina: "É minha filhinha, acho que nessa idade ela vai estar bem vaidosa, tendo aulas de piano, quem sabe aulas de dança ou balé. Eu tinha esse sonho e não realizei, gostaria de incentivá-la".

Esse exemplo permitiu verificar que o desenho da criança revelou a representação do caráter "narcísico" da relação mãe-filho, presente já no início da vida da criança, em que a mãe projeta no filho seu próprio "ego ideal":

Se prestarmos atenção à atitude de pais afetuosos para com os filhos, temos de reconhecer que ela é uma revivescência e reprodução de seu próprio narcisismo, que de há muito abandonaram. [...] A criança concretizará os sonhos dourados que os pais jamais realizaram – o menino se tornará um grande homem e um herói em lugar do pai, e a menina se casará com um príncipe como compensação para sua mãe. (Freud, 1914/1976, p.107-108).

Houve também outro fator que pareceu relacionado com o fato das mães terem desenhado crianças mais crescidas do que seus próprios bebês. Esse fator consiste na ambivalência das mães diante da nova experiência de maternidade. As crianças mais crescidas já haviam passado pelo momento angustiante que representava para as mães a fase em que se encontravam: as cólicas já haviam passado a criança já se alimentava sozinha, já era mais independente, mais "engraçadinha", já sabia falar – o que poupava a mãe de ter que adivinhar suas necessidades – ou ainda estava em uma fase descrita como mais tranquila.

Esses dados revelaram as angústias da mãe de lidar com um bebê recém-nascido, muito dependente e com parcas possibilidades de comunicação. Por serem mães de primeiro filho, as mulheres vivenciavam uma experiência nova para elas, que lhes provocava sentimentos ambivalentes, de prazer e desprazer, de satisfação e insatisfação. Ao mesmo tempo em que se sentiam recompensadas pela experiência de maternidade, também se sentiam angustiadas, perdidas e confusas diante da intensidade de emoções e conflitos que acompanham essa experiência.

4) Dos dezesseis (16) desenhos de figuras adultas, onze (11) foram de figuras femininas e cinco (5) foram de figuras masculinas.

A maioria das figuras adultas desenhadas foi do sexo feminino, indicando, de forma predominante no grupo pesquisado, a identificação com o papel característico do próprio sexo (Van Kolck, 1984). Esse dado é significativo levando-se em conta que o período em que as mulheres se encontravam favorece a identificação com a figura materna, com o novo papel de mãe e com a feminilidade (Langer, 1981).

Nas associações sobre alguns dos desenhos de mulheres adultas, verificou-se a projeção de angústias e medos da puérpera diante da situação atual em que se encontravam, confirmando a presença desses aspectos na experiência da mãe, conforme foi apontado anteriormente (p.15). Citamos como exemplo os dois desenhos seguintes e as associações como respostas ao inquérito:

 

 

Vera: "É uma mulher que está pensando: meu Deus, e agora? Tem que deixar o medo de lado e seguir em frente."

Esta puérpera relatou, na entrevista realizada durante o puerpério, o quanto se sentia angustiada diante da situação nova em que se encontrava e com medo de não conseguir cuidar adequadamente do filho recém-nascido.

 

 

Helena: "É uma adolescente de 18 anos que está se descobrindo e descobrindo uma série de coisas. Tem medo do desconhecido e está ainda um pouco perdida diante de tudo isso."

Apesar de descrever uma adolescente, esta puérpera parecia estar falando de si mesma, das incertezas e inseguranças diante da situação nova e desconhecida pela qual estava passando e um pouco perdida diante da atual fase de transição (para o mundo adulto, para a maternidade), identificando-se com uma adolescente em processo de mudanças.

5) Das onze (11) figuras adultas do sexo feminino, oito (8) foram de mulheres jovens e três (3) foram de senhoras idosas, descritas como avós.

A maioria das figuras adultas femininas situava-se próxima à faixa etária do grupo de mulheres pesquisado. Novamente, podemos interpretar esse dado como indicativo da identificação das mulheres com a fase de vida em que se encontravam e com o papel que desempenhavam, característico da fase jovem adulta.

Os desenhos de figuras femininas mais idosas, descritas como avós, podem indicar aspectos da relação da mulher com a própria mãe, que são muito poderosos e significativos nessa etapa do puerpério (Domash, 1988; Langer, 1981). Entre  esses aspectos, a identificação da mulher com a própria mãe consiste em um importante fator psicológico durante o período pós-parto, relacionando-se à prontidão e facilidade com que a mulher aceita seu novo papel (Domash, 1988). Ao mesmo tempo, trata-se de uma fase em que a jovem mãe necessita sentir-se amparada pela presença de uma figura materna (externa e internalizada) bondosa e amorosa. Diversos estudos apontam para a importância desse aspecto para que a mãe desenvolva confiança e segurança para desempenhar seu novo papel de mãe (De Felice, 1999, 2004; Prochnow, 2005).

Expomos abaixo um dos desenhos de uma figura feminina idosa, seguido das associações, para ilustrar esses aspectos:

 

 

Maria José: "Essa é uma vovó de 65 anos. É uma vovó muito meiga, que adora os filhos, os netos, adora cozinhar, fazer bolo... Adora que a casa dela fique cheia de gente".

A presença, no mundo mental da mulher, de uma figura materna sentida como bondosa, nutridora e acolhedora, tem importante função para que a puérpera possa se sentir amada e acolhida e com quem possa se identificar no desempenho de seu papel materno.

6) Das cinco (5) figuras adultas do sexo masculino, uma (1) retratava o pai da puérpera e foi realizada depois do desenho da criança, e as outras quatro (4) retratavam o marido da puérpera e foram os primeiros desenhos realizados.

Segundo Hammer (1991), a realização do desenho da figura humana de sexo oposto à da pessoa, antes da figura do mesmo sexo, pode indicar, entre outros aspectos, forte ligação ou dependência do genitor (ou de alguém) do sexo oposto. Essa constatação do autor pareceu confirmar-se neste estudo.

Um dos desenhos da figura adulta masculina foi descrito como o pai da puérpera, a quem esta se referiu como uma pessoa trabalhadora e muito admirada por ela. Essa jovem mãe tinha muitos conflitos na relação com o próprio pai, de quem ela sempre desejou receber mais carinho e afeto. Sua experiência de maternidade estava sendo muito afetada por esses conflitos, já que ela sentia que seu pai não aprovava seu casamento e rejeitava sua filha recém-nascida. O desenho da figura paterna pareceu retratar sua forte ligação afetiva ao pai e sua dependência emocional em relação a ele.

Os outros quatro desenhos de figuras adultas masculinas foram descritos como sendo do marido da puérpera, sendo que dois deles foram realizados pelas mulheres que, conforme já foram citadas anteriormente (p.11-12), sentiam-se nesse período muito deprimidas e angustiadas e viviam muitos conflitos com relação à maternidade. Seus desenhos das figuras adultas masculinas estão expostos abaixo:

 

 

Silvia: "É um homem de 27 anos, é meu marido. Ele está na chácara, ao ar livre, cuidando dos bichos, que ele adora fazer".

Miriam: "Desenhei meu marido. Tem 30 anos, é sério, trabalhador, dedicado. Desenhei homem porque é mais fácil. Ele está indo para o serviço. Ou posando para uma foto".

Cabe destacar que essas duas puérperas sentiam-se excessivamente dependentes do marido nesse período após o parto, necessitando de sua presença constante em seus cuidados ao filho. Elas se sentiam incapazes de cuidar por si mesmas do bebê e de ganhar maior confiança nas próprias capacidades maternais. A regressão que essas mulheres apresentaram revelou-se muito acentuada e tornou-se conflitiva e não operativa, ao dificultar a elas o uso adequado de suas funções adultas para o desempenho das tarefas maternas.

Portanto, os desenhos das figuras adultas masculinas, descritas como sendo o marido da puérpera, sugerem a relação afetiva de dependência com relação a ele, possivelmente acentuada pelo estado regressivo característico do período puerperal, que pode se revelar em alguns casos muito intensificado, tornando essa relação de dependência mais forte e poderosa.

7) Características pessoais da experiência de maternidade revelados no DFH.

Observando as produções individuais de cada puérpera, foi possível verificar, em muitas delas, a representação da experiência particular de maternidade para a mulher. Por meio dos desenhos, elas puderam retratar, simbolicamente, os significados psicológicos presentes em sua experiência de maternidade, os quais sofriam a influência dos traços predominantes de seu psiquismo.

Ilustraremos esse aspecto com um dos casos. Trata-se de Priscila, cujos aspectos fortemente narcísicos da personalidade exerceram marcante influência sobre sua experiência de maternidade.

Desde a gravidez, o filho de Priscila representava para ela um objeto ideal, um complemento de seu ego. Ela imaginava, junto do filho ainda não nascido, a realização de fantasias onipotentes nutridas desde sua adolescência, como a de "estar com uma filha no deserto, época em que queria tudo, ser terrorista, ir para a África do Sul, lutar pelo Apartheid..." (sic). Ao lado da filha imaginária – um prolongamento narcísico de si mesma – Priscila fantasiava ser uma pessoa muito especial.

Após o nascimento do filho, um menino, Priscila se sentia maravilhada com a experiência de ser mãe e dotada de um grande poder. Acreditava que só ela conseguia entender do que seu filho precisava e começou a excluir o marido do vínculo entre ela e o bebê. Priscila se sentia muito especial e imaginava-se como uma "deusa", acreditando que agora poderia enfrentar o mundo todo (o marido, os familiares e os médicos, que ela acreditava que estavam muito "despeitados"), pois tinha uma arma muito poderosa: a maternidade. Esta lhe dava grande satisfação narcísica, promovendo-lhe um sentimento de plenitude e preenchendo-lhe um vazio existencial.

Quinze dias após o parto, Priscila fez os seguintes desenhos:

 

 

Associações:

1º desenho: "É uma mulher de 25-30 anos. É uma mãe, ela é todo-poderosa por ser mãe e está em contato bem forte com o mundo, com Deus, por ser mãe e mulher".

2º desenho: "Esse é o meu filhinho, lindo, maravilhoso, nadando entre flores".

O primeiro desenho, uma figura adulta feminina, aparece sem roupa e glorificada, sugerindo seus fortes sentimentos narcísicos, ligados a desejos exibicionistas. O corpo parece de menina e não de mulher, sugerindo o infantilismo de seu psiquismo. A mulher é uma mãe (ela mesma), "todo-poderosa por ser mãe", expressando claramente suas fantasias de onipotência ligadas à maternidade.

O segundo desenho, do filho, também aparece glorificado, um bebê maravilhoso "nadando entre flores". O narcisismo de Priscila aparece projetado no "filho maravilhoso", que se encontra envolto por água e flores, sugerindo o ambiente intrauterino. Ou seja, o bebê era sentido como parte dela mesma e a separação provocada pelo nascimento era assim anulada.

Acompanhada até os 3 anos de idade do filho, Priscila demonstrou que a configuração emocional que foi observada durante sua gravidez e puerpério não se modificou. O filho permaneceu significando para ela um objeto idealizado, uma extensão de si mesma, de quem ela não queria ter que se separar jamais, encontrando grande satisfação narcísica no vínculo estreito e inseparável que mantinha com ele. O pai da criança foi mantido excluído do vínculo "narcísico-simbiótico" mãe-filho (Gomes, 1997). A criança dormia na cama do casal, no meio dos pais, até os 3 anos de idade, apesar dos protestos do pai. Priscila não conseguiu promover o processo de separação-individuação do filho (Mahler, 1982), o que teve repercussões muito negativas para seu desenvolvimento psicológico. Aos 3 anos de idade, a criança não suportava separar-se da mãe, apresentava intensos desejos de posse e exclusividade em relação a ela, tinha muitas dificuldades de sociabilidade, evitando contatos com outras pessoas, principalmente crianças, e reagia com forte agressividade diante de frustrações.

O caso de Priscila revelou que o infantilismo materno no plano narcísico pode conduzir a uma relação mãe-filho com características patológicas, em que o filho é "engolfado" no narcisismo da mãe, prejudicando o desenvolvimento de sua autonomia e do estabelecimento de relações triangulares. Trata-se de uma elevada acentuação dos aspectos narcísico-simbióticos que fazem parte natural das relações mãe-filho, em especial no início da vida da criança, como foi apontado por Freud (1914/1976) e Winnicott (1982), entre outros autores.

Por esse exemplo, procurou-se demonstrar que a aplicação do DFH em mulheres puérperas possibilitou a detecção de aspectos psicológicos significativos, relacionados à experiência particular de maternidade para a mulher. Por meio dos desenhos, foi possível verificar, em alguns casos, determinadas características da personalidade materna, tanto mais saudáveis como mais patológicas, que influíam em sua experiência de ser mãe e em sua relação com o filho, desde o nascimento.

 

Considerações finais

O Teste do Desenho da Figura Humana em mulheres puérperas mostrou-se um instrumento útil para a verificação de aspectos psicológicos associados ao período pós-parto, entre eles, ambivalência, regressão, identificação com o bebê e com o novo papel de mãe. Nos desenhos de crianças, observou-se a projeção da figura do próprio filho e dos desejos, expectativas e ideais da mãe em relação a ele, revelando as características narcísicas do vínculo mãe-filho. A significação das figuras materna e paterna da puérpera, além do marido, em seus aspectos de identificação e dependência, também foi verificada em alguns desenhos de figuras adultas. Por fim, pôde-se detectar no material obtido pelos desenhos, em alguns casos, as características individuais da personalidade materna, em seus aspectos mais sadios ou mais patológicos, que influíam na experiência de maternidade e na relação mãe-filho.

Os desenhos realizados pelas puérperas, nesta pesquisa, foram analisados sem o uso de uma referência interpretativa padronizada, já que não se detectaram semelhanças quanto aos padrões de análise tradicionalmente utilizados. Mas pareceu-nos que a liberdade na análise do material permitiu a verificação de aspectos psicológicos significativos projetados nos desenhos, relacionados às experiências emocionais do puerpério, e que talvez não fossem detectados por meio de uma análise padronizada.

Torna-se importante salientar que os resultados e conclusões obtidos por meio desta pesquisa não podem ser generalizados, em virtude do número reduzido de participantes de sua amostra. De todo modo, a verificação precoce de aspectos envolvidos na relação mãe-bebê, possibilitada pelo uso do instrumento, aponta para a importante característica preventiva da pesquisa realizada e da utilização do procedimento. Consideramos que esta foi uma pesquisa piloto, que convida a outras pesquisas que também possam fazer uso do Desenho da Figura Humana durante o período pós-parto.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: elianafelice@yahoo.com.br

Recebido em outubro de 2009
Aprovado em março de 2010

 

 

Eliana Marcello De Felice: Psicóloga; Mestre e Doutora em Psicologia Clínica (USP); Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

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