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Ide
versão impressa ISSN 0101-3106
Ide (São Paulo) vol.37 no.59 São Paulo fev. 2015
EDITORIAL
Caro leitor
O número 59 da ide constitui nosso último trabalho ao final de quatro anos como Editor da revista. Cabe agradecer a oportunidade que me foi dada de contar com a excelente e muito rica colaboração dos colegas do Corpo Editorial: Lourdes, Silvia, Francisca, Dora, Hemir, nossa saudosa colega Débora Seibel, assim como outros que participaram em algum momento de nossa trajetória. Também agradeço à Diretoria da Sociedade de São Paulo, sobretudo à Doutora Nilde Parada Franch, que sempre nos apoiou. Não poderia esquecer de agradecer aos inúmeros autores que colaboraram ao longo desses oito números (do 52 ao 59), tanto com artigos originais quanto com entrevistas. A equipe de revisão, arte e diagramação, também deve ser lembrada por seu trabalho eficaz e caprichoso. Agradecemos também a colaboração de nossa colega Vera Sevestre, da Biblioteca da SBPSP. Por fim, um agradecimento especial a você, leitor, que sempre tem nos dado seu apoio e contribuído com críticas construtivas.
A partir do número 60, que sairá em agosto de 2015, contaremos com nosso colega João Frayze-Pereira, que será o novo Editor. Desejo a você, João, um ótimo trabalho e boas inspirações para que possamos continuar aprimorando essa revista de psicanálise e cultura, que traz novos ares de fora para dentro de nossa instituição, assim como divulga nossas ideias sobre os temas atuais da humanidade.
Nosso número marca, de certa forma, também a morte, enquanto fim, de nossa palavra na edição da ide. Morte da palavra? Partimos de uma interrogação que provocou o envio de inúmeros artigos para serem avaliados.
A seção temática se inicia com um artigo de Flávio Carvalho Ferraz, que aborda, de maneira bastante rigorosa e ampla, a questão da vida e da morte da palavra em psicanálise. "Uma vez que adquire vida pelo 'sopro' do afeto, uma palavra se liga a outra e, sucessivamente, a outra", afirma o autor. Flávio faz uma detalhada análise da questão da animação da palavra, a partir de autores fundamentais do pensamento psicanalítico, e correlaciona essas ideias com toda a heterogênea clínica psicanalítica.
Camila de Lorenzi analisa a obra A construção, de Kafka, e faz uma profunda reflexão sobre a melancolia. Esse artigo toca na questão da morte da narrativa e não da morte da linguagem, apresentando a ideia de que o declínio da narrativa é proporcional ao ascenso da informação. Vera Lamanno-Adamo, a partir da análise do livro de Marie Cardinal, Palavras para dizer, aborda o processo de morte e renascimento da palavra em uma experiência analítica. O artigo de Ricardo Trapé Trinca traz uma original reflexão sobre os ideogramas e o processo de ideogramatização das impressões sensoriais, a partir de uma pergunta colocada por um paciente, Francesco. O trabalho de Fernanda Colucci Fonoff faz uma análise muito fina do livro de Clarice Lispector, A maçã no escuro, de um ponto de vista psicanalítico. Assim, o percurso do personagem, Martim, mostra a busca de sua individuação e o papel das palavras nessa busca. Encerrando a seção temática, temos o artigo do colega de Brasília, Pedro Jabur, que relata a experiência da escuta analítica de uma mulher que vive na rua em Brasília. Artigo que nos abre para as pesquisas e experiências de uma psicanálise aplicada ao social.
Neste número, introduzimos uma seção especial – Fotografia: realidades e ficções. Trata-se do aproveitamento de parte dos textos publicados no site da Fepal por ocasião do último Congresso Fepal, em 2014, em Buenos Aires, que guardam conexão com o tema. As imagens da fotografia que animam e tornam vivas as palavras.
Na seção de artigos não temáticos, contamos com o texto de Magda Khoury sobre as relações da clínica psicanalítica e a arte contemporânea. A autora nos relata sua experiência de escuta analítica de uma obra de Valeska Soares exposta no Inhotim. Outro artigo, de Richard de Oliveira e João Frayze-Pereira, tratando da questão da morte da significação, apresenta um exercício de "psicanálise implicada na arte", com a leitura do processo de criação do filme "O cisne negro", comparando-o com outro filme do mesmo diretor, Darren Aronofsky.
Eis uma introdução ao último número da ide, editado por mim e meu Corpo Editorial, ao final de quatro anos de trabalho. Desejando-lhe, caro leitor, uma excelente leitura, nos despedimos certos de que a ide continuará a ser uma revista que contribui efetivamente para uma reflexão sobre as questões de nossa cultura contemporânea.
Boa leitura!
José Martins Canelas Neto
Editor