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Revista Psicopedagogia

versão impressa ISSN 0103-8486

Rev. psicopedag. vol.29 no.88 São Paulo  2012

 

ANAIS
RESUMO DOS TRABALHOS - CATEGORIA PÔSTER

 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Avaliação multidisciplinar em vítima de negligência emocional na infância: relato de caso

Autor: Ana Clara de Deus Mattos

Coautores: Giovanna K. Scarpari, Paula Approbato de Oliveira, Fernanda Pontes, Gisely Chelotti, Sandra Scivoletto


RESUMO

Os maus-tratos em crianças e adolescentes constituem um problema de saúde pública no Brasil, devido à sua alta prevalência e às consequências emocionais e cognitivas que afetam o desenvolvimento dessa população. Através do relato de caso de um garoto de 8 anos (E.), com histórico de negligência emocional e suporte familiar inadequado, com queixas de dificuldade de aprendizagem, hiperatividade, desatenção e comportamentos desafiadores, o objetivo deste trabalho é discutir a importância da avaliação multidisciplinar para o diagnóstico e tratamento adequado de casos de negligência na infância. Experiências no começo da vida, combinadas com fatores genéticos, exercem uma influência importante em padrões de comportamentos apresentados na vida adulta. Já que os prejuízos em crianças negligenciadas acometem diversas áreas do funcionamento, a avaliação multidisciplinar é necessária para detectar quais as áreas do desenvolvimento são afetadas e assim, auxiliar na elaboração de um plano de tratamento eficaz. E. foi encaminhado para o Programa Equilíbrio, um programa multidisciplinar que atende a crianças e adolescentes em situação de risco social e vítimas de maus tratos. Passou por avaliação psiquiátrica, neuropsicológica, psicopedagógica e de processamento auditivo (PA), além de psicoterapia familiar. Na avaliação psiquiátrica, foi levantada a hipótese diagnóstica de Distúrbio Desafiador e de Oposição (F91.3) e Distúrbios da Atividade e da Atenção (F90.0), conforme a CID-105. Na avaliação de PA, foi detectada alteração em grau moderado. E. apresentou Quociente Intelectual (QI) estimado na média superior para a faixa etária e desempenho dentro do esperado em testes de memória e aprendizagem. Contudo, apresentou resultados muito inferiores ao esperado em testes de atenção visual e verbal. Na avaliação psicopedagógica, apresentou resultados abaixo do esperado em provas de leitura, escrita e aritmética. No âmbito familiar, detectou-se que E. é rejeitado pelo pai e presencia frequentemente brigas entre seus genitores, que apresentam traços relevantes de ansiedade e agressividade. Observou-se que, embora E. seja dotado de uma série de habilidades cognitivas, as dificuldades de atenção e de processamento auditivo encontradas estão intrinsecamente relacionadas às queixas comportamentais e escolares, pois são dificuldades que alteram a interação da criança com outras crianças e adultos e, consequentemente, provocam comportamentos não aceitáveis. Conclui-se que as dificuldades de atenção, juntamente com alterações no PA e com ausência de um ambiente adequado, podem agravar sintomas psiquiátricos e, assim, comprometer seu desempenho escolar e adequação social. Em casos semelhantes, o paciente deve ser avaliado e tratado de maneira global, sendo que a participação dos pais é importante para estimulação cognitiva e promoção de ambiente adequado para o desenvolvimento. Neste contexto, a avaliação multidisciplinar auxilia a delinear formas adequadas de tratamento de acordo com a demanda individual.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Características de uma abordagem de intervenção centrada na família para a promoção da saúde da criança

Autor: Ana Maria Roque Mariante

Coautor: Ana Isabel Pinto


RESUMO

A eficácia na abordagem de intervenção precoce centrada na família, baseada nos modelos bioecológico, transacional e sistêmico do desenvolvimento, tem sido largamente demonstrada, sendo, portanto, a sua implementação primordial. Para Bailey e McWilliam, as práticas de intervenção centrada na família incluem toda família como unidade de intervenção e não somente a criança. Os mesmos autores também salientam que as necessidades e aspirações da família, e os seus potenciais e capacidades são vistos como interdependentes no processo de avaliação e de intervenção centrado na família. Portanto, parece importante verificar se essa abordagem de práticas centradas na família tem sido empregada pelos educadores. Por conseguinte, o principal objetivo do presente estudo foi avaliar em que medida os educadores percebem o apoio que fornecem às crianças com necessidades educativas especiais (entre os 0-6 anos de idade) integradas no sistema regular de ensino, como possuindo características de uma abordagem de intervenção centrada na família. Assim como, avaliar em que medida as famílias dessas crianças sentem que o apoio fornecido pelas educadoras tem características de uma abordagem centrada na família. Para atingir os referidos objetivos, os docentes dos Agrupamentos de Escolas da Área Metropolitana da cidade do Porto, em Portugal, foram escolhidos aleatoriamente. Participaram nesse estudo 19 docentes do Apoio Educativo do Ensino Regular, os quais trabalhavam com 27 crianças dos 3 aos 6 anos de idade com necessidades educativas especiais, inseridas em salas de Jardim-de-infância. Participaram ainda do estudo as 27 famílias dessas crianças. O Instrumento utilizado foi a escala Brass Tacks - "Avaliação das práticas centradas na família na intervenção precoce, uma adaptação portuguesa de Pereira da Self-Rating of Family-Centered Practices, de McWilliam & McWilliam. Versão para profissionais e para a família. Os principais resultados encontrados foram que a maioria dos profissionais reconhece que algumas práticas ainda não são centradas na família, relativamente a aspectos que se prendem em considerar os pais como parceiros no processo de intervenção. Com relação à família, verificamos que em média essas estão satisfeitas com o tipo de participação que lhes é proporcionado. Contudo, os pais sentem-se satisfeitos somente pelo fato de estarem recebendo os serviços, mesmo às vezes desconhecendo o que deveriam receber e de que forma, pois provavelmente desconhecem outros tipos de participação. É importante realçar ainda que, quando as famílias respondem a questões relacionadas diretamente com os educadores, estas tendem a atribuir-lhes valores elevados (i.e., concordo ou concordo plenamente). Entretanto, quando as perguntas estão mais relacionadas com o programa e não com os educadores os valores atribuídos tendem a ser mais baixos (i.e., descordo ou descordo totalmente), o que pode indicar uma falta de parceria e confiança, dificultando assim uma verdadeira comunicação entre pais e profissionais. Por fim, podemos concluir que a tendência nas práticas de intervenção contínua a ser baseada nos modelos mais tradicionais em intervenção precoce, em que o foco continua a ser a criança, especificamente em Portugal, onde o presente estudo foi realizado. Esses resultados indicam uma grande necessidade por parte dos profissionais de uma formação inicial e contínua, que se adeque a essas novas abordagens. Assim como, a realização de projetos de investigação do gênero deste, mas com amostras maiores, conjugados com mais instrumentos de investigação poderão permitir a identificação de fatores para um aperfeiçoamento dessas práticas de intervenção precoce. Portanto, a implementação dessas práticas continuam a ser um desafio para a sociedade como um todo.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Contributos do modelo ecológico e bioecológico do desenvolvimento humano para a intervenção precoce

Autor: Ana Maria Roque Mariante


RESUMO

O presente estudo tem por objetivo discutir a influência do modelo ecológico de Urie Bronfenbrenner para a intervenção precoce. Essa perspectiva realça a relevância do contexto na compreensão do desenvolvimento e considera a família como um dos sistemas, em que a criança se insere, dentro de uma organização ecológica de sistemas mais ampla. A Abordagem ecológica do Desenvolvimento privilegia o estudo do desenvolvimento nos ambientes naturais em que a criança vive, e advoga a análise da participação da pessoa no maior número possível de ambientes e em contato com diferentes pessoas (díades, tríades). Bronfenbrenner formulou sua teoria do desenvolvimento humano, demonstrando para o campo científico a importância do desenvolvimento de pesquisas em ambientes naturais. Contudo, o autor afirma que a pessoa é entendida como uma entidade dinâmica e em desenvolvimento que, ao envolver-se com o seu meio ambiente, não só é influenciada por ele, como também reestrutura esse meio em que vive, e, portanto, o influencia. O mesmo autor ressalta assim, que essa interação entre sujeito e o meio é bidirecional, requerendo uma acomodação mútua entre eles, caracterizada pela reciprocidade. Considera também o ambiente ecológico como uma disposição seriada de estruturas concêntricas, em que cada uma está contida na seguinte, como um sistema hierárquico inter-relacionado de subsistemas em que a criança está no meio. São eles, o microssitema, o mesossistema, o exossistema e o macrossitema. No decorrer de suas pesquisas, Bronfenbrenner aperfeiçoou o modelo ecológico e desenvolveu o modelo bioecológico. Nesse atual modelo, os autores salientam a importância das características da pessoa (biológicas, psicológicas e do comportamento) recolocando a pessoa, com seus elementos imediatos, no centro do processo. A abordagem do desenvolvimento bioecológico perspectiva, assim, o desenvolvimento de forma abrangente, devendo a aprendizagem ser percebida tal como é vivenciada pelo ser humano no contexto em que vive. Considerando essa abordagem de desenvolvimento, iniciaram-se muitas pesquisas abordando crianças e adultos em situação de vida real, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, inclusive na área da intervenção precoce, dentro da psicologia do desenvolvimento. Inicialmente as práticas de intervenção precoce baseavam-se no modelo médico, focando somente o "problema". Em definições mais atuais, a intervenção precoce reflete uma inspiração sistêmica e ecológica, nomeadamente: "um conjunto de serviços desenvolvidos em parceria com a família, visando promover o seu bem-estar e o da criança, que pode ter o seu desenvolvimento ameaçado devido a fatores biológicos ou ambientais". Apesar da grande evolução que se tem verificado nas últimas décadas relativamente às práticas de intervenção precoce, verifica-se que existem ainda alguns equívocos quanto aos conceitos subjacentes a essas práticas. Assim, verificam-se, ainda, muitas limitações em aspectos fundamentais como o trabalho em equipes multidisciplinares, a intervenção centrar-se nas prioridades, necessidades e recursos da família e da comunidade, e também relativamente ao trabalho em parceria com a família. Na maioria dos estudos, principalmente em Portugal, tem-se demonstrado que a tendência é para que as práticas sejam marcadas por modelos mais tradicionais em intervenção precoce, em que o foco continua a ser a criança. O progresso da intervenção precoce é hoje um desafio eminente, tanto para profissionais, pais, sociedade, como no desenvolvimento de políticas que servem de base aos modelos organizativos da intervenção precoce.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Agenesia e disgenesia do corpo caloso

Autor: Andrea de Carvalho Perez

Coautor: Priscila Nunes de Oliveira


RESUMO

Foi realizada pesquisa bibliográfica em artigos científicos nas bases SciELO e LILACS, bem como na literatura específica das áreas de anatomia e histologia. O corpo caloso encontra-se dentro do encéfalo e abaixo do giro do cíngulo; entre suas principais funções estão as motoras, sensitivas, cognitivas e comportamentais. O corpo caloso é formado por: joelho, rostro, corpo e esplênio, e torna possível a troca de informação entre os hemisférios do cérebro. Disgenesia e agenesia do corpo caloso são malformações cerebrais congênitas que resultam de insulto durante o período de desenvolvimento cerebral. O objetivo deste trabalho é comparar a alteração anatômica e histológica do corpo caloso acometido pela disgenesia e agenesia, exemplificando a estrutura saudável e a portadora da anomalia, por meio de achados bibliográficos e imagens. O corpo caloso é a maior das comissuras inter-hemisféricas e é formado por um grande número de fibras mielínicas, unindo áreas simétricas do córtex cerebral de cada hemisfério - essas fibras são denominadas axônios. As fibras comissurais se originam, principalmente, das células piramidais das camadas granular externa e piramidal externa do córtex cerebral. A célula piramidal tem dendritos apicais direcionados para a superfície do córtex e diversos grandes dendritos basais. O axônio emerge da base da célula e, na maioria das vezes, sai do córtex para atingir outras áreas corticais. O axônio é uma porção condutora de um neurônio, que transmite os impulsos elétricos. O seu comprimento varia consideravelmente. Cada neurônio apresenta somente um axônio, mas cada axônio normalmente apresenta vários ramos. Os axônios possuem mitocôndrias, microtúbulos e neurofibrilas. A extremidade distal de cada axônio se expande no interior de pequenas estruturas chamadas terminais axônicos. A constituição inicia-se por volta 12ª semana de gestação e encontra-se completamente desenvolvido entre a 18ª e a 20ª semana de vida intrauterina. A disgenesia e agenesia do corpo caloso são malformações, podendo apresentar-se de forma total ou parcial. Na disgenesia, há ausência de feixes de substância branca, que carregam projeções corticais de um hemisfério para o outro. A agenesia é uma anomalia incomum, que acomete com igual frequência ambos os sexos e pode estar relacionada a erros inatos do metabolismo, combinado com o uso abusivo de álcool e cocaína pela mãe. Estão geralmente associadas a outras malformações cerebrais congênitas por ocorrer no período de desenvolvimento do cérebro. Essas alterações são encontradas entre 1 a 3:1000 crianças nascidas vivas, sendo essas anomalias responsáveis por 75% das mortes fatais e cerca de 50% dos defeitos congênitos. Quando o corpo caloso está ausente, os axônios que iriam cruzar o plano mediano retornam à fissura inter-hemisférica e correm paralelamente a esta, formando os feixes calosos longitudinais de Probst. Devido a sua localização, esses feixes dão aos ventrículos laterais uma forma crescente mais pronunciada. Como consequência, seus principais sintomas são: epilepsia, problemas neurológicos e atraso do desenvolvimento. Anatomicamente, a disgenesia pode causar o aumento ou a diminuição de tamanho do corpo caloso, que será afetado entre o tronco e o esplênio. A agenesia parcial ocorre quando está se desenvolvendo o tronco ou o esplênio; já na agenesia total, o corpo caloso não se forma. Do ponto de vista histológico, podemos dizer que o corpo caloso é formado por fibras mielínicas que envolvem os axônios e os neurônios para passagem de impulsos nervosos. Com a disgenesia ocorrem os feixes de Probst para que os axônios cruzem os hemisférios. Os principais sintomas são: epilepsia, problemas neurológicos e atraso do desenvolvimento.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Influência da memória de trabalho nas tarefas de leitura em crianças com dislexia e distúrbio de aprendizagem

Autor: Andréa Carla Machado


RESUMO

A dislexia do desenvolvimento e o distúrbio de aprendizagem são caracterizados pelo prejuízo em leitura e escrita, decorrentes de dificuldades no mecanismo de conversão letra-som ocasionados por falhas na decodificação fonológica. A memória de trabalho pode ser dividida de acordo com o processamento das informações e dos estímulos compostos por um sistema executivo central e dois subsistemas: a alça fonológica e a alça visuoespacial, nas quais ambas as populações, de dislexia e distúrbio de aprendizagem, apresentam prejuízos. Nessa perspectiva, a memória de trabalho relaciona-se a sustentação, integração e manipulação de informações relevantes a uma tarefa, sendo fundamental para aquisição de habilidades acadêmicas, tornando-se importante analisá-las em crianças em idade escolar. O objetivo deste estudo é caracterizar a influência da memória de trabalho nas tarefas de leitura em crianças com dislexia e distúrbio de aprendizagem. Participaram deste estudo 12 crianças de ambos os gêneros, de 3º ao 7º ano, alunos de escolas públicas de uma cidade de médio porte do interior do Estado de São Paulo, com idades de 8 a 13 anos, com diagnóstico de dislexia e distúrbio de aprendizagem. Os dados referentes às tarefas de leitura foram coletados no CEES - Centro de Estudos de Educação e Saúde da UNESP - campus de Marília, SP. Os resultados foram analisados de forma descritiva pela pontuação obtida em porcentagem de acertos e evidenciaram que as crianças com dislexia do desenvolvimento e distúrbio de aprendizagem apresentaram alterações em relação às atividades de leitura de palavras isoladas e leitura do livro de história, posicionando-se aquém do esperado para escolaridade. No entanto, as crianças com distúrbio de aprendizagem apresentaram maior prejuízo quando comparadas àquelas com dislexia do desenvolvimento.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Desempenho cognitivo de uma criança com síndrome de Asperger por meio das provas operatórias de Piaget

Autor: Andréa Carla Machado

Coautor: Maria Amélia Almeida


RESUMO

A síndrome de Asperger e suas diversas manifestações comportamentais podem comprometer o funcionamento cognitivo de pacientes acometidos por essa condição. Para tanto, a investigação psicopedagógica mostra-se valiosa, contribuindo para o desenvolvimento acadêmico e diminuição do fracasso escolar. Este estudo tem o objetivo de descrever o desempenho em provas operatórias de um caso de uma criança com síndrome de Asperger. Participou deste estudo de caso clínico uma criança do sexo masculino, de nove anos de idade, cursando o Ensino Fundamental, com diagnóstico de Síndrome de Asperger em atendimento clínico psicopedagógico. Foram aplicadas cinco provas operatórias do exame clínico de Piaget: Prova de Conservação de líquido, Conservação de massa, Conservação de matéria, Conservação de classes e Seriação. A análise foi baseada nas respostas e justificativas da criança. O paciente teve conduta não-conservativa em algumas respostas das tarefas solicitadas, as quais demonstraram instabilidade nas noções operatórias que exigiram habilidades atencionais, visuoperceptivas e inferenciais. Assim, a criança encontra-se em fase de transição da fase pré-operatória para operatória, ou seja, a criança ainda apresenta algumas noções cognitivas anteriores às esperadas para sua idade cronológica. Os dados obtidos sugerem que provas operatórias auxiliaram tanto na avaliação psicopedagógica, como no desenvolvimento de intervenções. Dentro dessa visão Piagetiana, o conhecimento se constrói pela interação entre sujeito e o meio, de modo que, do ponto de vista do sujeito, ele não pode aprender algo que esteja acima de seu nível de competência cognitiva. Assim, as dificuldades apresentadas pelo paciente com Síndrome de Asperger encontradas nesse estudo favorecem a importância do diagnóstico operatório para a investigação do problema e direcionamento da conduta/intervenção a ser tomada.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Mielomeningocele e a Neuropedagogia

Autor: Andréa Paula Traini Caltabiano


RESUMO

Neste trabalho, irei relatar o caso de uma criança de gênero feminino, de doze anos, portadora de mielomeningocele, que nos primeiros dias de vida foi submetida a inserção cirúrgica de uma válvula, no sistema ventricular direito do cérebro; faz uso de sonda e lavagem intestinal. Logo no início das intervenções, as deficiências perceptivas cognitivas, envolvendo o raciocínio e a interpretação de informações, e, em sua maioria, a presença de deficiências perceptivas visuais e motoras apresentavam-se sem estímulos, não havendo vínculo com o "prazer do aprender". Através das propostas inseridas nos atendimentos com jogos, reflexões de seus discursos muitas vezes desconexos, repetições de experiências, possibilitando a reorganização de ideias, descobrindo a funcionalidade de objetos, intencionalidades em algumas ações e iniciativa não só motora, como também de ampliar seu repertório cognitivo. Explorando com menos superficialidade as oportunidades apresentadas. Além da escrita espontânea, ela comparou suas hipóteses com o convencional. Através de listas de palavras de um mesmo campo da semântica. Podendo hoje ampliar suas concepções e progredir na aquisição da base alfabética, como na compreensão de outros aspectos (a grafia correta das palavras). Simultaneamente, outros diversos textos foram apresentados como objeto de análise, propiciando diferenciá-los, conhecer melhor suas funções e características particulares. As intervenções da Neuropedagogia alteraram significativamente seu desempenho cognitivo, oferecendo processo evolutivo em seu quadro clínico para o desenvolvimento, através das etapas de aquisição e aprimoramento das habilidades sensórias motoras e emocionais para a aprendizagem. É importante ressaltar que esse caso é acompanhado por uma equipe Multidisciplinar, o relato acima descrito é uma das especialidades que contribui para uma independência futura, melhorando sua qualidade de vida.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Apoio psicopedagógico nas EMEFs de Carapicuíba: uma intervenção significativa

Autor: Anita Santili do Carmo Grego

Coautores: Elaine Siqueira Jeremias, Elisete Piassa, Maria Aparecida Azevedo de Oliveira, Marilza Leite Saltorato, Mirian Claro de Oliveira


RESUMO

Este trabalho relata uma experiência bem sucedida na rede municipal de ensino de Carapicuíba, município da região oeste da Grande São Paulo. Foi elaborado pela equipe de psicopedagogos que atua nas EMEFs, em parceria com os grupos gestores da secretaria de educação e das escolas, professores, famílias e rede municipal de serviços públicos de assistência e saúde. O objetivo é oferecer aos alunos do Ensino Fundamental I, de primeiro ao quinto ano, o máximo de oportunidades para que estejam aptos ao prosseguimento de estudos com sucesso. Procura-se, através da multidiversidade das ações pedagógicas, um espaço para intervenção psicopedagógica, fornecendo apoio complementar aos professores, coordenadores e equipe gestora. Primeiramente no sentido de configurar as situações em que ocorrem as dificuldades de aprendizagem, possibilitando ao educador repensar as estratégias de ensino mais adequadas para cada caso, sendo a participação da família fundamental nesse processo. Através da observação e apurando a escuta é possível analisar e compreender o fenômeno que envolve a tríade ensinante-aprendente-família, otimizando todos os recursos humanos e materiais para a superação das dificuldades nesta fase da aprendizagem. Sendo assim, destacamos a ação psicopedagógica com orientação ao professor quanto às modalidades de aprendizagem em consonância com o trabalho a ser desenvolvido na sala de aula, considerando as diferenças individuais, respeitando o ritmo de cada criança em relação ao grupo-classe; valorizando os avanços e auxiliando o professor a buscar saídas metodológicas e avaliativas não exclusivas, refletindo sobre valores e crenças com relação à diversidade e à igualdade de direitos de todos os educandos. Os resultados obtidos no ano passado foram significativos, e ocorreram adequações para a sua continuidade. Muitos professores passaram a adotar estratégias mais adequadas ao trabalho diversificado nas salas de aula, houve melhoria quanto à participação e interação família-escola e também dos próprios educandos no contexto escolar. A avaliação do trabalho foi por meio da observação das mudanças de atitudes do professor com relação ao seu aluno, do aluno com relação a si próprio e aos seus pares, da família com relação à escola e com relação ao aluno. Nosso objetivo continua sendo a priorização de uma educação voltada à participação de todos os educandos e suas famílias no mundo da cultura, exercitando sua autoria de pensamento e conquistando a autonomia para uma vida cidadã, com a garantia ao direito de uma educação de qualidade para todos.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Avaliação de funcionalidade em ambiente escolar de alunos com deficiência intelectual

Autor: Camila Miccas

Coautor: Maria Eloisa Famá D'Antino


RESUMO

A Associação Americana de Deficiência Intelectual, anteriormente denominada Associação Americana de Retardo Mental, trabalhou por duas décadas na revisão do conceito de deficiência intelectual (DI) e, na 11ª edição do seu manual de definição, classificação e sistemas de apoio, conceitua a deficiência intelectual por uma limitação significativa no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, abrangendo habilidades sociais e de vida diária, e que se manifesta antes dos 18 anos. O funcionamento intelectual refere-se a capacidades mentais, tais como aprender por experiências, resolver problemas, compreender ideias, pensamento abstrato e aprendizado rápido. O comportamento adaptativo é o conjunto de tarefas sociais aprendidas e praticadas no dia a dia. No contexto educacional, a avaliação dos alunos com deficiência deve considerar o seu desempenho global, valendo-se dos resultados para concretizar e aprimorar os processos educativos. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a funcionalidade de alunos com deficiência intelectual que frequentam a rede regular de ensino. A coleta de dados foi realizada utilizando-se instrumento formulado pela pesquisadora baseado na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Participaram da pesquisa 15 professores do ensino fundamental I, que lecionam em salas regulares. Eles avaliaram 15 alunos com Síndrome de Down (SD) (critério de inclusão para DI) e 15 alunos com desenvolvimento típico (GC) para o grupo-controle. A média de idade dos escolares com SD e do GC foi de 8,8 anos. Todos os alunos se encontravam matriculados no ano escolar correspondente à sua idade cronológica, a saber: seis estavam matriculados no 2º ano; dois, no 3º ano; cinco, no 4º ano; e dois, no 5º ano. Os resultados indicaram que das 15 crianças com SD avaliadas, 14 delas não liam, nem escreviam e 13 não realizavam cálculos simples, independentemente do ano escolar que frequentavam. Os alunos com SD não obtiveram bons resultados em itens que avaliavam comunicação expressiva, porém são capazes de entender mensagens dirigidas a eles e expressões faciais. Apesar da variabilidade nos escores finais dos alunos com SD, percebeu-se uma evolução dos mesmos conforme o aumento da escolaridade, principalmente nos itens que avaliam aspectos do comportamento adaptativo. Os alunos avaliados, independentemente das séries em que estavam matriculados e das idades cronológicas, não obtiveram rendimento escolar satisfatório, o que nos faz crer que os processos de inclusão necessitam de apoios pedagógicos, psicológicos e psicopedagógicos intensos, demonstrando que uma escola inclusiva requer investimentos.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Amiga Pedagógica Qualificada (APQ) e Psicopedagogia: reflexões sobre olhar e escuta psicopedagógica na atuação da APQ

Autor: Carla Laudares Mendonça Gomes


RESUMO

Amiga Pedagógica Qualificada é o termo mais usado para nomear o profissional que atua no atendimento domiciliar de acompanhamento escolar. É um trabalho que se tem tornado cada vez mais procurado pela família e escola e também indicado por psicopedagogas, psicólogas e fonoaudiólogas em seus atendimentos. Essa demanda surgiu diante da necessidade de atendimento domiciliar a crianças e adolescentes que apresentavam dificuldades escolares e estavam em atendimento emocional. Com o passar do tempo, surgiram outras variáveis e hoje cresce o número de atendimentos domiciliares diante de várias demandas da nossa sociedade atual. O olhar e a escuta psicopedagógica proporcionam uma reflexão sobre os vários aspectos relacionados às diversas questões que envolvem o desenvolvimento cognitivo/emocional da criança e do adolescente que aprende: as relações aprendente e ensinante, os vínculos afetivos entre familiares e na escola, a maneira como o sujeito que aprende lida com o conhecimento e, especialmente, a questão do desejo relacionado ao aprender. Como a APQ realiza um trabalho personalizado e único para cada cliente, faz-se necessário ressaltar a importância da supervisão pedagógica, psicopedagógica (por meio de grupos de estudos, a fim de fomentar o conhecimento entre profissionais) e psicológica (que promove o autoconhecimento no contexto do setting terapêutico). É um trabalho de construção e reconstrução sobre o aprender, realizado dia a dia. Um trabalho que a psicopedagogia contribui, enriquece com seu olhar e escuta, enobrece com a prática da ética do silêncio e do respeito ao tempo e à hora do sujeito aprendente. Ser APQ é caminhar junto, é conquistar e celebrar a aprendizagem de cada dia, é a troca de saberes, é a troca e a partilha de vidas que se entrelaçam.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Avaliação interdisciplinar dos distúrbios de aprendizagem em clinica escola

Autor: Daniella de Moura Pereira Robbi

Coautores: Ana Paula Bonilha Piccoli, José Maria Montiel, Daniel Bartholomeu


RESUMO

O baixo rendimento escolar tem sido considerado como uma das mais evidentes manifestações de dificuldades de aprendizagem. Das dificuldades que apresentam, as de percepção visual, memória, processamento de linguagem, habilidades motoras finas e atencionais são as que mais tendem a causar dificuldades acadêmicas. Certos autores consideram, ainda, que podem existir dificuldades permanentes, que afetam aspectos cognitivos, sensoriais, físicos, afetivos e socioculturais, tendo base biológica, neuropsicológica ou constitucional, ou transitórias que caracterizam um momento específico do processo evolutivo do sujeito, envolvendo déficits de funções superiores, como linguagem, raciocínio, aspectos afetivos emocionais ou técnicas e estratégias de aprendizagem. Esses mesmos teóricos destacam três fatores que afetam a dificuldade de aprendizagem, aqueles que dependem da personalidade do sujeito, da instituição educativa e outros do contexto familiar e social. Uma distinção deve ser feita, nesse ponto, entre as dificuldades de aprendizagem e os distúrbios de aprendizagem. Assim, a primeira seria mais abrangente e englobaria todas as dimensões da vida do ser humano, derivando de um conjunto de questões pessoais do aluno, seu núcleo familiar e escolar, assim como o meio social em que a criança está inserida. Dentro desse contexto, há que se considerar que, avaliar os distúrbios de aprendizagem, até mesmo pela multiplicidade de aspectos envolvidos já mencionados anteriormente, demanda um melhor domínio dos pressupostos da modificação cognitiva, considerando esses como parte integrante do indivíduo. Em outros termos, há que se responder à pergunta sobre o que os alunos têm domínio ou não, sendo necessária a avaliação sistemática do desempenho em aspectos específicos para se chegar a uma estimativa que seja estável e válida. Por iniciativa dos professores e da coordenação do curso de Psicologia da Anhanguera Educacional Jundiaí, formou-se o grupo de Distúrbios de Aprendizagem, a fim de suprir uma demanda específica na procura dos serviços da Clínica Escola nessa unidade. As queixas citadas compunham desde dificuldades em alfabetização, leitura, escrita até queixas decorrentes de processos atencionais, falta de concentração e respeito a regras. O objetivo deste estudo é fornecer avaliação diagnóstica especializada para crianças e adolescentes que apresentam distúrbios de aprendizagem, além de contribuir para formação continuada dos alunos de graduação em Psicologia e de pós-graduação em Psicopedagogia. Participaram dos atendimentos cinco pacientes encaminhados a uma clínica escola de Psicologia. O critério utilizado para a seleção desses pacientes foi a queixa apresentada, idade, série e encaminhamento. Foram utilizados testes padronizados e avaliações normatizadas para esse processo de avaliação. Os cinco pacientes receberam atendimentos específicos para o processo de avaliação diagnóstica, totalizando 109 horas de sessões efetivas com os mesmos. As idades, em sua maioria (80%), estiveram entre 6 e 9 anos de idade, com escolaridade entre a 1ª série do Ensino Fundamental 1 (80%) e o 7º ano do Ensino Fundamental 2 (20%). Entre os pacientes atendidos, 40% eram do sexo feminino e 60% do sexo masculino. Os pacientes foram avaliados numa perspectiva interdisciplinar por meio de supervisões ministradas por psicólogos especialistas em neuropsicologia e pedagogo especialista em psicopedagogia. Dentre os casos, 40% apresentaram dificuldades de aprendizagem relacionadas ao contexto familiar e 60%, distúrbio específico de aprendizagem.


 

 

Tema: Contribuições contemporâneas sobre a alfabetização

Título: Aprendendo com as boquinhas

Autor: Edy Simone del Grossi Oliveira


RESUMO

Projeto de contraturno da Escola Municipal Mercedes Martins Madureira, na cidade de Londrina, PR, que teve início em 2010 e continua sendo aplicado até hoje. O objetivo desse programa é promover o sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita de crianças que não conseguiram ser alfabetizadas nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, tendo como público-alvo crianças do 3º e 4º anoa, numa média de 20 crianças por semestre, totalizando até hoje 84 crianças. O trabalho é realizado por uma psicopedagoga que aplica o método das Boquinhas, de Renata Jardini, na íntegra, utilizando estratégias multissensoriais: fônicas, léxicas, visomotoras e articulatórias (boquinhas). O projeto teve, até agora, excelente resultado nessa escola, sendo elogiado na Rede municipal de Londrina.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Dislexia: um jeito novo de aprender

Autor: Edy Simone del Grossi Oliveira

Coautor: Maria Aparecida Negrão


RESUMO

A criação da Lei Municipal Nº 245, que cria o Programa de apoio ao aluno portador de distúrbio específico de aprendizagem diagnosticado como Dislexia, teve a participação da aluna Maria Aparecida Negrão e da professora do Curso de Psicopedagogia, aqui autora; na implantação de cursos e palestras que visam à capacitação de profissionais da educação e da saúde pública de Londrina. Criando a partir dessa lei, campanhas educativas de combate ao preconceito para com o aluno com dislexia e a concientização da família do disléxico. Dando continuação a esse projeto, foi elaborada uma cartilha educativa e ilustrada, que tem como objetivo levantar hipóteses desse distúrbio e auxiliar os professores no diagnóstico de casos de falhas na aprendizagem da leitura e da escrita.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Estudo do desempenho psicomotor de crianças de 5-6 anos: análise por sexo

Autor: Fábia Cecília da Silva-Amann

Coautores: Patrícia Hong, Leia Bernardi Bagesteiro, Virgínia Cardia Cardoso, Ruth Ferreira Santos-Galduróz


RESUMO

Um dos componentes básicos do desenvolvimento da criança é a sua psicomotricidade pelo seu papel no desenvolvimento afetivo e cognitivo que são os pré-requisitos para a aprendizagem. Já se é sabido que as crianças aprendem brincando e muitos estudos demonstram que entre cinco e seis anos estão com prontidão para o aprendizado da leitura e da aritmética. Reed et al. estudaram o efeito da inclusão de atividade física nos currículos escolares, com efeitos positivos, demonstrando que crianças apresentaram desempenho significativamente melhor no Teste de Inteligência e em disciplinas como estudos sociais, inglês, matemática e ciências, quando estimuladas motoramente. Também Fernald, de forma mais específica, destaca a importância do suporte ambiental como forma importante de contribuição para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e também da linguagem. O objetivo deste estudo é investigar se existem diferenças psicomotoras entre crianças de 5-6 anos quando comparadas por sexo e verificar possíveis correlações entre os parâmetros estudados. Foram avaliadas 55 crianças, sendo 33 do sexo feminino e 22 do sexo masculino, com idade entre 5 e 6 anos, do 1º ano do ensino fundamental, de duas escolas municipais da cidade de Ribeirão Pires, em São Paulo. Todas as crianças foram submetidas ao Teste de Maturidade Mental Colúmbia (TC), ao Teste Visuo-espacial (VE), avaliação psicomotora (coordenação global e fina), Escala de Estresse Infantil (ESI) e a duas provas, sendo uma para conhecimentos de fração e outra para geometria. Foram encontrados resultados semelhantes no teste VE (meninas: 1,78 ± 1,34 e meninos: 1,78 ± 0,96) p= 0,46, t= 0,73. No TC, também os desempenhos foram semelhantes entre os grupos e todos foram considerados como desempenho esperado, considerando a idade cronológica (meninas: 46,81 ± 6,83 e meninos: 48± 6,83) p= 0,58, t= -0,54. Na ESI, os resultados também foram semelhantes (meninas: 39,33 ± 14,31 e meninos: 39,81 ± 16,41) p= 0,90, t= -0,11. Na avaliação psicomotora geral, foram encontrados resultados significativamente diferentes entre meninos e meninas (meninas: 26,51 ± 3,07 e meninos: 24,77 ± 3,32) p= 0,051, t= 1,99, já na coordenação fina essa diferença é bem significativa (meninas: 9,06 ± 1,24 e meninos: 7,90± 1,60) p= 0,004, t= 2,99. Na prova de conhecimentos de fração, o desempenho das crianças foi semelhante (meninas: 8,03 ± 2,63 e meninos: 7,22 ± 2,61) p= 0,27, t= 1,10. Na prova de geometria, ambos apresentam desempenho semelhantes (meninas: 24,45 ± 3,36 e meninos: 24,04 ± 3,21) p= 0,65, t= 0,44. O TC apresenta correlação baixa (r= 0,31) com a prova de fração. O VE apresenta correlação baixa (r= 0,43) com a prova de fração e com a coordenação fina (r= 0,30). A avaliação psicomotora geral apresenta baixa correlação com a prova de fração (r= 0,37) e com a prova de geometria (r= 0,45). A coordenação fina e o VE apresentam correlação baixa (r=0,30). Os resultados encontrados no presente trabalho sugerem haver diferenças significativas no desempenho motor de crianças quando comparadas por sexo, nesta faixa etária, bem como possível influência do desempenho motor (principalmente coordenação fina) e das habilidades matemáticas.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: TDAH na sala de aula: o professor desatento, hiperativo ou dividido?

Autor: Flávia Justino Martins


RESUMO

O presente trabalho problematiza a prática docente de profissionais da rede municipal de ensino de Belo Horizonte (MG) diante de alunos diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Originado da pesquisa realizada neste ano para a obtenção do título de licenciatura em Pedagogia, o objetivo foi refletir sobre a efetiva prática da Lei 9.078, de 19 de Janeiro de 2005, contrapondo-a à realidade escolar, em especial, ao trabalho do professor no interior das salas de aula. A Lei 9078/05 possui 68 artigos divididos em onze seções, sancionando o conjunto de normas que visam consolidar os direitos individuais e coletivos dos sujeitos considerados como portadores de deficiências. O Artigo 3º não deixa dúvida sobre quais deficiências seriam essas: a física, a auditiva, a visual, a mental e a múltipla. Não há nenhuma menção ao TDAH. Essa posição é definitiva no impacto ocasionado no ambiente da classe escolar, pois, a fim de garantir o acesso, a permanência e a educação de qualidade, propostas do Artigo 50º, os alunos considerados deficientes têm o direito de serem acompanhados por monitores ao longo de todo o período em que permanecem na escola, o que não ocorre com aqueles com TDAH. O TDAH é uma síndrome que, apesar de não ter uma origem definida, muitas pesquisas indicam que é causada por alterações neurobiológicas. De acordo com a quarta edição do Manual de Estatística e Diagnóstico (DSM), ela se subdivide em três tipos: TDAH com predomínio do sintoma de desatenção; o TDAH com predomínio do sintoma de hiperatividade e o TDAH combinado, no qual os sintomas dos tipos anteriores se manifestam. Em 2002, renomados especialistas assinaram uma declaração conjunta, a fim de esclarecer e alertar sobre a importância de se diagnosticar e tratar o TDAH. Entre os onze itens encontram-se afirmações que garantem a genuinidade desse transtorno, confirmando algumas implicações como comprometimento de mecanismos físicos e psicológicos comuns a todas as pessoas e desenvolvimento de deficiências que podem acarretar sérios prejuízos à vida de seu portador. Assim, diante da realidade dos portadores de TDAH inseridos nas escolas de Belo Horizonte e a proposta da Lei municipal 9.078/05, buscou-se, por meio de nove entrevistas semiestruturadas com professores da rede, conhecer as implicações que o não reconhecimento legal desse transtorno tem sobre a prática docente. Depois de transcritas, as entrevistas foram analisadas a partir da metodologia proposta por Bardin (1977), da análise de conteúdo. Os resultados apontaram para sobrecarga do trabalhador docente quando possuíam alunos com TDAH. Em 90% das entrevistas, esses profissionais indicavam a presença de comorbidades nesses alunos, como transtorno desafiador opositivo, o que gerava a necessidade da criação de estratégias para que o comportamento em sala de aula não prejudicasse aos demais estudantes, nem tampouco deixassem esses sujeitos em defasagem de conteúdo. Todos os relatos trouxeram a insatisfação dos profissionais frente ao apoio dado pela rede de ensino em relação a esses alunos. Para eles, não havia cursos adequados de formação e a presença de um monitor foi considerada valiosa para auxiliar o trabalho que desenvolviam. Apenas uma entrevistada discordou do auxílio do monitor, pois para ela de nada adiantaria se não houvesse uma transformação profunda do sistema de ensino no que tange à política de inclusão. A pesquisa demonstrou, assim, que a Lei 9.078/05 falha ao não considerar o TDAH como inclusão e o município de Belo Horizonte, que se diz inclusivo, acaba excluindo esses sujeitos dentro dos ambientes escolares, restringindo suas possibilidades de sucesso escolar.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: O lúdico para o desenvolvimento psicomotor e social da criança

Autor: Ingrid Merkler Moraes


RESUMO

Este trabalho é uma pesquisa de conclusão de curso do Mestrado em Educação da Universidade Salesiana de São Paulo. O objetivo é comprovar como a ludicidade, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras infantis atuam diretamente no desenvolvimento psicomotor e social da criança de educação infantil, afetando não apenas as atitudes especificamente corporais e sociais, mas também sua percepção em geral, sua capacidade de concentração, reflexos condicionados, horizonte emocional e cultura física, que a presente pesquisa se norteará. Serão abordados referenciais como Vygotsky (1984), que afirma que é através da brincadeira, do brinquedo que a criança projeta-se nas atividades da vida adulta de sua cultura e ensaia seus futuros papeis e valores. Wallon (2007) enfoca a motricidade no desenvolvimento da criança, ressaltando o papel que as aquisições motoras desempenham progressivamente para o desenvolvimento individual. Segundo ele, é pelo corpo e pela sua projeção motora que a criança estabelece a primeira comunicação (diálogo tônico) com o meio, apoio fundamental do desenvolvimento da linguagem. É a incessante ligação da motricidade com as emoções, que prepara a gênese das representações que, simultaneamente, precede a construção da ação, na medida em que significa um investimento, em relação ao mundo exterior. Alícia Fernandes (1991), em seu livro "A Inteligência Aprisionada", afirma que "Desde o princípio até o fim, a aprendizagem passa pelo corpo. Não há aprendizagem que não esteja registrada no corpo, assim como não há imagem enquanto o corpo não começa a inibir o movimento, e é o registro desta inibição o que possibilita separar o pensamento do momento em que esse movimento vai se tornar ativo, ficando o movimento como uma marca registrada". Vitor da Fonseca (1993) afirma que a psicomotricidade visa privilegiar a qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua lateralização e direcionalidade e a planificação práxica, enquanto componentes essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante. Nela o corpo e a motricidade são abordados como unidade e totalidade do ser. Serão apresentados resultados parciais, visto que a pesquisação está em sua fase final de coleta de dados através de um estudo de caso.


 

 

Tema: Formação do psicopedagogo

Título: Era uma vez um pequeno príncipe: uma lição de escuta ao psicopedagogo no atendimento de adultos e crianças

Autor: Isaac Kassardjian Junior

Coautor: Taís Aparecida Costa Lima


RESUMO

Ao adentrarmos no livro o Pequeno Príncipe, encontramos a história de um Homem, adulto, com feridas, cicatrizes e sofrimentos que a vida lhe deu. E ainda, um Homem, que tem a oportunidade rara, daquelas que nos são ofertadas todos os dias, mas que dificilmente estamos atentos para reconhecê-las. Um Homem que toma essa oportunidade para rever sua própria vida e encontrar-se consigo mesmo, uma criança linda dos cabelos dourados e ideias que valem ouro. Como indica Sara Paín, ao trabalho do psicopedagogo não resta nada mais do que propiciar ao paciente a busca e compreensão de seu problema e pelo problema construir-se um ser novo. "Não podemos curá-lo nem entendê-lo. (...) é facilitar seu trabalho de recriar-se como pessoa interessante. (...) que vislumbre uma possível escolha, certo grau de liberdade, ainda que seja no conhecimento". Dessa forma, podemos ilustrar que o paciente da psicopedagogia, assim como o Pequeno Príncipe, encontra-se no deserto de sua própria imensidão e, ao tratar da relação com o Objeto de Conhecimento, tudo que lhe resta é ir ao encontro de um poço e em sua fonte fartar-se de saber. Este trabalho visa ilustrar, de modo comparativo e reflexivo, os momentos paradigmáticos da vida por meio da comparação entre os mundos visitados pelo Principezinho. Conclui-se, assim, que a lição ensinada nesse livro pode ser partilhada e sugerida a todos psicopedagogos em sua prática clinica. Uma vez que a relação de Saint-Exupéry com o Pequeno Príncipe mostra não somente a delicadeza do encontro com a criança interior, mas pode nos conduzir a uma profunda reflexão sobre o agir e interagir com o paciente em Psicopedagogia. O Aviador respeita essa criança e, mesmo com dúvidas de sua veracidade, está apto a ouvi-la com todo empenho. Reflete, e mais tarde anota, cada pequeno detalhe que lhe parece oportuno e quando o outro, o principezinho, encontra-se preparado, deixa-o partir.


 

 

Tema: Vida Adulta

Título: Oficina da memória

Autor: Izabel Cristina Pinheiro Laguna


RESUMO

Com o envelhecimento, o isolamento social e a queda da produção física e mental, o idoso apresenta dificuldades para execução das AVDs e se manifesta a queixa de perda da memória. Assim, estimular o desenvolvimento das habilidades cognitivas, ampliando a rede neural com novas ligações sinápticas, e proporcionar interações sociais são os objetivos desse trabalho. Sabe-se que as interações sociais e a estimulação cognitiva são fundamentais e têm efeito positivo sobre a saúde geral do cérebro, neste sentido, realizam-se encontros semanais, uma vez por semana, de duas horas de duração, com um grupo de até quinze pessoas, quando são desenvolvidas ações que estimulam a cognição através de todos os sentidos, tais como: jogos matemáticos (sudoku); dominó fonético; escravos de Jó; uso do lado do corpo contrário ao dominante, escrevendo com a mão esquerda se for destro e vice-versa, subindo ou descendo degraus com a perna não-dominante; identificação de "cheiros" com os olhos vendados, entre tantas outras atividades. Como resultados verifica-se uma maior competência às respostas às AVDs, elevação da qualidade das relações interpessoais, aumento da autoestima e consequente ganho na qualidade de vida. É, portanto, um trabalho que pode e precisa ser ampliado, pois após ser aprendido, constituindo-se de uma atividade que deve fazer parte do dia a dia do idoso e de seus parceiros fora do grupo em questão, servindo como uma possibilidade de prevenção e qualidade do envelhecimento.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: NIPPAD - Núcleo de Investigação Psicopedagógica dos Problemas na Aprendizagem e no Desenvolvimento Serviço de Avaliação e Intervenção Pedagógica

Autor: Janete Schmidt de Camargo Cesar

Coautores: Daniela Borges da Silva, Orly Zucatto Mantovani de Assis, Patrícia Henriques Godoy, Melissa Sayuri Nakasaki


RESUMO

O Núcleo de Investigação Psicopedagógica dos Problemas na Aprendizagem e no Desenvolvimento (NIPPAD) Serviço de Avaliação e Intervenção Pedagógica trata-se de um serviço prestado à população de Campinas e região, pelo Laboratório de Psicologia Genética da Faculdade de Educação da Unicamp, o qual tem priorizado a capacitação de professores e alunos para avaliar processos de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano. O NIPPAD tem como objetivo avaliar o desenvolvimento intelectual e socioafetivo da criança e/ou adolescente, por meio das Provas Piagetianas e do Método Clínico Crítico elaborados por Jean Piaget, bem como realizar intervenções psicopedagógicas com as crianças que apresentam atraso no desenvolvimento cognitivo e afetivo, tendo como suporte metodológico o PROEPRE - Programa de Educação Infantil e Ensino Fundamental; investigar os distúrbios de aprendizagem; proporcionar a alunos de graduação um espaço de aprimoramento da teoria piagetiana e oferecer ao público em geral e aos funcionários e alunos da Unicamp um serviço especializado para seus filhos ou parentes. Para tanto, conta com uma equipe composta por profissionais que integram o Laboratório de Psicologia Genética - LPG, o qual recebe crianças de escolas particulares e públicas com queixa de dificuldades de aprendizagem que são atendidas pelo Núcleo de Investigação Psicopedagógica dos Problemas na Aprendizagem e no Desenvolvimento Serviço de Avaliação e Intervenção Pedagógica (NIPPAD). Inicialmente é realizada uma entrevista com os pais, com o objetivo de investigar a trajetória familiar e escolar da criança. Após a coleta de dados da entrevista inicial desenvolve-se a avaliação diagnóstica da criança através do Método Clínico Crítico proposto por Jean Piaget, frente aos diferentes aspectos do desenvolvimento infantil: afetivo, cognitivo e social. Realiza-se uma avaliação através da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA), e também uma sondagem da construção do sistema escrito com o objetivo de verificar em qual etapa de aquisição a criança está, de acordo com os fundamentos construtivistas propostos pelos estudos de Emília Ferreiro: escritas pré-silábicas, escritas silábico-alfabéticas e escrita alfabética. O processo de intervenção do NIPPAD é desenvolvido através do PROEPRE - Programa de Educação Infantil e Ensino Fundamental, que tem como objetivo principal o procedimento de solicitação do desenvolvimento infantil, de acordo com a perspectiva de Mantovani de Assis (1976). A intervenção pedagógica tem por objetivo contribuir para que a criança construa estruturas mentais importantes para a sua fase de desenvolvimento, criando situações e oportunidades em que as mesmas possam dirigir suas próprias ações, propiciando assim a ação da criança sobre o objeto de conhecimento, estabelecendo relações com objetivos variados e em situações desafiadoras. A intervenção pedagógica pode acontecer individualmente ou em duplas, uma vez por semana, com 50 minutos de duração para cada sessão, favorecendo, dessa maneira, a interação entre os pares. Ao final de cada sessão, são realizados relatórios de acompanhamento do desenvolvimento dos participantes da intervenção, possibilitando, assim, acompanhar o progresso da criança, além de fornecer dados para as próximas intervenções. Atualmente, o Núcleo atende cerca de 9 crianças, encaminhadas por escolas e unidades básicas de saúde, dentre outros locais.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Aprendizagem da matemática e memória de trabalho: um estudo com alunos da 4ª série do ensino fundamental

Autor: Joanne Lamb Maluf

Coautor: Clarissa Seligman Golbert


RESUMO

A presente pesquisa aborda o tema das dificuldades de aprendizagem na matemática à luz da neuropsicologia. Teve como objetivo a investigação da possível relação entre aprendizagem da matemática e memória de trabalho. Participaram desta pesquisa vinte alunos da 4ª série de Ensino Fundamental de escolas públicas de Porto Alegre, com idades entre 9 e 10 anos, divididos em dois grupos: com bom desempenho e com baixo desempenho em matemático, a partir da média dos escores dos participantes na Prova de Aritmética (Capovilla & Capovilla et al, 2007). A memória de trabalho foi avaliada por meio da tarefa de Memória Imediata - dígitos na ordem indireta (Capellini & Smythe, 2008). A memória de trabalho é definida pelos autores como responsável pelo armazenamento e pela manipulação "on-line" da informação, necessária para as funções cognitivas superiores. É composta por um sistema coordenador denominado, executivo central (controlador da atenção) e pelos subsistemas, alça fonológica; esboço visuoespacial e buffer episódico. O uso de estratégias de contagem e de procedimentos iniciais sobrecarrega a memória de trabalho, exigindo um esforço cognitivo muito maior por parte dos alunos. A memória de trabalho está associada a todas as aprendizagens escolares. No que concerne às aprendizagens matemáticas, sua associação torna-se mais visível devido à complexidade do pensamento matemático e da exigência da memória de conhecimentos prévios que está presente em cada atividade matemática, como por exemplo, os fatos básicos, as operações. Os resultados apontam que o grupo com bom desempenho obteve melhor média na tarefa de memória de trabalho, enquanto que, o grupo com baixo desempenho obteve resultados inferiores à média. Os resultados encontrados nesta pesquisa corroboram os dados da literatura que apontam a memória de trabalho como função essencial para a aprendizagem da matemática. Constatou-se que, quanto mais recursos de memória de trabalho o participante possui, melhor é seu desempenho matemático.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: As contribuições da terapia cognitivo-comportamental para controle do estresse e orientação profissional no contexto familiar e escolar

Autor: Juliana Junqueira Arruda


RESUMO

O estresse na adolescência advém de um conjunto de reações frente às adaptações em uma fase em que as mudanças são constantes. Por meio de estudos da literatura científica e prática em orientação profissional no contexto escolar, pode-se caracterizar o estresse no momento da escolha da futura profissão como algo realmente ameaçador para a qualidade de vida do estudante, porém o que muitas vezes observou-se é que a influência do estilo parental e do estilo de pais, de participativos a negligentes, influencia consideravelmente tanto o processo de escolha profissional quanto a motivação e o desempenho nos vestibulares. Diante de tal situação e com a rica contribuição teórica Terapia Cognitivo-Comportamental, criou-se um protocolo de processo de orientação profissional e qualidade de vida que se iniciou com o contato direto do adolescente, posteriormente com a família e através de técnicas, dinâmicas, relaxamento, se conduz durante todo o ano letivo um trabalho em que família, escola e aluno caminham juntos. O modelo proposto e colocado em prática em um curso pré-vestibular particular no interior de São Paulo apresentou bons resultados no decorrer de 2010 em que de 297 alunos, 145 participaram do processo e desses, 97% ficaram satisfeitos com suas escolhas e foram aprovados em universidades públicas e particulares de grande importância no cenário acadêmico brasileiro. Além do bom desempenho nos vestibulares, apresentaram melhora nos sintomas de estresse e relataram diminuição dos pensamentos irracionais sobre vestibulares e escolha profissional, menor tensão muscular, melhora na qualidade do sono, aumento do foco nos estudos e aumento da motivação para frequentar as aulas e compartilhar suas escolhas e objetivos com os familiares. O presente protocolo de intervenção continua sendo utilizado apresentando bons resultados, maior interesse dos pais em participar das escolhas dos seus filhos e também apresentou diminuição significativa nos níveis de estresse dos estudantes, dos familiares e dos professores que também recebem orientações mensais de como atuar dentro e fora das salas de aula.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Impacto de experiências traumáticas e do transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) no desempenho acadêmico de estudantes universitários da Região Nordeste do Brasil

Autor: Juliana Laranjeira Pereira dos Santos

Coautores: Liana R. Netto; José Rômulo Feitosa; Deivson F. Mundim; Rejane C. Santana; Lilian Verena S. Carvalho; Susan Carvalho; Reinilza Nunes; Weslley Batista; Lucas C. Quarantini


RESUMO

Estudos voltados para a investigação de experiências traumáticas em alunos universitários ainda são escassos no Brasil, assim como a consequente repercussão que a violência pode ter no desempenho acadêmico desses indivíduos. Dessa maneira, surgiu o interesse em se realizar uma pesquisa com a referida população, avaliando a exposição a eventos traumáticos durante a graduação, mas, principalmente, objetivando mensurar o impacto que tais eventos, prévios e durante o curso universitário terão no desempenho acadêmico formal. Os trabalhos identificados na literatura investigando estudantes universitários conduzidos no Brasil são, em sua grande maioria, relacionados ao desempenho da leitura e escrita. Identificamos, entretanto, farta literatura referente ao tema em outros países, não somente com as temáticas citadas anteriormente, como também, referente a tipos de violências sofridas e perpetradas entre graduandos, diferenciando-os entre os gêneros. Os graduandos, em sua maioria, se encontraram na fase da adolescência e início da vida adulta. Estes são períodos de maior vulnerabilidade às experiências traumáticas. As causas externas são responsáveis por cerca de 70% dos óbitos de adolescentes (68,43% entre 10 e 19 anos) e adultos jovens (70,41% entre 20 e 29 anos). Diante desse contexto, esbarramos em um hiato no que concerne ao desenvolvimento do TEPT nos estudantes universitários e suas possíveis consequências e comorbidades na vida acadêmica dos mesmos. Assim, a presente pesquisa teve como objetivo principal determinar o impacto de experiências traumáticas no desempenho acadêmico entre as diferentes áreas de formação acadêmica (Exatas, Biológicas/Saúde, Humanas/ Artísticas) a partir de um estudo censitário conduzido em três áreas metropolitanas do NE brasileiro. Todos os alunos com idade igual ou superior a 18 anos do primeiro e último semestre de seis instituições de ensino superior da região NE do Brasil (Salvador-BA, Feira de Santana-BA, Cajazeiras-PB) foram escolhidas para prover uma amostra demográfica diversificada (incluindo universidades de caráter público e privado). Os estudantes matriculados, de todos os cursos de graduação, no primeiro e último semestres teóricos, e presentes em sala de aula, e que consentiram em participar do estudo, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram solicitados a preencher o protocolo. Os instrumentos usados para a coleta foram: Questionário sociodemográfico; Questionário de historia de trauma (THQ); PTSD Checklist-Civilian Version (PCL-C) e a Escala de Impulsividade de Barratt (BIS 11). Antes de utilizarmos o protocolo com os estudantes, realizamos um estudo piloto, no qual o instrumento foi aplicado em uma amostra para fins de determinação de parâmetros de tempo de aplicação dos instrumentos de avaliação e identificação de possíveis dificuldades no fluxo de investigação. Os dados estão sendo inseridos no SPSS, versão 15.0. Após encerrada esta etapa, será realizada análise de associação entre as variáveis dependentes e independentes. A Razão de Prevalência (RP) será utilizada para medir as associações entre as variáveis estudadas. O número total de protocolos preenchidos foi de 2282. Destes, 36,6% dos estudantes são da universidade pública estadual, 25,1% das instituições federais e 38,3% de instituições particulares. Encontravam-se matriculados no primeiro semestre 56,9% dos alunos e no último semestre teórico 43,1%. Até o momento, esses são dados descritivos possíveis de serem apresentados. Apesar dos dados serem incipientes, reconhecemos a importância da pesquisa para conhecermos o desempenho acadêmico de universitários para possíveis intervenções. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa local e conta com financiamento do Edital Universal 2010 do CNPq.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e o desempenho acadêmico

Autor: Leandra Felicia Martins

Coautores: Maria Tereza Costa, Cássia Roberta Benko, Antonio Carlos de Farias, Mara Lúcia Cordeiro


RESUMO

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) aparece cedo na infância e, frequentemente, causa prejuízos funcionais que geralmente afetam o desenvolvimento escolar nos seus portadores. Vários estudos internacionais relataram que o Transtorno de Aprendizagem (TA) co-ocorre em 20% a 30% das crianças com TDAH. Porém, existem poucos estudos nacionais comparando o desempenho escolar de portadores de TDAH no Brasil com crianças sem TDAH ou outra psicopatologia. Utilizando o Teste de Desempenho Escolar (TDE), comparar o desempenho acadêmico de crianças diagnosticadas com TDAH com crianças sem psicopatologia ou déficits acadêmicos. O TDAH é uma doença neurobiológica de origem multifatorial e é um dos transtornos psiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes. Os sintomas característicos: desatenção, hiperatividade e impulsividade podem interferir no desempenho escolar. Estudantes com TDAH podem apresentar dificuldades nas relações estabelecidas e alterações no processo de aprendizagem, uma vez que têm maior propensão a não prestar atenção a detalhes, dificuldade em acompanhar instruções longas e em permanecer atentos até o final das tarefas escolares o que, com frequência, os leva a cometerem erros. Participantes da linha de pesquisa "Transtornos Neurocognitivos e Comportamentais de Crianças e Adolescentes", do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, diagnosticadas com TDAH - tipo Combinado, não medicadas, foram selecionadas para o estudo. O grupo Controle foi recrutado em duas Escolas Municipais de Curitiba preenchendo os critérios de bom rendimento escolar e ausência de psicopatologias. Análise comparativa estatística usando o teste t-Student foi realizada baseada nos resultados obtidos pelo TDE entre os dois grupos, considerando significativo p<0,05. Dados Demográficos encontrados na pesquisa: Grupo TDAH-C (n = 73) e Controle (n = 64) foram compostos de crianças de ambos os sexos, com idade de 8,5 ± 1,0 anos (média ± dp), cursando em média o 3º ou 4º ano (2ª ou 3ª séries). Resumo dos resultados no TDE: Grupo TDAH-C: Escrita: Inferior 90%, Média 7%, Superior 3%; Aritmética; Inferior 75%, Média 22%, Superior 3%; Leitura: Inferior 75%, Média 8%, Superior 17%. Grupo Controle: Escrita: Inferior 11%, Média 39%, Superior 50%; Aritmética: Inferior 3%, Média 19%, Superior 78%; Leitura: Inferior 0%, Média 31%, Superior 69%. Encontrou-se p< 0, 001 em todos os Subtestes. Analisando os resultados dos Subtestes de Escrita, Aritmética e Leitura percebeu-se uma diferença estatística significativa entre os dois grupos. O Subteste de Leitura foi o que apresentou maior diferença. Os resultados indicam que existe uma necessidade de adaptações curriculares e de professores mais capacitados para ajudar as crianças com TDAH a amenizar os prejuízos provocados pelos seus sintomas, e consequentemente, ter um melhor desempenho escolar.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Contribuição da psicopegagogia no desenvolvimento da resiliência em crianças hospitalizadas

Autor: Maria Cristina Braido Delalibera Jacob

Coautor: Maria Cristina Braido Delalibera Jacob


RESUMO

Este trabalho tem como objeto de estudo a Psicopedagogia em educação e saúde, focalizando o desenvolvimento do processo da resiliência em crianças hospitalizadas. A abordagem desse problema deve-se ao fato da grande incidência de crianças e adolescentes enfrentando situações adversas, como doenças, hospitalização, procedimentos médicos dolorosos e perspectiva de morte, afetando e alterando o convívio com família, escola e sociedade. Por isso, estes jovens indivíduos podem ser afetados nos aspectos cognitivos e afetivos, podendo esses fatos repercutirem no seu desenvolvimento como aprendentes. É um trabalho de pesquisa bibliográfica descritiva, baseado nas teorias de Vygotsky, Wallon, Pichón Riviére, tomando como referência a práxis Psicopedagógica de Fernandez e os estudos de Tavares sobre resiliência. As teorias vygotskyana, walloniana e pichoniana relatadas destacam a importância das relações que são estabelecidas entre o sujeito e o outro e ou com o meio cultural. Conforme o olhar que o sujeito atribui nessa relação é que se estabelece um sentimento subjetivo de bem-estar. A função do psicopedagogo no contexto hospitalar, além de dar suporte ao desenvolvimento da criança nos aspectos cognitivo, emocional e social, é facilitar o relacionamento entre a criança e a sua família frente à doença que ora está permeando sua vida, levando em consideração a condição socioeconômica da família e o meio cultural. As crianças assim como a família necessitam continuar se desenvolvendo, aprendendo e também prosseguindo com os cuidados necessários à saúde. O fortalecimento dos vínculos afetivos do sujeito com o outro e com o meio pode ser um caminho para a construção do processo da resiliência. Orientar o aprendente/paciente hospitalizado quanto aos conhecimentos básicos de sua condição de saúde e ainda valorizar a importância do autocuidado e da responsabilidade em se cuidar, conduzindo ao autoconhecimento e à autonomia, conduz ao desenvolvimento da resiliência. A pesquisa apontou que resiliência é um processo e a construção do seu conceito que se pretende divulgar é compará-la com a confecção de uma renda do tipo de bilro, tecida pelas mulheres do litoral cearense. Para uma renda de bilro ser confeccionada, não é necessário ter um equipamento sofisticado, pelo contrário, o material e o equipamento são simples. Para isto é preciso ter uma almofada para apoiar os fios de algodão que vão tecer a renda, um cartão de papel com o esquema do traçado da renda, alfinetes que podem ser espinhos de mandacaru, e os bastões de madeira chamados de bilro. Mas o que é essencial é a presença de habilidosas e rápidas mãos da mulher rendeira para conduzir e tecer os fios, os quais são entrelaçados e atados nas mais diversas formas e cores, formando uma linda renda. Assim deveria ser a vida de uma criança, simples, fina e delicada como os fios de uma renda, que precisam de cuidados específicos para ser conservada sempre bonita. Assim também como a renda, à medida que a criança cresce, ela vai se entrelaçando com outras pessoas e situações e, através deste entrelaçamento, vão surgindo sentimentos e emoções, os quais ela possa expressar e ser aceita na sua individualidade. Conclui-se que a resiliência é um processo que necessita ser constantemente tecido e elaborado ao longo da vida. Da mesma forma que a renda necessita de mãos habilidosas e seguras para que os fios possam produzir uma linda renda, a criança também necessita de adultos seguros, confiantes, habilidosos e dispostos a investir e auxiliar na sua caminhada pela vida. Para que no futuro possa ser um adulto responsável, humorado com capacidade de amar e que queira vivenciar a sua experiência de sucesso com o outro.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Intervenção psicopedagógica institucional: inovação pedagógica na educação ambiental em colônia de férias

Autor: Maria Cristina Braido Delalibera Jacob

Coautor: Francisca Francineide Cândido


RESUMO

As férias pode ser um momento de grande conflito para as famílias de poder socioeconômico baixo, com o agravante de que, normalmente, as férias dos filhos não coincidem com as dos seus pais. Além da falta de condições financeiras para proporcionar lazer aos filhos, há também dificuldade de ter alguém para cuidá-los. As colônias oferecidas pelas escolas, e/ou entidades educativas são, muitas vezes, uma opção para essas famílias. A ideia é combater o ócio das férias e oferecer uma nova opção de entretenimento e lazer, de forma segura e prazerosa. Não precisa ser só brincadeira; muitos valores estão ocultos nas atividades lúdicas, pois é exatamente no momento da brincadeira livre e, principalmente, no resgate das brincadeiras infantis que a criança se expõe. Este trabalho trata-se de um relato de uma intervenção psicopedagógica institucional realizada durante uma colônia de férias, em julho de 2011. A entidade participante é uma ONG, localizada no bairro Vila União, em Fortaleza (CE). Essa instituição acolhe, há mais de duas décadas, no contraturno do período letivo, alunos carentes, em desvantagem cultural, em nível da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, do 1º ao 6º ano, oriundos da escola pública, oferecendo-lhes apoio pedagógico (reforço), atividades recreativas e socioeducativas, focadas na formação religiosa, ética e cidadania, incluindo a formação musical (coral e oficina de música). A colônia de férias recebeu 94 crianças, de 4 a 14 anos. A intervenção constou de atividades lúdicas, significativas e edificantes. Além de oferecer um suporte pedagógico-cultural, o projeto tinha por objetivo estimular e desenvolver uma reflexão crítica com as crianças e adolescentes, sobre a defesa e preservação do meio ambiente, culminando com a coleta seletiva do lixo, na perspectiva de despertar no aluno a consciência de que suas práticas e atitudes podem causar impacto na natureza. Uma ação educativa significativa produz um sujeito transformador para si próprio e para a sociedade. O processo metodológico enfatizou o diálogo reflexivo e a intervenção em meio real, práticas pedagógicas inovadoras observadas na inter-relação positiva professor-aluno. No grupo, e nas boas práticas de preservação do meio ambiente, com efeito positivo na aprendizagem significativa das crianças e adolescentes. A atividade ambiental desenvolvida na colônia de férias considerou como referência a teoria de Ausubel (1986), a qual avalia com sendo essencial as práticas e fatores motivacionais focados na da aprendizagem significativa, bem como as concepções construtivistas de Piaget (1896-1980), Vygotsky (1896-1934) e Wallon (1879-1962), os quais refletem sobre as questões de aprendizagem e a compreensão do desenvolvimento cognitivo do homem, e a abordagem Psicopedagogia Institucional Aplicada, obra de Fagali & Vale. Ao final da colônia de férias, ficou evidente que a atividade focada na educação ambiental, por meio de reflexão e ação interventiva, coletiva, com coleta seletiva do lixo, despertou em cada criança e adolescente o sentimento da importância da preservação do meio ambiente, fazendo com que se percebessem cidadãos e, que, com tal, fazem parte do meio em que vivem. As crianças e adolescentes declararam que aprenderam muito com a coleta seletiva de lixo e que isto contribuiu muito para seus aprendizados significativos. Por fim, entendemos que o trabalho com crianças e adolescentes na perspectiva da formação de uma consciência e de uma postura crítica diante da realidade deve ser assumido pelas escolas por meio de práticas e atitudes cotidianas que valorizem a qualidade do meio ambiente.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Neurofibromatose tipo I e perfil de alterações cognitivas e psiquiátricas: relato de caso

Autor: Maria Luiza da Fonseca Zamboni

Coautor: Sarah Teófilo de Sá Roriz, Erikson Felipe Furtado


RESUMO

Embora relativamente raros, quadros orgânicos cerebrais podem ser a causa subjacente de sintomas psiquiátricos na infância e merecem investigação cuidadosa. Este trabalho apresenta um relato de caso clínico de paciente de 15 anos, aluna de escola de educação especial para indivíduos com problemas de visão. Diagnóstico de neurofibromatose tipo I (NFI) com glioma óptico. Ressonância magnética (RM) indicativa de glioma, comprometendo quiasma e trato óptico, estendendo-se para hipotálamo e mesencéfalo. Controles periódicos de neuroimagem para monitoramento do crescimento do glioma, sem alterações, assim como inalterado o exame neurológico até o momento. Avaliação fonoaudiológica apontou existência de problemas de linguagem com trocas/omissões de fonemas. Os sintomas psiquiátricos são hiperatividade e problemas de conduta, com início aos 7 anos: não permanece na sala de aula, desentendimentos diários com colegas, envolve-se em brigas físicas, dificuldade em assumir responsabilidade por erros, mentiras frequentes para receber vantagens ou comprometer colegas, onicofagia, tricotilomania e mordedura de lábios, e acessos de raiva durando 10 minutos, diários, após ser cobrada/punida. Os diagnósticos psiquiátricos atuais são TDAH e Transtorno de Conduta, e o tratamento atual é Metilfenidato 40 mg e Haloperidol 5 mg. A Neurofibromatose é uma doença neurocutânea com prevalência estimada de 1/3500, causada por mutação em gene supressor de tumor, cujo produto proteico, a neurofibrina, tem importante papel na transdução celular envolvida na neuroplasticidade, memória e aprendizagem. A doença está associada a um perfil de manifestações cognitivas e comportamentais, como os transtornos de aprendizagem (até 60% dos casos), que afetam mais a escrita e a leitura que a matemática. A incidência de Retardo Mental é duas a três vezes maior que a população geral (até 7%), mas insuficiente para explicar o déficit de aprendizagem. A associação com o TDAH, por critérios do DSM-IV, chega a 40%, sendo o prejuízo atencional mais frequentemente encontrado e mais evidente do que sintomas de hiperatividade ou impulsividade. O transtorno da aprendizagem e o TDAH contribuem para baixas aquisições acadêmicas nesse grupo. Os problemas comportamentais mais descritos na literatura são agressividade, sintomas ansiosos/depressivos e alterações do padrão do sono. Em torno de 50% dos indivíduos apresentam macrocefalia, com predomínio frontal e parietal. Foi encontrada associação entre menor assimetria do planum temporale, importante área de linguagem, e prejuízos específicos de aprendizagem. Até 80% de pacientes com NF1 apresentam, ao exame por RM, áreas de hiperintensidade em T2 chamadas Unidentified Bright Objects, as quais tem sido muito discutidas devido sua localização, quando no tálamo, estar associada com prejuízo cognitivo e déficit atencional. Estudos funcionais propõem uma desconectividade entre áreas frontais e posteriores. Estudos genéticos investigam associações entre alterações na neurofibrina e problemas no turnover da mielina.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: Matriciamento em Psiquiatria e Saúde Mental da Infância e Adolescência

Autor: Maria Luiza da Fonseca Zamboni

Coautores: Alex Melgar Figueroa, Karolina Murakami, Erikson Felipe Furtado


RESUMO

Matriciamento constitui-se na oferta de suporte técnico-pedagógico de retaguarda para serviços ou grupos profissionais visando potencializar a interação resolutiva entre recursos disponíveis em diversos setores da sociedade. A Psiquiatria constitui-se uma das especialidades solicitadas nas equipes matriciadoras, no Brasil, e na modalidade de consultoria escolar, em muitos países. Objetivos: Implantar um programa piloto de matriciamento e consultoria em Saúde Mental Infanto-Juvenil e Uso de Substâncias Psicoativas em município de 15 mil habitantes do interior do estado de São Paulo, coordenado pelo PAI-PAD (Programa de Ações Integradas para Prevenção e Atenção ao Uso de Álcool e Drogas na Comunidade), da FMRP-USP, por meio de convênio com a Prefeitura Municipal de Altinópolis. 1) Oferecer suporte técnico através de Aulas-tema; 2) Contribuir para a integração entre os serviços de Saúde, Assistência Social e Educação, por meio de discussão de situações clínicas, para o treinamento de uma resolução compartilhada de problemas da infância e adolescência entre os setores. Criação de a) Programa de Capacitação de Temas em Saúde Mental Infanto-Juvenil e Uso de SPA e b) Programa de Discussão de Situações Clínicas em Saúde Mental Infanto-Juvenil e Uso de SPA. Público-alvo: 20 participantes/sessão, com integrantes dos serviços de Saúde, Educação e Assistência Social do município. Carga horária de 20 horas/mês; duração dos Programas: 1 ano. O Programa de Capacitação de Temas ocorreu quinzenalmente, intercalado pelo Programa de Discussão de Situações Clínicas, compondo 2 capacitações teóricas/mês (1 em Saúde Mental Infanto-Juvenil e 1 em Uso de SPA). As ações foram centralizadas pela Coordenação de Saúde Mental do município, composta por 1 psicóloga, e realizadas no Ambulatório de Saúde Mental local. O Programa foi executado por psiquiatra especialista em Dependência Química e psiquiatra em formação cursando residência em Psiquiatria da Infância e Adolescência, sob supervisão do Docente responsável e Coordenador do Programa. Foram realizadas 10 Capacitações de Temas e 20 sessões de Discussões de situações clínicas para treinamento dos profissionais. Ocorreram ainda capacitações em 2 eventos de Prevenção de Uso de SPA e Síndrome Fetal do Álcool. Ao término do Programa, observou-se grande assiduidade e interesse por parte das áreas da Educação, através de profissionais de um Núcleo de Apoio Psicopedagógico Educacional, e de assistentes sociais dos CRAS, com menor participação dos profissionais da Saúde, o que pôde ser considerado no planejamento da continuidade do Programa.


 

 

Tema: Transtornos associados ao desenvolvimento e à aprendizagem

Título: A compatibilidade entre altas habilidades/superdotação e TDAH em crianças e adolescentes

Autor: Maria Tereza Costa

Coautores: Leandra Felicia Martins; Cássia Roberta Benko; Antonio Carlos de Farias; Mara Lúcia Cordeiro


RESUMO

O diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) em crianças com Altas Habilidades/Superdotação (AHSD) tem sido validado por meio de recentes e rigorosas pesquisas empíricas. No entanto, a literatura científica tem poucos relatos a esse respeito, confirmando que a presença desses dois aspectos em uma mesma pessoa é pouco discutida cientificamente. O objetivo deste estudo é identificar aspectos e características das AHSD que aparecem, com maior frequência, em crianças com diagnóstico de TDAH e AHSD, utilizando os critérios do Ministério da Educação e Cultura (MEC) para AHSD. A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e Cultura (MEC) adota como definição para Altas Habilidades/Superdotação ou talentosos, os educandos que apresentam notável desempenho ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: Capacidade Intelectual Geral; Aptidão Acadêmica Específica; Pensamento Criativo ou Produtivo; Capacidade de Liderança; Talento Especial para Artes; Capacidade Psicomotora. O TDAH, enquanto doença neurobiológica de origem multifatorial, é um dos transtornos psiquiátricos mais comuns na criança, tendo como principais características: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Tanto as AHSD como o TDAH podem apresentar sintomas que interferem no processo de aprendizagem, o que pode justificar, muitas vezes, o encaminhamento de crianças para avaliação. A amostra foi composta por 15 educandos com AHSD, do 1º ao 6º ano das escolas municipais de Curitiba, participantes da linha de pesquisa "Transtornos Neurocognitivos e Comportamentais de Crianças e Adolescentes", do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. Foram utilizados Teste de Inteligência WISC-III, Teste de Desempenho Escolar (TDE), inventários, provas e atividades específicas para determinar aspectos e características relacionados às AHSD. Na identificação das características foram empregadas análises quanti-qualitativas. O grupo foi composto por educandos de ambos os sexos, na faixa etária entre 7 e 14 anos. Abaixo se encontram resumidos os principais achados das AHSD, onde os participantes apresentaram predominância dos seguintes aspectos: A) Capacidade Intelectual Geral em 100% dos casos, com as características: memória elevada 93%; capacidade de pensamento abstrato 53%; curiosidade intelectual 67%; poder excepcional de observação 52%; B) Capacidade Acadêmica Específica: característica de motivação por disciplinas acadêmicas e tópicos do seu interesse 87%; desempenho acadêmico acima da média 80%; C) Pensamento Criativo ou Produtivo; característica de criatividade 93%; originalidade de pensamento 87%; capacidade de resolver problemas de forma diferente e inovadora 93%; D) Capacidade de Liderança: característica de sensibilidade interpessoal 60%; atitude cooperativa 73%; poder de persuasão e de influência no grupo 67%; E) Talento Especial para Artes: característica de alto desempenho em artes dramáticas 67%; F) Capacidade Psicomotora: característica de habilidades físicas e atléticas 40%. Os resultados indicaram, mesmo diante de uma pequena amostra, que existe compatibilidade entre os diagnósticos de TDAH e AHSD, uma vez que os aspectos referentes às AHSD apontados pelo MEC foram identificados em algumas crianças com diagnóstico de TDAH.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: A utilização do sistema de triagem pré- escolar como instrumento no processo de avaliação diagnóstica psicoeducacional na educação infantil

Autor: Maria Tereza Costa

Coautores: Leandra Felicia Martins; Jaqueline Gnata de Freitas; Marcia Rms Valiati; Shiderlene Vieira de Almeida; Maria Cristina Bromberg; Sérgio Antonio Antoniuk


RESUMO

A Avaliação Diagnóstica Psicoeducacional tem como objetivo investigar o desenvolvimento intelectual, emocional, percepto-motor, psicomotor, de linguagem, e pedagógico. Todas essas áreas do desenvolvimento humano estão envolvidas no processo de aprendizagem. Para que a investigação aconteça de forma segura, são necessários vários recursos complementares, o que evidencia a importância da elaboração de instrumentos e técnicas adequados. Diante do exposto, apresentamos o Sistema de Triagem Pré-escolar (PSS) enquanto um sistema de triagem que tem por objetivo investigar as três principais áreas cognitivas responsáveis pela aprendizagem: motricidade, linguagem e funções visuo-espaciais. Esse sistema avalia a entrada da informação, a análise e integração, e a produção e expressão, sendo um importante instrumento na Avaliação Diagnóstica Psicoeducacional. O objetivo deste estudo é apresentar o PSS, por meio de estudo de caso, como um instrumento de triagem para a identificação de sinais de risco para a aprendizagem, que pode ser incluído na bateria de testes para a Avaliação Diagnóstica Psicoeducacional na primeira infância. O Sistema de Triagem Pré-Escolar - Preschool Screening System (PSS) - é um instrumento criado para verificar o desenvolvimento de crianças de dois anos e seis meses a seis anos e sete meses. É de fácil aplicação, com duração aproximada de vinte minutos, e permite a avaliação das principais áreas cognitivas envolvidas na aprendizagem: Motricidade, Linguagem e Funções Visuo-espaciais. Oferece resultados quantitativos da capacidade de aprendizagem da criança e estabelece a idade equivalente do desenvolvimento em relação à idade cronológica. Estudo de caso no qual o PSS foi incluído como um dos instrumentos. Os demais instrumentos utilizados na bateria de testes foram: Provas do Diagnóstico Operatório, Audibilização, Realismo Nominal, Confias, Provas Projetivas Psicopedagógicas, Teste Wechsler Intelligence Scale for Children - 3ª edição (WISC III), RAVEN, ETPC - Escala de Traços de Personalidade para Crianças e Observação lúdica. Caracterização da criança - V.J.D., sexo masculino, seis anos e seis meses, matriculado em escola particular da cidade de Curitiba no 1º ano do Ensino Fundamental. De acordo com a aplicação do PSS, V.J.D. apresentou resultado quantitativo que refere idade equivalente de cinco anos e sete meses, demonstrando uma defasagem de onze meses. Na área que investiga Consciência e Controle Corporal, obteve percentil entre 40 - 49 e na área da Linguagem, obteve percentil entre 50 - 59, indicando resultados dentro do esperado para a faixa etária. No entanto, na área Visuoperceptivo-Motora obteve percentil entre 0 - 9, apresentando uma pontuação abaixo da obtida por 10% das crianças que estão dentro do esperado, conforme a população estudada pelo PSS. Nesse sentido, o PSS, como instrumento de identificação precoce, contribui para a identificação de crianças situadas fora dos parâmetros esperados para sua faixa etária e que podem apresentar problemas no processo de aprendizagem. Em conjunto com os demais instrumentos, aponta os necessários encaminhamentos e intervenções.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: Estudo de caso de uma criança atendida em psicodiagnóstico interventivo com enfoque fenomenológico

Autor: Mariana Medeiros Assed

Coautor: Patricia Di Lorenzo; Thays Guimarães Perillo


RESUMO

O objetivo do trabalho é apresentar o estudo de caso de um menino de 8 anos diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/TDAH, realizado em 9 sessões de psicodiagnóstico interventivo, na clínica-escola de uma universidade de São Paulo. O fio condutor foi a abstenção da mãe de qualquer responsabilidade no desenvolvimento do filho com diagnóstico de TDAH em uso de medicamento. A criança foi encaminhada pela escola com avaliação neuropsicológica e diagnóstico clínico de TDAH. Os encontros foram alternados entre mãe e filho, de março a maio de 2011, trabalhados sob enfoque fenomenológico, alguns ligados à construção de identidade e à autoimagem. Realizadas visitas escolares e domiciliar. Os dados coletados foram analisados e relatórios escritos embasados em diferentes fontes de informação para sintomas de TDAH. Mesmo inacabado o processo por desistência da mãe, os resultados apontaram que não houve concordância para diagnóstico de TDAH. O comportamento era adequado à faixa etária da criança, no entanto, visto por seus familiares como inadequado; a mãe relatou mais sintomas de TDAH do que avaliado. Concluiu que o processo de medicalização e uso do medicamento não são suficientes para mudar comportamento e capacidade de aprendizagem da criança. A presença da mãe e a necessidade de formar aliança terapêutica colaborativa durante o processo é de fundamental importância.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Projeto Cuca-Legal: capacitação de professores para identificação e encaminhamentos de alunos com problemas de saúde mental

Autor: Marlene Apolinário Vieira

Coautores: Rodrigo Affonseca Bressan; Isabel Altenfelder Santos Bordin


RESUMO

Internacionalmente, a aproximação dos serviços de saúde mental com as escolas tem sido efetiva na facilitação do acesso dos alunos aos cuidados em saúde mental, diminuição do estigma e aumento das oportunidades de promover e manter tratamento especializado e prevenir problemas. A escola é o local onde naturalmente as crianças e adolescentes são encontrados, daí a importância de contar com os educadores na identificação precoce de problemas de saúde mental (PSM) entre os escolares, para que auxiliem no adequado encaminhamento destes aos serviços de saúde. Objetivos: (1) Verificar a capacidade prévia dos professores (em teoria e na prática) de identificar e encaminhar adequadamente alunos do ensino fundamental II e ensino com possíveis PSM; (2) Avaliar a efetividade de uma estratégia de psicoeducação para professores, visando a aumentar a competência desses educadores para identificar PSM em alunos adolescentes e de realizar os encaminhamentos a serviços especializados. Referencial Teórico: Ecologia do desenvolvimento humano. Esta é uma pesquisa exploratória e descritiva, que compreende dois estudos: (1) o estudo principal é longitudinal com análise tipo antes e depois, sem grupo controle, que possibilita avaliar a efetividade de um modelo de capacitação em saúde mental para professores da rede de ensino público do Estado de São Paulo; (2) o segundo estudo (caso-controle) é complementar ao primeiro e possibilita avaliar a capacidade de identificação do professor de PSM entre seus alunos antes da intervenção psicoeducativa. A amostra do estudo longitudinal incluiu 32 professores de uma escola pública estadual da região Centro-Sul da cidade de São Paulo. Antes e depois da capacitação, solicitou-se aos professores que avaliassem sete vinhetas (alto risco, depressão, conduta, hiperatividade, mania, problemas de aprendizagem e adolescência normal) com o propósito de verificar sua capacidade para identificar cada quadro psicopatológico como "problema" e fazer o encaminhamento correspondente. O estudo caso-controle avaliou diferenças entre dois grupos de estudantes, aqueles selecionados pelos professores como apresentando possíveis problemas emocionais/comportamentais (casos identificados pelos professores antes da capacitação; N=26) e aqueles não selecionados pelos professores (controles da mesma série, sexo e faixa etária; N=26). Um questionário de rastreamento para problemas emocionais/comportamentais (Youth Self Report/YSR) identificou problemas de externalização (violação de regras/comportamento agressivo) e problemas de internalização (ansiedade/depressão) em casos e controles. Os professores mostraram capacidade prévia para identificar na prática os alunos mais sintomáticos (comorbidade entre problemas de internalização e externalização) como necessitados de assistência em saúde mental. A maioria dos professores já sabia identificar teoricamente como "problema" todos os quadros psicopatológicos descritos nas vinhetas e mostraram dificuldade em identificar ausência de problemas na vinheta de adolescência normal. A estratégia psicoeducativa foi efetiva para os professores que não sabiam identificar depressão, alto risco e adolescência normal. Quanto à identificação associada ao encaminhamento adequado, a capacitação foi efetiva para todos os quadros psicopatológicos e também para a adolescência normal. A estratégia psicoeducativa adotada foi mais efetiva nas áreas onde os professores tinham maior dificuldade, como em discernir adolescência normal de adolescência com PSM e, principalmente, realizar o encaminhamento adequado dos alunos com necessidade de assistência em saúde mental.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Uma proposta de avaliação interdisciplinar em grupo a crianças com dificuldades de aprendizagem escolar

Autor: Morgana Múrcia Ortega

Coautores: Josefa Emília Lopes Ruiz Paganinni; Leandro Osni Zaniolo; Mari Elaine Leonel Teixeira; Sandra Fernandes de Freitas; Taísa Borges de Souza


RESUMO

Reconhecendo a complexidade do trabalho com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem escolar e o aumento da demanda para atendimento psicopedagógico, a equipe multiprofisssional deste Centro elaborou uma nova proposta de avaliação e intervenção, integrando várias áreas do conhecimento: Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Psicologia e Serviço Social e está inserida no Programa de Estágio Interdisciplinar Extracurricular oferecido aos alunos do Curso de Pedagogia. Nosso objetivo é apresentar uma proposta de avaliação interdisciplinar em grupo, a crianças com dificuldades de aprendizagem escolar, de 6 a 12 anos, encaminhadas pela comunidade. Segundo Freitas, o pluralismo de perspectivas e as diferentes áreas do conhecimento contribuem para a compreensão dos vários fatores que levam as dificuldades de aprendizagem. Entendemos como interdisciplinar, a integração das várias áreas do conhecimento, a fim de instaurar um novo nível de discurso e um novo nível de compreensão das dificuldades e/ou distúrbios de aprendizagem. Inicialmente, as famílias das crianças encaminhadas passam por uma triagem realizada pelo Serviço Social. Semestralmente são organizados grupos de 6 crianças para a avaliação, selecionadas de acordo com a idade, o período escolar e o nível da aprendizagem escolar. A avaliação é coordenada por dupla de profissionais e ocorre da seguinte forma: A) Com os pais: anamnese em grupo em 3 encontros. B) Com as crianças: avaliação em 6 encontros, nos quais investigam-se os seguintes aspectos com os respectivos instrumentos: 1) relação da criança com a aprendizagem por meio do Desenho do Par Educativo, segundo Visca; 2) linguagem oral, discriminação auditiva e memória auditiva através de jogo estruturado e roteiro elaborado pela Fonoaudiologia; 3) consciência fonológica, em roteiro adaptado por Alvarez et al. e Capovilla; 4) produção da escrita, segundo Emília Ferreiro, investigando a escrita espontânea e o ditado. Para os já alfabetizados, aplicamos um ditado de palavras e frases ortograficamente balanceadas, analisadas e classificadas segundo Zorzi e ainda investigamos, a cópia de letras e formas geométricas; 5) leitura e interpretação de texto através de livros de estórias com roteiro de questões para interpretação; 6) desenvolvimento cognitivo por meio de algumas provas operatórias piagetianas; 7) raciocínio lógico matemático por meio de jogos e atividades com cálculo mental e/ou apoio no concreto; 8) observação da atenção, percepção, memória visual e coordenação motora através de jogos estruturados; 9) vínculos afetivos e familiares através do desenho da família e atividades expressivas. C) Visita escolar: obter informações sobre os vários aspectos da vivência escolar da criança. D) Devolutiva aos pais: informamos por meio de um relatório, os aspectos observados na avaliação, com uma síntese das informações, na tentativa de elaborar uma hipótese diagnóstica. Sugerem-se, quando necessário, encaminhamentos e orientações relacionadas às dificuldades da criança. Os alunos da Pedagogia que participam deste estágio acompanham todo esse processo, observando, registrando as sessões e também na discussão dos casos. Diante do exposto, concluímos que este trabalho tem permitido à equipe uma maior integração e troca de conhecimentos, realizando uma avaliação onde se procura observar a criança como um todo e sua interação com o objeto da leitura e escrita. Concluímos que a busca da interdisciplinaridade no trabalho que a equipe desenvolve tem proporcionado maior integração entre os profissionais na construção e reconstrução do conhecimento para o entendimento das dificuldades de aprendizagem. Essa proposta tem permitido também uma formação diferenciada aos alunos da pedagogia, futuros educadores.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: A oficina de arte como instrumento de mediação em psicologia e educação

Autor: Mônica Cintrão França Ribeiro

Coautor: Andréa Chatah


RESUMO

A educação brasileira enfrenta hoje desafios que nos remetem a um novo pensar, a uma nova forma de agir e principalmente de educar. A realidade apresenta professores frente a problemas no processo de escolarização do aluno em relação à aprendizagem da alfabetização e dificuldades na área do comportamento. Refletindo criticamente sobre os caminhos que temos tomado frente aos atuais problemas educacionais e a maneira como a psicologia atuou dentro desse cenário, esta pesquisa teve como objetivo investigar os principais expoentes da psicanálise que fazem interface entre psicologia e arte, como processo de expressão e ferramenta para autoconhecimento, e estabelecer analogias dos mesmos com os conceitos de mediação e processo de internalização propostos pela psicologia sócio-histórica. Além disso, investigamos os benefícios da Oficina de Arte como mediadora na formação de professores, para o desenvolvimento da percepção sobre si mesmo, relacionamento interpessoal e empatia com alunos e colegas. O método constitui-se em uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e uma pesquisa de campo em uma escola particular na zona sul da cidade de São Paulo (Brasil), onde realizamos oito oficinas de arte com seis professores, um diretor e uma secretária escolar. A proposta foi articular os pressupostos teóricos investigados à marcação de indicadores previamente elaborados e registrados em formato de diário de bordo. Como resultado pode-se constatar o papel da oficina de arte como um bom instrumento de mediação e sua função ao promover saúde na instituição, uma vez que possibilita a transformação de seus participantes e do contexto nos quais estão inseridos. Conclui-se a importância do psicopedagogo-oficineiro como mediador humano para a elaboração e significação do vivido durante as oficinas, auxiliar nos processos educativos e suporte para o desenvolvimento pessoal.


 

 

Tema: Infância e Adolescência

Título: Funções executivas em crianças pré-escolares: como avaliar?

Autor: Natália Martins Dias

Coautores: Bruna Tonietti Trevisan; Ana Paula Prust Pereira; Alessandra Gotuzo Seabra


RESUMO

Funções executivas são habilidades importantes para a regulação de comportamentos, cognições e emoções. Estão implicadas na aprendizagem de novas tarefas e possibilitam ao indivíduo controlar suas ações, adequando-as às demandas e exigências do ambiente. Evidências sugerem que o desenvolvimento dessas habilidades inicia-se precocemente, em torno do primeiro ano de vida, e continua ao longo de toda a infância e adolescência, com algumas habilidades atingindo desenvolvimento pleno na vida adulta inicial. Apesar de sua importância, avaliar essas habilidades tem sido um desafio à área, sobretudo quando se referindo à avaliação de crianças em idade pré-escolar e mesmo no início do Ensino Fundamental. Este estudo teve como objetivo apresentar dois instrumentos para avaliação das funções executivas que podem ser úteis na testagem de crianças. Especificamente, o estudo objetivou verificar diferenças no desempenho nos testes como função da idade e da série, o que pode sugerir tendências de desenvolvimento, e investigar as relações entre as medidas de desempenho e de relato. Participaram 93 crianças de 4 a 6 anos de idade, estudantes de pré-escola (1ª e 2ª Fase) e 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal da Grande São Paulo. Todas as crianças foram avaliadas individualmente no Simon Task, instrumento computadorizado que demanda para sua resolução as habilidades de memória de trabalho e controle inibitório. Além disso, pais e professores das crianças participantes responderam ao Inventário de Funcionamento Executivo Infantil (IFEI), que mensura as funções executivas da criança em contexto mais ecológico, por meio de relato. A IFEI possui quatro subescalas: memória de trabalho, planejamento, inibição e regulação. A análise de variância revelou efeito significativo da idade e do nível escolar sobre desempenhos em ambas as medidas, mas especialmente no Simon Task. De forma geral, com o avanço da idade e escolaridade, as crianças tenderam a ter maiores escores e menores tempos de reação no Simon Task. Análise de correlação de Pearson evidenciou diversas correlações significativas, de magnitude entre leve e moderada, entre as medidas do Simon Task e as escalas da IFEI. De modo geral, as correlações tenderam a ser mais significativas quando consideradas as respostas dos professores do que as dos pais. Isso pode ser devido ao fato do professor ter maior conhecimento acerca do desenvolvimento infantil e de que tipos de comportamento são, ou não, esperados para cada faixa etária, de modo que sua resposta seria mais fidedigna que a dos pais, que podem não dispor desse conhecimento. O presente estudo verificou que o Simon Task é capaz de discriminar os desempenhos das crianças ainda no início da fase escolar, indicando o desenvolvimento das funções executivas demandadas pelo instrumento, corroborando estudos anteriores. Adicionalmente, também foi verificado que há relações importantes entre os construtos avaliados pelo Simon Task, como instrumento de desempenho, e o IFEI, como instrumento de relato. São necessárias novas investigações sobre tais relações e acerca da contribuição de cada tipo de instrumento à avaliação neuropsicológica das funções executivas em crianças no início da fase escolar.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: A atuação do psicopedagogo junto à educação financeira

Autor: Patrícia de Rezende Chedid Simão


RESUMO

A Educação Financeira ganha espaço, fazendo parte inclusive no curriculo escolar. "O ilustre Deputado Lobbe Neto propõe a criação da disciplina Educação financeira a ser introduzida nos currículos das últimas quatro séries do ensino fundamental e no ensino médio." No entanto, por se tratar de uma nova área, alguns professores estão geralmente despreparados em atender tal demanda, mesmo porque não existe formação em educador financeiro. Além disso, a minha experiência clínica mostrou que as desordens financeiras são formas de expressar diferentes aspectos da nossa personalidade. Mesmo economistas reforçam a ideia de que finanças não envolvem apenas matemástica e sim fatores de ordem emocional-cognitiva e socioculturais. "O economista da Yale University, Robert Shiller, um dos líderes do movimento das finanças comportamentais, enfatizou que as modas e as dinâmicas sociais têm uma função muito importante na determinação do preço das ações. Isso explica o fato da psicologia também vir atuando no campo das Finanças. Quando me propus trabalhar junto a clientes que portavam dificuldades com o dinheiro; a demanda fez com que eu pesquisasse o assunto, encontrando sobre ele alguns trabalhos, entre os quais a Tese Avareza e Perdularismo, de Fábio Roberto Rodrigues Belo e Lúcio Roberto Marzagão, que com apoio na Psicanálise, abordam a relação entre o complexo monetário e a fase anal. "A psicanálise sempre associou o "complexo monetário" do sujeito à fase anal. No artigo Caráter e erotismo anal, Freud (1908) sugere três motivos para essa associação. O primeiro nos é dado pela cultura "nas formas arcaicas de pensamento, nos mitos, nos contos de fada, nas superstições, no pensamento inconsciente, nos sonhos e na neurose, o dinheiro é intimamente relacionado com a sujeira". O segundo motivo refere-se ao contraste entre o mais precioso e o mais desprezível: a identificação entre o ouro e as fezes se deve justamente por sua justa oposição, como é comum acontecer no inconsciente, a representação de algo pelo seu contrário. Por fim, o terceiro motivo da equação entre as fezes e o dinheiro tem a ver com o período da fase anal e o interesse espontâneo pelo dinheiro. Por outro lado, o trabalho em clínica pode levar anos e certas dificuldades precisavam de soluções imediatas. Foi quando busquei a Psicopedagogia. "A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda, o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, numa prática." Nessa apresentação, gostaria de dividir com os profissionais minha experiência e questionamentos dessa proposta de trabalho. Juntos é possivel abrir novos caminhos nesse campo do saber, criando colaborações com educadores, alunos e instituições que já investem hoje em finanças pessoais. Percebo, entretanto, que é preciso procurar o real sentido em Apreender Finanças. "A modalidade de aprendizagem é como uma matriz, um molde, um esquema de operar que vamos utilizando nas diferentes situações de aprendizagem. Se analizarmos a modalidade de aprendizagem de uma pessoa, veremos semelhanças com sua modalidade sexual e até com sua modalidade de relação com o dinheiro. A sexualidade como a aprendizagem e até a conquista do dinheiro são maneiras diferentes que o desejo de posessão do objeto tem para apresentar-se". Sabemos que educar financeiramente é, sem duvida, uma questão de lógica, porém o valor aqui não está em números e sim no se fazer ser humano.


 

 

Tema: Saúde Mental e Escola

Título: Estudo descritivo das avaliações cognitivas e sua correlação com o desempenho na matemática em crianças entre 5 e 6 anos

Autor: Patrícia Hong

Coautor: Silva-Amann FC; Cardoso VC; Santos-Galduróz RF,


RESUMO

Os estágios do desenvolvimento infantil estão bem estabelecidos na teoria de Piaget, onde se espera que a criança utilize as habilidades matemáticas intuitivamente. Ainda na fase pré-operatório e já na fase operatório concreto, é possível observar a manipulação de alguns conceitos. A Cognição envolve uma série de processos internos, que incluem atenção, percepção, aprendizagem, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e resolução de problemas. Sendo assim, o presente estudo buscou analisar se o desempenho dos testes cognitivos (Teste de Memória, Visuo-espacial, Escala de maturidade mental Colúmbia) tem correlação com o nível de desempenho das provas de matemática (fração e geometria), em crianças entre 5 e 6 anos. O objetivo deste estudo é avaliar a relação entre os conhecimentos matemáticos de fração e geometria com habilidades cognitivas. Foram avaliadas 55 crianças, sendo 22 do sexo masculino e 33 do sexo feminino, com idade entre 5 e 6 anos, matriculadas no 1º ano do ensino fundamental de escolas públicas do ensino regular do município de Ribeirão Pires - SP. As crianças foram submetidas ao teste Visuo-espacial, Escala de Estresse Infantil, questões de conhecimento de fração e geometria, elaborado pela equipe de pesquisa e Teste de memória, onde uma estória foi contada à criança para que recontasse logo após o término (estória 1) e passados 30 minutos (estória 2). A análise estatística foi realizada pelo programa STATISTICA, utilizando o teste de correlação de Pearson e adotando o nível de significância de 95% (p<0,05). Não foram encontradas diferenças nos resultados quando comparados por sexo nesta faixa etária. Na Escala de estresse infantil, meninas: 46,96 ± 17,75 e meninos: 38,77 ± 12,90; p= 0,24 e t= 1,17. Na avaliação de Frações, meninas: 7,87 ± 2,52 e meninos: 7,22 ± 2,61; p= 0,36 e t= 0,91. Na avaliação de Geometria, meninas: 24,43 ± 3,41 e meninos: 24,04 ± 3,21); p= 0,67 e t= 0,42. Na escala de maturidade mental Colúmbia, meninas: 46,68 ± 6,89 e meninos: 48 ± 9,11; p= 0,54 e t= -0,60. No teste Visuo-espacial, meninas: 1,78 ± 1,36 e meninos: 1,54 ± 0,96; p= 0,48 e t= 0,69. Na Estória 1, meninas: 4,18 ± 3,55 e meninos: 4,45 ± 3,71; p= 0,79 e t= -0,26. Na Estória 2, meninas: 3,56 ± 3,84 e meninos: 40,40 ± 4,07; p= 0,44 e t= -0,77. Na diferença das estórias, meninas: 0,62 ± 1,45 e meninos: 0,04 ± 2,21; p= 0,25 e t= 1,16. Por meio do teste de correlação de Pearson e valor de significância (p<0,05), foram observadas correlações nos seguintes testes: na presença de uma pontuação elevada no teste de frações, o desempenho de geometria (r= 0,45), Colúmbia (r= 0,31), visuo-espacial (r= 0,45), estória 1 (r= 0,39) e estória 2 (r= 0,32) também se mostraram com um desempenho elevado. Crianças que conseguiram maiores pontuações no Colúmbia, além de obterem pontuação elevada em problemas de frações, obtiveram melhores desempenhos em estória 1 (r= 0,38) e estória 2 (r= 0,38). Para crianças que conseguiram melhores pontuações na estória 1, também alcançaram resultados elevados na estória 2. Os resultados da avaliação das provas de fração parecem sofrer influência dos testes cognitivos aplicados, embora tenha apresentado baixa correlação.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Crianças com dislexia do desenvolvimento na escola: relato de uma experiência positiva

Autor: Raquel Tonioli Arantes do Nascimento


RESUMO

Dislexia do Desenvolvimento é um dos transtornos que mais afetam a aprendizagem e, segundo a Associação Internacional de Dislexia, é um transtorno específico, sendo caracterizado pela dificuldade na correta e/ou fluente leitura de palavras, na escrita e nas habilidades de decodificação, interferindo na ampliação do vocabulário e de conhecimentos gerais, quando se comparam sujeitos com todas as habilidades preservadas e outros com transtornos de leitura e escrita com a mesma idade, escolaridade e nível de inteligência. O DSM IV a caracteriza por um rendimento da leitura inferior ao esperado, considerando a idade cronológica e o nível de inteligência normal; por afetar significativamente as atividades diárias, inclusive o rendimento escolar; por não coexistirem déficits sensoriais, além daqueles associados a esse transtorno, consistindo em uma leitura oral caracterizada por distorções, substituições ou omissões. A.C.S.S é uma criança com oito anos de idade, sendo que foi diagnosticada aos sete; estuda no 3º ano do Ensino Fundamental I; sua família é bastante presente e comprometida com o crescimento dela, o que de antemão favorece todo o processo de diagnóstico e intervenção. O levantamento de hipóteses de que seu desenvolvimento em leitura e escrita não estava adequado, quando comparada às outras crianças da mesma faixa etária, teve início em 2010; o colégio a acompanhou criteriosamente ao longo dos meses para não alarmar os familiares sem dados concretos. Em 2011, quando a aluna, embora com muitas dificuldades - relação fonema-grafema e grafema-fonema, ritmo extremamente lento, trocas fonológicas em quase todas as palavras, entre outras características - foi encaminhada para avaliação neuropsicológica, a princípio, e reencaminhada para os outros profissionais em seguida. Seu diagnóstico foi o de Dislexia do Desenvolvimento e nos relatórios emitidos pelos profissionais para escola seguiam as seguintes recomendações: sentar-se próxima à professora, de modo que a professora possa observá-la e encorajá-la a solicitar ajuda; os profissionais que atuam junto à criança nunca devem sugerir que a criança é lenta, preguiçosa ou pouco inteligente, bem como evitar comparações de suas produções as de seus colegas; não solicitar para que ela leia em voz alta na frente da classe, a não ser que aceite esse desafio; sua habilidade e conhecimento devem ser julgados mais pelas respostas orais que escritas; sempre que possível pedir à criança que reconte, com suas próprias palavras, o que a professora pediu para ela fazer, pois isso ajuda na memorização; a apresentação de material escrito deve ser cuidadosa, com cabeçalhos destacados, letras claras, maior uso de diagramas e menor uso de palavras escritas; o ambiente de trabalho deve ser quieto e sem distratores; incentivar a autoconfiança da criança, mostrando suas habilidades em outras áreas (música, esporte, artes, tecnologia etc). O processo interventivo, dessa forma, foi delineado principalmente por meio de dois métodos de alfabetização, o multissensorial e o fônico. Para exemplificar este breve estudo apresentam-se duas atividades - uma realizada ainda quando a aluna estava em processo de avaliação diagnóstica, em 2011, e a segunda, no início de março de 2012.


 

 

Tema: Novas linguagens e novas narrativas

Título: Relacionamento professor x aluno e a educação à distância no ensino superior

Autor: Rita Aparecida Ponchio


RESUMO

Tendo em vista certa dificuldade no relacionamento entre professores e alunos na educação à distância (EAD) pretende-se por meio deste estudo possibilitar maior entendimento do assunto, que permita facilitar esse relacionamento, discutindo-se as teorias construtivistas podem nortear o trabalho docente em um ambiente virtual de aprendizagem. Para elaboração deste trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com vários autores que estudaram as teorias construtivistas, bem como as principais características da EAD. Durante a pesquisa, percebeu-se que, nos últimos anos, a EAD transformou-se numa forma necessária de aprendizagem e ensino, sendo o melhor canal de interação de alunos e professores no mundo inteiro. A EAD é um processo de ensino-aprendizagem, mediado por diversas tecnologias, em que professores e alunos estão separados no meio físico e temporalmente. Apesar de não estarem juntos, de maneira presencial, podem estar conectados e interligados por meio da tecnologia. A EAD se caracteriza, principalmente, pela flexibilidade e maior autonomia do aluno, sendo um processo de ensino-aprendizagem centrado no aluno. Essa característica da EAD pode ser comparada com as teorias construtivistas, caracterizando-se como uma nova linha pedagógica em que o aluno toma parte do próprio aprendizado, mediante a experimentação, o estímulo à dúvida, pesquisa em grupo e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Portanto, pode-se dizer que a EAD pode favorecer na prática do construtivismo. Estudando as teorias construtivistas de Piaget, Vygotsky e Wallon, compreendeu-se que suas ideias construtivistas estão presentes na EAD. A visão piagetiana considera o conhecimento humano uma construção do próprio homem, em que o conhecimento se organiza por meio da interação entre sujeito e o ambiente, com seus desafios e informações. Presume-se que, numa atividade que possibilite a interação, como a EAD, deve existir cooperação entre os participantes para que exista aprendizagem e desenvolvimento e, para tanto, deve-se estimular atividades em grupo. O trabalho em grupo é importante na prática pedagógica construtivista, pois se supõe que a troca de ideias favoreça o progresso na construção do conhecimento e, por meio do trabalho em grupo, facilita-se a aprendizagem na zona de desenvolvimento proximal, teoria formulada por Vygotsky, autor que influenciou as teorias construtivistas. Também no processo da EAD, o uso da linguagem simbólica, tão importante para Vygotsky, é essencial, pois sem a presença física de um mediador, a linguagem é o principal instrumento para realizar o processo de ensino-aprendizagem. Já para Wallon a dimensão afetiva tem papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. E, assim, após o estudo dessas teorias, observou-se que a intervenção do professor e dos atores sociais no ambiente escolar é fundamental para promoção do desenvolvimento do indivíduo, pois este não se desenvolve plenamente sem o apoio dos outros, porém essa intervenção não precisa ser necessariamente física, ela pode ser à distância, utilizando-se recursos como webcam, salas virtuais, e-mails e outros dispositivos virtuais que, por meio da Internet, podem aproximar as pessoas. Além disso, percebeu-se que a afetividade é uma característica emocional importante e esta pode ser expressa por palavras e por símbolos também, como por exemplo os emoticons, tão usados na comunicação via Internet, que refletem as emoções que são transmitidas pelos atores sociais envolvidos nesse diálogo virtual. Mas, vale lembrar que a tecnologia pode facilitar no relacionamento professor x aluno na EAD, porém as pessoas sempre serão a parte mais importante num processo educativo, independentemente se presencial ou à distância.


 

 

Tema: Contribuições contemporâneas sobre a alfabetização

Título: Psicopedagogia na escola: uma alfabetização possível

Autor: Roberta Estevão Cassará


RESUMO

A convite da coordenadora do Grupo de Estudos e Trabalhos Psicodramáticos, Geórgia Vassimon, iniciei o atendimento psicopedagógico em parceria com instituições públicas e privadas. A ação aconteceria em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental I, em uma comunidade da cidade de São Paulo, tendo como demanda do projeto social, crianças que apresentassem dificuldades de aprendizagem relacionadas à alfabetização. Ao iniciar o diagnóstico, pudemos observar que o público que atenderíamos não trazia questões relacionadas apenas à conquista da base alfabética, mas fracasso escolar, sentimento de menos valia, tendência à desistência, dificuldade na participação das aulas e de produção de registros. Impulsionada por esses dados, levantei uma questão que permeou meu trabalho ao longo de um ano de atendimento, que me causou inquietações e buscas infindáveis para a formação e desenvolvimento dos indivíduos atendidos: Os alunos indicados para atendimento psicopedagógico apresentam questões relacionadas à aprendizagem ou a escolha da concepção de ensino e aprendizagem da língua não favorece a conquista da base alfabética? Dessa forma, o objetivo deste trabalho é analisar o processo de alfabetização dos sujeitos envolvidos e se seu fracasso está relacionado às questões de aprendizagem ou à concepção de alfabetização proposta e qual o papel da psicopedagogia nessa totalidade. Os dados desta pesquisa foram coletados por meio de um trabalho participante e influenciado pelo contexto no qual estava inserida. A intervenção psicopedagógica acontecia semanalmente, tendo duração de 1h30 min. Inicialmente tinha por objetivo realizar um diagnóstico das hipóteses conceituais de escritas dos sujeitos atendidos e levantar a representação e o papel que a escrita tinha para cada um deles. Em nossa primeira sondagem, colhemos os seguintes dados: Hipóteses conceituais de escrita Maio Pré-silábica 6; Silábica inicial 0; Silábica estrita 2; Silábico alfabética 0; Alfabética 0. Na observação e análise dos registros individuais, permeava a cópia e repetição de palavras, revelando-nos que a concepção dos educadores era de que a escrita seria um código de transcrição. Após diagnóstico inicial, o trabalho foi redirecionado, visando estimular os sujeitos pesquisados a pensarem sobre o sistema de escrita e de aproximar as práticas sociais de escrita de seu cotidiano escolar para que avançassem gradativamente em seus conceitos sobre a língua. Para tanto, escolhi trabalhar com Projetos, eleito pela turma como um livro de receitas. Os alunos tinham por que e para quê escrever, ou seja, um propósito didático e um propósito comunicativo: registrar as receitas para poderem fazer com suas famílias. Ao final do ano, tivemos os seguintes resultados: Hipóteses conceituais de escrita Maio Novembro Pré-silábica 6 1; Silábica inicial 0 0; Silábica estrita 2 5; Silábico alfabética 0 0; Alfabética 0 2. A concepção que os professores têm sobre ensino e aprendizagem interferiu diretamente no desenvolvimento emocional, físico, cognitivo e social dos alunos, demonstrando-nos a importância da formação dos professores alfabetizadores. O trabalho realizado na instituição escolar pesquisada pode contribuir para a superação do fracasso escolar das crianças atendidas, pois houve investimento do psicopedagogo nas melhorias das relações de aprendizagem e na construção da independência rumo à autonomia. Inicialmente, os alunos em questão estavam rotulados por si e pela comunidade escolar. Ao término do trabalho, pudemos observar avanços significativos em relação ao pertencimento ao grupo, desenvolvimento do papel de aluno, ao protagonismo em suas aprendizagens e em suas hipóteses conceituais de escrita, foco principal da pesquisa.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Incidência de dificuldades em matemática em sujeitos com queixa na aprendizagem de leitura e escrita

Autor: Roselaine Pontes de Almeida

Coautor: Barbosa ACC; Cruz-Rodrigues C


RESUMO

Este trabalho teve como objetivo verificar a existência de dificuldades no aprendizado e manejo da matemática em um grupo de crianças com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita. Para tal, uma pesquisa documental foi conduzida no laboratório de Neurociências do Comportamento da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no ano de 2010. Foram analisados 31 prontuários que correspondiam às avaliações por queixa de leitura e escrita, englobando todos os tipos de dificuldades de aprendizagem nessas áreas: dificuldade na leitura de palavras isoladas e de textos, na compreensão de sentenças e textos, problemas na ortografia, na conversão letra-som (grafofonêmica) e som-letra (fonografêmica), dentre outras. Os prontuários selecionados eram de sujeitos com idade entre 7 e 14 anos, estudantes do Ensino Fundamental. Para análise dos prontuários foi elaborado um protocolo específico contendo informações que caracterizassem a população envolvida, como dados de identificação (nome, sexo, idade, escola, série) e informações sobre as avaliações (pontuação total no subteste de Aritmética da Wechsler Intelligence Scale for Children, Third Edition - WISC-III, pontuação nos subtestes e total da Prova de Aritmética - PA). Para análise dos dados foram conduzidas análises de variância (ANOVA), para verificar se havia diferença de desempenho entre os participantes de acordo com a idade e nível de escolaridade e análises de correlação, a fim de verificar a existência de relação entre a pontuação obtida pelos sujeitos e as seguintes variáveis: o tipo de teste e o diagnóstico. Os resultados demonstraram evidências de validade de desenvolvimento quando a pontuação nos testes foi comparada com outras variáveis, como idade e escolaridade, sendo observado um desempenho crescente nas pontuações obtidas. A análise de correlação entre a pontuação total do subteste de Aritmética da WISC-III e a pontuação total da PA revelou índice de correlação moderado (r= 0, 501 p=0,117). Já a análise de correlação entre o subteste de Aritmética da WISC-III e o diagnóstico recebido por cada sujeito ao final das avaliações revelou índice baixo de correlação (r= 0,156 p=0,647). Esses resultados apontam que todas as crianças avaliadas apresentaram desempenho inferior ao esperado para sua idade e/ou nível de escolaridade nos testes que envolviam habilidades matemáticas, indicando dificuldades nessa área. É importante perceber que os problemas com a matemática têm sido considerados secundários na vida desses sujeitos, uma vez que a queixa que os levou a buscar avaliação foram as dificuldades na leitura e na escrita. Nesse sentido, vale ressaltar que essas análises apontam evidências da interconexão entre matemática e linguagem, corroborando os achados de outros estudos. Espera-se que este estudo possa contribuir para a necessidade de se considerar que, além de serem multicausais, as dificuldades de aprendizagem podem comprometer mais do que uma área de conhecimento, já que estas, por vezes, encontram bases comuns de funcionamento. Acredita-se que uma investigação mais apurada do funcionamento desses processos poderá oferecer importantes subsídios de trabalho, tanto para a intervenção clínica quanto para o contexto educacional, na psicopedagogia institucional, de forma a prevenir as dificuldades de aprendizagem, sendo um importante recurso na identificação de crianças de risco para desenvolver distúrbios específicos nas áreas de conhecimento linguístico e matemático.


 

 

Tema: Trabalho psicopedagógico: contribuições, releituras e autorias

Título: Instrumentos clínicos e a soberania do método psicanalítico numa experiência de investigação acadêmica

Autor: Sandra Fernandes de Freitas

Coautor: Maria Lúcia de Oliveira


RESUMO

Trata-se de focalizar os instrumentos utilizados numa pesquisa de mestrado que teve por objetivo a investigação da narrativa de crianças sobre o insucesso escolar. Foram sujeitos da pesquisa quatro crianças (entre 9 e 11 anos), encaminhadas para avaliação psicopedagógica. A narrativa é concebida como experiência emocional, considerando-se que a informação veiculada por ela está implicada na realidade psíquica. Desse modo, abre-se a possibilidade de um tipo de conhecimento que não se limita à vida racional e consciente. No primeiro momento da pesquisa utilizou-se entrevista aberta, inspirada na entrevista psicológica de Bleger e o Desenho do Par Educativo de Visca, uma técnica psicopedagógica que permite investigar a relação vincular com a aprendizagem e o contexto que a envolve. A experiência inicial de utilização desses instrumentos foi apontando uma característica geral das narrativas ligada à ausência de espontaneidade e pobreza de vida imaginativa, esta muito clara nos registros gráficos dos desenhos. A utilização num segundo momento, de entrevista semiaberta fundamentada no método psicanalítico, apontou para a função terapêutica do mesmo, no sentido da produção/construção e da expressão de aspectos e elementos significativos da subjetividade da criança sobre seu insucesso escolar. Foi possível focalizar com clareza a eficácia terapêutica da relação vincular construída numa situação de entrevista tal como já apontado desde Freud, Winnicott, Herrmann, entre outros, o que permite dizer da força do método posto em ação numa cena de entrevista. Nesse caminho, uma análise individual das narrativas, possibilitou-nos apreender como cada criança se coloca na situação de aprendiz e identificar os aspectos que se repetem na problemática do insucesso escolar. De modo geral, constatamos que a alfabetização não é vista como um instrumento civilizatório e como conquista do ideal de ego e sim como um instrumento utilitário. As narrativas das crianças sobre o insucesso escolar apontam para uma desvalorização narcísica e denunciam um sentimento de incapacidade diante das situações que as remetem ao saber escolar. Observamos um desinvestimento em seu próprio eu. O professor não aparece como modelo identificatório; as crianças apresentaram situações escolares nas quais não há investimento afetivo na relação professor-aluno. Podemos dizer que a experiência de alguns anos de escolarização e de seu vínculo com o aprender não vem sendo uma experiência positiva para germinar a fantasia nas crianças - sustentáculo da vida psíquica. Consideramos que a falta de investimento libidinal na relação com o aprender e com o cenário que o envolve, pode ser um dos fatores que torna mais difícil o aprendizado da leitura/escrita, já que esses não são viabilizados como objetos de desejo. A conclusão mais geral é que a técnica é recurso de uma arte e instrumentos são aqueles que produzem um saber, são meios de "fazer saber". No caso em questão, foi possível instaurar um espaço de escuta e de acolhimento às crianças, tomando-se recursos do método psicanalítico, de investigação do psiquismo, sem tomá-lo, entretanto, no sentido mais tradicional do termo, enquanto trabalho de tratamento sistemático de consultório. Apesar dos ajustes na escolha dos instrumentos, concluímos que o método se mostrou soberano, possibilitando um importante espaço de interlocução para pensarmos o insucesso escolar a partir da subjetividade do aprendente. "Dar voz" e/ou escutar a criança e/ou o professor, nesta perspectiva, pode ser uma possibilidade importante para o trabalho do psicopedagogo na clínica ou na escola.