SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.5 número9O tratamento do autismo: notas introdutórias índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

artigo

Indicadores

Compartilhar


Analytica: Revista de Psicanálise

versão On-line ISSN 2316-5197

Analytica vol.5 no.9 São João del Rei jul./dez. 2016

 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

A Revista Analytica, em seu novo número, publica um dossiê especial sobre o autismo, fruto do I Encontro de Psicose Infantil e Psicanálise, ocorrido em maio de 2015 e promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise (NUPEP). Esse Encontro teve como objetivo não só trazer cada vez mais a público o tema do autismo, mas também dar o pontapé inicial para o tão sonhado Projeto de Implantação de uma Clínica de Tratamento Intensivo para Crianças Psicóticas e Neuróticas Graves vinculada ao NUPEP entre os muros da Universidade Federal de São João del-Rei.

Neste dossiê sobre o autismo, o leitor encontrará, sob a pena de pesquisadores importantes no campo da psicanálise, artigos que tratam a atualidade da discussão sobre o autismo no âmbito da clínica psicanalítica. Esta aposta no caso a caso, na singularidade da solução sintomática de cada um, exigindo do analista estar preparado para enfrentar os desafios clínicos do nosso tempo pela via de um trabalho sem padronizações.

Recolhendo as ressonâncias do I Encontro, o dossiê abre seus trabalhos com o artigo de Angela Vorcaro, O tratamento do autismo: notas introdutórias. Neste, Angela apresenta as distinções entre as dimensões simbólica, imaginária e real na estruturação da realidade psíquica de qualquer sujeito e a lógica das relações do sujeito com o objeto e seus semelhantes. Seguindo na linha de defesa ao sujeito autista, o segundo artigo, Construções e comentários sobre os documentos Linha de Cuidado para a Atenção das Pessoas com Espectro Autista e suas Famílias na Rede de Atenção à Reabilitação de Pessoas com Transtorno do Espectro do Autista (TEA), as pesquisadoras Cássia Pereira, Cláudia Mascarenhas, Érika Pisaneschi, Gabriela de Araújo, Luana Amâncio e Ilana Katz analisam, a partir da leitura de documentos do Ministério da Saúde, as convergências, divergências e comentários críticos a esses documentos, visando a defender a permanência da noção de sujeito no campo do tratamento do autismo no que diz respeito ao estabelecimento de uma política pública de atenção à saúde.

Em Clínica Psicanalítica e Instituições, Cristina Keiko, face aos desafios no campo psicanalítico e ao trabalho institucional sustentado pela equipe do Lugar de Vida, propõe uma prática psicanalítica que dialogue com o campo da educação e com trocas interdisciplinares, buscando um saber que não almeje ser absoluto, sobretudo diante da experiência de real, do vazio transferencial e da inconsistência da demanda que dirigem ao outro. Ainda no âmbito institucional e suas implicações, o artigo A clinica psicanalítica e o dispositivo de supervisão na universidade, João Luiz Leitão Paravidini delimita o modo como se articulam os processos de ensino/transmissão da clínica psicanalítica na universidade. Ele analisa uma proposta de inserção institucional do tratamento psicanalítico de bebês e crianças autistas na universidade norteada pelo dispositivo de supervisão clínica como ponto fundamental do ensino e transmissão.

Em Um lugar para o sujeito-criança: os Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI) como mediadores do olhar interdisciplinar sobre os bebês, Maria Eugênia Pesaro e Maria Cristina Kupfer nos revelam neste artigo a construção do IRDI. Esse instrumento, cujo fundamento se ancora na Psicanálise, empenha-se em ser um modo de permitir o diálogo da Psicanálise com a Medicina e a Educação, incluindo a noção de sujeito do inconsciente no acompanhamento do desenvolvimento infantil.

Em As diversas faces da perda: o luto para a psicanálise, Andressa Mayara Silva Souza e Suely Aires Pontes trabalham o tema do luto na literatura psicanalítica a partir de revisão bibliográfica nas bases de dados SciELO e em periódicos eletrônicos. Como resultado desta pesquisa, reconheceu-se a diversidade de perspectivas dos trabalhos que tratam sobre o luto.

Em a Constituição Subjetiva do Autismo e da Psicose: aproximações e distanciamentos, Beatriz de Souza e Silva e Maria Gláucia Pires Calzavara investigam como os sujeitos autistas e psicóticos estabelecem suas relações com o Outro, bem como o modo de resposta singular de cada um frente ao Outro. Em O Um: que ele não acesse o Zero - Análise de Uma Neurose em A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, Gláucio Silva Camargos estuda aspectos do discurso e do universo psíquico do narrador-personagem em A Hora da Estrela - de Clarice Lispector. Ao trabalhar as questões da ausência, da falta e do vazio que encontram apoio nas palavras, ele se ampara por meio da Psicanálise na noção de falta que lança luz sobre a etiologia de vários estados psicológicos, os quais se revelam no discurso e que por ele podem ser transformados.

Por fim, temos o artigo de Jeanne Marie de Leers Costa Ribeiro intitulado A clínica do autismo em instituição. Neste, Jeanne nos brinda com sua experiência no atendimento à crianças autistas em instituição pioneira na cidade do Rio de Janeiro. Nesta instituição, se ampara nos princípios e na ética da psicanálise e no dispositivo de trabalho nomeado como "um espaço de possibilidades" em que uma equipe era convocada para a construção de um projeto terapêutico em que incluía a escuta da criança e dos pais no caso a caso.

Aqui, está finalizado o dossiê do Autismo! Este dossiê é para aqueles que, afetados pela causa analítica, não querem fazer dos autistas seres portadores de um déficit a ser educado ou um objeto alienado do mundo, sem chance de ser tomado como um sujeito. Cabe a nós sustentar esta clínica e fazer com que, cada vez mais, possamos demonstrar sua eficácia.

Concernidos ao tema do autismo, dirigiremo-nos ao II Encontro de Psicose Infantil e Psicanálise no ano de 2017. A organização desses eventos é uma das maneiras de a UFSJ, como órgão público, retornar para a população o saber produzido na Universidade por meio de seu ensino e suas pesquisas. O Núcleo de Pesquisa e Extensão em Psicanálise e a Revista Analytica agradecem a contribuição dos autores. Desejamos aos leitores uma estimulante leitura.

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons