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Revista de Psicologia da IMED

versão On-line ISSN 2175-5027

Rev. Psicol. IMED vol.11 no.2 Passo Fundo jul./dez. 2019

https://doi.org/10.18256/2175-5027.2018.v11i2.2954 

ARTIGO TEÓRICO

 

Atitudes sobre a Velhice: Infância, Adolescência, Avós e a Intergeracionalidade

 

Attitudes about Old Age: Children, Adolescents, Grandparents and Intergenerationality

 

Actitudes sobre la Vejez: Infancia, Adolescencia, Abuelos y la Intergeneracionalidad

 

 

Jussara Soares Marques dos AnjosI; Lucy GomesII; Maria Liz Cunha OliveiraIII; Henrique Salmazo da SilvaIV

IUniversidade Católica de Brasília (UCB), Brasil. E-mail: jussaraanjos@gmail.com | ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3446-7683
IIUniversidade Católica de Brasília (UCB), Brasil. E-mail: lucygomes2006@hotmail.com | ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6673-5507
IIIUniversidade Católica de Brasília (UCB), Brasil. E-mail: lizcunhad@gmail.com | ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5945-1987
IVUniversidade Católica de Brasília (UCB), Brasil. E-mail: henriquesalmazo@yahoo.com.br | ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3888-4214

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A longevidade humana impõe novos desafios e oportunidades à configuração social e familiar da população brasileira. Intervenções intergeracionais oportunizam espaços de troca, reflexão e discussão de modo a minimizar os conflitos, estimular a convivência e desenvolver atitudes mais favoráveis ou positivas sobre a velhice. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão integrativa da literatura de artigos científicos de língua portuguesa a respeito das atitudes sobre a velhice em crianças e adolescentes no período de 2012 a 2017, com foco nas atividades intergeracionais e papel dos avós. Foram selecionados 13 artigos que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão. As atitudes sobre a velhice mostram-se plurais, associando-se a coabitação, arranjo e papéis familiares, conflitos intergeracionais, convivência com as pessoas mais velhas, e condições sóciodemográficas. Apesar da variabilidade dos estudos, a maioria ressaltou o suporte instrumental e emocional dos avós, bem como benefícios das intervenções intergeracionais. Questões metodológicas são ressaltadas, bem como a necessidade de investigar a avosidade masculina e os avós cuidadores.

Palavras-chave: envelhecimento, atitude, criança, avós, relações familiares, relações entre gerações


ABSTRACT

Human longevity imposes new challenges and opportunities on the Brazilian social and family configuration. Intergenerational interventions provide opportunities for exchange, reflection and discussion in order to minimize conflicts, to stimulate coexistence and to develop more favorable or positive attitudes about old age. The objective of this study was to carry out an integrative review of the Portuguese language literature based on scientific articles relative to attitudes about old age of children and adolescents from 2012 to 2017, focusing on intergenerational activities and the role of grandparents. We selected 13 articles that met the inclusion and exclusion criteria. Attitudes about old age are manifold, associating with cohabitation, arrangement and family roles, intergenerational conflicts, coexistence with older people, and socio-demographic conditions. Despite the variability of the studies, most emphasized the instrumental and emotional support of the grandparents, as well as the benefits of intergenerational interventions. Methodological issues are highlighted, as well as the need to investigate male grandparents and caregivers grandparents.

Keywords: aging, attitude, child, grandparents, family relations, intergenerational relations


RESUMEN

La longevidad humana impone nuevos desafíos y oportunidades a la configuración social y familiar de la población brasileña. Las intervenciones intergeneracionales oportunizan espacios de intercambio, reflexión y discusión para minimizar los conflictos, estimular la convivencia y desarrollar actitudes más favorables o positivas sobre la vejez. El objetivo de este estudio fue realizar una revisión integradora de los artículos científicos literatura portuguesa en las actitudes sobre el envejecimiento en los niños y adolescentes en el período comprendido entre 2012 2017, con un enfoque en las actividades intergeneracionales y el papel de los abuelos. Se seleccionaron 13 artículos que atendieron a los criterios de inclusión y exclusión. Las actitudes sobre la vejez se muestran plurales, asociándose a la cohabitación, arreglo y papeles familiares, conflictos intergeneracionales, convivencia con las personas mayores, y condiciones sóciodemográficas. A pesar de la variabilidad de los estudios, la mayoría resaltó el soporte instrumental y emocional de los abuelos, así como beneficios de las intervenciones intergeneracionales. Las cuestiones metodológicas se resaltan, así como la necesidad de investigar los abuelos masculinos y los abuelos cuidadores.

Palabras clave: envejecimiento, actitud, niño, abuelos, relaciones familiares, relaciones intergeracionales


 

 

Introdução

O aumento da longevidade humana impõe novos desafios à configuração social e familiar da população brasileira, incluindo a coabitação e a convivência mais prolongada entre as gerações. Se por um lado esses fatores constituem os novos ganhos sociais do século XXI, por outro podem representar fonte de conflitos, choques culturais e sobrecarga do idoso quando assume o papel de cuidador e chefe de família (Camarano & Kanso, 2016; Wegner & Benitez, 2013). Além disso, para Pereira et al. (2014) a convivência entre as gerações também é influenciada pelas atitudes sobre a velhice, sendo estas multideterminadas pela percepção de finitude, funcionalidade e o papel dos avós (Arrais et al., 2012).

Na literatura as atitudes são descritas como "ações, cognições e sentimentos que criam, no campo psicológico do indivíduo, objetos multidimensionais que se agregam em sistemas ordenados de tendências ou predisposições para o comportamento" (Neri, Cachioni & Resende, 2002, p. 972). Nesse constructo, as cognições referem-se a crenças avaliativas sobre um determinado objeto, que em parte refletem normas sociais, e as ações constituem a disposição individual de entrar em contato com o objeto. Em conjunto, as atitudes possuem um papel orientador, integrador e controlador do comportamento (Neri, 1991).

Os primeiros estudos sobre atitudes em relação à velhice são descritos a partir dos anos de 1940, ganhando destaque a pesquisa de Tuckman & Lorge (1953), que investigou atitudes de um grupo de 147 adultos jovens americanos em relação à velhice. A pesquisa impulsionou os estudos na área e os achados indicaram que as atitudes parecem ter cursado com as expectativas culturais vigentes, com destaque para a velhice como um período da vida caracterizado por insegurança econômica, pouca saúde, solidão, resistência à mudança e ausência de recursos físicos e mentais. Após esta pesquisa, estudos subsequentes focalizaram a criação de escalas, instrumentos e a padronização de experimentos, cujo alvo era consolidar o campo de pesquisas e intervenção (Palmore, 1982).

No Brasil a produção acadêmica sobre atitudes sobre a velhice torna-se robusta a partir da década de 1980, após os estudos de Neri (1991, 1995), que culminaram na criação do Inventário de Crenças e Atitudes e em pesquisas situadas em contextos educacionais e intergeracionais (Cachioni & Aguilar, 2008).

Os achados já descritos indicam que as atitudes são construídas em processos comuns de aprendizagem e são passíveis de mudanças, sendo a educação uma ferramenta central. Assim, a mudança de atitudes a respeito da velhice tem sido o alvo da Gerontologia Educacional, oportunizando espaços de troca entre as gerações e o exercício para a formação de novos papéis sobre a velhice e o envelhecimento (Ferrigno, 2010; Tarallo et al., 2017). Nesse contexto, a Escola tende a ser um espaço fecundo para o trabalho com adolescentes (Alves & Vianna, 2010; Zanon et al., 2011), resultando na superação de possíveis preconceitos, nas trocas e no respeito mútuo entre as gerações (Alves e Vianna, 2010). Paralelamente, o papel dos avós parece ser fundamental na construção das atitudes de adolescentes por envolver laços afetivos, relações de cuidados, sentimentos de lealdade e gratidão (Dias et al., 2010), sendo a qualidade do contato mediadora de atitudes mais positivas para com os mais velhos (Cunha & Matos, 2010).

Apesar dos estudos já documentados, existem variabilidades metodológicas e de interesses de pesquisa que precisam ser elucidadas para o delineamento de intervenções educacionais no Brasil. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão integrativa da literatura de artigos científicos de língua portuguesa sobre atitudes sobre a velhice em crianças e adolescentes no período de 2012 a 2017, com foco nas atividades intergeracionais e papel dos avós. As questões que nortearam a revisão foram: Qual o impacto das atividades intergeracionais sobre as atitudes sobre a velhice em crianças e adolescentes? O papel dos avós influenciam ou moderam as atitudes sobre a velhice em crianças e adolescentes? Para isso os estudos foram categorizados e realizou-se discussão dos temas e aspectos metodológicos empregados.

 

Método

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura a respeito das atitudes de crianças e adolescentes sobre a velhice. Para isso os estudos foram categorizados e discutidos com relação ao perfil da amostra, método, tipo de escala e avaliação utilizada, resultados principais e discussão; propiciando a construção dos percursos metodológicos, temas de interesse e a sistematização da literatura (Souza et al., 2010; Mendes et al., 2008). Adotou-se a revisão integrativa em função de ser um método que proporciona a síntese do conhecimento e a aplicabilidade dos achados na prática.

A busca dos artigos deu-se através dos descritores contidos no DeCS (Descritores em Ciência da Saúde), e inseridos por meio dos operadores booleanos na base de dados Bireme. Foram eles: Adolescente AND Envelhecimento, Atitude AND Criança AND Envelhecimento, Avós, Envelhecimento AND Criança, Relações familiares AND avós. Os artigos foram selecionados por esses descritores, e em seguida pelo título, resumo e por fim pela sua leitura integral.

Os critérios de inclusão foram: atender à combinação dos descritores: adolescente, atitude, avós, criança, envelhecimento e relações familiares; e ser artigo disponível na íntegra e gratuito, veiculado em base de dados nacionais e publicado na língua portuguesa, no período de 2012-2017. Foram critérios de exclusão: artigos duplicados, artigos que não abordavam a temática da pesquisa e revisões sistemáticas da literatura.

 

Resultados

Seguindo esses critérios, foram encontrados 197 artigos e, após empregar os critérios de inclusão e exclusão, excluídas 183 publicações e selecionados 13 artigos para análise. Desses artigos, seis foram publicados no ano de 2012, um em 2013, dois em 2014, dois em 2015, um em 2016 e um em 2017 e distribuídos de acordo com as bases de dados

 

Tabela 1

 

 

Tabela 2

 

Conforme mostrado nas Tabelas 3 e 4, do total dos 13 estudos analisados, três abordaram somente o impacto das atividades intergeracionais (23,07%); três abordaram somente avosidade (23,07%); dois abordaram avosidade e intergeracionalidade (15,38%); dois analisaram relações entre crença, atitude, avosidade e intergeracionalidade (15,38%); e os outros três abordaram, respectivamente: crença, atitude e avosidade (7,69%); crença, atitude e intergeracionalidade (7,69%); e crença e atitude (7,69%).

Observou-se que as amostras investigadas foram heterogêneas, sendo compostas por crianças (de 3 a 10 anos) (42,8%), adolescentes (21,1%), adultos profissionais da educação, pessoas idosas e públicos mistos (50%). Doze, dos 13 estudos, investigaram crianças e adolescentes, com faixas etárias específicas e empregaram metodologias voltadas à faixa etária investigada, adequando os materiais e instrumentos. Metade das pesquisas foi desenvolvida no âmbito de contextos educacionais em escolas e universidades, e o restante na comunidade e domicílio (28,6%) ou em contextos mistos que envolviam comunidade, ambientes de educação e domicílio (21,4%).

No que se refere à avaliação, foram aplicados instrumentos, entrevistas, rodas de conversa, cartas, imagens e desenhos. Observou-se que apenas cinco estudos mensuraram as crenças e atitudes utilizando escalas estruturadas para este fim, sendo que três utilizaram o Inventário de Crenças e Atitudes em Relação à Velhice (Neri, 1991; 1995) e dois a Escala de Todaro (2008), permitindo estruturar as atitudes nos domínios agência, cognição, persona e relacionamento social. As demais avaliações utilizaram métodos qualitativos ou quantiqualitativos, com instrumentos elaborados pelos próprios pesquisadores.

Em razão da variabilidade dos instrumentos, conjugada com as diferenças amostrais e metodológicas, não foi possível realizar uma comparação direta dos significados associados à velhice. Apesar disso, dez dos 13 estudos encontraram a prevalência de mais atitudes positivas em relação à velhice do que negativas; e as atitudes negativas, quando presentes, foram pontuais, ligadas à dependência funcional e alterações cognitivas do idoso, baixa renda familiar, quantidade de pessoas no domicílio (mais do que cinco) e tempo de convívio diário (mais que cinco horas) com idosos com alterações cognitivas (Pereira et al., 2014; Gvozd & Dellaroza, 2012; Oliveira et al., 2015; Luchesi et al., 2012a; Luchesi et al., 2012b).

Quanto ao papel dos avós, a maioria dos estudos ressaltaram o apoio instrumental e emocional fornecido pelos avós, destacando-os como cuidadores ou orientadores de cuidados (Arrais et al., 2012) e provedor ou chefe de família (Ramos, 2012). Massi et al. (2016) observaram relação entre avaliação positiva sobre a velhice e convivência com os avós, sugerindo que as relações no âmbito familiar constituem parâmetro importante para a avaliação sobre a velhice.

No que se refere às atividades intergeracionais, os estudos indicaram que as intervenções cursaram com a valorização das experiências entre as diferentes gerações e mudanças nas concepções sobre a velhice (Massi et al., 2016; Piovezan et al., 2015). Massi et al. (2016) observaram que 61,8% das crianças e adolescentes relataram aprender com as histórias dos idosos e que as interações ampliaram o entendimento sobre o contexto social; e que 56,4% apresentaram diminuição de preconceitos relacionados a velhice. Na mesma direção, Pereira et al. (2014) ressaltaram a desconstrução dos preconceitos em relação à velhice, e a formação de redes de amizade e apoio, na qual o idoso passou a ser visto como a ator de mudança, de educação e aconselhamento sobre a vida. Contudo, identificou-se a necessidade de melhor planejamento, com investimento na formação de recursos humanos na área de Gerontologia Educacional e melhor planejamento das atividades (Vieira, 2012).

 

Discussão

Os resultados do presente estudo sugerem que as atitudes de adolescentes e crianças de estudos publicados em língua portuguesa (Brasil e Portugal) foram influenciadas pelas relações e papel dos avós no contexto familiar (Pereira et al., 2014; Gvozd & Dellaroza, 2012; Oliveira et al., 2015; Luchesi et al., 2012a; Luchesi et al., 2012b) e por atividades intergeracionais, promovendo espaços de encontros e interação (Piovezan et al., 2015). Contudo, dada a variabilidade metodológica não foi possível realizar uma comparação direta dos significados associados à velhice e nem estimar quantitativamente o impacto das atividades.

Com relação ao papel dos avós, se por um lado, a convivência prolongada com os idosos pode favorecer atitudes positivas sobre a velhice (Massi et al., 2016), por outro existem dificuldades como os conflitos entre avós e pais quanto à educação dos netos, e o descompromisso por parte dos pais e perda de privacidade e do tempo livre dos avós, o que os levam a deixar de lado as próprias atividades (Ramos, 2012; Wegner & Benitez, 2013).

Nesse contexto, torna-se necessário examinar contextualmente o papel dos avós e do contexto sócio familiar, bem como as características sóciodemográficas dos idosos, crianças e adolescentes. Dada a variabilidade de arranjos familiares e de papéis sociais desempenhados, mais pesquisas sobre o tema justificam-se. No estudo de Rabinovish et al. (2014) o papel dos bisavós, ou dos idosos longevos, esteve associado a noção de morte e cessação das energias vitais. Portanto, em certo sentido, a relação com o bisavô aparece invertida, pois são eles que necessitam da ajuda dos bisnetos, e não o contrário.

No que se refere às condições sociodemográficas dos adolescentes, Gvozd & Dellaroza (2012) destacaram que adolescentes do sexo feminino apresentaram maior frequência de concepções positivas sobre a velhice, incluindo: o idoso é esperançoso, humilde, saudável, interessante, valorizado e progressista. Pereira et al. (2014), por sua vez, observaram diferenças entre adolescentes de escola pública e particular sobre as visões em relação a velhice, sendo a independência, a finitude e características de infantilização do idoso presentes nas representações dos adolescentes da escola particular; o que sugere que a as atitudes sobre a velhice pode variar em função das características demográficas dos pesquisados.

Com relação às intervenções intergeracionais, os estudos documentados destacaram benefícios tanto aos idosos, no aumento da participação social, quanto às crianças e adolescentes, favorecendo o aprendizado, a tolerância e o respeito pelos mais velhos (Massi et al., 2016; Pereira et al., 2014). Contudo, do ponto de vista metodológico, torna-se vital o planejamento dessas atividades com a presença e o apoio de outros agentes, como professores e alunos, a fim de tornar as atividades mais atrativas e dialeticamente construídas (Vieira, 2012). Isso porque, constrangimentos podem advir na combinação dos grupos etários na presença das atitudes negativas sobre a velhice, o que convida a necessidade de preparar tanto as gerações mais jovens quanto as gerações mais velhas para as intervenções intergeracionais (Gvozd & Dellaroza, 2012).

Sugere-se então que as intervenções focalizem também a formação dos profissionais, a avaliação prévia dos participantes com relação às atitudes, e a elaboração de um roteiro de atividades que oportunize o engajamento efetivo dos idosos e das demais gerações. (Albuquerque & Cachioni, 2013; Santos et al., 2011). Verifica-se, portanto, que a inserção da Gerontologia Educacional ainda é um desafio na pesquisa e nos contextos de aprendizagem dos estudos investigados, o que sugere que recursos humanos, estruturais e relacionados à comunicação devem ser aprimorados (Vieira, 2012). Além disso, torna-se vital a padronização metodológica dos programas, a fim de testar a eficácia dessas intervenções. Sugere-se para este fim a aplicação de instrumentos já validados e adaptados para a realidade brasileira como o Inventário de Crenças e Atitudes em Relação à Velhice (Neri, 1991, 1995) para adolescentes e adultos e a escala de Todaro (2017) adaptada para crianças.

Além dos achados sistematizados por este estudo, revisões bibliográficas anteriores (Coelho & Dias 2016; Coelho et al., 2017; Deus & Dias, 2016; Oliveira & Pinho, 2013; Oliveira & Karnikowski, 2012) ressaltam a necessidade de estudos que contemplem as funções das avós e avôs, sugerindo que o papel dos avós masculinos deve ser melhor compreendido. Outras questões, como formas de auxílio financeiro ofertado pelos avós, a grã parentalidade e os papéis dos avós também merecem destaque, com vistas a investigar a geratividade, processos emocionais, cognitivos e a sobrecarga dos cuidados.

Pode-se considerar, então, que a principal contribuição desta revisão foi analisar os estudos de língua portuguesa mais recentes, publicados no período de 2012 a 2017, e que focalizaram o papel dos avós e das intervenções intergeracionais. Contudo, o presente estudo possui como limitações: a seleção de artigos apenas na língua portuguesa; escassez de estudos de intervenção intergeracional; presença de estressores externos à família que exercem impacto na dinâmica das relações investigadas e que não foram explorados; a variabilidade metodológica encontrada, bem como as dificuldades em promover a discussão entre achados quantitativos e qualitativos, sendo estes últimos mais prevalentes na literatura selecionada. Apesar destas limitações, os achados sistematizados por este estudo podem auxiliar no delineamento de outros estudos.

 

Considerações Finais

Em síntese, as atitudes sobre a velhice mostraram-se plurais, associando-se a coabitação, arranjo e papéis familiares, conflitos intergeracionais, convivência com as pessoas mais velhas, e condições sóciodemográficas. Apesar da variabilidade dos estudos, a maioria ressaltou o suporte instrumental e emocional dos avós, bem como benefícios das intervenções intergeracionais. Contudo, há um largo e profundo caminho a percorrer para que a Gerontologia Educacional se fortaleça. Para isso, é necessário o planejamento e qualificação das atividades intergeracionais, bem como o uso de critérios de avaliação que possam ser replicados, como escalas adaptadas a realidade brasileira.

Conforme Todaro (2008) é preciso criar uma agenda de Educação Gerontológica Brasileira, cujos alvos incluam o amplo ensino e discussão sobre o curso de vida em espaços formais e não formais de aprendizagem, a heterogeneidade da velhice, os ganhos e perdas ao longo do desenvolvimento, o compromisso dos profissionais com as ações e a responsabilidade para o desenvolvimento das comunidades e das instituições sociais. Dada a relevância das relações entre avós e netos e da educação como ferramenta de mudança das atitudes sobre a velhice, torna-se vital a realização de novos estudos sobre o tema.

 

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Endereço para correspondência:
Henrique Salmazo da Silva
Universidade Católica de Brasília - Programa de Pós-Graduação em Gerontologia
QS 7, Lote 1, Águas Claras, Brasília - Sala S009, Brasil.
CEP: 71966-700

Recebido: Setembro 08, 2018
Aceito: Fevereiro 02, 2019

 

 

Editor: Ludgleydson Fernandes de Araújo

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