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Revista Subjetividades

versão impressa ISSN 2359-0769versão On-line ISSN 2359-0777

Rev. Subj. vol.14 no.1 Fortaleza abr. 2014

 

RELATO DE PESQUISA

 

Avaliação de ansiedade infanto-juvenil e sua relação com o clima familiar e escolar1

 

Anxiety evaluation and its relation with children's family and school climate

 

Evaluación de la ansiedad y su relación con la familia de los niños y el ambiente escolara

 

Évaluation de l'anxiété et sa relation avec la famille de l'enfant et le climat scolaire

 

 

Mariana Valadares de Macedo SantanaI; Elder Cerqueira-SantosII

IGraduada pela Universidade Federal de Sergipe
IIDoutor em Psicologia pela UFRGS e Professor do PPG Psicologia Social da UFS

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A ansiedade é um dos transtornos com maior incidência no público infanto-juvenil, podendo causar significativos prejuízos ao funcionamento do sujeito. Para essas duas faixas etárias, a família e a escola se apresentam como os principais meios sociais, o que sugere um papel significativo no seu desenvolvimento e bem-estar. Sendo assim, esse trabalho buscou avaliar os níveis de ansiedade de crianças e adolescentes e conhecer sua relação com o clima familiar e escolar em que estavam inseridos. Fizeram parte 62 alunos de uma escolar particular de Aracaju que responderam a SCAS-Brasil e duas escalas de percepção dos climas escolar e familiar. Foram encontradas altas médias para clima familiar (M = 60,00; DP =11,73) e para clima escolar (M=34,80, DP = 5,20). Contrariando a expectativa do estudo, não houve relação estatística entre clima familiar e ansiedade dos sujeitos (r = 0,018; p = 0,45), existindo somente entre clima escolar e ansiedade (r = -0,337; p= 0,01). Devido a pouca literatura existente no Brasil que associa estes três fatores, espera-se que este estudo contribua para o conhecimento e auxilie novos delineamentos de pesquisa.

Palavras-chave: ansiedade, clima familiar, clima escolar, avaliação.


ABSTRACT

Anxiety is a high incidence disorder affecting children and youth. It may cause significant damage to individual's functioning. For these two age groups, family and school are presented as the main social environments, playing a significant role in their development and well-being. Thus, this study aimed to evaluate the levels of anxiety in children and adolescents and to investigate its relationship with the family and school climate. Sample was 62 students enrolled at a private school in Aracaju Brazil. The participants completed the SCAS-Brazil and two scales of perception of school and family climates. High average for family climate (M = 60.00, SD = 11.73) and school climate (M = 34.8, SD = 5.20) were found. Contrary to the expectation of the study, there was no statistical relationship between family environment and anxiety (r = 0.018, p = 0.45), existing only between school climate and anxiety (r = -0.337, p = 0.01). Due to gap of literature in Brazil that combines these three factors, it is hoped that this study contributes to the knowledge and assist new research designs.

Keywords: anxiety, family climate, school climate, assessment.


RESUMEN

La ansiedad es un trastorno de alta incidencia que afecta a niños y jóvenes y puede causar un daño significativo para el funcionamiento del individuo. Para estos dos grupos de edad, la familia y la escuela se presentan como los principales ámbitos sociales, jugando un papel importante en su desarrollo y bienestar. Así, este estudio tuvo como objetivo evaluar los niveles de ansiedad en niños y adolescentes y investigar su relación con la familia y el ambiente escolar. La muestra fue de 62 alumnos matriculados en una escuela privada en Aracaju Brasil. Los participantes completaron el SCAS-Brasil y dos escalas de percepción de la escuela y lo clima familiar. No se encontraron alta promedio para clima familiar (M = 60.00, SD = 11.73) y el clima de la escuela (M = 34,8, SD = 5,20). Contrariamente a las expectativas del estudio, no se encontró relación estadística entre el entorno familiar y la ansiedad (r = 0,018, p = 0,45), existiendo sólo entre el clima escolar y la ansiedad (r = -0,337, p = 0,01). Debido a la brecha de la literatura en el Brasil que combina estos tres factores, se espera que este estudio contribuye al conocimiento y ayudar a los nuevos diseños de investigación.

Palabras-clave: ansiedad, clima familiar, ambiente escolar, evaluación.


RÉSUMÉ

L'anxiété est un probleme de l'incidence élevée touchant les enfants et les jeunes. Il peut causer des dommages importants pour le fonctionnement de l'individu. Pour ces deux groupes d'âge, la famille et l'école sont présentés comme les principaux environnements sociaux, jouant un rôle important dans leur développement et leur bien-être. Ainsi, cette étude visait à évaluer les niveaux d'anxiété chez les enfants et adolescents et d'enquêter sur ses relations avec la famille et le climat de l'école. Échantillon était de 62 élèves inscrits dans une école privée à Aracaju au Brésil. Les participants ont rempli le SCAS-Brésil et deux échelles de perception de l'école et les climats de la famille. Moyenne élevée pour le climat de la famille (M = 60.00, SD = 11,73) et le climat de l'école (M = 34,8, SD = 5.20) ont été trouvés. Contrairement à l'attente de l'étude, il n'y avait pas de relation statistique entre l'environnement familial et l'anxiété (r = 0,018, p = 0,45), existant seulement entre le climat de l'école et de l'anxiété (r = -0,337, p = 0,01). En raison de l'écart de la littérature au Brésil, qui combine ces trois facteurs, il est à espérer que cette étude contribue à la connaissance et aider les nouveaux modèles de recherche.

Mots-clés: anxiété, le climat de la famille, le climat scolaire, l'évaluation.


 

 

Introdução

Em suas mais variadas formas, o transtorno de ansiedade é hoje um dos transtornos psiquiátricos com maior prevalência na população, apresentando-se como uma temática atual em estudos por todo o mundo. Como apontaram Baumeister e Härter (2007) em sua revisão de pesquisas realizadas na Alemanha, Austrália, Estados Unidos e Holanda, os resultados mostraram uma prevalência de 11,90% para transtornos de humor e 18,90% para transtornos de ansiedade. Já a World Health Organization (WHO, 2000) pesquisou em sete países: na América do Norte (Canadá e Estados Unidos), na América Latina (Brasil e México) e na Europa (Alemanha, Países Baixos e Turquia). Nestes encontrou-se em pelo menos um terço da população, excluindo o México e a Alemanha, incidência de transtorno de ansiedade em algum momento da vida do pesquisado. O que a maioria dos estudos mostra é que geralmente o aparecimento dos primeiros sintomas se dá na infância e que se não diagnosticado e tratado adequadamente, pode perpetuar até a vida adulta do sujeito. O resultado possível seria casos de dependência de substâncias, transtorno depressivo, de pânico ou qualquer outro de ansiedade (American Academy of Child and Adolescent Psychiatry [AACAP], 2007; Asbarh, 2004; Kessler, Berglund, & Demler, 2005; Manfro, Isolan, Blaya, Santos, & Silva, 2002; Manfro, Isolan, Blaya, Maltz, Heldt, & Pollack, 2003).

Dessa forma, cresce a necessidade de estudos específicos para o público infanto-juvenil, principalmente pela alta incidência, uma vez que até 10% das crianças e adolescentes sofrem algum transtorno ansioso (Asbhar, 2004). O trabalho de Fleitlich-Bilyk e Goodman (2004) ratifica essa noção, quando apresenta uma prevalência de 5,20% de transtornos de ansiedade (IC95% = 3,40% - 7,00%) para crianças e adolescentes dos 7 aos 14 anos, do sudeste brasileiro. Sendo assim, diante dos altos escores a tendência dos estudos atuais é buscar correlações entre a ansiedade infanto-juvenil e variáveis ambientais. Benetti (2006) faz uma revisão de estudos que relacionam o conflito conjugal e o desenvolvimento psicológico da criança e do adolescente e concluiu que é fundamental o estudo multifatorial das relações familiares para a compreensão do desenvolvimento psicológico da criança. Algumas características dessas situações aumentam a ansiedade na criança e facilitam o desenvolvimento de um transtorno. A exposição à violência conjugal e familiar, principalmente quando as brigas estão relacionadas a tópicos sobre a criança, além da sua dificuldade em processar o que está acontecendo são exemplos disso. A mesma perspectiva é encontrada em diversos trabalhos internacionais que exploram a variável familiar (American Academy of Pediatrics [AAP], 2002; Delfino, 2003; Ferriolli, Maturano, & Puntel, 2007; Iturralde, 2003).

Outra temática muito associada ao desenvolvimento de transtornos psicológicos é o desempenho escolar, bem como o ajustamento social (Wood, 2006). Ma (1999) afirma que esse estado da criança favorece um baixo desempenho escolar, devido ao pouco poder de concentração e a possíveis distúrbios na recordação de conhecimento anteriormente aprendido. O resultado encontrado por Wood (2006) corrobora esta noção, em estudo de avaliação de intervenção cognitivo-comportamental, o autor constatou uma consequente baixa nos níveis de ansiedade, seguido de uma melhora no rendimento escolar e nas funções sociais das crianças. Em pesquisa nacional, Costa (2000) e Costa e Boruchovitch (2004) ressaltam a importância de estratégias de aprendizagem para crianças ansiosas, que contribuem para o desempenho escolar e melhor controle de variáveis emocionais. Além disso, ratifica-se a necessidade de pais e professores saberem identificar e auxiliar a criança neste período.

A ansiedade infanto-juvenil vem sendo investigada como uma problemática de alta incidência na população e que interfere em diversos aspectos da vida. São comuns estudos que buscam conhecer as correlações entre este fenômeno e os diferentes papéis exercidos pelo sujeito. Sendo assim, diante da concepção de que fatores ambientais influenciam no nível de ansiedade da criança e do adolescente, este estudo objetiva investigar a relação entre os índices de ansiedade infantil e a sua percepção do clima familiar e escolar. Com base na bibliografia, formularam-se as seguintes hipóteses: (1) o nível de ansiedade de alguns participantes estará acima da média estipulada para seu gênero e idade; (2) o clima escolar terá, em geral, uma boa avaliação frente aos sujeitos; (3) o clima familiar terá, em geral, uma boa avaliação frente aos sujeitos; (4) o clima familiar e o clima escolar terão influência significativa sobre o nível de ansiedade.

 

Método

Trata-se de um estudo quantitativo de corte transversal de caráter exploratório analítico. A amostra foi recrutada em uma escola particular que tem convênio de estágio com a Universidade, caracterizando-se como conveniência.

Participantes

Foram convidados a participar desta pesquisa todas as crianças e os adolescentes dos 8 aos 16 anos de idade matriculados em uma escola particular da cidade de Aracaju. O corte de idade se deu por conveniência da escola, pois esta fornece somente ensino fundamental e ensino médio. Além disso, o instrumento é limitado para uso em sujeitos de até 16 anos. O objetivo era alcançar uma amostra aleatória, com o maior número de participantes possíveis. Sendo assim, os 182 alunos compreendidos nesta faixa etária foram convidados através de memorandos. Contudo, somente 62 tiveram resposta positiva dos responsáveis, com assinaturas dos termos de consentimento para a participação no estudo.

A média de idade entre elas foi 11,37 anos (DP=2,09), com o mínimo de 8 e máximo de 15 anos. Participaram alunos do 3º ano do fundamental ao 1º ano do ensino médio, havendo uma distribuição quase proporcional de participantes das diversas séries escolares. Aquela que obteve maior frequência de participação foi o 8º ano (n =12; 19,40%), seguida pelo 7º (n = 11; 17,70%), 6º e 9º ano (n = 10; 16,10 % cada). As outras séries tiveram uma menor frequência, como o 4º (n = 8; 12,90%), 3º (n = 7; 11,90%), 5º (n = 3; 4,80%) e, por último, o 1º ano do ensino médio (n = 1; 1,60%). Quanto ao sexo, as meninas foram maioria com n = 32 (51,60%). Em relação ao número de irmãos, a média foi 1,55 (DP=1,52), sendo o máximo de 8 para uma criança. Da amostra total, 21,30% (n = 13) dos sujeitos moram somente com suas mães por serem filhos de pais divorciados, 1,60% (n = 1) com o pai e 1,60% (n = 1) com suas avós.

A Escola

O espaço em que se deu este projeto é uma escola particular que conta com uma grande estrutura física, atendendo a crianças a partir do 1º ano fundamental até o 3º ano do ensino médio. A sua metodologia é a principal característica que a difere das demais escolas, baseando-se no construtivismo, principalmente a partir das formulações de Vygotsky e Piaget. As aulas ocorrem durante o período matutino e os alunos tem a possibilidade de permanecer durante o resto do dia para atividades de reforço escolar e de exercício físico.

Instrumentos

O instrumento do estudo dividiu-se em três partes: (1) questões sócio-demográficas, (2) escala SCAS-Brasil e (3) escalas de percepção de clima familiar e escolar.

Questões sócio-demográficas

Os sujeitos responderam a perguntas como: nome; sexo; idade; série; ano de ingresso na escola; se tem irmãos; se os pais são divorciados; e, com quem mora. Os dados foram coletados na folha inicial do instrumento e em forma de múltipla escolha.

Spence Children's Anxiety Scale (SCAS)

Optou-se pela SCAS Brasil devido à preocupação em obter os dados através da fala do próprio sujeito, ao contrário do relato de terceiros. Por conta da idade, pode haver a dificuldade de verbalizar o que sentem, bem como a dimensão disso. A SCAS Brasil, sendo um instrumento desenhado para este público, permite o aumento do grau de confiabilidade dos relatos e, consequentemente, do presente trabalho.

A SCAS-Brasil é constituída por 44 itens, sendo que destes, 38 fazem referência a sintomas específicos da ansiedade. Estes 38 itens estão dispostos em seis fatores: ansiedade de separação (seis itens); fobia social (seis itens); problemas obsessivo-compulsivos (seis itens); pânico (seis itens) e agorafobia (três itens); ansiedade generalizada/sintomas de ansiedade demasiada (seis itens); e medo de danos físicos (cinco itens). Os seis itens restantes que compõe o total da escala são "fillers" positivos, utilizados para reduzir o viés de respostas negativas em seu preenchimento.

O questionário pede para que a criança/adolescente assinale com que frequência o comportamento, sentimento ou emoção aparece em seu dia-a-dia. A escala likert é de quatro pontos: nunca, às vezes, muitas vezes e sempre. Esta escala possui pontuação mínima de 0 e máxima de 114 pontos, se já descartamos os seis itens positivos. O seu sistema de pontuação divide o número total de participantes em 4 categorias: (1) meninos de 8 a 11 anos de idade; (2) meninos de 12 a 15 anos; (3) meninas de 8 a 11 anos e (4) meninas de 12 a 15 anos. Estes grupos fazem referência ao método de pontuação internacional da SCAS (Spence, 1997) e do novo sistema brasileiro (DeSouza, Petersen, Behs, Manfro & Koller, 2012). Cada categoria recebe números de corte específicos, os quais servem como base para a análise de um possível risco de transtorno de ansiedade. Estes grupos também serviram como base para a comparação dos dados, já que a literatura sugere diferença entre gênero na mesma idade (Bessdo, Knappe & Pine, 2009; Costello, Egger & Angold, 2004). DeSousa (2013) relata que coeficientes alfa de Cronbach foram calculados para avaliar a consistência interna do escore total da SCAS e de suas subescalas, bem como medidas para suprir o efeito do comprimento da escala. Os valores 0,70-0,90 de alfa foram considerados adequados.

Escalas de percepção de clima familiar e clima escolar

As duas escalas foram originalmente propostas por Raffaelli, Cerqueira-Santos, Koller e Morais (2007) e possuem a mesma estrutura, somente variando em número de itens e assunto abordado em suas afirmativas. A escala de percepção de clima escolar possui 8 itens e objetivou avaliar a relação da criança com a sua escola, por exemplo, se ela se sente bem ao estar naquele espaço. Já a escala de percepção de clima familiar possui 15 itens e explorou principalmente a relação do sujeito com os seus pais e se, em geral, ele se sente bem em sua companhia. As afirmativas foram julgadas pela criança/adolescente tendo como base a sua vivência avaliada em itens com cinco pontos: 1 (discordo totalmente); 2 (discordo um pouco); 3 (nem discordo nem concordo); 4 (concordo um pouco); e, 5 (concordo totalmente). As escalas originais, produzidas para a população brasileira apresentam único fator cada uma com alpha de cronbrach de 0,87 e 0,83, respectivamente.

Procedimentos

Inicialmente o projeto foi apresentado à diretoria e coordenação da escola para anuência e assinatura de autorização para o estudo. Em seguida, convidaram-se as crianças e adolescentes que estavam dentro do limiar de idade proposto pela pesquisa, ou seja, de 7 a 16 anos. Este convite foi feito através da pesquisadora em sala de aula e de informativos para os pais em forma de recado na agenda do aluno, bem como no site da escola. Termos de consentimento foram enviados para os pais na semana anterior à prevista para aplicação.

Para a aplicação das escalas, optou-se pelo horário de intervalo entre as aulas. Apesar da possível interferência do cansaço sobre a resposta da escala, preferiu-se por este horário por não interferir nas aulas, nem no recreio das crianças. Entendeu-se que a interferência da pressa em terminar as escalas para aproveitar o recreio seria algo ainda mais prejudicial ao resultado das escalas.

Foram necessários quatro dias para a aplicação das escalas, nos quais participaram as turmas do quarto ano fundamental ao primeiro ano do ensino médio. Como a pesquisadora/coletadora era estagiária na escola, a interação com a mesma ficou mais fácil para os alunos. Antes do início de cada aplicação, eram recolhidos o termo de consentimento de participação que precisava estar assinado pelos responsáveis. Em seguida, a pesquisadora explicava ao sujeito os objetivos do estudo, como responder às escalas e lhe dizia não ser obrigatória a sua participação. Após o seu consentimento e dada início o período de resposta, o pesquisador ainda dispunha-se a retirar qualquer dúvida que aparecesse mesmo durante a aplicação. O tempo de aplicação variou entre 10 a 20 minutos.

Entrevista devolutiva para os pais e a escola

Os resultados gerais foram apresentados à diretora da escola e às coordenadoras durante reuniões individuais. O principal objetivo era esclarecer os principais resultados do grupo e destacar casos extremos que necessitaram de encaminhamento para avaliação psicológica. Além disso, a visão daqueles profissionais que acompanham de perto os sujeitos é sempre enriquecedora qualitativamente para o trabalho.

Os dezesseis sujeitos que obtiveram índices de ansiedades elevados, tiveram seus responsáveis devidamente comunicados. Os mesmo foram convidados a irem à escola, em um horário de sua conveniência, para o esclarecimento de quaisquer dúvidas a respeito dos resultados e para encaminhamento.

Questões éticas

Esta pesquisa assegurou os direitos dos sujeitos através da Resolução nº 466, que é um conjunto de diretrizes e normas para pesquisas com seres humanos (Conselho Nacional de Saúde, 2012), e da Resolução nº 016 do Conselho Federal de Psicologia (2000). Como já relatado, os sujeitos antes de começarem a responder o questionário tiveram seus direitos como respondentes apresentados, inclusive o caráter voluntário da participação e o sigilo das informações, assim como as características da pesquisa. Além dessas medidas, houve a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) pelos seus responsáveis, o qual explanou claramente a respeito dos objetivos, métodos e riscos da pesquisa. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital da Universidade proponente sob o protocolo número 08-017.

 

Análise de dados

Os dados foram tabulados no software estatístico SPSS 19 for Windows. Foram realizadas análises descritivas e inferenciais. Inicialmente foram calculados os escores de ansiedade conforme DeSouza et al. (2012). As médias dos escores foram comparadas por gênero a partir de um Teste T de Student. Em seguida foram computadas as médias das escalas de percepção de clima familiar e escolar, que também passaram por Teste T de Student para comparação entre grupos. Foi realizada uma correlação de Pearson entre as variáveis de interesse e, por fim, uma regressão para a variável de desfecho ansiedade.

 

Resultados e discussão

Os resultados da pesquisa mostraram que os meninos de até 11 anos de idade obtiveram uma média de 39 pontos, sendo que o limite era 40. Já as meninas neste intervalo de idade tiveram uma média de 38, com a linha de corte de 50 pontos. Nos grupos a partir de 12 anos, os meninos apresentaram uma média de 28,30 pontos, com o limite de 33. As meninas tiveram uma média de 37,58, sendo sua linha de corte de 39 pontos. Observou-se neste estudo que todos os grupos permaneceram próximos a linha de corte, com exceção das meninas de 8 a 11 anos de idade. O que vai de encontro à tendência dos estudos, os quais apontam que as meninas tem prevalência maior de transtornos de ansiedade. Entretanto, ao contrário do verificado nesse estudo, as pesquisas também apontam que essa diferença cresce à medida que a idade avança (Bessdo et al., 2009; Costello et al., 2004). Neste ponto não se pode imaginar um erro amostral referente à distribuição dos sujeitos, já que esta ocorreu por causalidade e manteve-se bastante equilibrada, como supracitado.

Quanto à diferença entre as médias do escore de ansiedade em relação ao grupo de meninas e meninos de até 11 anos de idade, não se encontrou diferença significativa (t=0,21; p=0,882). Entretanto, o mesmo não aconteceu com os garotos e garotas a partir de 12 anos de idade, que apresentaram diferença significativa com o grupo feminino com maiores escores (t=2,37; p=0,026). Mesmo com média abaixo do ponto de corte, isso revela que o gênero a partir dos 12 anos é fator a ser observado, talvez se faça referência ao momento do desenvolvimento que o sujeito esteja passando, ou seja, a puberdade. Novamente este dado é corroborado pela afirmação em Bessdo et al. (2009), segundo a qual a diferença entre gêneros aumenta a medida que a idade avança.

Todos os sujeitos tiveram seus escores computados e o resultado ao qual se chegou foi que 16 destas crianças e adolescentes estavam acima da média do escore estabelecido para seu gênero e sua idade (DeSouza et al., 2012). Ao contrário do que as pesquisas apontam, o que foi encontrado neste estudo foi que a maioria dos alunos que obteve escore alto era do sexo masculino. Além disso, a maior concentração de sujeitos está na faixa etária dos 8 aos 11 anos. Meninos com até 11 anos de idade e limite 40 obtiveram escores como: 43, 46, 47, 60, 63, 64 e 71. Já os garotos a partir de 12 anos e limite de 33 tiveram escores de: 34, 35 e 45. Para meninas até 11 anos de idade e linha de corte de 50 houve somente um caso, com pontuação de 56. Na faixa etária a partir dos 12 anos de idade e limite de 39, os escores foram de 42, 43, 55 e 62.

Estes 16 sujeitos representam 25% do total de alunos pesquisados. Apesar de perceptível variação de prevalência nos estudos, causada provavelmente pela diferença de método aplicado, a prevalência de "qualquer transtorno de ansiedade" nos estudos com crianças ou adolescentes é de cerca de 6% a 20%. Sendo assim, mesmo que a primeira impressão seja de que o número é alarmante, os dados apontam que ele está apenas um pouco acima do esperado (Bessdo et al., 2009; Costello et al., 2004). Além disso, se houver uma observação mais cautelosa, percebe-se que há grandes chances de haver falsos positivos poluindo o resultado. Falsos positivos seriam aqueles sujeitos que mesmo ultrapassando o escore mínimo estabelecido, permanecem em uma zona próxima ao limite e não apresentam qualquer risco de transtorno.

Além do escore de ansiedade, este estudo se dedicou a conhecer a percepção do clima familiar e escolar dos sujeitos, afim de que pudesse também verificar uma possível relação entre todas as variáveis. Quanto ao clima familiar, encontrou-se uma média total de 60 pontos (DP = 11,73), sendo o seu máximo de 75 pontos. É possível observar diferenças significativas para alguns itens entre os quatro grupos de estudo (Tabela 1). Houve diferença significativa apenas para o primeiro item ("conversar sobre problemas da família") no grupo de crianças. Em todos os outros itens, assim como para a média de pontuação na escala de percepção de clima familiar, não houve diferença significativa para os grupos investigados.

O clima escolar obteve uma média de 34,79 (DP = 5,2), com o mínimo de 8 e máximo de 40 pontos. A Tabela 2 mostra a comparação por itens e da média geral. Apenas o segundo item ("gosto de ir para a escola") obteve diferença significativa para gênero entre as crianças. No entanto, a média final da escala não teve diferença significativa para gênero entre os subgrupos por idade. Essa não existência de diferença significativa pode apontar caminhos para escola, pois indica que tantos meninos quanto meninas percebem a escola positivamente de forma muito parecida. Por apresentar uma metodologia que se baseia na igualdade, respeito e tolerância ao próximo, este pode ser um forte indicativo de que os resultados são os esperados.

Ansiedade, clima familiar e clima escolar

A Tabela 3 apresenta uma matriz de correlação de Pearson, que contempla as variáveis: idade do sujeito, número de irmãos, tempo na escola, percepção de clima escolar, percepção de clima familiar e escore de ansiedade. Somente três correlações mostraram-se significativas. A primeira delas é uma correlação positiva entre a percepção do clima familiar com o clima escolar (r = 0,256; p = 0,032). As altas médias gerais dos dois climas colaboram para essa interação, bem como aponta o estudo de D'Avila-Bacarji, Marturano e Elias (2005). Segundo tal estudo, o suporte parental está intimamente ligado a problemas escolares para a criança, sendo assim, seus autores salientam a importância da família para o desenvolvimento saudável das crianças nesta fase.

Os dois próximos itens que mantém uma correlação significativa negativa são escore de ansiedade e número de irmãos (r = -0,23; p = 0,04). Ou seja, quando maior o número de irmãos, menor o escore de ansiedade. Esse resultado também parece corroborar a hipótese de que o suporte familiar é um fator essencial, ainda que na figura de irmãos, aqueles que com relações sólidas são fontes de apoio emocional, cuidado, referência (Baptista, Baptista, & Dias, 2001; Mombelli, Costa, Marcon, & Moura, 2011). Levanta-se também a hipótese de que a quantidade de irmãos pode alterar as práticas parentais, como supervisão e cobranças, sugerindo uma investigação desta associação com certa mediação.

Por fim, verificou-se a correlação existente entre escore de ansiedade e percepção do clima escolar (r = -0,33; p = 0,01). Por ser negativa, entende-se que quanto maior o clima escolar, menor o escore de ansiedade. Baseando-se na noção de clima escolar como cultura escolar, trazida por Cunha e Costa (2009), pressupõe-se que a sua metodologia diferenciada de alguma forma interfira neste resultado. Como não houve grupo controle, esta afirmação é uma hipótese, mas que por si não pode ser descartada ainda. Esse dado pode ainda ser estudado com dois outros fatores: (1) os meninos até 11 anos serem o grupo com maior nível de ansiedade; (2) eles gostarem menos de ir à escola do que as meninas da sua idade. Então se a ansiedade está relacionada de forma negativa estatisticamente com o clima escolar e justamente o grupo que possui maior nível de ansiedade é aquele que também menos gosta de ir à escola, podemos sugerir que os dados corroboram-se entre si. Assim, fortalece-se ainda mais a importância do sentimento de positivo em relação a escola e o bem-estar da criança.

A falta de relação significativa entre a percepção do clima familiar e o nível de ansiedade acaba por refutar uma das hipóteses deste estudo, na qual a família exerceria uma influência, igualmente como o clima escolar. O dado aqui encontrado pode ser fruto então dos limites desta pesquisa, os quais novamente podem ser citados o baixo número de participantes e a estreita diversidade de sujeitos. Isto implica numa diminuição também das possíveis análises que refinariam o dado, sugerindo que este desenho seja replicado em outra amostra. Apesar disso, este resultado é semelhante ao da pesquisa de Merikangas, Avenevoli, Dierker e Grillon (1999) que em uma amostra clínica, também não encontraram uma associação entre o clima familiar ou estilo de criação e transtornos de ansiedade nos filhos de pais com ansiedade ou transtorno por uso de substância.

Por último, foi feita uma regressão linear múltipla para buscar conhecer a influência de variáveis no escore de ansiedade, com ênfase para a força de predição das variáveis clima escolar e familiar (Tabela 4). Escolheu-se como variáveis explicativas: (1) dados sócio-demográficos (idade, gênero, número de irmãos e se os pais são divorciados); (2) escores de clima (familiar e escola). A variância explicada para o modelo final foi de 20,40%. A percepção do clima escolar mostrou-se o único preditor significativo da ansiedade, isso significa que para cada ponto a mais na escala de ansiedade, o clima escolar cai 1,26 (p = 0,018). Esse dado vem corroborar mais uma vez a hipótese do estudo e o delineamento que os resultados desta pesquisa apresentaram até o momento, ou seja, que o clima escolar se apresenta como o mais forte preditor dos níveis de ansiedade destas crianças e adolescentes.

 

Considerações Finais

O principal objetivo do presente estudo foi conhecer a relação entre o nível de ansiedade e a percepção de clima familiar e escolar de crianças e adolescentes de uma escola particular da cidade de Aracaju. A sua justificativa se deu a partir de artigos que comprovam a frequência deste transtorno em pessoas dessa faixa etária e a necessidade de se conhecer variáveis ambientais que influenciam este dado. Além disso, explorar a oportunidade de estudar um universo pouco observado pela literatura (instituições particulares) e de se trabalhar com um importante instrumento de avaliação de ansiedade recém traduzido e adaptado para o Brasil.

O resultado deste percurso de pesquisa corroborou a expectativa de uma alta incidência de sujeitos acima do nível de ansiedade esperado pra sua idade e gênero (25%). Apesar de o grupo com maior índice de ansiedade ter sido meninos com até 11 anos, o que contraria a literatura que embasou este projeto. Este dado significa que o movimento feito por estudiosos da área em busca de conhecimento sobre este fenômeno é justificável também para esta pequena amostra presente. Especialmente para este grupo de meninos, o qual requer uma atenção maior de seus cuidadores e educadores, a fim de que possam oferecer-lhes o suporte emocional e a ajuda necessários. O resultado encontrado pela pesquisa não pareceu uma novidade para os pais nas reuniões devolutivas, ao contrário, alguns deles já tinham conhecimento do sofrimento de seus filhos e, em sua maioria, já haviam buscado auxílio de profissionais da Psicologia e áreas alternativas com a queixa relacionando ansiedade à questões escolares.

Além da ansiedade, o estudo verificou a percepção de clima familiar e escolar destes sujeitos. O resultado encontrado foi de altas médias para os dois climas, como foi hipotetizado no início do trabalho. Este dado é muito benéfico, pois significa alta probabilidade de um desenvolvimento psicológico e bem-estar saudável destas crianças. Isso foi muito positivo também para a instituição, que permitiu a execução deste trabalho e que como resposta obteve uma certificação de um trabalho visto como muito satisfatório por seus alunos. Tal associação leva à discussão sobre as práticas escolares e o papel que a escola assume numa sociedade competitiva que ultra valoriza um sistema de avaliações, como provas e vestibulares

Considerando as relações entre variáveis, sendo este o principal ponto do estudo, a mais interessante é aquela que aponta uma significativa ligação entre um alto clima escolar com baixos índices de ansiedade. Isso corroborou a hipótese do estudo, bem como resultou em mais uma resposta muito afirmativa para a escola. O fato de não ter encontrado relação entre ansiedade e clima familiar contrariou uma das hipóteses, mas levanta questões importante para o debate sobre o tema, assim como uma limitação do estudo na avaliação dessas famílias e de práticas parentais. O pequeno número de participantes também é uma limitação que deve sempre entrar em consideração.

Apesar das limitações que este estudo foi submetido, acredita-se que o seu desfecho foi construtivo, especialmente pelo contexto de escola particular tão pouco investigado. Espera-se que ele possa contribuir para estudos na área e que sirva de motivação para aqueles que buscam conhecer e ajudar essa população sensível.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Mariana Valadares de Macedo Santana
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Recebido em: 25/02/2012
Revisado em: 05/09/2013
Aceito em: 28/05/2014

 

 

1 Esse artigo constitui-se parte do trabalho monográfico realizado pela primeira autora sob supervisão do segundo autor pela Universidade Federal de Sergipe.

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