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Vínculo

versão impressa ISSN 1806-2490

Vínculo vol.18 no.3 São Paulo set./dez. 2021

https://doi.org/10.32467/issn.19982-1492v18nesp.p523-534 

ARTIGO

 

Família: novos paradigmas

 

Family: new paradigms

 

Familia: nuevos paradigmas

 

 

Maria Alcida Aquino Freitas

Psicóloga pela PUC, membro do NESME, especializações: Casal, Família e Idosos e Clínica Psicanalítica do Envelhecimento (Sedes Sapientiae); Psicossomática da criança, Terapia Breve e Psicodrama (PUC); Coordenação de Grupos e Grupoterapia (NESME). Email: dra_alcida@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

Este relato de experiência tenta abordar os emperramentos percebidos em quatro famílias, atendidas em consultório. Ao atender estas quatro famílias, cada uma com estrutura e problemas diferentes, percebemos contrastes. Uma família se coloca aglutinada, enquanto a outra, dispersada. Uma outra família é organizada e a outra, desestruturada. Estas diferenças percebidas despertaram o interesse para estudo do que ocorre com as famílias hoje. Quais mudanças e comportamentos permanecem, e quais se modificam?

Palavras-chave: Família; Experiência; Grupo.


ABSTRACT

This experience report attempts to address the perceived impairs in four families attended in a private practice Psychological Clinic. During the meetings with these four families, each one with different structure and problems, we perceive contrasts. One family stands agglutinated, the other scattered. Another family is organized, and the other family is unstructured. These perceived differences have aroused interest in studying what happens to families today. What changes and behaviors remain, and which ones change?

Keywords: Family; Experience; Group.


RESUMEN

Este informe de experiencia intenta abordar los problemas percibidos en cuatro familias atendidas en una clínica privada de psicologia. Durante las reuniones con estas cuatro familias, cada una con diferentes estructuras y problemas, percibimos contrastes. Una familia está aglutinada, la otra dispersa. Otra familia está organizada y la otra familia no está estructurada. Estas diferencias percibidas han despertado interés en estudiar lo que les sucede a las familias hoy. ¿Qué cambios y comportamientos permanecen, y cuáles cambian?

Palabras llave: Familia; Experiencia; Grupo.


 

 

INTRODUÇÃO

A família é sem dúvida a instituição e o agrupamento humano mais antigo. Todo ser humano, todo indivíduo nasce em razão da família e, geralmente, no âmbito desta, associando-se com seus demais membros.

Segundo o dicionário de etimologia, família é um grupo de pessoas do mesmo sangue. E dentro da história natural é uma unidade sistemática constituída pela reunião de gêneros.

Já Zimerman (2012, p. 134) diz que:

Esta palavra deriva do latim famulus, que quer dizer criado, escravo, servo, porque significava um conjunto de pessoas humildes, aparentadas, que viviam na mesma casa, principalmente pai, mãe, filhos trabalhando para patrões que compunham a gens, isto é, a gente, enquanto os famulus (os criados) eram servos. No entanto, o vocábulo família, com o sentido de famulus, foi se transformando e passou a ser bastante valorizado como a célula básica da sociedade. Assim adquiriu sua expressão ideológica e de respeitabilidade, principalmente na civilização ocidental, com a expansão do cristianismo e o seu mito da Sagrada Família, composta por São José, Nossa Senhora e o menino Jesus.

Nas últimas décadas, diferentemente dos tempos mais longínquos quando o casal ficava junto "até que a morte o separe" modificou-se bastante. Os divórcios cresceram. E os casais iniciam sua vida, já pensando se não der certo, nos separamos. Ou ainda vamos fazer um "teste drive". Imitando o uso da palavra para se testar um carro novo.

Trata-se de um conceito volátil e mutável no tempo. Acompanha a evolução dos ideais sociais, descobertas científicas e costumes da sociedade. Portanto, torna-se impossível se construir uma ideia solida e fixa daquilo que vem a ser família e quais suas características.

Na pesquisa por modelos familiares, buscou-se um modelo de família único, porém sem sucesso. Segundo Minuchin (1982, p.52), não existe um modelo que defina a família, a família vai acontecendo:

A família sempre tem passado por mudanças que correspondem às mudanças da sociedade. Tem assumido ou renunciado a funções de proteção e socialização de seus membros em resposta às necessidades da cultura. Neste sentido, as funções da família atendem a dois diferentes objetivos. Um é interno - a proteção psicossocial de seus membros; o outro é externo - a acomodação a uma cultura e à transmissão dessa cultura.

Estamos nos afastando do modelo de família tradicional, para apontar nessa direção das novas famílias do século XXI. Os terapeutas familiares, também buscam novos saberes para dar conta deste desafio.

Madalena Ramos e colaboradores (2018) aceitaram este desafio abordando o assunto delicado sobre os desafios da homoparentalidade, fazendo reflexões com casais homoafetivos, que vivem uma união estável e desejam ter filhos. A idealização de formar sua própria família os leva à busca de soluções como adoção, barriga de aluguel ou banco de sêmen. Em cada caso, as escolhas são pessoais. A sociedade tem conhecimento dessas novas famílias, mas ainda não se encontra devidamente preparada para o convívio com essas novas mudanças.

A família perfeita permanece no imaginário, na percepção de como uma família perfeita seria representada, imaginada ou pensada como ideal.

As famílias se encontram no processo de transição: fazendo seus ajustes, se acomodando ou mudando conforme o movimento de seus integrantes, que nascem, crescem, sofrem mudanças e se adaptam, sendo agentes dessas mudanças.

Certamente ocorrem choques geracionais quando novas mudanças são implantadas. Cada geração assumida se diferencia da anterior, deixando sua marca em novas descobertas e aprimoramentos, podendo assim nomear períodos evolutivos da nossa história a qual atribuímos uma identidade.

Identidade e Pertença

A família e seus membros se enquadram na cultura de que todos tem liberdade de discernir sobre sua pessoa individual e formar sua identidade dentro do núcleo familiar de pertença. Nas palavras de Minuchin (1982, p.53):

O sentido de pertencimento aparece com uma acomodação de parte da criança aos grupos familiares e com sua pressuposição de padrões transacionais, na estrutura familiar, que são consistentes durante todos os diferentes acontecimentos da vida.

Em uma família com muitos filhos, cada membro tem sua própria personalidade e identidade.

O sentido de separação e de individuação ocorre através da participação em diferentes subsistemas familiares em diferentes contextos familiares, tanto quanto através da participação em grupos extrafamiliares. Como a criança e a família crescem juntas, a acomodação da família às necessidades da criança delimita áreas de autonomia. Numa experiência como separação, é destacado um território psicológico e transacional para aquela criança em particular (Minuchin,1982, p.53).

Família Nuclear

A família nuclear ainda hoje se coloca como padrão da classe média. Os conceitos das funções familiares foram sendo influenciados pelas mudanças ocorridas a partir do desenvolvimento industrial, quando a nossa sociedade também foi se modificando.

Neste padrão de família, o casal assume novas tarefas e novos recursos são adotados.

A criança recém-nascida, um ser totalmente dependente, passa a ser cuidada pelo casal. O pai, que até então não se envolvia com os cuidados dos filhos, assume essa tarefa enquanto sua esposa trabalha. Um outro recurso adotado pelos pais é o de colocar suas crianças ainda bebês em escolas com berçário ou em creches.

Quando a criança atinge a idade escolar, se inicia uma certa independência. Essa criança passa a ser responsável por suas tarefas escolares e pela organização de seus próprios materiais. Ainda jovem, sente-se pronto para morar sozinho.

Esse movimento é bastante presente nas famílias atuais. Não mais precisam casar para sair da casa dos pais, como ocorria antigamente. As novas gerações são muito independentes e deixam a casa de seus pais cada vez mais cedo. Assumem seus próprios compromissos, escolhem suas profissões, seus cônjuges, seu estilo de vida e seu afastamento da casa dos pais, deixando o que comumente se chama de ninho-vazio.

O casal volta ao seu início: apenas os dois.

Este período na vida do casal muitas vezes descrito como um período de perdas, pode ser um período de grande desenvolvimento se os cônjuges como indivíduos e como casal aproveitam suas experiências acumuladas, sonhos e expectativas para realizar possibilidades que eram inatingíveis, enquanto era necessário a criação dos filhos. (Minuchin; Fishman,1990, p.35)

Porém, enquanto se observa o movimento das novas gerações para morarem sozinhos, observa-se também que atualmente ocorre um aumento no número de separações nos novos casais, com a volta para a casa dos pais, trazendo também os filhos desses filhos para serem cuidados pelos avós, preenchendo esse ninho-vazio.

Este esquema familiar se aplica mais à família de classe média, nela podem ocorrer mudanças de curso tipo: separações novas uniões, perdas por morte etc. Quando uma família vem para tratamento é porque sua estrutura foi abalada por mudanças circunstanciais fora do contexto usual. O desenvolvimento normal da família inclui flutuação com períodos de crise e resolução num nível mais alto de complexidade. (Minuchin; Fishman,1990, p.36)

A estrutura familiar obedece a um conjunto trans-geracional na maneira cujos membros interagem entre si e em como se colocam frente ao ambiente no qual cada um está inserido.

Uma família é um sistema que opera através de padrões transacionais. Transações repetidas estabelecem padrões, reforçam o sistema, regulam o comportamento dos membros da família, sendo mantidos por um sistema genérico de repressão envolvendo regras universais e um sistema idiossincrásico que envolve repressão, expectativas mútuas de membros específicos da família que obedece a padrões transacionais e subsistemas. [...] A organização de subsistemas de uma família fornece treinamento valioso no processo de manutenção do "eu-sou" diferenciado, ao mesmo tempo de exercício de habilidades interpessoais em diferentes níveis. (Minuchin, 1982, p.57-58).

Em uma estrutura familiar, cada membro tem uma função. Pichon-Riviére (1994, p.40) postula que:

Numa família, cada um de seus membros desempenha funções e papeis diferenciados, correspondendo ao seu agrupamento biológico e adaptação social. A família só pode funcionar mediante as diferenças individuais que existem entre seus membros as quais lhes atribuem os três papeis, intimamente relacionados de, pai, mãe e filho.

Na educação dos filhos, Osório (2007, p.66) nos fala de duplo vinculo apresentando um exemplo da mãe que fala para o filho: "podes brincar do que quiseres menos de correr". Neste exemplo temos uma dupla mensagem que induz o filho a obedecer ao segundo mando. Este comportamento da mãe prejudica a formação psicológica da criança e dificulta também seu convívio dentro do grupo familiar.

 

AS FAMÍLIAS DO NOSSO RELATO DE EXPERIÊNCIA

As famílias selecionadas para este estudo de caso possuem as seguintes características:

Família A: Trata-se de um casal, homoafetivo, com união estável, que adota uma criança do sexo masculino. A família é constituída pelo casal e uma avó materna e o casal é auxiliado por duas empregadas;

Família B: Família constituída por mãe viúva, um filho separado e o atual namorado da mãe;

Família C: Família constituída por mãe; dois filhos, sendo um filho casado e uma filha solteira; uma neta; um marido aposentado; uma mãe idosa viúva;

Família D: Família constituída por mãe separada que volta a morar com sua mãe viúva, com doença de Parkinson; três filhos, sendo dois casados e um solteiro; uma neta; um irmão separado, que também voltou a morar com a mãe.

Família A

O casal homoafetivo, com união estável, adotou um menino sob aprovação da Vara da Infância. A criança foi adotada logo após seu nascimento e atualmente se encontra com um ano e nove meses. É uma criança muito bem cuidada e responde com bom desenvolvimento, dentro do esperado para a idade. Andou aos quinze meses e está iniciando as primeiras palavras. O casal faz terapia e se prepararam para a adoção. Pensam em adotar uma menina mais adiante.

Trata-se do desejo de formar sua própria família, vencendo preconceitos que ventilam no caso de uma adoção nestes termos.

Indagando-se ao casal sobre o que mudou na vida deles com esta adoção, eles são unânimes em responder: "É uma felicidade que não tem tamanho. Nós já éramos felizes. Agora então, nossa felicidade aumentou de tamanho!".

Ramos (1994, p.150) postula que:

A adoção ocorre entre duas partes: a criança e a família substituta. São duas partes que têm histórias diferentes e se unem, transformando-se na família constituída. [...] O casal que por fatalidade não consegue seus próprios filhos busca na adoção a realização de seus sonhos de família.

Ainda segundo Ramos (1994), os casais homoafetivos conquistaram uma maior aceitação social após ganharem direitos legais, porém ainda são questionados quanto a assumirem maternidade ou paternidade.

A família A, apesar de destoar dos padrões usuais de família, pode ser considerada como um grupo familiar constituído e atualmente aceito como família pela sociedade.

Família B

A mãe relata que os seus problemas começaram com a volta do filho para casa após a separação dele.

O filho tinha nove anos quando seu pai faleceu. Ele chorou muito e disse "mãe, agora eu sou o homem da casa, vou cuidar da senhora". Até os quinze anos foi um filho caseiro. Estudava e ajudava a mãe nos afazeres da casa. Com o novo relacionamento da mãe, ele foi se afastando gradualmente. Ele se tornou agressivo e passou a consumir drogas. Casou-se aos vinte e um anos, porém ficou apenas dois anos casado. Separou-se deixando uma filha com a esposa. Atualmente, a filha tem quinze anos e quem paga seus estudos é a mãe dele.

Em uma das sessões ocorre o seguinte diálogo entre a terapeuta e a mãe:

Mãe: "Estou desesperada, meu filho fica me pedindo dinheiro para comprar droga e se não dou me ameaça e quebra tudo em casa" (chora).

Terapeuta: "O que pensa fazer para ajudá-lo"?

Mãe: "Estou pensando em vender meu apartamento, dar a metade do dinheiro para ele, e me mudar para o interior, lá eu tenho família. Vou cuidar da minha saúde "

Pensando no comportamento deste filho, percebe-se que não aceita que outro homem venha ocupar o lugar do pai. Não podendo impedir o relacionamento da mãe com esse homem, se entrega as drogas. Atua dando vazão a seus impulsos edípicos, usa de rebeldia e agressividade com sua mãe tentando impedir, com seu comportamento, sua nova união.

Com o novo romance da mãe, parece ocorrer uma quebra no ideal, contraposta pelo exercício da rebeldia e pela utilização de ações contra fóbicas como perversões sexuais, aditagem às drogas e tumulto ideológico. Arminda Aberasturi (1990, p.90) citou Edgardo H. Rolla: "Ocorre uma espécie de luta intrapessoal que ele (filho) sustenta contra seus objetos idealizados e desidealizados".

Família C

Família constituída por mãe, um filho casado que mora fora de São Paulo com a esposa e sua filha de três anos, uma filha solteira, uma mãe idosa viúva, um marido aposentado.

Atualmente a mãe sente-se acuada em seu próprio apartamento. Segundo ela, é muito pequeno para acomodar sua família. Seu maior desejo é que a sua filha se case ou que se mude, indo morar sozinha.

A sua mãe idosa não tem um quarto próprio, por isso utiliza o sofá da sala e acaba incomodando a todos que querem assistir televisão. Além deste incomodo, ela se queixa de dores de cabeça cada vez que alguém liga a televisão.

Um exemplo de um diálogo durante a sessão:

Mãe:" Eu não aguento mais esta situação, sinto um cansaço tão grande que me dói o corpo inteiro ".

Terapeuta: "Você não pensa em outras possibilidades de acomodação?"

Mãe: "Não posso. Mesmo estando mal instalada, ela pediu para ficar morando comigo, pois tem medo de morrer longe da filha".

Todos os membros da família reclamam. O marido diz que a sogra tirou o lugar dele no sofá, que não pode mais assistir ao jogo de futebol. A sua filha se tranca no quarto dizendo que está com dor de cabeça.

Com a nova moradora idosa, a família que até então estava tranquila se desestruturou, desacomodou, perdendo a coesão reinante no grupo familiar. A idosa usa do medo para manobrar o ambiente a seu favor.

Família D

Segundo a paciente, os problemas da família começaram quando ela esperava seu terceiro filho e descobriu a traição de seu marido. Após a separação, vai morar com a mãe que a ajuda na criação dos três filhos. Atualmente, seus filhos estão adultos, sendo dois casados e um solteiro.

Recentemente seu irmão se separou e também veio morar com a mãe, que se encontra doente com Parkinson. Viúva e doente, ela acolhe seus dois filhos em seu pequeno apartamento e todos vivem com a sua aposentadoria. As dificuldades se somam e a desunião e as brigas são diárias. Os dois filhos estão desempregados o que torna a situação caótica.

Não podemos dizer que este é um grupo familiar. Moram juntos, mas separados pelas diferenças e incompatibilidade de gênio.

Quatro famílias, cada uma em seu modelo próprio. Mas nem tanto. Percebe-se que uma família a Familia A, realmente difere dos padrões até então vividos.

As outras três, permanecem querendo manter um padrão dito "tradicional" onde os filhos vivem com os pais. Mas foram procuram terapia? O que percebemos então? O que apareceu como diferencial entre elas e como poderemos estudar o problemas.

A Família A, constituída pelo casal homossexual, uma avó materna e um bebê. O casal e o bebê e a vovó. Procuram terapia para viver melhor, sem intervenções de familiares maiores, além do cuidar da vovó. Não reclamam como as outras três famílias fazem o tempo todo, mas observa-se que trouxeram alguém do outro modelo familiar, não contam muito o que os mobilizou para vir a terapia. Tudo parece muito idealizado.

Yurin Garcez Santos, (2012) comenta que as noções de família e sexualidade são elementos construídos e, em consequência, tensões e marcas dos embates teóricos e metodológicos que acompanham os processos sociais, culturais e políticos acompanham e transformam estas noções.

Segundo suas palavras:

Nesse cenário mutável, a homossexualidade é uma das categorias que mais têm gerado debates e possibilitado a assunção de diferentes discursos e sentidos na contemporaneidade (Andrade & Ferrari, 2009; Mello, 2005; Passos, 2005; Perelson, 2006; Salomé, Espósito, & Moraes, 2007; Tavares, Souza, Ferreira, & Bomtempo, 2010; Toledo, 2008; Zambrano, 2006). Um dos desdobramentos mais notáveis da crescente visibilidade que a homossexualidade vem adquirindo nas últimas décadas é o questionamento do conceito tradicional de família....

Uma das conclusões mais relevantes encontrada na maior parte dos estudos e que se contrapõe a leituras reducionistas que apregoam apenas a reedição dos modelos parentais em termos do paterno e do materno ou dos papéis de homem e de mulher, é que não existem diferenças significativas no desenvolvimento de famílias homoparentais ou heteroparentais.

As demais famílias parecem demonstrar que há uma desilusão frente a uma idealização do futuro das famílias. Os filhos nascem, crescem, casam-se e constituem outra família e os avós ficam com a função de brincar com os netos. Ledo engano.

Este sonho caiu por terra. Os pais não conseguiram que seus filhos cumprissem essas etapas idealizadas. Se saem voltam e voltam com mais membros da família. Netos habitam a casa, além de surgirem os pais idosos que necessitam de seus filhos.

A revelação da homossexualidade de um filho é extremamente perturbadora para uma família heterossexual. O estresse é particularmente crítico quando a família pensava que realmente conhecia intimamente aquele filho, filha ou irmão e produz reações de crise que afetam o equilíbrio familiar. Os pais em geral chocam-se, raiva e sentimento de culpa, misturam-se, mas também podem demonstrar negação ou vergonha.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que os valores familiares mudaram pelas circunstâncias sociais, mas a família continua preservada.

O sonho da menina continua sendo o casamento. E a constituição familiar é a base da nossa sociedade. Os casamentos e as separações, caminham paralelos.

Neste Relato de experiência ocorreram separações e a volta para a casa da mãe preenchendo na velhice seu ninho-vazio.

Novas possibilidades de família surgem, como a dos homoafetivos, mas as demais nada mais são do que a decorrência de tempos difíceis. Tempos de mudança, os quais não são pensados com antecedência, mas todos possíveis de acontecerem, mostrando assim que não somos tão passíveis de acomodações. O que se nota também nos dias de hoje é que não se pensa muito nos outros. O Eu costuma ser sempre o primeiro a reinar.

Portanto, não devemos nos prender a um pensamento parado no tempo, mas sim evoluirmos juntamente com a sociedade, respeitando sempre a maior conquista já obtida ao longo do tempo, a liberdade, em todas as suas formas.

 

REFERÊNCIAS

Minuchin, S.; Fishman, H. (1990). Técnicas de Terapia Familiar. (p. 35-36). Porto Alegre: Editora Artes Médicas        [ Links ]

Minuchin, S. (1982). Famílias Funcionamento e Tratamento, (p.53). Porto Alegre: Editora Artes Médicas.         [ Links ]

Osório, L.C. (2007). Grupoterapias. (p.66). Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Pichon-Riviére, E. (1994). O processo Grupal. (p. 40). São Paulo: Editora Martins Fontes.         [ Links ]

Ramos, M. (1994). Casal e Família Como Paciente. (p. 145). São Paulo: Editora Escuta.         [ Links ]

Ramos, M. et al (2018). Psicanálise de Casal e Família, (p. 129-133). São Paulo: Editora Escuta.

Rolla, E.H. (1990). Vicissitudes do Trabalho de desidealização no adolescente. In: Aberastury, Arminda (6. ed. cap. 3 p.90). Adolescência. Porto Alegre: Editora Artes Médicas.         [ Links ]

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Zimerman, D. E. (2012). Etimologia de termos psicanalíticos. Porto Alegre: Editora Artes Médicas.         [ Links ]

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