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Psicologia em Revista

versão impressa ISSN 1677-1168

Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.15 no.3 Belo Horizonte dez. 2009

 

ARTIGOS

 

A transmissão da psicanálise na universidade a partir do estudo de casos clínicos

 

The transmission of psychoanalysis at the university from the study of clinical cases

 

La transmisión del psicoanálisis en la universidad a través de los estudios de casos clínicos

 

 

Henrique Figueiredo CarneiroI*; Paula Julianna Chaves PintoII**

IUniversidade de Fortaleza
IIUniversidade Federal do Ceará

 

 


RESUMO

A teoria psicanalítica se sustenta da transmissão conceitual baseada no que de mais particular existe na história de um sujeito que sofre. Dessa forma, é de grande importância para os alunos de cursos universitários o exercício de pensar e refletir a prática em torno dos conceitos da posição subjetiva e estrutura psíquica. São conceitos centrais para o estudo da psicopatologia psicanalítica. Servem de suporte e suplementam satisfatoriamente o que se transmite em uma aula, uma vez que os alunos não desenvolvem ainda uma prática clínica. Neste trabalho, fazemos uma investigação bibliográfica que, aliada à apresentação de uma experiência realizada no Curso de Psicopatologia Psicanalítica ministrado na Universidade de Fortaleza, destaca a discussão de estudos de casos na transmissão de conceitos fundamentais da clínica psicanalítica e sua relação com a prática de ensino pautada no discurso universitário. Concluímos com a análise sobre a repercussão dessa prática e por recomendar o uso de estudos de casos clínicos para a fundamentação de um curso teórico de Psicopatologia Psicanalítica aos que trabalham com a psicanálise no contexto universitário.

Palavras-chave: psicanálise; transmissão; casos clínicos; posição subjetiva; psicopatologia.


ABSTRACT

Psychoanalytic theory is sustained transmission concept based on the most special is the story of a guy who suffers. Thus, it is of great importance to students of the university year to think and reflect the practice around the concepts of subjective position and psychic structure. Are concepts central to the study of psychoanalytic psychopathology. Serve to support and supplement satisfactorily what is transmitted in a classroom, since students do not develop even join practice. In this paper we give a literature search, which together with the presentation of an experiment performed at the Course of Psychoanalytic Psychopathology taught at the University of Fortaleza, highlights the discussion of case studies in the transmission of the fundamental concepts of psychoanalytic treatment and its relationship to teaching practice guided university discourse. We conclude with an analysis of the impact of this practice and recommend the use of clinical case studies for the basis of a theoretical course of Psychoanalytic Psychopathology, those who work with psychoanalysis in the university context.

Keywords: psicoanálisis; transmisión; clinical cases; subjective position; psychopathology.


RESUMEN

La teoría psicoanalítica se sostiene a través de la transmisión conceptual basada en lo que de más particular haya en la historia de un sujeto que sufre. Para ello es de gran importancia para los alumnos de cursos universitarios el ejercicio de pensar y reflexionar la práctica acerca de los conceptos de posición subjetiva y estructura psíquica. Son conceptos claves para el estudio de la psicopatología psicoanalítica. Sirven de soporte y suplementan satisfactoriamente a lo que se enseña en una clase universitaria, vez que los alumnos no sostienen aún una práctica clínica. En este trabajo hacemos una investigación bibliográfica que aliada a la presentación de una experiencia realizada en el curso de Psicopatología Psicoanalítica ministrado en la Universidad de Fortaleza, destaca la discusión de estudios de casos en la transmisión de conceptos fundamentales de la clínica psicoanalítica e su relación con la enseñanza en el discurso universitario. Concluimos con un análisis sobre la repercusión y por recomendar la utilización de estudios de casos clínicos para la fundamentación de un curso teórico de Psicopatología Psicoanalítica, a los que trabajan con el psicoanálisis en el contexto universitario.

Palabras-clave: psicoanálisis; transmisión; casos clínicos; posición subjetiva; psicopatología.


 

 

1 Introdução

A transmissão em psicanálise ultrapassa uma simples questão de ensino. Percebemos que, para a efetivação discursiva e uma maior apropriação dos conceitos psicanalíticos dentro da universidade, é necessário estratégias didáticas na transmissão, incomuns no percurso acadêmico do aluno dentro da universidade. O uso dessas estratégias se justifica pela importância do conteúdo de ordem subjetiva e da construção de conceitos a partir da clínica psicanalítica, aplicada a um contexto universitário.

Com o intuito de aprofundar e discutir essa questão relatamos a experiência didática vivida na disciplina de Psicopatologia Psicanalítica, ministrada no Curso de Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), na qual percebemos que o conhecimento acerca das posições subjetivas pode ser melhor aprofundado com base no estudo de casos clínicos em sala de aula. Com isso, objetivamos traçar uma discussão sobre a inserção dos casos clínicos publicados em textos da área, como uma forma de auxiliar a apreensão de conceitos fundamentais para a psicopatologia, dentro de uma referência aos conceitos da clínica psicanalítica.

 

2 A transmissão da psicanálise e a universidade

Assunto recorrente na teoria freudiana, a transmissão em psicanálise sempre esteve enlaçada a uma experiência clínica pessoal. Freud não concebia um aprendizado da teoria sem ela. Isso difere dos outros tipos de formações que conhecemos, nas quais percebemos a ênfase sobre reproduções técnicas de ensinamentos e conteúdos teóricos. Percebemos essa ênfase especialmente em nossa época, que, como afirma Carneiro, "caracteriza-se pela reverência à tecnociência que avança sobre todos os terrenos do conhecimento". E continua: "Assim, entramos na época da tecnociência mediante o objeto prêt-à-porter, isto é, a impressão de que o objeto está pronto, acabado, para ser consumido pelo sujeito. Nesse ponto, reside toda a falácia dessa construção objetal" (Carneiro, 2004, p. 11).

Entretanto, na contramão dessa formação discursiva contemporânea pautada no consumismo, está a questão da formação de um analista. Nela estão envolvidos aspectos gerais, que são a análise pessoal, uma supervisão e estudos teóricos permanentes em grupos ou instituições específicas. A formação dos analistas foi motivo de preocupação desde o início da psicanálise. Freud demonstrava especial interesse nesse tema e, em seu texto "A questão da análise leiga", ele afirma:

O preparo para a atividade analítica de modo algum é fácil e simples. O trabalho é árduo, grande a responsabilidade. Mas qualquer um que tenha sido analisado, que tenha dominado o que pode ser ensinado em nossos dias sobre a psicologia do inconsciente, que esteja familiarizado com a ciência da vida sexual, que tenha aprendido a delicada técnica da psicanálise, a arte da interpretação, de combater resistências e de lidar com a transferência - qualquer um que tenha realizado tudo isso não é mais um leigo no campo da psicanálise. Ele é capaz de empreender o tratamento de perturbações neuróticas e ainda poderá com o tempo alcançar nesse campo o que quer que se possa exigir dessa forma de terapia (Freud, 1988e, p. 220).

Com a mesma preocupação no tema da transmissão, Lacan (1998), no texto "A psicanálise e seu ensino", afirma que a psicanálise não se transmite como qualquer outro saber e que ela questiona a própria função de saber para o sujeito e para a sociedade, mas que o analista, de forma alguma, pode ficar preso a um só discurso. Dessa forma, o autor faz uma aposta na ética da psicanálise, que permitiria ao analista ser constantemente atravessado por uma indagação própria e o impediria de estagnar em uma posição.

Lacan (1998) fala ainda da impossibilidade de afirmar-se que, no ensino, trata-se necessariamente da transmissão de um saber, visto que não há garantias disso (embora afirme que as universidades trabalham nessa perspectiva e acreditam que isso seja possível, contemplando a verdade como um "todo", o completo de um conceito). Mostra o quanto a crescente totalização do saber da universidade, em busca de alcançar o "Um" contribui para a disjunção entre psicanálise e universidade.

E aponta que aquilo que acontece na universidade é um compromisso com a parcialidade da verdade, com sua estrutura de ficção. Diferentemente das outras disciplinas inseridas no contexto universitário, a psicanálise, para Maurano, implica a "transmissão de um saber que não se sabe, ou seja, a transmissão de um enigma, um dizer pela metade, que é fisgado pela verdade, mas que não elide o abismo que há entre esta e o saber" (Maurano, 2006, p. 222).

Lacan chega a falar ainda da intransmissibilidade da psicanálise, mas não porque ela não tivesse nada a transmitir, como afirma Maurano, ou porque fosse avessa à questão do saber, mas porque questiona e discute a relação do próprio sujeito com o saber "e a relação do sujeito com a dimensão da vida que escapa ao saber, ponto limite do sentido" (Maurano, 2006, p. 209). Isso se dá pelo fato de a psicanálise ser "não toda", por isso não é transmissível, e é exatamente esse "não todo" o que deve ser transmitido.

Em seu texto, Rosa (2001) mostra que a psicanálise se organiza e produz conceitos justamente em torno da impossibilidade de um enunciado ser completo, exaustivo; em torno de um a mais não dito no enunciado, mas presente e atuante para o sujeito em suas relações. É isso que Lacan quer dizer com "não todo", que sempre algo ficará de fora, inominável, fora do discurso, não comprometendo, com isso, sua transmissão. O que importa é a produção e o avanço de um novo saber.

Assim, percebemos que da psicanálise se ensina os seus fundamentos, mas o que se transmite ao analista é da ordem de um estilo, como diz o próprio Lacan:

Qualquer retorno a Freud que dê ensejo a um ensino digno desse nome só se produzirá pela via mediante a qual a verdade mais oculta manifesta-se nas revoluções da cultura. Essa via é a única formação que podemos pretender transmitir àqueles que nos seguem. Ela se chama: um estilo (Lacan, 1998, p. 460).

E com essa afirmação, o autor inaugura a ideia de que o ensino da psicanálise, assim como Freud o criou, passa necessariamente pelos meandros de uma verdade subjetiva, ou seja, do desejo e, como diz Brauer (2001), é uma transmissão, a transmissão de um traço marcado por um nome, o nome de Freud. Estamos no campo freudiano.

A preocupação dos autores aqui citados é mostrar o quanto a transmissão da psicanálise está para além do ensino teórico, sendo importante a maneira pela qual ela se articula constantemente com sua prática clínica e com a análise pessoal do psicanalista. Coutinho Jorge (1995) afirma que, no que diz respeito ao ensino teórico da psicanálise, deve-se dizer, antes de tudo, que ele não pode prescindir da referência à experiência clínica.

Dessa forma, podemos diferenciar claramente os conceitos de ensino e transmissão, especialmente no que é tocante à teoria psicanalítica. A ideia de ensinar implica em duas pessoas que se relacionam (geralmente o professor e o aluno), em que está em questão um referente que será representado para alguém. Como afirma Voltolini (2009), essa é sempre uma situação causal, em que se aprende unicamente porque se ensina. A psicanálise contesta esse posicionamento a partir da noção de conteúdo e de conceitos como linguagem, singularidade e inconsciente.

Na ideia de transmissão, a diferença primordial é que não há um conteúdo a ser "ensinado". Nessa condição, a teoria é passada, e cada aluno a recebe de uma forma diferente, na proporção em que foi causado, "à revelia de qualquer intenção, mas que situa, fundamentalmente, a existência de um campo comum, onde identificar quem é ‘o autor' de uma determinada ideia passa a ser difícil, mas também irrelevante" (Voltolini, 2009). A transmissão implica diretamente o aluno na forma como está atravessado pela linguagem, isto é, desde sua posição singular. Enfim, a transmissão é uma questão de como cada sujeito se encontra com o desejo diante daquilo que escuta e frente à saída que desencadeia uma entrada para suas perguntas.

Observa-se que, assim como todo o arcabouço teórico freudiano, também a questão da transmissão está fundamentada em uma posição subjetiva, pondo em relevo o que há de singular naquele que se escuta. Isso implica, como afirma Carneiro, em que a psicanálise se recria com "a leitura dos impasses simbólicos que cada indivíduo transforma em sintoma quando é chamado a prestar contas de uma posição subjetiva, que se traduz na maneira como ele se relaciona com o objeto" (Carneiro, 2004, p. 278).

E ressalta então o conceito de transferência, crucial na obra psicanalítica, que "coloca o analista em uma posição de objeto de amor" (Carneiro, 2004) e deve ser levado a todas as instâncias de sua prática, em que cada sujeito mostra como se dá sua relação com o inconsciente e vai buscar no Outro uma resposta.

É necessário então buscar a ética da psicanálise. Para isso, "não seria outra coisa senão a tentativa de dizer algo sobre o objeto, apoderando-se de uma posição sobre o mesmo" (Carneiro, 2004) e não cair no discurso do mestre, um dos quatro discursos desenvolvidos por Lacan (1979). Essa posição é alienante para o sujeito, quando o mestre se remete a uma tentativa constante de que sua divisão subjetiva, sua castração, não apareça. O mestre permanece numa tentativa de ocultar a falha, embora a castração exista, como Lacan (1970, p. 114) afirma: "o que constitui a essência da posição do mestre é o fato de ser castrado". Porém, esse mestre acredita que a tudo poderá responder e explicar e se ilude com a existência de um grande Outro não castrado, pleno. Sabemos que isso é uma ilusão, visto que, pelo viés da psicanálise, algo sempre escapa, sempre haverá uma falta. Por essa razão, o autor enfatiza que o discurso do mestre poderá dificultar aquilo que se espera na transmissão da psicanálise, seja ela na universidade ou não.

Em seu texto "Sobre o ensino da psicanálise nas universidades" (Freud, 1988c), Freud demonstra a importância do estudo da psicanálise dentro da universidade, mas também os riscos que uma simples transmissão de conceitos pode causar; o que conhecemos como um tecnicismo acadêmico, tão comum nas ciências positivistas. Ressalta a importância de o aluno aprender algo de psicanálise e sobre psicanálise, mesmo sabendo que não será o suficiente para a formação de um profissional, e uma formação adicional é indicada por ele.

Nesse mesmo texto, Freud faz referência ao fato de um psicanalista prescindir completamente da universidade, sem qualquer prejuízo para sua formação, visto que disporia dos encontros científicos e dos estudos teóricos na sociedade psicanalítica e, na prática, lançaria mão da própria análise e da supervisão dos tratamentos que conduz. Porém, acredita "que a universidade só pode se beneficiar com a assimilação da psicanálise em seus planos de estudo" (Freud, 1988c, p. 353). Aqui, é imprescindível que o termo "assimilação" seja tomado no sentido de causa, e não como uma assimilação devastadora da psicanálise ou como uma disciplina acadêmica assumida pelo discurso didático universitário. O radicalismo da contra-assimilação também já foi experimentado e deve servir como referência a não ser seguida a partir do ensino da psicanálise em Vincennes, na França.

É válido destacar aqui qual a intenção do termo "assimilação" no texto freudiano. Está empregado bem mais como um conceito de inserção de trabalho. É promovida essencialmente sobre uma falta que se deflagra no ato da escuta do aluno e não na obrigação levada a cabo pela inclusão radical do discípulo. Essa operação é dada enquanto a inserção circula pelo que pode causar na escuta do aluno e pelo desejo de avançar ou direcionar seus estudos à psicanálise ou abominá-la. Uma das vias do que pode causar a psicanálise e sua inserção na universidade sobre o aluno-sujeito é o silêncio, como nos diz Cardoso. Diz o autor que: "O aluno, nesse discurso, fica situado como objeto da incidência de um saber teórico que só pode manejar repetindo-o sem uma apropriação verdadeira de experiência. O discurso universitário se agencia com o saber dirigindo a dominação da causa do desejo" (Cardoso, 2008, p. 158).

Essa afirmação sobre a inserção de trabalho está em Freud, dirigido especialmente aos alunos da medicina psiquiátrica, ao dizer que eles "poderiam sair de seu caráter puramente descritivo dos fenômenos" e ganhariam uma maior compreensão com a psicologia profunda. Pontua que a psicanálise, com seu método singular, é o melhor meio de ensino aos estudantes no entendimento do funcionamento do aparelho psíquico.

No texto "Por ocasião da inauguração da universidade hebraica" (1988d), Freud afirma que uma universidade é um lugar onde o "saber é ensinado acima de todas as diferenças de religiões e nações, onde a investigação é conduzida, e que se destina a mostrar à humanidade a que amplitude ela pode compreender o mundo ao seu redor, e até onde pode controlá-lo". Suas preocupações são válidas principalmente no que concerne ao reducionismo que o ensino na universidade implica à psicanálise.

Com isso, a universidade cumpre seu papel burocrático no intuito de promover o avanço da ciência. Entretanto, se acreditamos que o lugar da psicanálise e da prática dos psicanalistas é a instituição psicanalítica, sem a pretensão de maestria, devemos pensar de que maneira a transmissão da psicanálise na universidade tornar-se-ia mais viável e, ao mesmo tempo, atraente para os alunos, sem sofrer uma corrupção de suas bases.

Refletir sobre esse assunto é importante, pois não devemos deixar que os alunos dos cursos de Psicologia nas universidades simplesmente esbarrem na resistência, especialmente nesta época em que vivemos um franco avanço das práticas psicológicas objetivadas, invadidas pelo saber da tecnociência. Esse entrave certamente será colocado, mas, se não for repensado criticamente, poderá dificultar o acesso desses alunos à teoria psicanalítica no espaço acadêmico e, conforme diz Freud, "Onde falta simpatia, a compreensão não virá facilmente" (Freud, 1988b, p. 171).

Outra questão a respeito da inserção da psicanálise na universidade é no que concerne à detenção do saber. No contexto universitário, o estudante se limita a imitar o professor quando ele fala. O mestre é o próprio saber naquilo que diz. Na psicanálise, ocorre justamente o inverso; o sujeito não sabe o que diz. Por isso, afirmamos que, para a transmissão em psicanálise, não se pode deixar "encantar" pelo discurso do mestre, mesmo sabendo que passar por todos esses discursos, inclusive pelo discurso universitário e o da histérica, será necessário; mas isso apenas quando possa progredir com as indagações, questionando tudo que está instituído e levando a subjetividade a cabo. Assim, a psicanálise, ao enfatizar o que há de singular no sujeito, busca o saber que ocupa uma posição de verdade, levando-o a uma indagação que leve em conta sua divisão e a verdade que sustenta seu desejo e nunca um acordo entre sujeitos.

Além disso, sabemos que o discurso universitário procura tocar as massas, sempre de forma geral, a qualquer um, não importando o número, e isso não é o que acontece com o discurso analítico. Este encontra o sujeito em seu singular e é contra o saber desabitado do desejo, a psicanálise na universidade deve afirmar o lugar do desejo, o saber habitado pelo desejo, instigando o desejo de saber (Miller, 1997).

Diante do que aqui foi exposto, podemos adquirir novas ferramentas para refletir acerca da transmissão da psicanálise e perceber, como afirma Carneiro, que:

[...] Estas são as novas perspectivas e desafios da transmissão da psicanálise hoje, isto é, por meio das formas de manifestações do sofrimento psíquico que envolve hibridismos, quebra de barreiras, limites e impõe uma porosidade sem precedentes nas relações que sustentam os laços sociais. Trata-se, pois, de uma releitura sobre o conceito de posições e das relações sujeito e objeto, pois é nessa dinâmica que podemos ressignificar o amor de transferência e suas exigências à escuta clínica (Carneiro, 2004, p. 16).

Na mesma direção, Laurent (2000) destaca a importância dos lugares a serem reencontrados pelo psicanalista no seio da universidade. Recomenda o fim do isolacionismo ou purismo psicanalítico que ratificou o gozo pelo silêncio dos preguiçosos. Defende principalmente a premissa de Heidegger frente ao tecnicismo dominante, a partir da posição do psicanalista frente ao "não saber". E essa é uma questão de construção da verdade, quando, enquanto não toda, deve ser causada por ângulos os mais variados possíveis. O equívoco jogado nessa situação é que a verdade do sujeito deve ser tocada em vários lugares de circulação dos discursos. Um discurso sobre a psicanálise na universidade não implica necessariamente que se congele em um discurso do Mestre, ainda que a posição de quem causa seja professoral pelo contexto de que se ocupa.

Assim, a questão da inserção da psicanálise na universidade é certamente um ponto polêmico entre os pesquisadores. É importante lembrar ainda que, entre os grandes nomes da psicanálise, Lacan foi o único a tomar a iniciativa de instituir seu ensino dentro da universidade, dirigindo o departamento de psicanálise de Vincennes, chamado "Le Champ freudien", confrontando-se diretamente com as outras modalidades de saber.

Afirmamos então que, mesmo inserida na universidade, a psicanálise não deve perder de foco seu método próprio de investigação, que está baseado na transferência e na singularidade do caso clínico, que possibilitará questionamentos e inferências por parte dos alunos que apenas a leitura de textos e exposição "didática" não conseguiria alcançar. Dessa forma, a psicanálise não deve se preocupar em adotar um modelo de existência exclusivamente acadêmica, como vimos; ao contrário, é elevando a subjetividade e fazendo referência à clínica" que a transmissão do saber poderá, enfim, ser pretendida.

 

3 A consistência na transmissão da psicanálise via casos clínicos

Nos cursos de Psicologia, as disciplinas que trabalham a teoria psicanalítica trazem a enunciação de conceitos e, muitas vezes, não permitem ao aluno refletir sobre a importância e a origem do curso, desagregando-a de toda a teoria trazida pelo professor para a sala de aula.

Sabemos que esses conceitos são formulações do pensamento freudiano para a transmissão de sua prática e que é ilusório acreditar na psicanálise como uma doutrina na qual um conceito seria definido em si, de uma vez por todas. A psicanálise se faz no singular, dá lugar à história individual do sujeito, na especificidade da clínica, em sua dimensão descritiva e analítica dos eventos. Vemos assim a importância de sua transmissão a partir da discussão de estudos de casos já publicados em livros, revistas científicas, além dos casos clássicos de Freud. Essa proposta permite ao aluno vislumbrar sua prática futura, o manejo de um paciente e a teoria sendo aplicada e acontecendo.

Dessa forma, compreendemos que o uso dessa ferramenta na transmissão da psicanálise na universidade eleva, além da condição subjetiva, a questão ética. Visto que os casos publicados permitem que se avance no conteúdo clínico, sem, no entanto, comprometer os casos atendidos pelo professor.

Na transmissão da psicanálise, o estudo de casos clínicos e a própria análise do analista são de importância fundamental, como já vimos. Em proposta para uma instituição psicanalítica, Coutinho Jorge ("comunicação pessoal", 2 de outubro de 2008) anuncia um novo dispositivo chamado "Transmissão do Caso Clínico", que tem como objetivo primordial estimular o trabalho de reflexão clínica, além de fortalecer o compromisso com a transmissão da experiência da análise, necessário à sustentação da causa analítica. Dessa forma, destacamos a importância que os estudos de casos têm na construção da teoria psicanalítica. Podemos também citar Fédida, afirmando que, "na psicanálise, o caso é uma teoria em gérmen, uma capacidade de transformação metapsicológica. Portanto ele é inerente a uma atividade em construção" (Fédida, 1991, p. 230).

Nasio nos mostra claramente o quanto a palavra "caso" assume um sentido diferente ou até mesmo oposto do conhecido discurso médico. A diferença reside no feito de que, enquanto, na Medicina, o relato de um caso remete ao sujeito anônimo, que é representativo de uma doença, na psicanálise, o caso exprime a própria singularidade do ser que sofre e da fala que ele nos dirige. Ele afirma: "Assim, em psicanálise, definimos o caso como o relato de uma experiência singular, escrito por um terapeuta para atestar seu encontro com um paciente e respaldar um avanço teórico" (Nasio, 2000, p. 11).

A relevância dos estudos de casos continua com Lacan que, em uma de suas conferências, convidou todos os seus ouvintes a relerem a Antígona, de Sófocles, ao introduzir uma das lições de seu seminário sobre a ética, afirmando que, assim como a beleza é cognoscível apenas pelo exemplo, algumas ideias analíticas só são realmente abordáveis pela encenação de um caso.

Creio ter-lhes demonstrado que Freud partiu daí [isto é, da reconstituição completa da história do sujeito]. Para ele, trata-se sempre da apreensão de um caso singular. É isso que constitui o valor de cada uma das cinco grandes psicanálises. [...] O progresso de Freud, sua descoberta, está na maneira de tomar um caso em sua singularidade (Lacan, 1979, p. 18-20).

Pensamos então que a função do caso clínico é justamente fazer avançar a prática e a teoria, esclarecendo a posição subjetiva subjacente. De forma geral, um caso servirá de parâmetro para discussão daquilo que foi tornado público acerca da técnica usada na condução do tratamento, servindo de experiência para outros que participam desse processo. Enfim, é uma ferramenta utilizada pela psicanálise, um método investigativo de transmissão de experiência.

Mais adiante em seu livro, Nasio diz que:

É essa a função didática do caso: transmitir a psicanálise por intermédio da imagem, ou mais exatamente, por intermédio da disposição em imagens de uma situação clínica que favorece a empatia do leitor e o introduz sutilmente no universo abstrato dos conceitos (Nasio, 2000, p.12).

Percebemos, portanto, que a clínica desafia constantemente a teoria já construída e que as formações inconscientes sempre procuram novas maneiras de se expressar, assumindo diferentes configurações em cada caso. É preciso então saber construir algo inusitado com o que se vê: uma teoria nova que se faz a partir de cada caso, e isso fica mais evidente quando observamos, no dia a dia da sala de aula, o interesse, as resistências, os questionamentos, enfim, tudo aquilo que os alunos trazem a partir de um estudo de caso.

 

4 Os estudos de casos clínicos na disciplina de Psicopatologia Psicanalítica: uma experiência

Nos cursos de Psicologia, uma disciplina como "Psicopatologia Psicanalítica" procura apresentar ao aluno ferramentas para pensar sobre as estruturas clínicas, assunto muito recorrente em psicanálise. Nesse tipo de disciplina, é importante discutir a psicopatologia como Freud a concebeu e buscar dispor os alunos a se questionarem sobre esse sujeito em sofrimento psíquico. Assim, mesmo ainda não tendo uma prática clínica, faz-se necessário que o aluno passe a buscar identificar o sofrimento psíquico de um paciente e a respectiva posição subjetiva de acordo com a clínica psicanalítica. Uma estratégia usada para facilitar essa compreensão é tentar articular conceitos nodais da prática psicanalítica em função dos estudos de casos já publicados.

Segundo Calsavara (2006), vemos, nos estudos de Freud, que a edificação de uma posição subjetiva acontece a partir de uma identificação, que, no sentido original da palavra, implica em uma repetição, uma fixação em um dos três tempos (do Édipo), em que se fixam as bases das três estruturas na defesa contra o trauma, o gozo e a angústia. Desse modo, vemos que a neurose resulta de um recalque primário e da passagem pela castração simbólica; a perversão, da denegação da lei simbólica; a psicose, da forclusão do nome do Pai. A estrutura neurótica apresenta suas nuances e se expressa diferentemente na histeria, fobia e neurose obsessiva compulsiva.

Segundo Calsavara (2006), vemos, nos estudos de Freud, que a edificação de uma posição subjetiva acontece a partir de uma identificação, que, no sentido original da palavra, implica em uma repetição, uma fixação em um dos três tempos (do Édipo), em que se fixam as bases das três estruturas na defesa contra o trauma, o gozo e a angústia. Desse modo, vemos que a neurose resulta de um recalque primário e da passagem pela castração simbólica; a perversão, da denegação da lei simbólica; a psicose, da forclusão do nome do Pai. A estrutura neurótica apresenta suas nuances e se expressa diferentemente na histeria, fobia e neurose obsessiva compulsiva.

Existem vários tipos de diagnósticos: biológico, etiológico, clínico, etc. Segundo Gellis (2000), o diagnóstico diferencial é o mais próximo da psicanálise, visto que estará referido não a um saber externo, mas à verdade - que poderá ser enunciada pelo sujeito até mesmo durante uma entrevista. É necessário, então, afirmar que a dimensão diagnóstica está presente em uma análise.

Dessa forma, na tentativa de trazer melhores reflexões para os alunos acerca dos temas explicitados, foi feita a escolha criteriosa de casos clínicos que ilustrassem, da melhor maneira, os conceitos a serem trabalhados. Além de vinhetas clínicas apresentadas pelo professor, foram usados casos escolhidos do livro "Clínica lacaniana: casos clínicos do campo freudiano" (1989), na qual cada estrutura é apontada de forma a ser pensada e analisada pelos alunos. Ao longo do semestre, foram articulados os conceitos fundamentais sobre a constituição psíquica do sujeito, explicitada a importância do Outro na constituição do desejo, para, enfim, passarmos à construção psicopatológica dos casos clínicos em psicanálise.

A turma ficou divida em seis equipes, com uma média de nove alunos em cada. Uma equipe ficou com um caso de neurose em posição fóbica, que os levava diretamente a formulações a respeito do objeto na fobia, da função do sintoma e, nesse caso em particular, a angústia de abandono da paciente. Outra equipe trabalhou com uma neurose histérica, em que conceitos importantes como fantasma, gozo, narcisismo foram articulados, visto que o caso se tratava do enlace entre histeria e melancolia. Duas equipes ficaram com casos diferentes de perversão, um caso em que o fetiche e a sexualidade do paciente o incomodavam bastante e o faziam buscar uma análise, o que permite aos alunos articularem conceitos como a função paterna, o simbólico e o Édipo na constituição subjetiva. No outro caso de perversão, a questão da homossexualidade de um rapaz é trazida a um analista que não tem certeza sobre a eficácia na condução de sua análise, o que permitiu aos alunos refletirem sobre essa condição do analista, assim como observar um paciente que comete uma passagem ao ato. As outras duas equipes ficaram com casos de psicose. Em um deles, observamos claramente os conceitos de necessário, contingente, possível e impossível nos quais os alunos articularam a leitura lacaniana pelo viés da psicose. O outro caso de psicose trata da possibilidade ou não de um psicótico cometer um lapso e será descrito adiante, como o caso ilustrativo.

Antes da apresentação de cada equipe, houve aulas expositivas para facilitar todo o processo de discussão dos alunos. Essa metodologia não excluiu as resistências, as discordâncias dos grupos a respeito dos direcionamentos e posturas tomadas pelos analistas. Possibilitou que os alunos refletissem a importância crucial que há da subjetividade em toda teoria psicanalítica, fazendo com que estes "quebrassem" alguns preconceitos construídos até o momento e até mesmo estabelecendo laços sociais entre eles, diferentes daqueles do início do semestre.

Em seguida, diversas reuniões foram solicitadas com o intuito de discutir os casos clínicos na neurose, na psicose e na perversão, usando horários antes das aulas e até mesmo por encontros marcados com os alunos para que os casos ficassem cada vez mais claros para eles. Finalmente, como proposta de avaliação para a segunda nota semestral, os alunos realizaram a apresentação de seminários clínicos sobre as estruturas estudadas, quando demonstraram o que haviam apreendido durante o longo do semestre. Eles usaram os exemplos fornecidos em sala sobre o manejo clínico, a bibliografia de apoio sugerida pelo professor no início do semestre e outros textos e filmes pesquisados.

O que podemos perceber com esse estudo e com os resultados obtidos nessa experiência é que a transmissão da psicanálise na universidade pode configurar-se promissora. O professor alcançou o objetivo de transmitir os conhecimentos a que se propôs com o estudo dos casos clínicos. Os alunos tiveram a oportunidade de pensar o conceito com base em cada caso apresentado mediante a discussão vivida em sua narrativa. Com isso, a transmissão tornou-se viva, por meio da experiência (Nasio, 2000, p. 14).

Essa constatação pode ser vista com o envolvimento da turma na busca de pensar sobre a posição subjetiva dos pacientes nos casos clínicos apresentados, na reflexão trazida para o campo teórico de referência, com as dúvidas expostas durante as aulas, e até pelos questionamentos realizados à postura do analista responsável pelo caso relatado. Entendemos, com isso, que o espaço gerador de todos os questionamentos, o acolhimento recebido pelo professor, serviu como incentivo à participação dos alunos e como causa de investimento em novas pesquisas sobre os temas propostos. Essa dinâmica foi possível quando percebíamos o interesse na preparação e na exposição de cada caso clínico no espaço de sala de aula.

À guisa de ilustração sobre a importância dessa experiência, recortamos um dos casos clínicos expostos em sala que tratava da possibilidade de um sujeito psicótico cometer um lapso. Diante desse questionamento, o grupo se empenhou em pesquisar sobre a psicose, os lapsos, a importância do Outro em sua constituição, entre outros aspectos. Todos esses conceitos, tão fundamentais para a psicanálise, haviam sido discutidos em sala, tratados a partir das vinhetas clínicas e, em seguida, buscados em referenciais teóricos indicados pelo professor, bem como em filmes e literatura. O caso trazia o questionamento de um jovem analista sobre um paciente com um diagnóstico de psicose, o qual ele recebe em seu consultório e que, em sua primeira formulação, o analista supõe ter captado um lapso. Durante todo o desenrolar do caso, percebemos os questionamentos do analista sobre essa possibilidade de um psicótico cometer o lapso ou se havia sido ele mesmo (o próprio analista) quem o havia cometido quando escuta a palavra "braseiro" no lugar de "traseiro".

O grupo se viu às voltas com muitas interrogações que alavancavam discussões vastas sobre a teoria e geravam ainda mais interrogações. Isso serviu como causa para que se avançasse a respeito da técnica e vislumbrasse a prática que, mais adiante, os alunos pretendem sustentar. As reflexões foram sempre direcionadas e embasadas na teoria freudiana e lacaniana, pensando no manejo clínico proposto por esses autores.

Após acompanhar esse grupo, que acabou alcançando a nota máxima em sua apresentação, depomos que a metodologia escolhida realmente cumpre com seu objetivo principal. O grupo apresentou, de maneira segura e articulada, o caso que estava sob sua responsabilidade, ressaltando os conceitos, questionando a postura do analista e, principalmente, fazendo conjecturas sob sua atuação naquela mesma situação. Isso reafirma que o estudo de casos clínicos para a transmissão dos conceitos psicanalíticos ressalta a singularidade de cada caso, mostrando que a maneira como Freud concebeu sua transmissão se aplica didaticamente nos dias de hoje.

Em suma, vemos que o "valor didático de um caso, pela força que guarda na realidade do sofrimento psíquico, reside no fascínio da história clínica para captar o ser imaginário do leitor e conduzi-lo sutilmente, quase sem que ele se aperceba, a descobrir um conceito e elaborar outro" (Nasio, 2000, p. 14).

Percebe-se que, ao introduzir o estudo de casos clínicos para a transmissão da psicanálise, Freud consolidou a prática psicanalítica, colocando-a próxima dos estudantes, sendo, portanto, necessário que continuemos com seu trabalho por servir de testemunho da vivacidade e da prática analítica atual. Nada mais fundamental que trazer esses estudos para a "Psicopatologia Psicanalítica", que formula a posição subjetiva do sujeito que sofre e busca transmitir para o aluno a noção da singularidade e da particularidade na clínica da psicanálise.

Fica evidente, com esse estudo, que a proposta de um curso de Psicopatologia Psicanalítica para alunos de graduação pode alcançar seus objetivos de forma mais consistente a partir da exploração de casos clínicos. Para tanto, deve ser elaborada com base em um referencial teórico consistente, em autores clássicos e contemporâneos, enlaçando a teoria com a prática. Assim, pode causar a atenção, o interesse e o desejo de aprender. Ressaltamos então a continuidade das discussões a respeito da inserção da psicanálise na universidade e as maneiras viáveis em que a teoria psicanalítica pode se fazer presente, usando esse espaço a seu favor e possibilitando seu avanço, mas, ao mesmo tempo, permanecendo atenta para não sofrer uma deturpação em suas bases.

Finalmente a experiência do uso de casos clínicos publicados traz uma excelente fonte de articulação no sentido do que Laurent (2000) nos indica. Promove, por um lado, a aproximação de um texto essencialmente clínico, compartido entre alunos que recebem constantemente um bombardeio teórico bastante diversificado. O uso de casos clínicos é uma via de insistência de debate em torno de um deslocamento do aluno de uma ignorância acadêmica para uma douta ignorância subjetiva sobre o sofrimento psíquico. Nada mais causador. A outra referência é a discussão promovida sobre os equívocos da condução e os avanços alcançados por analistas em diferentes posições de escuta apresentadas pelos textos.

São experiências que confirmam que não importa a geografia ou o lócus de inserção do psicanalista, desde que seja salvaguardada sua posição ética. A psicanálise promove o sujeito a uma política do laço social. E a universidade coloca à prova o poder de circulação do discurso, ao mesmo tempo em que desterra o fantasma da assimilação que embalsamou o psicanalista em seu ostracismo, petrificando-o cadavericamente no lugar do silêncio.

 

Referências

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* Professor titular do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), pesquisador da ANPEPP - GT Psicopatologia e Psicanálise, membro fundador da AUPPF, editor da Revista Mal-estar e Subjetividade e do Latin American Journal of Fundamental Psychopathology On-line, presidente da CLIO - Associação de Psicanálise - UNIFOR. E-mail: henrique@unifor.br.
** Mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará, graduada em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. E-mail: psijuliannachaves@hotmail.com.

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